OCC - ALERTA BRASIL
Organização que tem como objetivo, educar, prevenir, fiscalizar e informar.
Atualmente a corrupção no país é endêmica, e somente as ações da sociedade para combater esse mal.
"A Câmara dos Deputados prepara um projeto de lei que pretende punir quem ofender e difamar políticos na internet. A proposta, elaborada pelo deputado Cláudio Cajado (DEM-BA), também quer responsabilizar criminalmente as redes sociais, portais e provedores que hospedarem os sites e deve ser apresentada em setembro." "Outro projeto de lei, apresentado em junho pelo deputado Silvio Costa (PSC-PE), quer obrigar provedores e sites a coletar dados pessoais de usuários que comentarem em matérias, fóruns e atualizações de redes sociais institucionais." OS E-MAILS DOS DEPUTADOS QUE QUEREM ACABAR COM O NOSSO DIREITO CONSTITUCIONAL DE LIVRE MANIFESTAÇÃO SÃO: dep.claudiocajado@camara.leg.br dep.silviocosta@camara.leg.br
GOVERNO ADMITE QUE GASTARÁ MAIS DO QUE VAI ARRECADAR
O governo vai apresentar nesta segunda-feira, 31, ao Congresso uma proposta de Orçamento para 2016 com déficit primário da ordem de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), admitindo que gastará mais do que vai arrecadar, mesmo sem levar em conta despesas com pagamento de juros. Trata-se da primeira vez na história que o governo não consegue fechar as contas e entra no vermelho, prevendo desequilíbrio fiscal. O resultado negativo deve ficar próximo de R$ 30 bilhões.
O reconhecimento das dificuldades foi a forma encontrada pelo Palácio do Planalto para evitar "mascarar" o Orçamento, num momento de crise política e econômica, às vésperas de a presidente Dilma Rousseff enfrentar julgamento no Tribunal de Contas da União (TCU) por causa de manobras conhecidas como "pedaladas fiscais".
Um dia após abandonar a ideia de recriar a Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras (CPMF), por não encontrar respaldo para o projeto nem no Congresso nem entre empresários, Dilma arbitrou a disputa interna no governo e decidiu escancarar os problemas.
Com a decisão, a meta de superávit primário de 2016, de 0,7% do PIB, será reduzida novamente e é possível que haja corte de programas sociais. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, chegou a manifestar preocupação com a exposição do rombo, por considerar que a medida embute um sinal negativo para o mercado e pode levar o Brasil a perder o grau de investimento, com severas consequências para a economia, que já está em recessão.
Transparência
Ao fim das discussões, porém, Levy acabou concordando com o núcleo político do Planalto. A estratégia do governo, ao deixar claro o vermelho, consiste em negociar com o Congresso. A ideia é que ou os parlamentares autorizam o aumento de receitas, com desonerações e até, mais adiante, com a volta da CPMF, ou o Executivo será obrigado a propor medidas mais duras, como a reforma da Previdência.
O vice-presidente Michel Temer conversou pela manhã com Levy, que o informou sobre as dificuldades de fechar o Orçamento. O ministro defendeu um corte adicional de R$ 15 bilhões, mas Dilma não aprovou.
"Sejam o mais transparente possível e revelem as condições das finanças ao País", disse Temer. "O Orçamento deve ser realista, para evitar perda de credibilidade." Levy definiu como "muito prudentes" as observações de Temer.
Mais tarde, a própria Dilma informou o vice de que os seus argumentos foram ouvidos. Em conversas reservadas, Levy afirmou que, embora haja risco de as expectativas piorarem em relação à política fiscal, a exposição do déficit diminui o desgaste com o Congresso e abre a discussão sobre a nova meta de superávit.
A proposta orçamentária trará, ainda, elevações pontuais de receitas, com revisão de desonerações. Mesmo desistindo do "imposto do cheque", o governo quer mostrar que também tem um programa fiscal de longo prazo para a Saúde e a Previdência. (AE)
O ministro e professor Gilmar Mendes: repudiando a aula de mau direito dada por Rodrigo Janot, procurador geral da República
O ministro Gilmar Mendes, vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e membro do Supremo Tribunal Federal (STF), não deixou a arrogância grosseira, ou a grosseria arrogante, de Rodrigo Janot, procurador-geral da República, passar em branco e respondeu com todas as letras em entrevista a este blog, neste domingo: “Janot não deveria se comportar como um dos advogados do PT; afinal, o partido já contratou profissionais competentes para fazer a sua defesa”.
Nas moscas! Para quem não acompanhou, explico.
A empresa VTPB, que se diz especializada na área gráfica, recebeu R$ 26,8 milhões do PT a título de serviços prestados durante o processo eleitoral — desse total, R$ 23 milhões foram pagos pela campanha de Dilma Rousseff. Muito bem! Mendes, relator da prestação de contas do PT, dadas as informações que estão vindo à luz em razão da Operação Lava-Jato e de apurações da imprensa, encaminhou à Procuradoria-Geral da República e à Polícia Federal um pedido de investigação da empresa.
E ele explica os motivos: “Ora, sabemos agora tratar-se de uma empresa que recebe esse enorme volume de dinheiro, embora não tenha um único funcionário contratado, não disponha de parque gráfico e não tenha nem mesmo, num dia de visita fortuita, uma sede aberta para chamar de sua. Convenham: é, no mínimo, estranho”.
Pois é… Em seu parecer, que recomenda o arquivamento da investigação, Janot alega que já se extinguiu o prazo para se apurar crime eleitoral e ainda se atreve a dar uma lição de moral no ministro. Escreveu: “Não interessa à sociedade que as controvérsias sobre a eleição se perpetuem: os eleitos devem poder usufruir das prerrogativas de seus cargos e do ônus que lhes sobrevêm, os derrotados devem conhecer sua situação e se preparar para o próximo pleito. A questão de fundo é que a pacificação social e estabilização das relações jurídicas é um das funções mais importantes de todo o Poder Judiciário, assumindo contornos de maior expressão na Justiça Eleitoral, que lida ‘com a escolha de representantes para mandatos temporários’”.
Gilmar responde: “Repudio esse entendimento, obviamente absurdo. Ainda que não se pudesse mais apurar crime eleitoral, há a possibilidade de que outros tenham sido cometidos. É preciso investigar se uma gráfica, nessas condições, não está praticando, por exemplo, crime previdenciário ou de lavagem de dinheiro. Isso tudo é da alçada do procurador-geral.” E a suspeita surge do nada? Não! O delator Ricardo Pessoa afirmou em seu depoimento que a tal VTPB recebeu dinheiro sujo do petrolão.
De fato, estabelece o Parágrafo 10 do Artigo 14 da Constituição o que segue: “§ 10 – O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude”.
Muito bem. Gilmar foi relator das contas de Dilma no TSE. Basta consultor o seu voto para constatar que ele recomendou a aprovação das ditas-cujas, deixando claro, no entanto, que eventuais irregularidades poderiam e deveriam, sim, ser apuradas. Por isso mesmo, ele não fechou o procedimento. De resto, o próprio tribunal, por maioria, já determinou que se investiguem os indícios de irregularidade na campanha.
Mendes afirma a este blog: “A Justiça Eleitoral não pode servir de lavanderia de dinheiro sujo. Se aquela aulinha que o procurador-geral tentou dar à Justiça Eleitoral estivesse certa, deixar-se-ia de investigar até um homicídio ocorrido no âmbito de uma campanha eleitoral. Aliás, parte considerável da investigação da Lava-Jato, então, estaria fora da lei. Quando mandei apurar o caso dessa gráfica, não pensava exclusivamente no eventual crime eleitoral, mas principalmente nos outros, os conexos. O Parágrafo 10 do Artigo 14 da Constituição não embasa a recusa do procurador-geral.”
Já enfrentei alguns ataques na área de comentários do blog em razão de críticas que fiz a Janot quando as julguei procedentes. E, meus caros, quando avalio ser pertinente, critico também o papa. À moda Padre Vieira, de vez em quando, sobre até para o Altíssimo. E, por óbvio, sendo assim, é claro que também posso ser criticado. O problema é que alguns bobos se deixam levar pela subimprensa a soldo, que tem compromisso com uma agenda, não com os fatos. Aos poucos, como vemos, ela vai se desmoralizando. Nessa questão, como em qualquer outra, basta perguntar: “Quem está financiando?” Obtida a resposta, o resto é fácil. Já tem farsante com um pé na cadeia. Desde o começo da Operação Lava-Jato, pergunto onde estão os representantes do Poder Executivo, não é mesmo?
Mas voltemos a Mendes. Diz o ministro sobre Janot: “Se ele quer opinar contra a investigação, que o faça, mas, então, que aponte as razões. Se ele não viu sinal de irregularidade na tal gráfica, que diga isso. Mas não lhe cabe dizer quais são os limites da Justiça Eleitoral. Ele precisa tomar cuidado para não criar a Hermenêutica Dilma, de sorte que se tem uma linha interpretativa destinada à proteção da presidente. A Justiça Eleitoral sabe muito bem qual é o seu papel e está atuando dentro dos mais estritos limites legais. Se há indícios de outros crimes, conexos ao eleitoral, cabe à Procuradoria-Geral da República atuar”.
Pressão antiga Não custa lembrar. No fim do ano passado, Eugênio Aragão, procurador-geral eleitoral e aliado de Janot, entrou com um pedido para que Mendes deixasse de ser o relator das contas da campanha de Dilma. O PT fez a mesma coisa. Aragão é um homem muito próximo do partido e frequentava a lista dos preferidos de Dilma para o Supremo.
A reação de Mendes é dura, sim, mas à altura da provocação gratuita de Janot.
O quase completo socialismo que impera na Venezuela
voltou ao noticiário.
Durante os últimos dois anos, a crise
econômica do país vem se
desenrolando a um ritmo crescentemente desastroso: à medida que
a moeda foi se
depreciando, a carestia foi se acelerando de maneira
galopante. Consequentemente, o governo decretou um abrangente controle de
preços, o que fez com que a escassez de
bens — inclusive alimentos e remédios — se intensificasse. A escassez,
por conseguinte, empurrou as pessoas para o mercado negro, o que elevou ainda
mais os preços dos bens essenciais.
A lista de itens básicos ausente das
prateleiras dos supermercados, que começou com
papel higiênico — o que levou o governo a ocupar uma
fábrica de papel higiênico, com o uso maciço de força militar, para
garantir uma "distribuição justa" dos estoques disponíveis —, foi
gradualmente se expandindo para abranger tambémabsorventes,
xampu, farinha, açúcar, detergente, óleo de cozinhar, pilhas, baterias e
caixões.
E, por causa do aparelhamento e da
subsequente destruição da estatal petrolífera PDVSA, bem como do racionamento
de preços da gasolina, a Venezuela, que é o quinto maior produtor de petróleo
do mundo, teve de se tornar
importadora de petróleo (outrora o principal item de exportação
do país).
A escassez generalizada obrigou os
venezuelanos a, rotineiramente, terem de pedir permissão para faltar ao
trabalho e assim poderem ficar
o dia inteiro em longas filas nas portas dos poucos
supermercados que ainda têm alguns produtos à venda.
Além daqueles que se ausentam do trabalho, também há aqueles que
acordam de madrugada para ir para as filas. E há aqueles que vão para as
filas no horário do almoço. Os venezuelanos estão o tempo todo enviando
mensagens de texto no celular para dar
informações sobre filas. Eles se transformaram em
especialistas em filas.
Nessa reportagem, um jornalista da BBC tenta comprar apenas 8
itens básicos na Venezuela. Ele só consegue comprar 3, tendo de recorrer
ao mercado negro para conseguir o resto; e só no dia seguinte.
A mais recente estimativa — mostrada no
vídeo acima — é a de que um venezuelano gasta, em média, 8 horas por semana na
fila de um supermercado para conseguir comprar itens essenciais.
Umapesquisa do Instituto Cendas, que é
venezuelano, revelou que mais de um terço dos gêneros alimentícios não mais são
encontrados nas prateleiras de absolutamente nenhum supermercado.
Adicionalmente, os vegetais encarecem a um ritmo de 32%ao mês, as carnes sobem 22%
também mensalmente, e o feijão dispara 130%, também a cada mês.
Consequentemente, o prato básico do venezuelano, contendo arroz e feijão, se
tornou um luxo.
No entanto, o que está no noticiário atualmente — e que é a raiz
de todo o desarranjo da economia venezuelana — é moeda da Venezuela, o
bolívar. O valor do bolívar está desabando feito uma pedra. Ográfico a seguir, elaborado peloprofessor Steve Hanke, da Johns Hopkins
University, mostra a evolução da taxa de câmbio do bolívar em relação ao dólar
americano. A linha vermelha é a taxa de câmbio oficial declarada pelo
governo; a linha azul é a taxa de câmbio no mercado paralelo.
Taxa de
câmbio bolívar/dólar no mercado paralelo (linha azul) versus taxa de câmbio
oficial declarada pelo governo (linha vermelha)
Vale ressaltar que, como mostra o gráfico, em agosto do ano
passado, um dólar custava 100 bolívares no mercado paralelo. Em meio
desse ano, o bolívar já havia desabado acentuadamente, com um dólar valendo 300
bolívares. Agora em agosto, o dólar já está se aproximando dos 700
bolívares.
Isso implica uma desvalorização da moeda nacional de 86% em
apenas um ano.
O Banco Central da Venezuela, obviamente,parou de divulgaros valores oficiais da inflação ainda
em dezembro de 2014, quando a cifra calculada pelo próprio governo havia
chegado a 68%.
Essa desvalorização do bolívar está fazendo a carestia disparar
na Venezuela. Para economias altamente estatizadas, a desvalorização de
uma moeda no mercado paralelo — que é o único verdadeiro livre mercado operando
nessas economias — é o mensurador que melhor estima o real valor dessa
moeda. O princípio da paridade do poder de compra (PPP), o qual vincula
alterações na taxa de câmbio a alterações nos preços, permite estimativas
confiáveis para a inflação de preços.
O gráfico a seguir, também do professor Hanke, mostra a evolução
da verdadeira inflação de preços que está ocorrendo na Venezuela:
Inflação
de preços oficial divulgada pelo governo (linha vermelha) versus inflação de
preços implícita (linha azul) acumuladas em 12 meses.
Ou seja, a atual inflação de preços na Venezuela — a real, e não
aquela divulgada pelo governo — ultrapassou o estonteante valor de 800% ao ano,
o que mostra que o país está em hiperinflação.
Essa combinação de hiperinflação e rígido controle de preços —
recurso favorito dos governos populistas — está gerando o supracitado
desabastecimento generalizado, esvaziando as prateleiras dos supermercados do
país
Com uma moeda inconversível e que ninguém quer portar — nenhum
estrangeiro está disposto a trocar sua moeda pelo bolívar, pois não há
investimentos atrativos na Venezuela —, nenhum empreendedor na Venezuela
está tendo acesso a dólares.
E, sem acesso a dólares, todas as importações, mesmo a de
produtos básicos e essenciais, como remédios, estão praticamente paralisadas.
O suprimento de remédiosestá acabando. Salas de cirurgia estão
fechadas há meses, não obstante centenas de pacientes estejam na fila de espera
para cirurgias. Algumas clínicas privadas são capazes de manter a sala de
cirurgias funcionando porque conseguem contrabandear dos EUA, sem que o governo
venezuelano possa interceptar, remédios essenciais.
Com a falta de remédios, os venezuelanos estão tendo,
humilhantemente, de recorrer amedicamentos para cachorro. Como
consequência, os próprios cachorros tambémcomeçaram
a sofrer, já que esse aumento da demanda por medicamentos
veterinários está diminuindo a oferta disponível de remédios para serem usados
nos próprios cachorros.
A revolta dessa venezuelana na fila do supermercado fala por si
só:
A inconversibilidade da moeda venezuelana
está causando até mesmo odesaparecimento da cerveja, uma vez que os
produtores nacionais não mais estão conseguindo importar a matéria-prima
necessária — malte e cevada — para a fabricação da bebida, pois não conseguem
trocar bolívares por dólares.
A única entidade na Venezuela que ainda tem dólares é o governo,
e é ele quem decide qual empresa pode receber dólares para importar bens.
No momento, por causa de sua escassez — e daacelerada perda de reservas internacionais,
causadas justamente pela necessidade de importar itens básicos — a ração de
dólares está suspensa.
Essa situação de penúria gerada por uma moeda inconversível e
por controles de capital é fatal para todo o bem-estar de uma nação. O
economista austríaco Friedrich Hayek já havia alertado para isso. Em seu
livroO
Caminho da Servidão, lançado no longínquo ano de 1944, ele alertou
que:
Não há melhor exemplo prático de um abrangente controle
econômico sobre todos os outros aspectos da vida do que na área do câmbio.
À primeira vista, nada parece afetar menos a vida privada do que
o controle estatal das transações em moeda estrangeira, e a maior parte das
pessoas olha com total indiferença para a introdução dessa política. No
entanto, a experiência de quase todos os países europeus ensinou-nos a
considerar essa medida um passo decisivo no caminho do totalitarismo e da
supressão da liberdade individual.
Ela constitui, com efeito, a sujeição completa do indivíduo à
tirania do estado, a eliminação definitiva de todos os meios de fuga — não
somente para os ricos, mas para todos.
Quando o indivíduo já não tem liberdade nem de viajar nem de
comprar itens estrangeiros básicos, como livros e revistas, e quando todos os
meios de contato com o exterior se limitam aos aprovados [pelo governo], o
controle efetivo [sobre a população] torna-se muito maior do que o exercido por
qualquer governo absolutista dos séculos XVII e XVIII.
É impossível compreender totalmente a ideia de uma moeda forte
sem antes entender que a própria ideia de moeda forte foi criada para ser um
instrumento para a proteção das liberdades civis contra investidas despóticas
de governos. Ideologicamente, a moeda forte pertence à mesma classe das
Constituições e da Declaração dos Direitos dos indivíduos.
Recentemente, uma foto de um venezuelano utilizando
uma cédula de 2 bolívares como guardanapo para segurar uma empanadatornou-se viral na internet. E o motivo
é a perfeita ilustração do que Mises disse acima: se a moeda é fraca, ela perde
toda a sua função de meio de troca, e passa a ser utilizada em aplicações mais
cotidianas.
Uma
cédula de 2 bolívares vale muito menos que US$ 0,01 (na prática, vale um terço
de um cent, ou US$ 0,003). Já um pacote de guardanapos custa, atualmente,
de 500 a 600 bolívares.
Essa
foto é pavorosamente parecida com as fotos oriundas do episódio da
hiperinflação alemã na época da República de Weimar, em que o índice da
inflação de preçosmensalsaltou
de 100% em julho de 1922 para 29.500% em novembro de 1923. A cédula
de 100 trilhões de marcosfoi criadae
as impressoras do Reichsbank passaram a imprimir dinheiro ao ritmo recorde de
74 trilhões de cédulas de marcos por semana.
Como
consequência dessa inflação de dinheiro, os alemães passaram a utilizar as
cédulas como lenha para fogueiras e para fogões.
Por ora, podemos apenas especular a extensão do
estrago que esse episódio trará à poupança dos venezuelanos. À medida que
as notícias sobre a economia do país vão sendo reveladas, é inevitável não ter
aquela sensação de horror.
Essencialmente, todos os governos do
mundo controlam suas moedas da mesma maneira que o governo Maduro. Varia
apenas a intensidade com que cada governo destrói o poder de compra de suas
respectivas moedas. Ao redor de todo o mundo, o que temos no âmbito
monetário é socialismo ouro, de modo que todas as moedas nacionais estão
sujeitas unicamente ao poder político.
É inevitável imaginar (e temer)
quantos outros desastres econômicos terão de ocorrer até que se torne claro que
o socialismo — de todos os tipos, tamanhos e graus de intensidade — é impraticável, intolerável eindesculpável.
Carmen Dorobat, pós-doutoranda em economia na Universidade de Angers e professora na Bucharest Academy of Economic Studies.
Leandro Roque, editor e tradutor do site do Instituto Ludwig von Mises Brasil.
Um dos pais do Real, o economista André Lara Resende lança livro ‘Devagar e simples’
por Cássia Almeida
31/08/2015 6:00 / Atualizado 31/08/2015 7:48
RIO - Um dos pais do Real, o economista André Lara Resende lança o livro 'Devagar e simples'. Por e-mail, ele falou sobre recessão, desigualdade, tamanho do Estado, China, inflação e a crise política: 'Ainda não é possível ver como será revertida'.
O livro trata de desigualdade e das conclusões de Thomas Piketty de que a distribuição de renda vai voltar aos níveis do século XIX. Como impedir o aumento da desigualdade por aqui?
O Brasil está no início de uma recessão que, infelizmente, pode ser longa e profunda. A brusca interrupção do crescimento tende a agravar as desigualdades, pois os mais pobres são os mais afetados por recessão e desemprego. Mas o mero crescimento não garante a superação das desigualdades. A experiência do século XX, como mostra Piketty, é clara: pode haver reconcentração de renda e riqueza ainda que com alto crescimento. O desafio de reduzir a desigualdade exige mais que mero crescimento. Isso sempre foi verdade, mas com o avanço da tecnologia, deverá ser ainda mais verdade neste século XXI. As sociedades avançadas não terão como evitar a ampliação dos programas de transferência de renda, para garantir um nível mínimo de qualidade de vida aos menos favorecidos. O desafio é como fazê-lo sem aumentar o peso do Estado, que dá sinais claros de estar perto de atingir o limite do administrável. No Brasil, o Estado é caro como nos países mais desenvolvidos e incompetente como nos mais atrasados.
O senhor cita o impacto da revolução tecnológica nos serviços. Como fica o emprego no setor no Brasil?
As economias avançadas estão se desindustrializando. É o resultado do avanço da tecnologia. Assim como o emprego industrial substituiu o emprego na agropecuária, o setor de serviços tem absorvido a mão de obra liberada pela indústria. O problema é que agora o avanço da tecnológico tem reduzido também o emprego nos serviços. Para um país como o Brasil, já moderno na tecnologia, mas que ainda não superou muitos problemas do subdesenvolvimento e da pobreza extrema, o desafio será redobrado.
O senhor diz que a má política econômica produz mais estagnação e recessão do que a boa política produz crescimento. O que fizemos de errado na ânsia de continuar crescendo? O senhor classificou a política econômica dos últimos anos como "incompetente e anacrônica", o que é preciso ser feito agora? Tem a mesma opinião em relação à política do ministro Joaquim Levy?
Má política econômica produz, com certeza, recessão e estagnação. Em contrapartida, a boa política não produz necessariamente crescimento acima da média mundial. Tentar crescer sistematicamente acima da média mundial é a fórmula para provocar grandes crises. Países que se desenvolveram, com raras exceções, cresceram devagar e sempre. Surtos de crescimento acelerado terminam, quase sempre, em crise e estagnação prolongada.
Agentes econômicos temem mais a instabilidade política que a recessão...
A crise política agrava a crise econômica provocada por uma política econômica anacrônica e equivocada, a partir de 2008. A crise financeira nos países centrais foi usada para justificar o aumento irresponsável dos gastos públicos. Sob pretexto de implementar uma política anticíclica "keynesiana", partiu-se para uma demagógica política de subsídios, transferências e aumento dos gastos do governo que quebrou o Estado. A crise política e a revelação da corrupção institucionalizada se sobrepõem às dificuldades da economia. O quadro é muito complicado. Ainda não é possível ver como será revertido.
Como se preparar para o envelhecimento rápido da população?
A redução do crescimento demográfico, já em curso no Brasil, reduz o crescimento potencial da economia e agrava os problemas da Previdência Social. Uma economia que tem muito mais jovens em idade de trabalhar do que velhos tem mais facilidade de ser generosa com os aposentados. A reversão do crescimento demográfico até uma eventual estabilização da população trará novos desafios. O risco é, como disse Marcos Lisboa, ter um país que envelheceu antes de enriquecer.
Aumentou o nível de instrução da mão de obra, mas da produtividade, não.
Produtividade é escola, mas é muito mais do que isso. O inferno burocrático, a regulamentação kafkiana, a corrupção são detratores da produtividade. A educação é muito fraca. A educação pública básica segue lastimável. O acesso ao ensino superior aumentou; a qualidade, não.
E a China?
O crescimento acelerado levou ao aumento dos preços internacionais das matérias-primas. Como somos exportadores de matérias-primas, fomos beneficiados. O resultado é equivalente a uma transferência de renda do resto do mundo para nós. Deveríamos ter aproveitado para investir bem na modernização da infraestrutura e no aumento da produtividade. Não foi o que fizemos. Ao contrário, de forma perdulária, gastamos com o aumento irresponsável dos gastos do governo e com subsídios ao consumo e à indústria obsoleta. Não faz sentido agora, quando a benesse dos ganhos de troca acaba, responsabilizar a China pelos nossos problemas. Deveríamos ter sabido usar o presente que a China nos proporcionou durante mais de uma década.
Há dois capítulos sobre os protestos de 2013. Como vê o fenômeno hoje?
Foram expressão de mal-estar num país que, aos trancos e barrancos, tinha progredido, deixado para trás a inflação crônica, conseguido avanços nos indicadores sociais e queria mais. Queria melhora da qualidade de vida, da mobilidade urbana, da segurança, da educação e da representatividade política. É triste, mas não progredimos nessa direção, ao contrário, regredimos. Estamos diante de uma recessão que pode vir a ser profunda e da perspectiva de longa estagnação, sob risco de regredir em todas as dimensões.
A inflação está fora de controle?
A inflação está perigosamente acima da meta. Não parece ainda fora de controle, mas a crise política e a forte desvalorização cambial vão fazer com que o retorno à meta seja mais lento e penoso do que se poderia prever.
Apesar da grave crise do país, o montante entregue é 66% maior do que o pago no mesmo período de 2014 (R$ 100 milhões)
O governo Dilma Rousseff não tem dinheiro para programas sociais (Minha Casa e outros) e nem para o 13º dos aposentados e pensionistas do INSS, mas não falta para fazer repasses às centrais sindicais, braços de partidos políticos.
Entre janeiro e abril, de acordo com o Estadão, o governo já depositou R$ 166,6 milhões para as seis entidades habilitadas a receber parte do dinheiro arrecadado com o imposto sindical, recolhido de trabalhadores com carteira assinada.
Apesar da grave crise do país, o montante entregue aos sindicalistas é 66% maior do que o pago no mesmo período de 2014 (R$ 100 milhões) e já quase alcança o que foi transferido no decorrer do ano passado (R$ 180,1 milhões).
Ligada ao PT, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) é a que mais recebeu dinheiro descontado dos trabalhadores. A entidade embolsou R$ 340 milhões desde 2008, quando o governo viabilizou os repasses polêmicos.
A CUT é comandada nacionalmente por Vagner Freitas, aquele que aquele que ameaçou, em solenidade no Palácio do Planalto, com a presença da presidente da República, pegar em armas para defender o mandato de Dilma Rousseff, caso ela venha a sofre impeachment.
— Somos defensores da unidade nacional, da construção de um projeto de desenvolvimento para todos e para todas. E isso implica, neste momento, ir para as ruas entrincheirados, com armas nas mãos, se tentarem derrubar a presidenta — disse Freitas.