Lemos estarrecidos os bastidores da guerra suja entre a Polícia Federal e a Procuradoria Geral da República relatados em “O Antagonista” e no blog de “Claudio Tognolli”. Então, resolvemos fazer um resgate de pequenas passagens da biografia de Lula, o probo.
As revelações feitas por Claudio Tognolli foram condensadas por Diogo Mainardi e Mario Sabino. Confira:
“a) Os delegados federais da Lava Jato estão empenhados, muito além do que seria razoável, na aprovação de um Projeto de Emenda Constitucional (PEC) que dá autonomia funcional, administrativa e financeira à PF. Uma vez aprovada a PEC, os delegados seriam os máximos dirigentes de um “Quarto Poder” na República, completamente independente da Justiça.
b) Para a aprovação dessa PEC, o presidente da Associação dos Delegados de Polícia Federal, Marcos Leôncio estava no gabinete do senador petista Humberto Costa, investigado pela Lava Jato, quando o ministro Teori Zavascki atendeu o pedido de Rodrigo Janot, procurador-geral da República, para que os depoimentos dos políticos fossem suspensos.
c) Marcos Leôncio também fez lobby com dois investigados pela Lava Jato: os deputados Eduardo Cunha, do PMDB, presidente da Câmara, e Arthur Lira, do PP, presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, encarregada de levar adiante ou não a PEC que interessa aos delegados da PF. Cunha e Lira também são investigados pela Lava Jato.”
Também foi revelado que a PF ofereceu ao líder do PT no Senado, Humberto Costa, ouvi-lo “sem a presença de procuradores e com perguntas entregues antecipadamente“. Mainardi e Sabino apuraram que o mesmo acordo foi oferecido a Eduardo Cunha e Arthur Lira. E, por isso, Rodrigo Janot teria pedido a suspensão temporária dos depoimentos.
A seguir, as apurações de O Antagonista:
“Ao balcanizar a PF desde o escândalo do mensalão, o PT criou um monstro. E esse monstro perdeu o freio. De acordo com um dos relatos ouvidos pelo Antagonista, delegados federais têm em seu poder diálogos de Lula, obtidos por meio de escutas telefônicas, que mostram sem nenhuma sombra de dúvida o papel do ex-presidente no esquema do mensalão. “
Nós, da Reaçonaria, lembramos que a Polícia Federal ao investigar Rosemary Noronha, acabou gravando no mínimo 122 diálogos entre Rosemary e o ex-presidente Lula com autorização da Justiça. Essa revelação foi feita pela Bandeirantes. Curiosamente, nenhum parlamentar da oposição ou algum outro veículo de comunicação teve a coragem de perguntar pelas gravações.
“Durante o tempo em que investigou a ex-chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Novoa de Noronha, por corrupção e tráfico de influência, a Polícia Federal registrou, com autorização judicial, 122 ligações entre ela e o ex-presidente Lula.” Fonte.
Se por um lado é animador saber que a Polícia Federal possui diálogos não revelados do ex-presidente Lula sobre o mensalão, por outro, a chantagem feita pela PF para aumentar seu poder de barganha institucional é lamentável.
Confira agora um trecho de uma entrevista com mensaleiro condenado Valdemar Costa Neto sobre a origem do Mensalão e a revelação de que Lula teve participação direta nos acordos:
Lula e José Alencar
“O PT dizia não ter dinheiro. Valdemar Costa Neto envolveu Lula e Alencar:
– Já estávamos fazendo uma nota conjunta dizendo que a coligação PT-PL não ia sair quando me liga o Zé Alencar. Eu contei a ele que não conseguimos chegar a um número. “Não vou prejudicar nosso pessoal todo em troca de uma aliança”, falei. O Zé Alencar disse para eu não assinar a nota conjunta. Daí 15 minutos, ele ligou e disse que o Lula viria no dia seguinte a Brasília resolver o assunto.
Ficou claro o envolvimento de Lula. Valdemar Costa Neto dissera que não se chegara a “um número”, Alencar pediu um tempo e em 15 minutos telefonou e informou que Lula viajaria a Brasília para resolver. A negociação:
– A reunião foi no apartamento do deputado Paulo Rocha. Estavam lá o Lula, o José Alencar, o Dirceu e o Delúbio. O Lula chegou para mim e disse: “Quer dizer então que você é o nosso problema?” “Não posso matar o nosso pessoal”, respondi. O Zé Dirceu não queria falar de dinheiro, queria negociar a participação no governo: “Valdemar, vamos governar juntos?” Respondi: “Mas, desse jeito, não vai sobrar ninguém na Câmara para governar junto com vocês”. Depois o Lula até falou para o Zé Alencar: “Vamos sair porque esta conversa é entre partidos, não entre candidatos”. Daí o Delúbio chegou perto de mim e disse: “Vamos conversar”.
– E vocês falaram de números…
– O Lula e o Alencar ficaram na sala e fomos para o quarto eu, o Delúbio e o Dirceu. Eu comecei pedindo R$ 20 milhões, para levar uns R$ 15 milhões. Daí, ficou aquela discussão. Uma hora, o Zé Alencar entrou e falou: “E aí, já resolveram?” Eles achavam que iam arrecadar R$ 40 milhões. Eu falei: “Tira R$ 15 milhões para a gente. É justo”. Eles ameaçaram ir embora. O Lula mandou ligar para o Patrus Ananias e avisou que, se a conversa não desse certo, ele seria o candidato a vice na chapa. Uma hora, o Dirceu chegou a dizer “acabou”. Eles batiam tanto o pé comigo que eu pensei: “Ô povo firme. Esses vão me pagar rigorosamente em dia”. Daí chamei o Zé Dirceu de volta para o quarto. O Zé Alencar veio junto. Falei: “Vamos acertar os R$ 10 milhões”. Voltamos para a sala e avisamos: “Está fechado”. Lembro ainda que o Zé Alencar falou “peça tudo por dentro”.
– Lula sabia que a conversa no quarto era sobre dinheiro?
– Ele sabia. O presidente sabia o que a gente estava negociando. Olha, ele e o Zé Dirceu construíram o PT juntos. O Lula sabia o que o Dirceu estava fazendo. O Lula foi lá para bater o martelo. Tudo o que o Zé Dirceu fez foi para construir o partido.
– O vice-presidente José Alencar falava “tudo por dentro”. E o presidente Lula dizia o quê?
– Nunca falou. Quando saí, ele me falou: “Então está liquidado o assunto”. O Lula foi lá para autorizar a operação. E não vejo nada demais. O que ninguém esperava é que desse essa lambança.” Fonte.
Voltemos ao Antagonista:
“O que Rodrigo Janot impediu foi que se replicasse na Lava Jato um modelo adotado sob o desgoverno do PT: o achaque sistemático de políticos, não importa o partido. O modelo pode ser resumido da seguinte forma, segundo as fontes do Antagonista: a prova aparece, negocia-se com o interessado, extrai-se a prova do inquérito, a prova é destruída.
“A coisa atingiu tal ponto ao longo dos últimos anos, que foi criada na PF um Departamento de Inquéritos Especiais, ao qual só alguns poucos têm acesso. Ali são guardados os inquéritos usados para achaque. O Departamento de Inquéritos Especiais é uma central do achaque”, disse uma respeitada autoridade ao Antagonista.
No final da década passada, a Polícia Federal adquiriu maletas que, se localizadas próximas do alvo a ser investigado, podem realizar interceptações telefônicas. Isso elimina a necessidade de fazer escutas ambientais ou solicitar a operadoras que grampeiem telefones.
Agentes da PF relatam que, oficialmente, cinco maletas foram importadas. No entanto, vieram mais duas “de brinde” — que nunca foram tombadas. Por quê?
A Polícia Federal do Brasil conta com uma maioria de profissionais abnegados e honestos, entre os quais os agentes que atuam na Operação Lava Jato, fazendo o trabalho de campo. A série que termina aqui não tem como objetivo miná-la. Pelo contrário, deveria servir para fortalecê-la. Mas, como voltamos a ouvir algumas histórias já descritas por Romeu Tuma Jr., no seu “Assassinato de Reputações”, a situação está longe de melhorar desde a publicação do livro, em 2013.”
Agora, confiram em uma pesquisa feita pelo FENAPEF o estrago institucional que o PT causou nas investigações da Polícia Federal:
A pesquisa completa pode ser conferida
aqui.
Nós lamentamos o achaque relatado para destruir provas. Mas, pela história da arapongagem brasileira, sempre há alguém que guarda uma cópia “destruída”.
Nesta semana, o executivo preso da OAS, Léo Pinheiro, revelou um
imóvel que Lula supostamente possui em nome de um laranja. O ex-presidente até o momento não se pronunciou. Medo de ser desmentido no futuro pelos procuradores? Medo por não saber o que a PF já tem em mãos?
Lula, cadê você?
Saiba mais sobre o assunto:
As reportagens de Claudio Tognolli:
fonte:
http://reaconaria.org/blog/reacablog/pf-vs-pgr-lula-teve-122-ligacoes-gravadas-pela-policia-federal-com-autorizacao-da-justica/