sábado, 13 de agosto de 2016

se é por falta de ADEUS, TCHAU, QUERIDA, VAZA!! A era Dilma se aproxima do fim


Derrota no Senado por 59 a 21 no penúltimo round do impeachment prenuncia o adeus da presidente afastada. Parte da mudança, inclusive uma de suas bicicletas, já foi levada para Porto Alegre e a petista até planeja um exílio por países latino-americanos depois do afastamento definitivo

 VAI PARA CASA MAIS CEDO Ainda falta o último ato, mas Dilma já tem consciência de que não retornará ao poder (Crédito: Reuters/Ueslei Marcelino)

 

Para tomar emprestado um bordão esportivo em tempos de Olimpíada, Dilma irá para o chuveiro mais cedo, mas quem será asseado é o País. Candidamente, a petista entoa o mantra do “não sei de nada”, “não tenho culpa de nada”, “sou vitima da mídia e das elites” celebrizado por Luiz Inácio Lula da Silva. Mais um discurso destinado a alimentar com as sementes do engodo uma plateia de convertidos – hoje estourando 30% dos brasileiros. Apesar da tentativa de terceirizar a própria culpa e de criar uma narrativa épica, mas fictícia, a petista é um pote até aqui de malfeitos. Além das pedaladas – que não foram meras maquiagens fiscais, como quer fazer crer a tropa de choque petista, mas uma estratégia política para vender ao eleitor um Brasil irreal, com único objetivo de vencer a eleição, – Dilma é acusada de incorrer em outros crimes mais graves.
Atentado à justiça
Se, como disse o procurador da República Ivan Cláudio Marx, o ex-presidente Lula foi o “chefe de organização criminosa” para obstruir a Justiça, Dilma é no mínimo co-partícipe da trama. Em maio, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu que a presidente afastada fosse investigada por tentativa de atrapalhar as investigações da Lava Jato. Segundo delação do ex-senador Delcídio do Amaral, antecipada por ISTOÉ, a presidente Dilma o teria usado como emissário da proposta a um candidato a ministro do STJ para trocar a indicação pela concessão de habeas corpus pedido por empreiteiros presos em Curitiba. Tudo ocorreu como combinado. Os empresários só não foram soltos porque o relatório produzido pelo ministro nomeado Marcelo Navarro foi derrubado pelos seus pares. A petista ainda corre o risco ser indiciada pela Procuradoria-Geral da República, se não por esta denúncia, mas pela nomeação desastrada de Lula para a Casa Civil, a fim de mantê-lo distante da jurisdição de Moro, concedendo-lhe foro privilegiado. Não bastassem as investidas contra o livre trabalho do Judiciário, que configuram crime de responsabilidade passível de perda de mandato tipificado no inciso 5 do Artigo 6º da Lei 1.079, as recentes propostas de delações premiadas de executivos de empreiteiras implicadas no Petrolão deixam claro que Dilma não só sabia como operou pessoalmente na arrecadação ilegal de sua campanha em 2014. Aos procuradores da Lava Jato, segundo reportagem de ISTOÉ, Marcelo Odebrecht afirmou que a mandatária exigiu R$ 12 milhões para a campanha durante encontro privado. O dinheiro seria fruto de propina desviada da Petrobras. “É para pagar”, teria ordenado ela, de acordo com a proposta de delação do empresário. Parte do recurso seria utilizada para pagar o marqueteiro João Santana. Solto na semana passada, Santana também confirmou em delação a participação direta de Dilma no manejo de recursos irregulares destinados a irrigar os cofres de sua campanha à reeleição.
 

Legado de Dilma: um país em crise
Para completar o cenário nada edificante para quem jura inocência, a herança de Dilma é de amargar. De chorar lágrimas de esguicho. No “golpe” sem armas e tanques, alardeado pelo PT e congêneres, a vítima foi o povo. Dilma herdou de seu antecessor um País que crescia 7,5%, com baixa taxa de desemprego, inflação controlada e investidores animados. Em meio ao repique da crise e a queda nos preços das commodities, decidiu abandonar a política econômica adotada até então para implantar sua “nova matriz econômica”, baseada em crédito abundante, política fiscal frouxa e juros baixos. No vale-tudo para se reeleger, tomou decisões temerárias como segurar preços administrados e abandonar o equilíbrio fiscal. “O governo agiu como alguém que sonhou que iria ganhar na mega-sena e saiu por aí gastando o que não tem”, diz Carlos Pereira, cientista político da FGV-Rio. Com a volta da inflação, a comida sumiu do prato de muitos brasileiros. O poder de compra foi corroído. O projeto de inclusão, ancorado no consumo e traduzido pela ascensão social de milhões de pessoas, ruiu como um castelo de cartas. O aumento do desemprego e a queda nos rendimentos fizeram com que quase 4 milhões voltassem às classes D e E, de acordo com recente levantamento realizado com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios e da Pesquisa Mensal de Emprego, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O setor elétrico, tido como especialidade da gerentona, entrou em colapso. O investment grade virou pó e a corrupção, já institucionalizada, se retroalimentou da tragédia político-econômica e administrativa.

Na sessão do Senado que praticamente selou o destino de Dilma, os próprios aliados da presidente afastada baixaram as armas. Enquanto uns estavam mais preocupados em checar no celular os últimos resultados da Olimpíada, integrantes da comissão de frente em defesa da petista, como a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), demonstravam resignação ante a derrota iminente. “Nós que defendemos a presidenta Dilma temos consciência. Achamos até que ela não tem condições mais de governabilidade. E não seríamos nós senadoras e senadores irresponsáveis de apenas defender a volta dela para ampliar uma crise que não é só política, mas econômica também”, disse momentos antes do início da votação.

Não raro alinhado às teses petistas, o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, atuou como manda o figurino. Exercendo papel de magistrado, limitou-se a cumprir as regras estabelecidas. Com elegância, chegou a suspender o áudio de Gleisi Hoffmann: “Senhora senadora, eu tenho que ser muito rígido com o tempo. Peço escusas à Vossa Excelência”, disse. Repetiu a dose ante os excessos de Grazziotin e Kátia Abreu (PMDB-TO). Esta última também teve o microfone cortado. Tranqüilo e sereno, o presidente do Supremo adentrou ao plenário do Senado às 9h05. “O Senado está aqui para exercer uma de suas mais graves atribuições que a Constituição lhe acomete”, sapecou. Logo na abertura dos trabalhos, Lewandowski solicitou aos senadores que só pedissem a palavra para se pronunciar sobre questões processuais. “Tendo em conta a previsão de que esta sessão poderá tornar-se um tanto quanto longa, eu peço vênia, desde logo, para ser muito rigoroso na contagem dos prazos”. Antes do início da sessão, o presidente do STF rejeitou as questões de ordem que pediam a suspensão do processo de impeachment de Dilma. Num dos recursos sem qualquer cabimento, aliados da presidente afastada pediam para que fossem aguardados os resultados de delações premiadas. Houve ainda um pedido de suspeição do relator Antonio Anastasia, pelo fato de ele ser do PSDB, assim como um dos autores da denúncia, o advogado e ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior “Indefiro as questões de ordem 1 e 2 por tratarem de fatos estranhos ao presente processo. Não é possível suspender o feito com fundamento nestes argumentos”, afirmou. Ao fim, o placar de 59 a 21, e a comemoração. “Ganhamos todos com esse julgamento. Ganha o País, que tem a chance de ver resgatadas as condições políticas para dar seguimento à estabilidade econômica”, disse a senadora Lúcia Vânia (PSB-GO).
 
Ao tirar Dilma da frente, o Brasil começa uma nova etapa. A saída definitiva da petista fará com que o presidente em exercício Michel Temer atue com mais desprendimento para colocar em marcha as reformas necessárias ao País. Num primeiro momento, como antecipou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o governo deverá dedicar-se à implementação de medidas destinadas a disciplinar as contas públicas, fundamentais para a retomada dos investimentos e da confiança dos investidores. Há uma pauta de modernização da economia, já iniciada, com a revisão das metas fiscais para este e para o próximo ano e com a proposta de um teto para o aumento do gasto público, que poderá deslanchar a partir do impeachment. É imperativo que o Congresso a aprove. Mesmo as iniciativas mais impopulares, como alterações nas leis trabalhistas e previdenciárias. Só assim, o País poderá sair da ruína econômica legada pela desastrosa gestão petista.
O destino cumpre um roteiro nem de perto imaginado por Dilma quando tomou posse ainda para o seu primeiro mandato em 1° de janeiro de 2011. Resignada, nos dias derradeiros, Dilma acalentou um último desejo: o de não sair do Palácio do Planalto pelos fundos, como Fernando Collor, em 1992, cercado por um pequeno séquito de assessores. A cena pode até não se repetir. Na prática, porém, para a maioria dos brasileiros, o efeito é o mesmo: Dilma não deixará saudades. A partir de setembro, será apenas mais um quadro pendurado na galeria de ex-presidentes.






FONTE: http://istoe.com.br/era-dilma-se-aproxima-do-fim/

Lula pede e a OAS compra o silêncio de Rosemary

Em negociação de delação premiada, Léo Pinheiro revela que, a pedido do ex-presidente, contratou a empresa do então marido de Rose, a ex-secretária do petista acusada de tráfico de influência. Objetivo era o de silenciá-la. ISTOÉ teve acesso à prova que estabelece o elo entre a New Talent e a empreiteira


 Um dos capítulos do acordo de delação premiada que o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, vem negociando com a Lava Jato trata especificamente dos favores prestados pela empreiteira a Lula. É nele que Pinheiro vai relatar aos procuradores como foi montada e executada uma operacão destinada a comprar o silêncio de Rosemary Noronha, a protegida do ex-presidente petista. Detalhará como a empreiteira envolvida no Petrolão a socorreu após ela ser demitida do gabinete da Presidência em São Paulo, em dezembro de 2012, e ter se tornado alvo da Polícia Federal na Operação Porto Seguro pelo envolvimento com uma organização criminosa que fazia tráfico de influência em órgãos públicos.

O AMIGÃO OAS reformou o tríplex de Lula e o ajudou com Rosemary, que ganhou apartamento da Bancoop (Crédito:DENISE ANDRADE/Estdão Conteúdo; WERTHER SANTANA/ESTADÃO)

  Conforme Léo Pinheiro já adiantou aos integrantes da Lava Jato, uma das maneiras encontradas pela OAS para ajudá-la foi contratar a New Talent Construtora, empresa do então cônjuge de Rose, João Vasconcelos. A contratação, disse Pinheiro, atendeu a um pedido expresso de Lula. Documentos em poder da força-tarefa da Lava Jato e de integrantes do Ministério Público de São Paulo, aos quais ISTOÉ teve acesso, confirmam que a New Talent trabalhou para a OAS.

SOB SUSPEITA O escritório da New Talent, destino de recursos pagos pela OAS para Rose, fica neste prédio simples na zona sul de São Paulo (Crédito:Reprodução)


Mensagens trocadas por executivos da OAS no fim de 2014 interceptadas pela Polícia Federal na Operação Lava Jato mostram a pressa dos dirigentes da empreiteira em “resolver o problema de João Vasconcelos e Rose.” Nas conversas, em que chegaram até a mencionar os telefones da protegida de Lula e do ex-marido dela, os executivos narram a pressão do “amigo”, possivelmente o ex-presidente Lula, para que fosse encontrada logo uma solução. Pudera. Fora do cargo, respondendo criminalmente na Justiça e sem o prestígio de outrora, Rosemary Noronha fazia chegar à cúpula do partido que se sentia abandonada. Não escondia o descontentamento com integrantes da gestão Dilma. Acreditava que o Palácio do Planalto nada fez para protegê-la da Operação Porto Seguro. Rose atemorizava os petistas com uma possível delação. Os petistas temiam que ela contasse o que testemunhou graças à proximidade de décadas com o ex-presidente Lula. Os dois se conhecem desde 1988. Na época, ela trabalhava na agência em São Bernardo do Campo onde o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC possuía conta. Pouco depois, passou a gerenciar as contas do próprio Lula e recebeu um convite para secretariá-lo no escritório do PT em São Paulo. Ficou doze anos no cargo. Nos bastidores do partido, comentava-se que uma opinião dela poderia viabilizar ou encerrar de vez as chances de alguém se reunir com o futuro presidente. Quando o PT chegou ao Palácio do Planalto em 2003, Rose logo recebeu um cargo. Foi designada assessora do gabinete do executivo federal em São Paulo e, depois, chefe do escritório da presidência da República na capital paulista. Não raro, ausentava-se da cidade para acompanhar as comitivas do petista em eventos e viagens ao exterior. Seu poder era tanto que poucas pessoas arriscavam se indispor com Rosemary. Mesmo com a posse de Dilma, Rose se manteve no posto na cota de Lula.
Com a delação da OAS em mãos, não será difícil para as autoridades comprovarem como foi, de fato, colocado em prática o plano para comprar o silêncio de Rosemary Noronha via a contratação da empresa do seu ex-marido. A primeira prova que estabelece o elo entre a New Talent e a OAS já foi fornecida aos promotores paulistas e procuradores do Petrolão. Diz respeito à recuperação judicial da própria empreiteira. Denunciada na Lava Jato, a OAS viu os seus caixas secarem com o cancelamento de contratos e o atraso de pagamentos de obras suspeitas de superfaturamento. Precisou ingressar com um pedido na Justiça para ganhar tempo para pagar bancos e fornecedores. É justamente no edital em que constam as empresas que dizem ter créditos a receber da OAS que a empresa do ex-marido de Rosemary figura. Não se sabe quanto João Vasconcelos recebeu da empreiteira no total, mas a New Talent Construtora reclama R$ 15,4 mil que teriam ficado pendentes.

Os procuradores federais e os promotores paulistas tiveram mais surpresas ao esquadrinharem a empresa. Apesar de se dizer uma companhia de engenharia de “construção de edifícios” na Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp), a New Talent sequer possui um veículo. Sua sede fica em uma pequena sala de um prédio simples de quatro andares em cima de uma farmácia na zona sul da capital paulista. Possui capital social de R$ 120 mil, valor irrisório se comparado ao de outras firmas do mesmo ramo. No papel, a New Talent tem outras duas pessoas como donas. A primeira é o genro de Rose, Carlo Alexandro Damasco Torres. A segunda, Noemia de Oliveira Vasconcelos é mãe do ex-marido de Rose. Em comum, os dois sócios possuem patrimônios incompatíveis com um negócio deste porte. Segundo as autoridades, a empresa pertence a João Vasconcelos, o ex-cônjuge de Rose. Em contratos da companhia, é ele quem aparece como o responsável.

Na ficha da New Talent na Jucesp consta ainda um pedido de bloqueio de bens de outubro de 2015 de mais de R$ 2 milhões. Trata-se de uma decisão tomada pela Justiça Federal com base nas acusações de improbidade administrativa contra Rose, o ex-marido João Vasconcelos, a New Talent e outros investigados na Operação Porto Seguro por integrarem uma rede de tráfico de influência no setor público.
UM PRESENTE MILIONÁRIO
 
As ajudas recebidas por Rosemary Noronha foram além do contrato firmado pela OAS com a New Talent a pedido de Lula. Como ISTOÉ mostrou com exclusividade na sua última edição, a amiga do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria recebido um dúplex no Condomínio Residencial Ilhas D’ Itália, com cerca de 150 metros quadrados e piscina interna, localizado em uma área valorizada da capital paulista. Documentos e depoimentos colhidos por integrantes do Ministério Público de São Paulo que conduzem a operação Alcatéia, uma nova fase da investigação do tríplex ocultado pela família Lula no Guarujá, mostram que há fortes indícios de que Rose recebeu o apartamento sem pagar nada pelo bem. O empreendimento foi iniciado pela falida Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop), que lesou sete mil famílias, e finalizado pela OAS. Rose faria parte de um grupo de pessoas ligadas a Lula, à cúpula do PT e à Central Única dos Trabalhadores que teria se beneficiado de fraudes na cooperativa e das transferências de empreendimentos inacabados para a OAS.
Em nota enviada à ISTOÉ na última semana, Rosemary Noronha afirmou que não recebeu “nenhum apartamento” e que forneceu “documentação que comprova a quitação do apartamento que” adquiriu. A questão, para o Ministério Público de São Paulo, é que Rosemary enviou apenas os comprovantes de pagamento de um outro imóvel, localizado no Condomínio Torres da Mooca. Não mandou aos promotores nenhum documento ou explicação do dúplex de 150 metros quadrados, que está em nome de sua filha Mirelle. Às autoridades, a própria Mirelle disse que quem obteve o dúplex foi sua mãe. Em janeiro de 2014, Rose teria repassado o imóvel para a filha, que também não conseguiu comprovar o pagamento.


fonte: http://istoe.com.br/lula-pede-e-oas-compra-o-silencio-de-rosemary/
 

 

 

A grande ameaça para a liberdade e a civilização vem da esquerda por Lew Rockwell


Seria algum exagero dizer que, desde a Revolução Francesa, a esquerda tem sido a fonte de praticamente todas as perversidades políticas, e continua sendo até hoje? É verdade que não pode haver dúvidas de que várias crueldades podem ser e foram infligidas com o intuito de se preservar a ordem vigente.  Porém, quando comparamos as piores atrocidades do passado mais distante com as revoluções totalitárias de esquerda ocorridas no século XX, aquelas parecem, em geral, um mero distúrbio.  Como dizia Joseph Sobran, toda a história da Inquisição mal alcança o nível daquilo que os comunistas faziam em uma tarde normal.
A Revolução Francesa, particularmente em sua fase mais radical, representou a clássica manifestação do esquerdismo moderno, e serviu de modelo para revoluções ainda mais radicais que viriam a ocorrer ao redor do mundo mais de um século depois.
À medida que a Revolução Francesa avançava, seus objetivos iam se tornando mais ambiciosos, com seus mais fervorosos partidários exigindo nada menos que a total transformação da sociedade.
Para substituir os vários costumes e tradições já estabelecidos em uma França que tinha mais de um milênio de história, os revolucionários radicais introduziram uma alternativa "racional" inteiramente criada por suas próprias cabeças, e com um entusiasmo digno de um hospício.
Ruas com nomes de santos receberam novos nomes, e as estátuas de santos foram guilhotinadas (as pessoas que guilhotinavam estátuas eram as racionais).  O próprio calendário francês, repleto de festas religiosas, foi substituído por um calendário mais "racional", com 30 dias por mês divididos em três semanas de 10 dias, desta maneira abolindo o domingo.  Os cinco dias restantes do ano eram dedicados a práticas seculares: celebrações do trabalho, da opinião, do talento, da virtude e da recompensa.
As punições ministradas a quaisquer desvios dessa nova revelação já eram tão severas quanto as que viriam a se tornar praxe na esquerda de hoje.  Pessoas eram sentenciadas à morte por terem um rosário, por darem abrigos a padres, ou mesmo por se recusarem a abdicar do sacerdócio.
Já estamos bastante familiarizados com a guilhotina, mas os revolucionários inventaram outras formas de execução, como os Afogamentos em Nantes, criados para humilhar e aterrorizar suas vítimas.
Dado que a esquerda sempre quer a completa transformação da sociedade, e dado que essa mudança total tende a enfrentar a resistência dos cidadãos comuns que simplesmente não querem ter suas rotinas e suas vidas radicalmente transformadas, não é de se surpreender que o recurso do terror em massa seja a arma escolhida.  O povo tem de ser aterrorizado até sua completa submissão, e tem de ficar tão indefeso, quebrado e desmoralizado, que qualquer ato de resistência irá se tornar impossível.
Da mesma forma, não é de se surpreender que a esquerda defenda um estado gigante.  Em lugar de agrupamentos e fidelidades que ocorrem naturalmente, a esquerda exige sua substituição por criações artificiais.  Em lugar do concreto e do específico — dos "pequenos pelotões" que surgem organicamente, como dizia Edmund Burke —, a esquerda impõe substitutos remotos e artificiais que surgem da cabeça dos intelectuais. 
A esquerda prefere que o comando total seja entregue a um distante governo central em detrimento dos indivíduos e suas vizinhanças locais; às escolas e aos sindicatos dos professores em detrimento do chefe da família.
Por isso, durante a Revolução Francesa, a criação dos departamentos, totalmente subordinados a Paris, foi uma clássica manobra esquerdista — assim como foram os megaestados totalitários do século XX, os quais exigiam que a fidelidade do povo fosse transferida das pequenas associações que até então definiam suas vidas para uma nova autoridade central que havia sido criada do nada.
Enquanto isso, a direita (corretamente entendida), de acordo com o grande liberal clássico Erik von Kuehnelt-Leddihn, "defende formas de vida livres e surgidas organicamente".
A direita defende a liberdade e uma maneira de pensar livre e sem preconceitos; uma prontidão em preservar os valores tradicionais (desde que eles sejam valores verdadeiros); uma visão equilibrada da natureza do homem, que o vê nem como uma besta nem como um anjo, insistindo na singularidade dos seres humanos, os quais não podem ser transformados em, e nem tratados como, meros números ou cifras. 
Já a esquerda é a defensora dos princípios opostos; ela é a inimiga da diversidade e a fanática defensora da identidade.  A uniformidade é enfatizada em todas as utopias esquerdistas, paraísos nos quais todos são os mesmos, a inveja está morta, e o inimigo ou já foi aniquilado, ou vive fora dos portões, ou já foi completamente humilhado.  O esquerdismo abomina as diferenças, as divergências e as estratificações. [...] A palavra "única" é o seu símbolo: uma única linguagem, uma única raça, uma única classe, uma única ideologia, um único ritual, um único tipo de escola, uma única lei para todos, uma única bandeira, um único brasão, um único estado mundial centralizado.
Estaria essa descrição de Kuehnelt-Leddihn parcialmente datada?  Afinal, ninguém apregoa sua devoção à "diversidade" com mais intensidade do que a esquerda.  No entanto, a versão esquerdista de 'diversidade' se resume a um tipo especialmente pérfido de uniformidade.  Para a esquerda, ninguém pode ter uma visão discordante a respeito da necessidade de se impor essa "diversidade"; na academia, "diversos" professores universitários são escolhidos não por sua diversidade de pontos de vista, mas precisamente por sua sombria uniformidade: progressistas de esquerda de todos os tipos e formas.  Alunos e professores com visões genuinamente diversas são marginalizados, perseguidos e intimidados.  Adicionalmente, ao exigir "diversidade" e representação proporcional em várias instituições, a esquerda tem o objetivo contrário: fazer com que todo o país seja exatamente igual.
A esquerda sempre esteve engajada em criar ciladas.  Primeiro, ela afirma que não quer nada mais do que a liberdade para todos.  O progressismo supostamente seria neutro em relação a visões de mundo rivais, defendendo apenas um mercado de idéias aberto, em que pessoas racionais pudessem discutir questões importantes.  Ele não imporia qualquer visão específica.
Essa alegação, no entanto, rapidamente se comprovou uma farsa quando a importância, para a esquerda, de se ter uma educação controlada centralmente pelo estado se tornou óbvia.  Em particular, a educação progressista sempre visou a "libertar" as crianças das superstições dos poderes concorrentes ao estado (pais, família, igreja, vizinhança) e transferir sua lealdade ao governo central.
Como Kuehnelt-Leddihn disse:
As razões são várias.  Não apenas há o regozijo do estatismo, como tambem há a ideia de uniformidade e igualdade: a ideia de que as diferenças sociais na educação devem ser eliminadas e todos os alunos devem adquirir exatamente o mesmo conhecimento, o mesmo tipo de informação, da mesma forma e no mesmo grau, sem espaço para o contraditório ou para outras visões.  Isso deverá fazer com que eles pensem da maneira idêntica — ou, no mínimo, similar.
À medida que o tempo passou, os esquerdistas foram ficando cada vez menos preocupados em manter uma aparência de neutralidade em relação a visões sociais distintas.  É por isso que aqueles conservadores que acusam a esquerda de relativismo moral estão errados: longe de ser relativista, a esquerda é absolutista em sua exigência para que todos se conformem aos seus códigos morais peculiares.
Por exemplo, quando a esquerda declara que pessoas "transgênero" são a nova classe oprimida, ela espera que todos fiquem de pé e batam continência.  A esquerda progressista não argumenta que apoiar pessoas transgênero pode ser uma boa ideia para alguns e uma má ideia para outros; é isso o que ela diria caso fosse moralmente relativista.  Mas como ela não é, não é isso o que ela diz.
E não é apenas que a discordância não seja tolerada.  A discordância também não pode ser reconhecida.  Não é que o "infrator" (aquele que não concorda com as idéias progressistas) seja chamado para um debate até que uma solução satisfatória seja alcançada.  Ele é simplesmente expulso da "sociedade culta e iluminada" sem qualquer cerimônia.  Não pode haver qualquer opinião diferente daquela que a esquerda estipulou ser a aceitável.
Incidentalmente, qual foi o último palestrante esquerdista que foi calado no grito por libertários em uma universidade?  Resposta: isso nunca ocorreu.  E, se houvesse ocorrido, pode ter certeza de que ouviríamos lamúrias da esquerda sobre isso até o fim dos tempos.
Por outro lado, esquerdistas que aterrorizam seus oponentes ideológicos estão simplesmente sendo fieis às ordens de Herbert Marcuse, o esquerdista da Escola de Frankfurt que, na década de 1960, argumentou que a liberdade de expressão tinha de ser restringida para os movimentos anti-progressistas.  Diz ele:
Dada essa situação, eu sugeri em "Tolerância Repressiva" a prática da tolerância diferenciada em uma direção inversa, como um meio de deslocar o equilíbrio entre a Direita e a Esquerda por meio da contenção da liberdade da Direita, dessa maneira contrariando a desigualdade penetrante da liberdade (oportunidade desigual de acesso aos meios de persuasão democrática) e fortalecendo o oprimido contra o opressor.
A tolerância seria restrita com relação a movimentos de um caráter demonstravelmente agressivo ou destrutivo. [...] Tal discriminação também seria aplicada a movimentos que se opõem à extensão da legislação social para os pobres, os fracos, os inválidos.
Em relação às virulentas acusações de que uma política assim anularia o sagrado princípio progressista de igualdade para "o outro lado", afirmo que há questões em que o "outro lado" ou nada mais é do que uma mera formalidade ou é demonstravelmente "regressivo" e impede a possível melhoria da condição humana. Tolerar a propaganda para a desumanidade vicia não só as metas do progressismo, mas de toda a filosofia política progressiva.
Mesmo boa parte do que se passa por conservadorismo hoje é afetado pelo esquerdismo.  Esse é exatamente o caso do neoconservadorismo.  Você consegue imaginar Edmund Burke, a fonte do conservadorismo moderno, defendendo a ideia de intervenções militares ao redor do mundo para espalhar a ideia de direitos humanos e democracia? Converse com neoconservadores sobre descentralização e secessão, e você receberá exatamente as mesmas respostas esquerdistas que vê nos veículos da mídia progressista.
No entanto, já até consigo imaginar a seguinte objeção: não obstante qualquer coisa que possa ser dita sobre os crimes e horrores da esquerda, não podemos ignorar o totalitarismo da direita, manifestado mais abertamente na Alemanha nazista.
O problema é que, com efeito, os nazistas era um partido de esquerda.  Na plataforma do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães encontramos os seguintes itens:
O Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães não é um partido trabalhista no sentido clássico do termo: ele representa os interesses de todo o trabalho honestamente criativo.  Trata-se de um partido que ama a liberdade e é estritamente nacionalista e que, portanto, luta contra todas as tendências reacionárias, contra os privilégios capitalistas, eclesiásticos e aristocráticos, e contra toda a influência estrangeira, mas acima de tudo contra a opressora influência da mentalidade comercial judaica sobre todos os domínios da vida pública....
O partido exige a unificação de todas as regiões da Europa habitadas por alemães, transformando-as em um Reich alemão democrático e com consciência social....
O partido exige plebiscitos para todos as principais leis do Reich, dos estados e das províncias....
O partido exige a eliminação do domínio dos banqueiros judeus sobre o comércio e os negócios, e exige a criação de bancos nacionais do povo, com uma administração democrática.
Este programa, escreveu Kuehnelt-Leddihn, "exalava todo o espírito da igualdade esquerdista: era democrático, era contra os Habsburgos (exigia a destruição da monarquia em prol de um programa pan-germânico), e era contra todas as minorias impopulares, atitude essa que é o magnetismo de todas as ideologias esquerdistas".
(Sobre o programa econômico dos nazistas, ainda mais abertamente de esquerda, veja este artigo.)
A obsessão esquerdista com "igualdade" significa que o estado deve se intrometer em todas as áreas da economia e da vida em sociedade, deve regular o emprego, as finanças, a educação e até mesmo abolir a liberdade de associação em clubes privados — ou seja, o estado deve se fazer presente em praticamente todos os buracos e fendas da sociedade civil.  Em nome da diversidade, cada instituição deve ser forçada a ser igual a todas as outras.
A esquerda jamais irá se considerar satisfeita porque seu lema é o da permanente revolução a serviço de objetivos inalcançáveis, como a "igualdade".  Só que, no mundo real, as pessoas são intrinsecamente distintas uma das outras. Algumas pessoas são naturalmente mais inteligentes que outras. Algumas têm mais destrezas do que outras. Algumas têm mais aptidões físicas do que outras.  Pessoas de diferentes capacidades, intelectos e dotes auferirão rendas distintas.  Isso, consequentemente, significa que o estado, guiado pela esquerda, terá de estar continuamente intervindo na sociedade civil.  No entanto, a igualdade imposta desaparecerá no exato momento em que pessoas voltarem a trocar dinheiro pelos bens que desejam.  Ato contínuo, o estado terá de intervir novamente para igualar tudo.  E assim será o tempo todo, para todo o sempre.
Adicionalmente, cada nova geração de progressistas destrói e ridiculariza tudo aquilo que a geração anterior ainda aceitava como algo natural.  Com isso, a revolução vai só se aprofundando.
O esquerdismo, em suma, é a receita para uma permanente revolução, e de um tipo distintivamente anti-libertário.  E não só anti-libertário.  É também anti-humano.
E, ainda assim, todo o ódio ainda é direcionado para a direita.
Só para esclarecer, libertários não se sentem em casa nem na esquerda e nem na direita.  Porém, a ideia de que ambos os lados são igualmente terríveis, ou representam ameaças idênticas à liberdade, é uma insensatez imprudente e destrutiva.

Lew Rockwell é o chairman e CEO do Ludwig von Mises Institute, em Auburn, Alabama, editor do website LewRockwell.com, e autor dos livros Speaking of Liberty e The Left, the Right, and the State.


fonte: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2460

O livre comércio nos enriquece e o protecionismo nos empobrece - como reconhece Paul Krugman


Enterrada em uma recente postagem de blog feita por Paul Krugman estava a seguinte e surpreendente declaração:
"Sim, o protecionismo reduz a renda mundial."
A frase está perfeitamente correta, e sintetiza praticamente tudo o que você precisa saber sobre o protecionismo: ele reduz a renda mundial da população, principalmente dos mais pobres.
O protecionismo, como o próprio nome diz, serve para proteger as empresas nacionais ruins e blindá-las contra os desejos dos consumidores — principalmente dos mais pobres, que ficam sem poder aquisitivo para comprar produtos bons e baratos feitos no exterior.
Para os protecionistas, as indústrias nacionais não devem ser submetidas à liberdade de escolha dos consumidores nacionais.  Os consumidores não devem ter o direito de escolher produtos estrangeiros.  Eles devem ser obrigados a comprar apenas produtos nacionais mais caros.
Sem a concorrência de produtos estrangeiros, e com aqueles cidadãos mais pobres podendo comprar apenas produtos mais caros fabricados nacionalmente, os grandes empresários industriais do país não têm motivo nenhum para reduzir seus preços e elevar a qualidade de seus produtos.  Eles passam a usufruir um mercado cativo.
E os consumidores, principalmente os mais pobres, passam a ser tratados como gado em um curral: ficam proibidos de comprar produtos estrangeiros baratos e são obrigados a comprar apenas os produtos nacionais mais caros desses empresários privilegiados.
Enquanto os lucros destes se tornam inabalados, a renda disponível dos mais pobres vai definhando.
Qual é a melhor maneira de eliminar o protecionismo — se por meio de acordos unilaterais, bilaterais, continentais etc. — é algo que pode ser debatido, mas não deveria haver dúvida de que o protecionismo deveria ser abolido por causa de seu impacto negativo sobre a renda.
No entanto, e estranhamente, Krugman não termina por aí.  Algo ainda o incomoda.  Em todo o restante de sua postagem, bem como em todas as outras em que ele aborda o assunto, ele inventa explicações forçadas e convolutas para justificar por que o protecionismo não deve ser atacado. 
Por exemplo, imediatamente após ter feito essa afirmação contra o protecionismo, ele diz que:
"mas se você quiser argumentar que a liberalização comercial foi o principal motor do crescimento econômico, ou qualquer coisa nesse sentido, bem, os modelos não indicam isso."
A liberalização comercial é o "principal motor do crescimento econômico"?  Não sei se é o "principal motor do crescimento econômico".  Aliás, não se conhece algum modelo que afirme que a liberalização comercial, por si só, seja o "principal motor do crescimento econômico".  Mas o que realmente se sabe, e o próprio Krugman reconhece, é que o protecionismo "reduz a renda mundial da população".
Isso, e apenas isso, já não seria o bastante para condená-lo?
Em outra ocasião, Krugman afirmou o seguinte:
"Com efeito, a defesa elitista de um comércio cada vez mais livre é uma enganação. [...] O que os modelos de comércio internacional utilizados pelos verdadeiros especialistas dizem é que, no geral, acordos comerciais não geram mais comércio e nem criam e nem destroem empregos."
Sim, isso parece estar correto.  O livre comércio não deve ser buscado com o intuito de "aumentar empregos", mas sim com o intuito de aumentar a renda e a qualidade de vida.  E, sobre a renda, lembre-se de que, segundo o próprio Krugman, o protecionismo "reduz a renda mundial"!
Livre comércio e empregos
Agora, é verdade que uma maior concorrência entre trabalhadores nacionais e estrangeiros pode levar a um declínio nos salários (e no emprego) em alguns setores da economia.  Porém, esse seria apenas um efeito de curto prazo.  A livre concorrência entre produtores domésticos e estrangeiros também leva a uma redução nos preços dos bens e serviços, os quais podem agora ser livremente importados de fora.  Portanto, ao passo que os salários nominais podem cair em alguns setores, os salários reais sobem para todos, pois estará havendo um declínio geral de preços na economia.
Graças ao livre comércio, os consumidores agora irão gastar menos dinheiro em bens e em vários serviços.  Consequentemente, eles poderão agora gastar mais dinheiro em outros bens e serviços, levando a um aumento da demanda e, logo, dos lucros nos setores que fornecem estes bens e serviços.  Consequentemente, haverá mais investimentos nestes setores.  E essa maior taxa de investimento naturalmente levará à criação de mais empregos nestes setores, desta maneira contrabalançando qualquer eventual aumento no desemprego que possa ter ocorrido.
Alternativamente, os consumidores podem optar por poupar essa renda extra possibilitada pelo declínio nos preços.  Esse aumento na taxa de poupança tende a gerar um declínio nas taxas de juros, tornando mais lucrativos determinados investimentos de longo prazo e intensivos em capital, os quais não eram viáveis antes.  Aproveitando a oportunidade fornecida por esse aumento na poupança, empreendedores irão tomar emprestado para investir nesses projetos de longo prazo e intensivos em capital, os quais, por si sós, não apenas criam mais empregos, como também geram um aumento na demanda por bens de capital, o que eleva os lucros nas indústrias produtoras de bens de capital e, consequentemente, levam a mais investimentos e empregos nestes setores.
Livre comércio e especialização
Fabricada na Malásia utilizando máquinas feitas na Alemanha, algodão proveniente da Índia, forros de colarinho do Brasil, e tecido de Portugal, em seguida sendo vendida no varejo em Sidney, em Montreal e em várias cidades dos países em desenvolvimento (ao menos naqueles que são mais abertos ao comércio exterior), a camisa típica da atualidade é o produto dos esforços de diversas pessoas ao redor do mundo.  E, notavelmente, o custo de uma camisa típica é equivalente aos rendimentos de apenas umas poucas horas de trabalho de um cidadão comum do mundo industrializado.
Obviamente, o que é verdadeiro para uma camisa vale também para incontáveis produtos disponíveis à venda nos países capitalistas modernos.
Como é possível que, atualmente, um trabalhador comum seja capaz de adquirir facilmente uma ampla variedade de bens e serviços, cuja produção requer os esforços coordenados de milhões de trabalhadores? A resposta é que cada um desses trabalhadores faz parte de um mercado tão vasto e abrangente, que passa a ser vantajoso para muitos empreendedores e investidores organizarem operações de produção altamente especializadas, as quais são lucrativas somente porque o mercado para seus produtos é grande.
Esta especialização tanto do trabalho quanto da produção, ao longo de diferentes setores industriais ao redor do mundo, é exatamente o fenômeno da globalização.
Suponha, por exemplo, que as camisas possam ser feitas somente de duas maneiras. A primeira é manualmente. Para um fabricante de camisas que utiliza este método — independentemente de quantas camisas produz —, o custo para produzir cada camisa é de $ 250. Trabalhando em tempo integral na produção manual de camisas, o camiseiro consegue produzir dez camisas por mês.
A segunda maneira é produzindo as camisas em uma fábrica altamente mecanizada. Se a fábrica funciona ao máximo de sua capacidade de um milhão de camisas por mês, cada camisa tem um custo de produção de $ 5. Porém, como as instalações e todo o maquinário da fábrica exigem um grande investimento inicial, operar a fábrica abaixo de sua capacidade máxima faz com que o custo de cada camisa aumente. A razão para este aumento é que produzir menos camisas — já tendo incorrido em um investimento alto — impede o fabricante de diluir todo o custo do investimento, algo que só ocorre quando a produção é máxima. Quanto menor for a produção da fábrica, maior será o custo por camisa produzida.
Sendo assim, qual método de produção seria utilizado pelo fabricante? A resposta é: depende do tamanho de seu mercado.
Se um fabricante de camisas pretende servir a um mercado de milhões de pessoas, ele utilizará o método da fábrica. Contudo, se ele espera atender a um mercado de apenas umas poucas dúzias de clientes em potencial, ele optará por produzir as camisas manualmente. Se cada fabricante de camisas tivesse acesso somente a mercados pequenos, o preço das camisas seria mais elevado do que se os fabricantes tivessem acesso aos mercados maiores.
Este exemplo proporciona um importante argumento em prol do livre comércio: ao expandir os mercados para além das fronteiras políticas, as empresas podem aproveitar melhor as vantagens daquilo que os economistas chamam de "economias de escala", possibilitando assim que os consumidores usufruam preços mais baixos.
Outra vantagem da especialização é que ela permite aos consumidores aproveitarem ao máximo os recursos e talentos localizados em lugares distantes. Canadenses podem desfrutar dos abacaxis cultivados no Havaí, ao passo que havaianos podem desfrutar do xarope de maple produzido no Canadá; os franceses aproveitam a expertise financeira concentrada na cidade de Londres, enquanto os londrinos desfrutam dos vinhos da Borgonha e Bordeaux. Brasileiros se beneficiam de produtos tecnológicos manufaturados na China, ao passo que os chineses usufruem a carne e o café produzidos no Brasil.
Embora outros fatores estejam sempre presentes, as características geográficas de uma região — por exemplo, seu clima, topologia e reservas de minerais —, assim como os talentos especiais de sua força de trabalho, determinam quais são os bens e serviços que podem ser produzidos nessa região com o menor custo — ou, como dizem os economistas, "com vantagem comparativa".
Quanto mais livre for o comércio, maior a probabilidade de que regiões se especializem na produção daqueles bens e serviços que sua população local é capaz de produzir com mais eficiência, e em seguida importem aqueles bens e serviços que são produzidos de maneira mais eficiente em outras localidades.
O livre comércio proporciona aos consumidores a oportunidade de comprar bens e serviços dos melhores produtores do mundo. Se as camisas pudessem ser mais bem produzidas domesticamente, então o livre comércio ajudaria a manter esses produtores lucrativamente no negócio (não haveria outros locais de onde importar camisas melhores e mais baratas). Alternativamente, se as camisas fossem mais bem produzidas no exterior, os consumidores domésticos somente poderiam ter pronto acesso a essas camisas por meio do comércio.
Assim, o livre comércio faz com que os ineficientes produtores domésticos de camisas tenham de redirecionar seus talentos para outros setores em que sejam mais capacitados, removendo-os da produção de camisas e alocando-os para outras atividades produtivas.  Isso beneficia os consumidores.  Empreendimentos ineficientes são ruins para uma sociedade.  Eles consomem recursos escassos e não entregam valor.  Na prática, eles subtraem valor da sociedade.  Não faz sentido econômico manter uma fábrica de pentes em um país se sua população está mais bem servida comprando pentes melhores e mais baratos de outros produtores.
Ao redirecionar os recursos ao redor do globo para aquelas tarefas nas quais cada recurso aplicado faz um trabalho melhor, o livre comércio rearranja os recursos mundiais de maneira a gerar a maior produção possível, ao mesmo tempo em que proporciona aos consumidores o máximo acesso (mais fácil e mais barato) a essa produção.
Ausência de livre comércio é escravidão
Apenas imagine viver em uma sociedade na qual nosso trabalho diário serve unicamente ao propósito de sobrevivermos, e não para desenvolver nossos talentos. Pois essa é a realidade nos países que mais restringem o livre comércio: as pessoas, ao serem praticamente proibidas de utilizar os frutos do seu trabalho para adquirir aqueles bens e serviços que são mais bem produzidos por estrangeiros, acabam sendo obrigadas a desempenhar várias atividades nas quais não têm nenhuma habilidade.
Uma pessoa boa em informática acaba tendo de trabalhar como operário em uma siderurgia, pois seu governo restringe a importação de aço, que poderia ser adquirido mais barato de estrangeiros.
Estando isoladas da divisão mundial do trabalho, tais pessoas trabalham apenas para sobreviver, e não para desenvolver seus talentos. Elas não podem trabalhar naquilo em que realmente são boas, pois a restrição ao livre comércio obriga os cidadãos a fazerem de tudo, inclusive aquilo de que não entendem.
Isso é uma vida cruel.
Apenas imagine como seria sua vida se você tivesse de fabricar seu computador (ou tablet ou smartphone), cultivar a comida que você come, criar as roupas que você veste, e construir a estrutura na qual você mora. Caso tivesse de fazer tudo isso, você certamente morreria esquálido, faminto, nu, desabrigado e desempregado.
Graças ao livre comércio, no entanto, você não é obrigado a se concentrar naquilo em que você não é bom. Em vez disso, você pode apenas trocar os frutos do seu trabalho por todos aqueles bens de consumo que você não é capaz de fabricar.  Nesse cenário, quanto maior a sua liberdade para adquirir esses bens — não importa se eles foram fabricados na sua cidade ou em uma indústria do Vietnã —, melhor.
O protecionismo nos torna mais pobres
O protecionismo não apenas protege os ineficientes, garante seus lucros, e obriga os consumidores a pagarem preços maiores (o que configura uma redistribuição de recursos dos consumidores domésticos para os produtores domésticos), como também interrompe todo o processo de especialização descrito acima, desta maneira impedindo que o padrão de vida aumente no longo prazo — podendo, inclusive, levar ao seu declínio.
Ao dar uma sobrevida a empresas ineficientes, as tarifas protecionistas impedem que a mão-de-obra seja retirada dos setores menos eficientes e seja alocada para os comparativamente mais eficientes.  Consequentemente, dado que o protecionismo impede um maior grau de especialização, ou mesmo a reverte, os benefícios da especialização não podem ser obtidos.  A produtividade não aumenta (ou, no mínimo, não aumenta como poderia) e, consequentemente, os salários reais não sobem.
Contrariamente à retórica popular, o livre comércio não "destrói empregos".  Ele apenas leva a uma mudança de alocação de recursos (mão-de-obra, capital e outros fatores), retirando-os dos setores comparativamente ineficientes da economia doméstica para outros mais comparativamente eficientes.  Esse processo de especialização nas linhas de produção comparativamente mais vantajosas não apenas não destrói empregos, como também permite grandes ganhos em eficiência e produtividade, o que leva a um aumento na renda real.
É assim que, longe de prejudicar os trabalhadores domésticos, o livre comércio faz exatamente o oposto — ele os enriquece.  Com efeito, é o protecionismo o que nos deixa mais pobres, trabalhadores inclusos, ao artificialmente proteger as empresas ineficientes, levando a uma má alocação de recursos e a um declínio no padrão de vida de todos.
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Georgi Vuldzhev é graduando em ciências econômicas e membro do Instituto para a Economia de Mercado, em Sofia, na Bulgária.
John Tamny é o editor do site Real Clear Markets e contribui para a revista Forbes.
Donald Boudreaux foi presidente da Foudation for Economic Education, leciona economia na George Mason University e é o autor do livro Hypocrites and Half-Wits.
Leandro Roque é o editor e tradutor do site do Instituto Ludwig von Mises Brasil.


fonte: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2459

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

O socialismo e a mentalidade assistencialista destroem a moral e tornam as pessoas egoístas por Dennis Prager


No mundo contemporâneo, é dado como um fato consumado que o capitalismo de livre de mercado, com a sua concorrência entre produtores e a busca pelo lucro, se baseia no egoísmo e gera egoísmo.  Já o socialismo, e todo o suposto assistencialismo que ele gera, seria baseado na abnegação e na bondade, produzindo ainda mais abnegação e bondade.
A verdade é que a realidade é exatamente oposta.
Quaisquer que sejam suas autoproclamadas intenções, o socialismo — e todo o seu assistencialismo — produz indivíduos mais egoístas e uma sociedade muito mais egocêntrica do que uma economia de livre mercado jamais seria capaz de fazê-lo. 
Pior: tão logo esse egocentrismo se torna difuso, é praticamente impossível revertê-lo.
E essa corrupção da mente ocorre em todos os países, independentemente de sua renda.
Eis um exemplo: em 2010, o presidente dos EUA, Barack Obama, fez um discurso para uma enorme platéia formada por universitários.  Em um momento do seu discurso, ele anunciou que, após o governo ter adotado algumas medidas coercivas, as pessoas jovens agora poderiam permanecer usuárias dos planos de saúde dos pais até os 26 anos de idade.
Em toda a minha vida, não me lembro de já ter ouvido aplausos mais estrondosos e prolongados do que aqueles que ouvi naquele dia.  Houvesse o presidente anunciado a descoberta da cura do câncer, é altamente duvidoso que os aplausos teriam sido tão ruidosos ou prolongados quanto.
Mas, afinal, por que esses jovens estavam tão felizes?  O governo lhes dizer que agora podem permanecer dependentes de seus pais até os 26 anos de idade é algo que deveria ser visto por um jovem como totalmente humilhante e aviltante.  No entanto, a mentalidade assistencialista faz com que essa degradação seja vista como algo libertador.
Ao longo da história ocidental, o grande objetivo dos jovens sempre foi o de se tornar adultos maduros e independentes — começando pela independência em relação aos pais.  O socialismo e o assistencialismo estatal, no entanto, destroem essa aspiração.
Em vários países europeus já é cada vez mais comum jovens morarem com seus pais até depois dos 30 anos de idade.  Com alguma frequência, até os 40 anos.  E por que não?  Sob um estado assistencialista, a pessoa cuidar de si própria e assumir responsabilidade pelo próprio sustento não mais é uma virtude.
E por que é assim?  Porque o governo está cuidando de você.
Portanto, o socialismo possibilita — e, como resultado, produz — pessoas cujas preocupações se tornam cada vez mais egocêntricas:
# Quantos e quais benefícios irei receber do governo?
# O governo pagará por minha educação?
# O governo pagará por minha saúde?
# O governo cuidará de mim caso eu não queira trabalhar?
# Qual é o mais cedo em que posso aposentar?
# O governo cuidará de mim em minha velhice?
# A quantas férias pagas tenho direito?
# Se eu for demitido, quanto meu ex-patrão terá de me pagar para me prover conforto?
# Quantos dias posso faltar ao meu trabalho sem receber desconto no salário?
# Quantas semanas de licença maternidade ou licença paternidade pagas tenho o direito de ter?
E, assim, cada benefício social se torna um "direito adquirido".
Mas ainda não terminou.  Há efeitos ainda mais devastadores do socialismo.
A sensação de se ter "direitos adquiridos" cria cidadãos sem aquele traço característico que todo e qualquer ser humano deveria ter: a gratidão.
É impossível ser feliz sem ser grato, e é impossível ser uma boa pessoa se você não tem gratidão.  É por isso que constantemente falamos para nossos filhos: "Diga 'obrigado'!"
Mas o socialismo e a mentalidade assistencialista destroem isso.  Afinal, por que uma pessoa seria grata por receber um benefício social?  Quem seria grato por receber "aquilo a que tem direito"?
Portanto, em vez de dizer "obrigado" aos pagadores de impostos que lhe provêem benesses, o cidadão de um estado assistencialista é ensinado a dizer: "O que mais tenho o direito de receber?  Quero mais, mais e mais!".
E, ainda assim, a esquerda insiste que é o capitalismo e o livre mercado, e não o socialismo, que produz pessoas egoístas.
A verdade é que o capitalismo e o livre mercado não apenas produzem pessoas muito menos egocêntricas, como ainda geram pessoas muito mais preocupadas em agradar aos outros. 
O capitalismo de livre mercado requer ações e interações voluntárias entre os indivíduos.  No livre mercado, não há coerção e ninguém é obrigado a sustentar terceiros.  Não há subsídios, não há tarifas protecionistas, ninguém é impedido de empreender livremente, e não há barreiras governamentais à entrada de concorrentes em qualquer setor do mercado (como ocorre em setores regulados por agências reguladoras).
Em um livre mercado, se eu quero algo de você, então eu tenho de fazer algo por você.
Consequentemente, como explicado neste artigo:
Um dos mais belos aspectos de uma economia de mercado é que ela é capaz de domar as pessoas mais egoístas, ambiciosas e talentosas da sociedade, fazendo com que seja do interesse financeiro delas se preocuparem dia e noite com novas maneiras de agradar terceiros. Empreendedores conduzem a economia de mercado, mas a concorrência entre empreendedores é o que os mantém honestos.
Ensinar as pessoas a trabalhar, a gerar valor, a satisfazer os desejos e as necessidades de terceiros, e, principalmente, a assumir responsabilidade pela própria vida.  Acima de tudo: ensinar que elas devem produzir para ganhar algo em troca. 
Isso gera pessoas menos egocêntricas, e não mais egocêntricas.
O capitalismo e o livre mercado ensinam as pessoas a trabalhar mais, a produzir mais e a gerar mais valor; o socialismo e a mentalidade assistencialista ensinam as pessoas a exigir cada vez mais benesses e a terceirizar o comando de suas vidas para o estado. 
Qual atitude você acredita que gera uma sociedade melhor?


fonte: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2471

Dennis Prager é autor de livros, colunista de jornais, apresentador de talk show e conferencista.  Criou a Prager University, um centro de educação online voltado para a difusão de idéias pró-liberdade e pró-livre iniciativa.

O registro histórico da introdução da doença vassoura-de-bruxa nas plantações de cacau da Bahia. Um filme de Dilson Araújo

O registro histórico da introdução da doença vassoura-de-bruxa nas plantações de cacau da Bahia. Um filme de Dilson Araújo



O socialismo venezuelano: pessoas comendo cachorros, saqueando supermercados e morrendo de inanição

Jamais menospreze a capacidade destruidora do socialismo: a Venezuela, ainda na década de 1970, estava entre os 20 países mais ricos do mundo.  Bastou pouco mais de uma década de bolivarianismo para jogar a população do país na mais completa mendicância. Tudo começou quando, em sua fome por poder, o falecido Hugo Chávez prometeu redistribuir a riqueza do país para os mais pobres (sempre começa assim).  O pai do "socialismo do século XXI", ao que tudo indica, desconhecia a máxima econômica de que, para que os recursos possam ser redistribuídos para as massas, eles têm antes de ser produzidos.
E impedir a produção é exatamente aquilo que o socialismo faz.
A situação começou realmente a degringolar com a destruição da moeda.  Quando a moeda perde seu valor, toda a economia se deteriora.  Sendo a moeda a metade de toda e qualquer transação econômica, se ela deixa de funcionar, você retorna a um estado de escambo.  Ninguém aceita abrir mão de bens — principalmente alimentos e outros produtos essenciais — em troca de uma moeda sem poder de compra nenhum.  Escassez e desabastecimentos se tornam a consequência inevitável.
Uma moeda em contínuo enfraquecimento — que nenhum venezuelano quer portar e que nenhum estrangeiro está disposto a aceitar em troca de dólares (o que inviabiliza importações até mesmo a de produtos básicos e essenciais, como remédios) — e um controle total de preços decretado pelo governo levaram a uma escassez generalizada de bens essenciais na economia.
Um país tem de ou produzir o que consome ou importar.  A produção doméstica praticamente acabou e nenhum estrangeiro aceita trocar dólares por bolívares venezuelanos, o que significa que praticamente não há importações.
Após 15 anos de revolução bolivariana, a Venezuela está mergulhada na maior crise econômica da sua história.  O paraíso socialista criado por Hugo Chávez e aperfeiçoado por seu sucessor Nicolás Maduro vem quebrando paradigmas e alcançando façanhas: já conseguiu gerar escassez e racionamento de papel higiênico, comida, remédioscervejaeletricidade e até mesmo água.
O país está em hiperinflação.  Organismos internacionais, em uma projeção conservadora, estimam uma inflação de preços de 720% para este ano.
E as consequências não estão sendo bonitas.
Saques, mortes, e cachorros como alimentos
Não é nenhum exagero dizer que a situação da Venezuela já alcançou um ponto sem retorno.  O caos se tornou irreversível.
Eis uma foto de Caracas na sexta-feira passada:

De um lado, a polícia.  De outro, cidadãos venezuelanos protestando pelo fato de seus filhos estarem morrendo por falta de comida e remédios, e por não terem água e nem eletricidade. 
Ainda no início de 2015, toda a distribuição de alimentos na Venezuela foi colocada sob supervisão militar.  Em seguida, o governo impôs um sistema de checagem de digitais para se certificar de que a mesma pessoa não esteja comprando itens básicos mais de uma vez na mesma semana.   Em seguida, filas nos supermercados se tornaram rotinas. Os venezuelanos passaram a ter de pedir permissão para faltar ao trabalho e assim poder ficar o dia inteiro em longas filas nas portas dos poucos supermercados que ainda tinham produtos à venda.
Isso inevitavelmente os empurrou para o mercado negro.  A situação ficou tão escabrosa que os traficantes de drogas abriram mão de seu ofício em tempo integral e passaram a se especializar no mercado paralelo de alimentos.
Agora, a escassez e a fome chegaram a tal ponto, que os venezuelanos estão caçando cachorros, gatos e até mesmo pombos para poder comê-los.
Segundo o PanAm Post:

Ramón Muchacho, prefeito de Chacao (uma subdivisão administrativa de Caracas), disse que as ruas da capital venezuelana estão repletas de pessoas matando animais para comê-los.
Em seu Twitter, Muchacho relatou que, na Venezuela, é uma "realidade dolorosa" o fato de que pessoas estão "caçando gatos, cachorros e pombos" para aliviar sua fome.  As pessoas também estão catando restos de vegetais das lixeiras e do chão para se alimentar. [...]
Seis oficiais das forças armadas da Venezuela foram presos por roubarem bodes para matar a fome, uma vez que não havia mais comida em seus quartéis.
À medida que o desespero vai se intensificando, a criminalidade se torna inevitável.
De acordo com o jornal britânico The Daily Mail, um homem acusado de tentar assaltar as pessoas nas ruas de Caracas foi cercado por uma turba de cidadãos igualmente desesperados, espancado e queimado vivo.

O primeiro vídeo abaixo (cenas fortíssimas) mostra o homem sendo espancado.  Já o segundo vídeo o mostra sendo queimado vivo. (Desnecessário enfatizar que as cenas são fortíssimas; veja apenas se seu estômago for bem treinado).



http://www.dailymail.co.uk/video/news/video-1233642/Shocking-footage-shows-mob-viciously-attack-suspected-robbers.html


Também na semana passada, o país vivenciou uma nova onda de saques que resultou em pelo menos dois mortos, inúmeros feridos, e milhões de dólares em perdas e danos. 

Na manhã de quarta-feira, 5 mil pessoas saquearam um supermercado na cidade de Maracay, uma das mais ricas do país.  De acordo com o relato dos comerciantes, as intermináveis filas a que os venezuelanos são submetidos diariamente apenas para comprar itens básicos não puderam ser organizadas naquele dia.  À medida que o tempo ia se passando, os cidadãos desesperados foram ficando cada vez mais ansiosos e temerosos de não conseguirem comprar comida.  E então eles simplesmente começaram a pular os cercados e invadiram o supermercado.



"Não há arroz, nem macarrão e nem farinha", disse o venezuelano Glerimar Yohan. "Há apenas fome".
Ano passado, em uma situação incrivelmente similar, houve um tumulto em um supermercado estatal do país (que havia anunciado a venda de comida subsidiada) no qual milhares de pessoas entraram em conflito com a Guarda Nacional, que utilizou gás lacrimogêneo para dispersar a população.  Uma idosa de 80 anos foi pisoteada até a morte. E 75 pessoas ficaram feridas.
Um pouco diferente do prometido paraíso socialista, no qual haveria fartura para todos, o vídeo abaixo mostra pessoas quase saindo no braço para conseguir um simples pacote de arroz.




Ao longo das duas últimas semanas, várias províncias do país testemunharam saques a farmácias, shoppings, supermercados e caminhões que transportavam alimentos.  Em vários supermercados, gritos de "estamos com fome!" ecoavam.  No dia 27 de abril, a Camara Venezolana de la Industria de Alimentos (Cavidea) relatou que os produtores de alimentos do país tinham estoques para apenas mais 15 dias.




Na Venezuela, quando a ração se torna ainda mais escassa é assim que os supermercados terminam o dia
Com uma moeda morta, com um sistema de preços completamente desorganizado, e com tudo sob estrito controle estatal, a única coisa que resta é assistirmos a essa sociedade implodir.  Oscar Meza, diretor do Instituto Cendas (Centro de Documentacion e Análisis Social), disse que os índices de escassez e de inflação para maio serão os piores da história.  "Estamos oficialmente declarando maio como o mês em que a inanição geral começou na Venezuela", disse ele ao portal Web Noticias Venezuela.

  "Estamos oficialmente declarando maio como o mês em que a inanição geral começou na Venezuela" disse uma ONG que mensura inflação e escassez


A Venezuela e o lápis
Talvez a maior estupidez promovida pelo socialismo é a ideia de que, ao impor controle de preços e ao proibir o lucro, o governo conseguirá fazer com que os alimentos se tornem mais abundantes e mais baratos.  A privação dos venezuelanos gerada pela escassez de comida é exatamente a consequência do controle de preços imposto pelo governo, o qual gera apenas desabastecimento e fome.
A inanição é apenas um sintoma de um colapso econômico mais amplo, que perpassa toda a cadeia de produção, e que foi gerado por decretos do governo.
Em 1958, o legendário libertário Leonard Read escreveu o ensaio Eu, o Lápis, no qual, ao explicar como um simples lápis é fabricado, utilizando componentes oriundos de diversas partes do mundo e fabricado por pessoas visando ao lucro, ele demonstrou o poder da liberdade econômica.  Um lápis é criado por meio das decisões voluntárias de milhares de indivíduos, operando livremente e de acordo com seu interesse próprio.  E, ainda assim, todos agem em perfeita e coordenada harmonia. 
Praticamente todas as ações descritas na criação do lápis são ilegais, não-lucrativas e pessoalmente perigosas na Venezuela de hoje.
Veja o que aconteceu com todo o sistema de transporte.  De um lado, os trabalhadores precisam se locomover até seu local do trabalho.  De outro, as peças e os componentes têm de ser entregues às fábricas.  Os estoques têm de ser vendidos para o varejo.  E os tratores têm de arar os campos.  Mas tudo isso foi abolido na Venezuela.
O fabricante de baterias de carro em Caracas não consegue importar seus componentes, e o controle de preços imposto pelo governo o proíbe de ter lucros.  Para trocarem a bateria de seus carros, os consumidores têm de fazer fila na porta das fábricas — as quais, para cortar custos, não mais estão utilizando o varejo para distribuir seus bens — desde o início da madrugada.  Só que, além de serem necessários vários dias para se completar a transação, a bateria antiga do carro tem de ser dada em troca.  Isso significa que, se ela houver sido roubada — algo bastante corriqueiro na Venezuela —, o cliente tem de apresentar um certificado especial de uma delegacia de polícia, comprovando o roubo.
Uma mulher estava aos prantos às portas de uma fábrica.  Ela já havia perdido vários dias de trabalho esperando na fila.  Quando finalmente foi atendida, recebeu a notícia de que o certificado que ela apresentou para comprovar que sua bateria havia sido roubada não tinha validade.
Mas não são apenas baterias de carro que estão escassez.  Gangues estão invadindo fazendas e armazéns e desmontando completamente tratores e demais equipamentos agrícolas, os quais são vendidos a preços altíssimos no mercado negro exatamente porque se tornaram escassos.  Essa é apenas mais uma dor de cabeça para os agricultores.
Chávez, com sua reforma agrária (outro mantra socialista), já havia confiscado as terras mais produtivas do país e as distribuído para os chavistas, os quais nada entendem de agricultura.  E, mesmo nas terras que não foram confiscadas, a destruição do sistema de preços e a desorganização da economia fizeram com que o plantio desabasse.  A maior parte das sementes utilizadas na Venezuela é importada.  Porém, como não há dólares, elas não mais existem.  Adicionalmente, os agricultores estão relutantes para plantar quando os custos são altos e os preços de venda, controlados.  Ninguém quer produzir em troca de uma moeda que nada vale.  A maior parte da produção é destinada ao consumo próprio.
A pecuária se tornou igualmente menos produtiva, ainda mais agora que os apagões diários estão interrompendo o funcionamento das máquinas elétricas que produzem o leite.  Os poucos caminhões que ainda circulam para distribuir alimentos são frequentemente saqueados.
A oferta de proteína sumiu.  Os ovos desapareceram das prateleiras dos supermercados.  Em outubro do ano passado, sete fábricas de conservas de atum, que empregavam 3.000 pessoas, tiveram de fechar as portas, pois não conseguiam dólares com o Banco Central para pagar os fornecedores estrangeiros que forneciam os materiais para sua produção, como peixe e latas. 
Até mesmo remédios básicos, como uma simples aspirina, sumiram.
Conclusão
Ao passo que uma guerra civil parece inevitável, Nicolás Maduro segue no comando, disposto a continuar utilizando os venezuelanos como cobaias neste seu experimento socialista (em condições quase que de laboratório).
A nós, observadores externos, resta apenas torcer para que essas cenas chocantes se mantenham relegadas às ruas dos paraísos socialistas.  E que elas sempre sirvam de lição para nos lembrar do que é o socialismo na prática.
Por fim, vale ressaltar que, ironicamente, os venezuelanos muito ricos — aqueles a quem Chávez jurou que iria esmagar — ainda têm dólares, e não estão passando fome.  Quem realmente está sofrendo ao ponto de morrer de fome são os pobres e os proletários, aqueles mesmos que os socialistas juram amar.


Mary Anastasia O'Grady é editora do The Wall Street Journal e faz a cobertura de eventos da América Latina.
Andrea Rondón García, doutora em direito pela Universidad Central de Venezuela e diretora acadêmica do Instituto Ludwig von Mises Venezuela.  É também professora da Universidad Católica Andrés Bello.
Leandro Roque, editor e tradutor do site do Instituto Ludwig von Mises Brasil.


fonte: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2410