A condução da economia do governo Dilma
vem decepcionando o Brasil desde o primeiro mandato, com resultados
tão pífios que só não ultrapassam os do governo Collor e Floriano Peixoto,
que registraram médias de crescimento de -1,3% e -7,5%, respectivamente.
Nem mesmo a década perdida teve médias tão baixas.
E o segundo mandato promete ser pior.
A cada dia, as expectativas de
crescimento da economia mostram-se mais pessimistas. Não bastasse, a inflação
apresenta uma forte tendência de alta. Em outubro de 2014, o Fundo
Monetário Internacional estimou que o Brasil cresceria 0,3% naquele ano e 1,4%
nesse ano. Os resultados foram um pouco diferentes: o crescimento do PIB de
2014 acabou sendo 3 vezes menor que o previsto. A sacudida foi tão forte
que no último relatório, publicado em abril, o Fundo mudou suas estimativas
para uma recessão de 1% este ano – e há quem aposte numa queda de 1,20%.
Para ilustrar a enrascada na qual o
país se meteu, preparamos 13 gráficos e mapas com dados da economia
brasileira do último mandato e algumas previsões para este ano. Apertem os
cintos.
1) A INCAPACIDADE DE
RESPEITAR A META DE INFLAÇÃO…
Desde janeiro de 2014, a inflação
acumulada em 12 meses nunca esteve tão alta. Porém, no início de 2014, o
índice já mostrava tendência de queda. Esse ano as coisas mudaram um pouco de
figura, e o gráfico acima evidencia com precisão: passadas as eleições, o IPCA
rompeu o teto da meta e se projeta com força para cima.
2) …A PONTO DE PREVISÕES JÁ
APONTAREM ESTOURO DO TETO PARA ESTE ANO.
Desde o primeiro governo Dilma a
inflação anual ameaçava sair da meta. Até o ano passado, porém, foi possível
segurar. Este ano, no entanto, não vai ter jeito: reajustes na gasolina e na
energia puxaram o índice para cima. Mesmo que, de forma pouco previsível, o
IPCA não rompa o teto, ainda continuará muito distante do centro da meta: só de
janeiro até maio os preços já subiram 5,99%. Ou seja, o que era esperado para
um ano foi completado nos primeiros 5 meses do ano. E ainda temos mais 7 pela
frente.
A última vez que a inflação anual
esteve acima do teto foi em 2003.
3) E O DÓLAR VAI
NA MESMA DIREÇÃO.
A cotação da divisa americana
estabilizou-se por volta dos R$ 3,00. O dólar mais alto pressiona a inflação e
a dívida externa.
4) E POR FALAR EM DÍVIDA,
ELA TAMBÉM VEM AUMENTANDO.
Apesar da estagnação da economia, a
dívida externa não para de subir. E, como a dívida é negociada em moeda
estrangeira, a alta do dólar acaba elevando o valor do débito. Apesar da
tendência mundial de alta da moeda norte-americana, no Brasil a alta registrada
foi muito muito maior, como já explicamos
aqui.
5) POR OUTRO LADO, O PIB…
Ano passado a economia brasileira
cresceu apenas 0,1%. Foi a conta para não ter crescimento zero – ou
pior, negativo. Este ano, no entanto, as previsões são bem menos
otimistas. O gráfico acima, com os resultados quadrimestrais, antecipa a
precisão dessas projeções.
6)… E DESSA VEZ NÃO ADIANTA
CULPAR A “CRISE INTERNACIONAL”, A NÃO SER QUE VOCÊ CONSIDERE QUE O MUNDO É SÓ
VENEZUELA, ARGENTINA E BRASIL.
Países como Chile, Peru e Colômbia são
grandes exportadores de commodities e, portanto, muito mais
suscetíveis às variações da economia mundial. Mesmo assim, tiveram níveis
de crescimento muito maiores que os do Brasil em 2014 e a previsão é de que
isso se repita esse ano. Mas, por algum motivo, apenas três países da América
do Sul não deslancharão: Brasil, Venezuela e Argentina.
Fora da América do Sul, os Estados
Unidos devem crescer 3,1%, a Europa Ocidental 1,9% e o Japão 1,0%. Sem crise.
7) FALANDO EM CRISE, O
EMPREGO ESTÁ AMEAÇADO…
Durante a campanha presidencial, Dilma
sempre repetiu a máxima “passaremos pela crise mantendo o emprego”. Mas o
gráfico acima é claro: o último aumento do desemprego não foi mero movimento
sazonal. Olhando para os anos anteriores, a disparada do desemprego foge do
padrão. Já é a mais alta desde 2010.
8) …E NÃO É DE HOJE!
Até o ano passado, o aumento da
desocupação vinha sustentando a baixa do desemprego. Mas existe um limite para
essa maquiagem. O gráfico acima mostra a mudança no emprego em % desde que
Dilma assumiu o primeiro mandato. Como é possível observar, a taxa de criação
de novas vagas veio decaindo de lá pra cá, até começar a atingir níveis
negativos em 2014.
9) NÃO É POR ACASO: NOSSA
PRODUTIVIDADE PRATICAMENTE NÃO CRESCEU NO ÚLTIMO ANO…
A produtividade do brasileiro cresceu
somente 0,6% entre 2002 e 2012, segundo cálculos da CNI. Já em 2013 e em 2014,
foi de 0,3% para cada ano, segundo a The Conference Board. Ok, a julgar pelo
mapa acima diversos países também tiveram um pequeno aumento na
produtividade em 2014, você deve estar pensando…
10) …SÓ QUE, DIFERENTE DOS
PAÍSES DESENVOLVIDOS, A NOSSA ESTÁ EM NÍVEIS ALARMANTEMENTE BAIXOS.
No último ano, a produtividade do
trabalhador brasileiro cresceu a mesma porcentagem que a de um trabalhador americano.
Porém, a produtividade nos Estados Unidos já é 5,5 vezes maior que a do Brasil.
Enquanto a terra do Tio Sam desponta como o 3º lugar, o Brasil está lá no
final, na 75º, atrás de países como Venezuela, Guatemala e México.
11) ASSIM COMO NOSSA COMPETITIVIDADE.
Além de sermos improdutivos, somos
também pouco competitivos. O gráfico acima representa a posição do Brasil desde
o último ano do governo Lula até hoje no ranking de competitividade publicado
pela Fundação Dom Cabral. No último período, atingimos nossa menor posição
histórica: 56º lugar.
O índice é encabeçado pelos Estados,
seguido por Hong Kong, Cingapura, Suíça e Canadá.
12) SOME ISSO TUDO E VOCÊ
TEM UMA FUGA DE INVESTIDORES, O QUE RETROALIMENTA A BAIXA DO PIB E
CONTRIBUI PARA A ESTAGNAÇÃO DA ECONOMIA.
A taxa de investimentos no Brasil vem caindo desde 2010. De lá pra cá, o país já perdeu 3 pontos percentuais de investimento em relação ao PIB.
13)PARA PIORAR, A TAXA DE INVESTIMENTOS NO BRASIL É A
MENOR ENTRE OS BRICS:
Com tantos problemas, não é possível que não exista um mísero ponto positivo na economia do Brasil, não é mesmo? Mas o pessimismo que afeta os noticiários ainda não atingiu nossa agricultura. Pelo menos não a produção da mandioca, saudada na última terça pela presidente. Apesar dos erros na condução da economia, numa coisa Dilma tem razão: a mandioca é uma das maiores conquistas do Brasil. A alta na produção do produto é não só uma das maiores conquistas desse início de ano, mas um dos pouquíssimos bons resultados deste mandato.
Nossas saudações à mandioca.
Nenhum comentário:
Postar um comentário