Assine o Estadão All Digital + Impresso todos os dias
Siga @Estadao no Twitter
Leia Mais:http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,recado-das-ruas-sem-acordo,1745159
Assine o Estadão All Digital + Impresso todos os dias
Siga @Estadao no Twitter
Eliane Cantanhêde - O Estado de S. Paulo
Leia Mais:http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,recado-das-ruas-sem-acordo,1745159
Assine o Estadão All Digital + Impresso todos os dias
Siga @Estadao no Twitter
O símbolo das manifestações de domingo, que faz sucesso nas redes e vai ficar, é o boneco inflável de Lula na Esplanada dos Ministérios, ao sabor do vento e da ira de milhares de pessoas que se dispuseram a sair de casa num lindo dia de sol e calor para gritar contra ele, Dilma e o PT. A sincronia é evidente: quanto mais a Lava Jato se aproxima de Lula, mais a ira popular o atinge.
Se os
protestos de junho de 2013 eram difusos e confusos, eles foram ganhando
discurso e organicidade e chegaram a este 16 de agosto com vigor, disseminados
pelo país inteiro e principalmente com foco. Pouco importa se houve menos gente
que no histórico março, o fundamental é que quem foi às ruas ontem sabia
exatamente o que queria dizer _ e para quem.
Homens, mulheres, jovens, velhos e crianças, de verde e amarelo,
ladeavam imensas faixas defendendo o “impeachment já” e gritavam “Fora Dilma”,
“Fora PT, “Lula nunca mais”. Dez entre dez entrevistados se diziam exaustos com
tanta corrupção e um novo personagem, um personagem a favor, passou a brilhar
nas ruas empanturradas de gente no DF, em todas as capitais e em incontáveis
cidades do interior.
Esse
personagem não é político, não tem mandato e não tem partido. Trata-se do juiz
Sérgio Moro, versão atualizada do então ministro Joaquim Barbosa. Joaquim
entrou para a história como o menino negro e pobre que veio a presidir o
Supremo Tribunal Federal justamente durante o bombástico julgamento do
mensalão, que, pela primeira vez, não perdoou a “elite branca” e a elite
política do país. É como se Moro, com a Lava Jato, desse continuidade ao
serviço.
A
população que rejeita maciçamente Dilma, o PT e o que Lula passou a representar
é a mesma que aprova maciçamente Joaquim Barbosa e Sérgio Moro, que quebram
paradigmas e ensinam aos poderosos e aos cidadãos comuns que a Justiça pode,
sim, valer para todos. Um aprendizado e tanto, com presidentes de partidos do
governo, diretores da Petrobrás e os maiores empreiteiros trancafiados ou
presos a tornozeleiras eletrônicas.
De
nada adiantam acordões políticos em Brasília, porque esse processo não vai
parar. Como de nada adianta o governo se dizer feliz da vida porque as
manifestações de ontem tiveram menos gente do que as de março. Tiveram mesmo, e
daí? Elas ocorreram em todas as regiões, desde as mais ricas até as menores e
mais pobres, deram nitidamente os seus recados e têm uma força política enorme.
Política
é dialética, não cartesiana, e o valor e o peso de manifestações não podem ser
medidos só pelo número de manifestantes, porque havia tantos a mais ou tantos a
menos. A de domingo, a terceira num único ano, foi muito expressiva e já deixa
engatilhada a próxima. A sociedade está mobilizada e é ela quem dá a Dilma o
troféu de presidente mais mal avaliada da história pós-redemocratização.
Dilma
ganhou um cerco de segurança na semana passada, com mãos amigas do Supremo, do
TSE, do TCU, do Senado e da mídia, mas a irritação popular contra ela não
esmaeceu, e uma coisa é certa: se tem a imagem de mulher honesta, que não passa
a mão no dinheiro público, Dilma destruiu a economia e passou a ser
indelevelmente vista como a presidente que mente, que vendeu um País maravilhoso
na campanha e entregou um País ao cacos do primeiro para o segundo mandato.
Com
acordão ou não em Brasília, a percepção da população não mudou: a corrupção
chegou ao auge e há uma exaustão com a era PT, o governo Dilma e as mágicas de
Lula. Ele escapou das primeiras manifestações, mas não passou incólume pelo
tsunami e não tem mais força popular para resgatar Dilma. Talvez, nem mesmo
para se resgatar. Seu prestígio está como o enorme balão com a sua cara na
Esplanada dos Ministérios: ao sabor dos ventos – dos ventos da economia e da
Lava Jato. Dilma pode até estar salvando o mandato, mas isso não é tudo. Ela, o
PT e Lula nunca mais serão os mesmos
fonte: http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,recado-das-ruas-sem-acordo,1745159
Nenhum comentário:
Postar um comentário