Ainda que não tenham sido as maiores
do ano, manifestações preocuparam o governo. Bonecos da presidente e de seu
antecessor vestidos com roupas de presidiário chamaram a atenção, segundo
jornal
Após onda de protestos em todo o Brasil, imagem de Dilma é
vinculada à corrupção e aos escândalos na Petrobras(Evaristo Sá/AFP)
Ainda que o protesto contra o governo neste domingo não tenha sido o maior do ano, as
manifestações acenderam o sinal amarelo no Palácio do Planalto. A avaliação foi
a de que, desta vez, a imagem da presidente Dilma Rousseff ficou colada ao
desgaste enfrentado pelo PT no escândalo de corrupção da Petrobras, segundo o
jornal O Estado de S. Paulo.
Políticos da oposição, como os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), José Serra
(PSDB-SP), José Agripino Maia (DEM-RN) e Ronaldo Caiado (DEM-GO), também saíram
às ruas - o que, na avaliação do governo, demonstrou uma
"partidarização" dos movimentos.
Nas
manifestações, chamaram a atenção de ministros os bonecos de Dilma vestida de
"irmã metralha" e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com
roupa de presidiário e a inscrição 13-171. A percepção do núcleo político do
governo foi a de que Dilma não conseguiu, até agora, transmitir a ideia de que
a Operação Lava Jato vai limpar o país, uma vez que os protestos mostraram que
a ação da Polícia Federal, na verdade, nocauteou o governo, Lula e o PT.
Na mesma
noite, a presidente reuniu, no Palácio da Alvorada, ministros que compõem a
coordenação política do governo. Durante o evento, Dilma disse considerar que a
população, embora insatisfeita, não apoia iniciativas "golpistas". O
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que passou o dia monitorando os atos
em seu gabinete, informou que as manifestações foram pacíficas, em todo o país.
Para
evitar "panelaços" e esvaziar a repercussão dos protestos, ministros
foram orientados a não dar entrevistas após a reunião com Dilma, que durou duas
horas. Coube ao titular de Comunicação Social, Edinho Silva, emitir um curto
comentário: "O governo viu as manifestações dentro da normalidade
democrática (...) E manterá sua agenda de trabalho para que, em breve, o País
volte a crescer, a gerar emprego e a distribuir renda", disse, em uma
postagem nas redes sociais.
A ordem do
Planalto é destacar a legitimidade dos protestos e dizer que o governo tem
"humildade" para admitir os erros. No diagnóstico de alguns
ministros, a crise política arrefeceu, mas está longe de acabar, e o governo
precisa tomar cuidado para não demonstrar soberba neste momento em que os
problemas na política prejudicam ainda mais a economia.
Fôlego - Com a
popularidade em queda livre, Dilma só ganhou fôlego nos últimos dias após fazer
acordo com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que divulgou a
"Agenda Brasil" e desviou o foco da crise e do ajuste fiscal -
isolando o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Além disso, a
presidente esteve no Maranhão e na Bahia, na última semana, para inaugurar
obras. Não foi só: tomou café da manhã com empresários, jantou com senadores
aliados e integrantes do Judiciário e se reuniu com representantes de
movimentos sociais dois dias seguidos.
A
estratégia vai continuar, nos próximos dias. Em conversas reservadas, ministros
dizem que Dilma errou no passado ao não dialogar com os vários segmentos da
sociedade e também com aliados do PMDB. "Mas agora a ficha caiu",
contatou um de seus auxiliares.
(Com Estadão Conteúdo)
fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/protesto-mostra-que-lava-jato-nocauteou-dilma-lula-e-pt-avaliam-ministros
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