Qual o significado e importância, sexta-feira passada (25), de um encontro com duas horas de duração, em São Paulo, entre o vice-Presidente Michel Temer e o Comandante do Exército, Eduardo Villas-Bôas? Será que a reunião rapidinha foi apenas para sentir como os militares encarariam uma eventual nomeação do bom camarada Aldo Rebelo, do PC do B, para o Ministério da Defesa? Ou será que, no conchavo reservado com o General, estava em andamento a "Operação Temerária" - para sentir qual seria a receptividade de uma eventual transformação do Temer em "Comandante em Chefe das Forças Armadas, no lugar da "Comandanta" - claramente entregue às feras?
As respostas são menos importantes que a deplorável insistência da classe política em tentar resolver tudo na base das tramas de gabinetes. No caso específico dos militares, Lula, Temer & cia, tendo Nelson Jobim como negociador-oculto com enorme influência direta na caserna, desejam ter a certeza de que os Generais não vão colaborar com eventuais "golpes explícitos" (completamente fora de cogitação) ou mesmo com surpreendentes ações de Intervenção Constitucional" (solução recomendável, mas que ainda deixa alguns generais da ativa em dúvida, por comodismo ou mesmo falta de fé).
Temer na Presidência não é uma saída que agrade à maioria do Alto Comando Militar. Embora não morram de amores pela Dilma, alguns Generais preferem que ela não saia do poder fora do prazo para o qual foi eleita. Este tem sido o recado público de muitos oficiais - inclusive do Comandante da Força. A maioria dos oficiais avalia que tirar Dilma, trocando-a por Temer, significa o mais do mesmo. As crises podem até ficarem atenuadas nos efeitos, mas a causa original do problema da governabilidade continua a mesma.
O Presidentro Lula e o presidente do PT, Rui Falcão, almoçam nesta quinta-feira com Dilma para ajudá-la a digerir os detalhes da reforma ministerial que tem a pretensão de salvar o desgoverno dela. Não vai ser fácil para quem tem 69% de avaliação ruim ou péssimo - conforme a mais recente pesquisa CNI-Ibope, que dá míseros 10% de classificação boa ou ótima para a gestão da ciclista Rousseff. Completamente desmoralizada, sem credibilidade e impopular, Dilma é a refém justa e perfeita para os governos paralelos - de Lula e do PMDB, sob comando da dupla dinâmica Michel Temer e Nelson Jobim (o grande Rasputin Tupiniquim).
Nesta altura do campeonato, Lula prefere que Dilma se dane, mas continue onde está. Tudo ficará pior para ela - e melhor ainda para ele -, caso Lula consiga manter o velho esquema de reinar nos bastidores. Emplacar o amigo Jaques Wagner na Casa Civil, tirando seu inimigo íntimo Aloísio Mercadante, foi mais uma bela manobra do regente $talinácio, que já estuda como se lançar pré-candidato à distante sucessão de 2018. Aliás, o Chapolim Colorado Rui Falcão já tem lançado, diariamente, o nome do chefão, que deseja apenas formalizar a volta para onde nunca saiu, de fato...
Lula já conquistou uma grande vitória na divisão feudal da máquina federal que promove com a cúpula do PMDB. A ida de Jaques Wagner para a Casa Civil, responsável pelo meio campo do governo (e que teve vários de seus membros indiciados, investigados e presos por corrupção), é um golaço de Lula (certamente, contra ele mesmo). O quase ex-ministro da Defesa, que sabe jogar no ataque como ninguém, é tido como hábil negociador com o Congresso. E, também, é um bom piadista baiano. A frase que ele soltou ontem, já sabendo que trocaria de pasta, quase matou de rir alguns militares:
"As Forças Armadas são instituições centenárias. Não vou negar, se for formalizado o convite vou cumprir minha missão, mas deixo a Pasta com tristeza. Ainda vislumbrava muita coisa para melhorar".
Enquanto o conchavo come solto, o julgamento das peladas de R$ 104 bilhões promovidas pela ciclista Dilma Rousseff está marcado para o próximo dia 7 de outubro, no Tribunal de Contas da União. Se ele não cair da bicicleta, continuará pedalando seu desgoverno, mesmo que aos trancos e barrancos. Mas se o golpe do PMDB contra ela já estiver bem armado, Dilma será forçada a cair ou pedir para sair. Aí aparece a pretensa e temerária solução Temer - prontinho para roubar a bike da Presidenta.
Acertando as contas com a Suíça
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), se irritou com uma pergunta sobre suas contas na Suíça feita por um insistente repórter:
"Não vou comentar até porque não vi nada. Não falo sobre este tipo de situação. Já está muito claro para mim que, a cada dia, sempre surge uma coisa nova. A minha escolha é uma coisa que já está feita há muito tempo. Eu não vou comentar. Vou ver exatamente a posição deles. Se dizem que tem alguma coisa, vou esperar que apareça. Não vou cair na armadilha de dar para você qualquer tipo de lide nesta situação todo dia. Não vou comentar hoje, amanhã, depois de amanhã, como não comentei ontem, como não comentei anteontem. Não vou comentar nenhum fato específico. Toda vez que fui pela linha de comentar os fatos, a situação sempre foi contrária ao meu posicionamento".
Pronto para o xilindró