quinta-feira, 11 de abril de 2013

POLÍCIA DESCOBRE PLANO DE MEGA-ATENTADO TERRORISTA EM SANTA CATARINA, NA REGIÃO SUL DO BRASIL.


POLÍCIA DESCOBRE PLANO DE MEGA-ATENTADO TERRORISTA EM SANTA CATARINA, NA REGIÃO SUL DO BRASIL.

Famosa ponte Hercílio Luz, que liga Florianópolis ao continente, estaria na mira dos terroristas, segundo a polícia.

Em meio aos ataques de fevereiro, a polícia nas ruas, as autoridades traçando planos para transferir os líderes, três frases de um preso ouvido pela polícia sintetizavam a ameaça: havia plano do PGC em assaltar uma pedreira no Sul do Estado, roubar as bananas de dinamite e explodir uma ponte ou uma torre.

Aquele que seria um atentado emblemático, de impacto sem precedentes, não chegou a acontecer. O plano dos criminosos existiu e foi oficializado no dia 7 de fevereiro pela Deic, no depoimento de um preso que está trancafiado há mais de 14 anos em São Pedro de Alcântara.

Ele falou sob a garantia de anonimato, previsto no provimento da Corregedoria de Justiça. Não se sabe ao certo qual era o alvo. As pistas indicam que seria no Sul do Estado. Policiais não descartam que fosse o maior cartão postal de Santa Catarina: a ponte Hercílio Luz, em Florianópolis.

Investigadores experientes ouvidos pelo DC afirmam que o fácil acesso de assaltantes a explosivos nos últimos anos e a praticamente inexistente vigilância noturna na Hercílio Luz, são razões suficientes para crer que um episódio do tipo não seria algo impossível de ser concretizado.

Além de uma ponte ou torre, a facção tramou colocar explosivos em um shopping. Outra cogitação foi a de roubar armas de um quartel do Exército — por sorte, nenhum atentado do tipo ocorreu.

A investigação ainda tenta descobrir a dimensão destas ameaças, encaradas como catastróficas para o Estado. No interrogatório, o detento declara ter ouvido que os planos partiram do preso Evandro Sérgio Silva, o Nego Evandro, um dos integrantes do 1º ministério. (pág. 290 do inquérito traz esse depoimento da ponte). Do site do Diário Catarinense


Nota da Redação OCC Alerta Brasil
Inteligência Militar soprou, a petralhada em desespero para se manter no poder, manter os condenados na CCJ, blindar o corrupto Chefe, prepara o aumento da violência, finalizando com cala boca a imprensa... a noite dos cristais versão tupiniquim está muito mais próxima do que se imagina.
Curta e Faça parte da OCC Alerta Brasil 
https://www.facebook.com/organizacaodecombateacorrupcao
Siga-nos no Twitter: https://twitter.com/occ2013




Agnaldo Timoteo e Netinho de Paula não devolvem notebooks da Câmara de SP -Isso é apropriação indebita é roubo!!


Agnaldo Timoteo e Netinho de Paula não devolvem notebooks da Câmara de SP


COM RODRIGO BURGARELLI
Lançado em 2011 para tornar a Câmara Municipal de São Paulo mais ecológica, o programa “Papel Zero” registrou suas primeiras baixas no início deste ano. Dois vereadores da última legislatura não devolveram equipamentos como notebooks e tablets que foram cedidos a cada um dos 55 parlamentares e sequer informaram se vão fazê-lo, segundo a Presidência da Casa. São eles os cantores Agnaldo Timóteo (PR) e Netinho de Paula (PCdoB).
Agnaldo Timoteo (PR) não se reelegeu, mas levou notebook da Câmara para casa; cantor já foi notificado pela presidência da Casa
Não reeleito para o seu terceiro mandato no Palácio Anchieta, Timóteo ainda não devolveu o notebook que foi comprado pela Câmara no ano passado. Segundo o órgão, o cantor será notificado em breve para que faça a devolução do equipamento, avaliado em cerca de R$ 2 mil. No total, o Legislativo municipal pagou R$ 143,5 mil pela aquisição de 70 notebooks.
Questionado pela reportagem, Timóteo diz não saber onde está o notebook. “Pode sim ter sido algum canalha que trabalhava no meu gabinete”, disparou o vereador. “Sou semialfabetizado, fiz só até a terceira série do primário. Não sei nem ligar um aparelho desses. Estou na verdade ajuntando dinheiro para comprar um para minha filhinha”, argumentou.
Já Netinho de Paula não devolveu nem o notebook nem o tablet cedido pela Câmara. Ele foi reeleito para um novo mandato mas foi nomeado secretário de Igualdade Racial pelo prefeito Fernando Haddad (PT) no começo do ano. “O secretário municipal Netinho de Paula foi oficiado posteriormente para entregar seu notebook e o tablet”, informou a Casa. A internet 3G de seus equipamentos ficarão desligados até a devolução.
A reportagem procurou a assessoria de imprensa de Netinho e também a da Prefeitura, mas não obteve resposta até as 20h30. Cada um dos tablets vai custar cerca de R$ 4,1 mil para a Câmara, valor que compreende o aluguel por dois anos e o pagamento da internet 3G. No total, o gasto previsto para todos os tablets é de R$ 115,3 mil – mais do que os R$ 90 mil que deixariam de ser gastos pela Câmara por causa da economia de papéis, conforme anunciado pelo ex-presidente da Casa, José Police Neto (PSD), em 2011.
Para saber a situação de cada um dos equipamentos que foram cedidos aos parlamentares, a nova Mesa Diretora eleita em janeiro deste ano realizou um levantamento dos tablets e notebooks de cada um dos vereadores. O relatório constatou que os ex-vereadores Quito Formiga (PR) e Adolfo Quintas (PSDB), além de um antigo funcionário da Rádioweb, também não haviam devolvido seus tablets. Segundo a Casa, os três foram notificados e devolveram os equipamentos ainda em fevereiro.



A CENSURA EM AÇÃO -Justiça proíbe advogado de acessar redes sociais


Cassius Haddad é acusado de usar a internet para criticar a atuação de promotor; se acessar o Facebook, pode ser preso

SÃO PAULO – O advogado Cassius Haddad, de 31 anos, começou a fazer críticas ao Ministério Público Estadual de Limeira (SP) pela internet, sobretudo pelo Facebook. Agora, está proibido pela Justiça de acessar as redes sociais. Ele é processado pelo Ministério Público por supostas ofensas ao promotor Luiz Bevilacqua, sob pena de prisão preventiva. Haddad afirmou que vai recorrer da decisão.

Advogado há dois anos, Haddad é proibido de acessar redes sociais pela Justiça. FOTO: Reprodução/Arquivo pessoal
A liminar do juiz Henrique Alves Correa Iatarola, da 2ª Vara Criminal, veta que Haddad acesse páginas do Facebook, Twitter, Orkut, MySpace, Flixster, LinkedIn e Tagged. “Os comentários depreciativos estão sendo feitos através da internet, devendo o denunciado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações”, escreveu o juiz.

A decisão prevê ainda que Facebook e Twitter comuniquem à Justiça, em um prazo de 24 horas, se o advogado acessar seu perfil nessas redes. Além disso, as empresas deverão enviar relatórios mensais de eventuais acessos realizados por Haddad às páginas.

“O Facebook vai ser obrigado a informar todos os meus meus passos”, disse Cassius Haddad ao Link por telefone. Ele afirmou que fará uma defesa prévia em dez dias. “Vou ingressar com um mandado de segurança para cancelar a decisão e com um habeas corpus preventivo para não ir preso”, relata ele. “Acabei cutucando alguns lances de corrupção na cidade e algumas pessoas estão usando o poder no Estado pra tentar me calar.”

Blecaute. Haddad começou a usar as redes sociais em dezembro para fazer críticas a uma série de ações do Ministério Público, sobretudo a respeito de denúncias de corrupção. “Fiz questionamentos na internet, como o caso do shopping da minha cidade, feito com dinheiro público. Descobri que o Ministério Público também estava envolvido, fiz denúncias. Aí ele começou a criar resistência”.

Segundo o advogado, o promotor Luiz arquivou o processo de denúncias de corrupção do shopping, o que levou Haddad a publicar críticas. Haddad então foi processado por Bevilacqua na esfera cível, e ficou proibido de acessar as redes sociais para fazer críticas ao promotor, sob pena de mil reais por dia. Depois, seguiu-se o processo na esfera criminal.

“Tudo aconteceu em apenas três dias. Imprimiram tudo o que eu fiz na internet, rastrearam tudo o que eu fiz na internet e entraram com uma ação na última quinta-feira”, contou. “Na segunda-feira, o oficial de Justiça me pegou na rua.”

Haddad fala que a liminar especifica as redes sociais, mas também menciona o uso da internet em geral, podendo dar margem a condená-lo por outras atividades na web. Portanto, por ora o advogado não só parou de acessar Facebook e Twitter, mas não checa seus e-mails e nem usa o navegador – um verdadeiro blecaute de internet. “Sou um cidadão de Limeira fiscalizando os cofres públicos e criou resistência mais que o próprio réu (Bevilacqua)”, afirmou.

Ele espera reverter o processo e cobrar os prejuízos financeiros que terá. “Uso a internet para me comunicar com meus clientes. No momento, estou impossibilitado de trabalhar. É um transtorno enorme.”

Na última segunda-feira, 8, o advogado publicou em seu perfil no Facebook uma “carta de despedida”:

10 de abril de 2013| 16h39| Tweet este Post
Por Anna Carolina Papp
http://blogs.estadao.com.br/link/mp-proibe-advogado-de-acessar-redes-sociais/
 

“OBA, O VANDERLEI CHEGOU” DIZIA O CHUPITA, QUANDO A PROPRINA CHEGAVA, MESMO TENDO DESVIADO VERBA DA EDUCAÇÃO O CHALITA É MEMBRO DA COMISSÃO DE EDUCAÇÃO, SÓ NO BRASIL MESMO.

GABRIEL CHALITA: Escândalo deve encurtar a carreira do político carismático que pretendia ir longe

publicado originalmente na coluna do Ricardo Setti -
04/03/2013
 às 14:00 \ Política & Cia


A CANOA VIROU -- O deputado Gabriel Chalita com o seu ex-assessor Roberto Grobman em uma viagem a Étretat, na França, em 2004: o amigo do peito agora é seu acusador (Foto: Arquivo Pessoal)
A CANOA VIROU -- O deputado Gabriel Chalita com o seu ex-assessor Roberto Grobman em uma viagem a Étretat, na França, em 2004: o amigo do peito agora é seu acusador (Foto: Arquivo Pessoal)
Reportagem de Leonardo Coutinho, publicada na edição da VEJA que está nas bancas

“OBA, O VANDERLEI CHEGOU”
“Vanderlei” era como o deputado Gabriel Chalita chamava o dinheiro que recebia de propina, segundo o ex-assessor que o denuncia ao Ministério Público. A acusação tirou do parlamentar um cargo certo no novo ministério de Dilma e interrompeu alguns sonhos do PMDB para 2014
Até duas semanas atrás, o deputado federal Gabriel Chalita era uma estrela ascendente na política. Em 2010, ganhou prestígio ao defender a então candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, quando ela foi atacada por grupos religiosos por, supostamente, defender o aborto e o casamento entre homossexuais.
Dois anos depois, candidatou-se a prefeito de São Paulo pelo PMDB e, com sua imagem de bom moço, discursou em defesa da ética e da amizade com padres-celebridade, como Marcelo Rossi e Fábio de Melo, conseguindo 13% dos votos.
Saiu com o passe valorizado a ponto de, agora, ser nome certo na reforma ministerial que a presidente Dilma fará neste mês — além de peça no tabuleiro das eleições de 2014, quando poderia ser candidato ao Senado ou a vice-governador.
O depoimento demolidor feito ao Ministério Público por um ex-assessor e ex-amigo do peito fez tudo ruir. Roberto Grobman, o ex-assessor, contou aos promotores que se aproximou de Chalita em 2004, quando ele era secretário da Educação de São Paulo. Fez isso por determinação do empresário Chaim Zaher, que era dono do Sistema COC de Ensino e teria interesse em conseguir contratos com o governo.
“Virei seu acompanhante de viagens”
Grobman diz que Zaher lhe pagava um salário para que ele atuasse na secretaria. “O Zaher queria ter uma pessoa dele lá dentro para que pudesse vender os seus produtos. Queria ser favorecido, obviamente.”
Ficou, assim, estabelecida a bizarra situação em que Grobman, empregado pago por uma empresa privada, dava expediente numa secretaria de governo, com direito a cartão de visita timbrado e o título de “assessor de gabinete”.
Nessa condição, ele se tornou íntimo do então secretário, com quem viajou para diversos países (“O Chalita disse que gostou de mim e eu virei seu acompanhante de viagens”).
Mas nem essa proximidade com o titular da pasta nem as supostas vantagens que o COC teria ofertado a Chalita — entre elas o pagamento de parte da reforma de um dos seus apartamentos, fato que Zaher nega — resultaram em algum negócio para o grupo.
Diz Grobman: “O Chalita deixava o Zaher sempre no fim da fila. Dizia que tinha acordos mais importantes”. Grobman permaneceu como assessor informal de Chalita por dois anos.
SERVINDO A DOIS SENHORES --  O crachá e o cartão de visita mostram que   Roberto Grobman era funcionário do Sistema COC de Ensino, do empresário Chaim Zaher, mas dava expediente na Secretaria da Educação de São Paulo,   cujo titular era Chalita. Escalado para defender os interesses do grupo, Grobman diz que serviu ao secretário por dois anos — como intérprete e até   coordenador da reforma de um de seus apartamentos, segundo ele, bancada por   empresários
SERVINDO A DOIS SENHORES -- O crachá e o cartão de visita mostram que Roberto Grobman era funcionário do Sistema COC de Ensino, do empresário Chaim Zaher, mas dava expediente na Secretaria da Educação de São Paulo, cujo titular era Chalita. Escalado para defender os interesses do grupo, Grobman diz que serviu ao secretário por dois anos — como intérprete e até coordenador da reforma de um de seus apartamentos, segundo ele, bancada por empresários
“Arrancava as tiras dos maços de dinheiro e imitava Silvio Santos: “Quem quer dinheiro?!!!”
Nesse período, disse ao Ministério Público, assistiu a reuniões em que ele combinava como seriam feitas as cobranças de propina a fornecedores da secretaria, como a Zinwell, uma empresa de origem chinesa contratada para fornecer por 5 milhões de reais 5.000 antenas parabólicas para escolas.
A “taxa”, de 25%, era entregue diretamente a Chalita em seu apartamento em Higienópolis.
Segundo Grobman, o ex-secretário chamava o dinheiro de “Vanderlei”. “Quando tocava o interfone, ele gritava, eufórico: ‘Oba, chegou o Vanderlei!’. Só mais tarde descobri que Vanderlei não era uma pessoa. Como ele dizia que mandava a sua parte para uma conta bancária em Luxemburgo, fazia graça com o nome do técnico de futebol”, diz.
Grobman contou ao MP que, por diversas vezes, viu Chalita distribuir o dinheiro que recebia. “Ele derramav as notas no chão do closet. Arrancava as tiras dos maços e jogava em cima dos assessores, imitando o Silvio Santos: ‘Quem quer dinheiro?!!’.”
Empresas fornecedoras da Secretaria seriam compelidas a comprar livros de autoria do secretário
O ex-assessor afirmou ainda que empresas fornecedoras da Secretaria da Educação eram compelidas a comprar lotes de livros do deputado — uma manobra que o ajudaria a justificar o seu exuberante aumento patrimonial (os 741.000 reais em bens que ele declarava possuir em 2000 transformaram-se em 11,5 milhões em 2011).
Aos promotores, Grobman pôs em dúvida não apenas os motivos pelos quais os livros eram vendidos, mas também quem os escrevia. Um dos inquéritos abertos apurará se houve uso de dinheiro público no pagamento de uma equipe de ghost writers que, segundo Grobman, ajudava o ex-secretário a escrever seus livros — ele já lançou 64 até agora.
Procurado por VEJA, Chalita disse, por meio de nota, ser vítima de uma disputa política e negou que Grobman tenha sido seu assessor — embora tivesse e-mail funcional, cartão de visita e tenha aparecido nos prospectos da Unesco como representante da secretaria em evento realizado em 2004, na França (onde ele e Chalita posaram para a foto que ilustra esta reportagem).
Na segunda-feira, o governo federal anunciou ter desistido de nomear o peemedebista para um ministério. A aventada vaga no Senado em 2014 soa agora uma impossibilidade, sem falar nos planos para a candidatura a vice-governador.
Na quinta, Chalita se reuniu com um grupo de assessores e admitiu: “Eu estou acabado”. O resultado das investigações do Ministério Público dirá se o país deve ou não lamentar essa constatação.

MENSALÃO: É grave a acusação de Dirceu de que o ministro Fux prometeu absolvê-lo antes de ir para o Supremo. Só tem um problema: é a palavra de um réu condenado contra a de um juiz que o condenou. Onde estão as provas?


José Dirceu e Luiz Fux (Fotos: AE :: STF)
José Dirceu e Luiz Fux : o primeiro não tem provas do que agora acusa Fux de ter feito (promessa de absolvição), recusa-se a identificar eventuais intermediários nas conversas com o ministro e está desesperado com a condenação. O outro é o juiz que, com base nos autos e com votos consistentes, mandou para a cadeia os mensaleiros e o próprio acusador. (Fotos: AE :: STF)
É certamente grave, gravíssima a acusação feita pelo ex-ministro-chefe da Casa Civil e ex-deputado José Dirceu segundo a qual teve encontro com o ministro Luiz Fux durante a fase em que este realizava contatos para realizar seu “sonho” de chegar ao Supremo Tribunal Federal e que, no curso da reunião, Fux prometeu absolve-lo no caso do mensalão, caso fosse designado para a corte.
Dirceu fez a acusação em entrevista aos jornalistas Fernando Rodrigues e Monica Bergamo, da Folha de S. Paulo, publicada também no portal UOL.
A própria Folha, porém, lembrou que em dezembro do ano passado — espontaneamente -, Fux admitiu, durante em entrevista, que efetivamente se encontrara com Dirceu, mas negou ter prometido a absolvição. Disse também que, mais tarde, ao ler o processo do mensalão, ficou “estarrecido”.
O problema da acusação de Dirceu é que ela está cheia de interrogações soltas, sem respostas.
Primeira interrogação sem resposta: onde estão as provas?
O chefe da quadrilha do mensalão diz ter sofrido durante meses “assédio” do ministro Fux (então integrante do Superior Tribunal de Justiça) “através de terceiros, que eu não vou nominar”. E que o encontro em que Fux teria prometido a absolvição se deu depois desse “assédio”, quando Dirceu concordou em recebê-lo, mas foi a sós.
Segunda interrogação: por que não identifica quem são esses “terceiros”?
Dirceu conferiria solidez a uma acusação, que caso contrário se tornará leviana, irresponsável e até passível de processo, se trouxesse à público esses “terceiros”, que seriam advogados.
Terceira interrogação: Fux, afinal, teria prometido a suposta absolvição ao próprio Dirceu ou aos misteriosos “terceiros”?
Dirceu se contradiz ao longo da entrevista. Na primeira parte, diz, sobre o encontro: “Eu o recebi e, sem eu perguntar nada… (…) Ele tomou a iniciativa de dizer que ia me absolver. Textualmente”.
Mais adiante, porém, respondendo a outra pergunta dos repórteres, diz o seguinte: “Ele, de livre e espontânea vontade, se comprometeu com terceiros, por ter reconhecimento do processo, por ter convicção, certo?”
Afinal, a quem o ministro teria prometido?
Quarta interrogação: por que Dirceu não levantou esse problema DURANTE O JULGAMENTO?
Por que Dirceu só agora, na fase final do processo, em que cabem recursos que dificilmente reverterão a decisão do Supremo de condená-lo a 10 anos e 10 meses de cadeia, trouxe a público a denúncia?
Não faria muito mais sentido que trouxesse logo no começo do julgamento? A enorme barulheira que as declarações causariam poderia levar seus advogados a levantar a questão no plenário do Supremo, obrigaria a algum tipo de discussão entre os ministros, constrangeria Fux a dizer algo durante o julgamento. Quiçá — nunca se sabe — o ministro, pressionado, poderia declarar-se impedido?
Fux está há 13 meses no Supremo e sua atuação vem sendo correta, como foi durante os dez anos em que, antes disso, exerceu o alto cargo de ministro do Superior Tribunal de Justiça.
O lobby que desenvolveu para chegar ao Supremo, em que conversou até com diretores da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), não o enobrece nem um pouco, embora conte ponto a seu favor o fato de ser ele próprio quem contou. Certamente não é o primeiro ministro a fazer isso, nem será o último — o que tampouco torna esse comportamento aceitável.
Mas, no final das contas, nesse episódio com Dirceu, fica a palavra de um contra a palavra de outro.
E um — o que acusa — foi qualificado pelo Ministério Público Federal como “chefe da quadrilha” do mensalão, o que seria aceito pelo Supremo Tribunal. Foi condenado e está desesperado para livrar-se das barras da penitenciária.
E o outro — o acusado — é um juiz que, baseado nos autos, e com votos consistentes e elogiados pelo mundo jurídico, mandou para a cadeia, sem contemplação, mensaleiros graúdos, inclusive seu agora acusador.
Até que surja alguma eventual nova evidência, fico, portanto, com a palavra do ministro Luiz Fux.

DENÚNCIA PÚBLICA - O navio que não navega -O navio João Cândido, construído no Brasil, só navegará a contento se for consertado no exterior (de acordo com o próprio estaleiro)

DENÚNCIA PÚBLICA  -O navio que não navega, depois do  trem bala invisivel o DesGoverno Dilama Du Cheff inventa o Navio que não navega, tudo isso com dinheiro público.

O navio João Cândido, construído no Brasil, só navegará a contento se for consertado no exterior (de acordo com o próprio estaleiro).R$ 336 Milhões dinheiro público usados para O NAVIO QUE NÃO NAVEGA....
Júlia Rodrigues


Para não cair no esquecimento

 
DENÚNCIA PÚBLICA
 
    O navio João Cândido, construído no Brasil, só navegará a contento se for consertado no exterior  (de acordo com o próprio estaleiro)
 
  O navio que não navega
 

 
R$ 336 Milhões
O NAVIO QUE NÃO NAVEGA...
Júlia Rodrigues
 
Em 7 de maio de 2010, ao lado da sucessora que escolhera e do governador pernambucano Eduardo Campos, o presidente Lula estrelou no Porto de Suape um comício convocado para festejar muito mais que o lançamento de um navio: primeiro a ser construído no país em 14 anos, o petroleiro João Cândido fora promovido a símbolo da ressurreição da indústria naval brasileira. Produzida pelo Estaleiro Atlântico Sul (EAS), incorporada ao Programa de Modernização e Expansão de Frota da Transpetro (Promef) e incluída no ranking das proezas históricas do PAC, a embarcação com 274 metros de comprimento e capacidade para carregar até um milhão de barris de petróleo havia consumido a bolada de R$ 336 milhões – o dobro do valor orçado no mercado internacional.Destacavam-se na plateia operários enfeitados com adesivos que registravam sua participação no parto de mais uma façanha do Brasil Maravilha. Seria uma festa perfeita se o colosso batizado em homenagem ao marinheiro que liderou em 1910 a Revolta da Chibata não tivesse colidido com a pressa dos políticos e a incompetência dos técnicos. Assim que o comício terminou, o petroleiro foi recolhido ao estaleiro antes que afundasse ─ e nunca mais tentou flutuar na superfície do Atlântico.O vistoso casco do João Cândido camuflava soldas defeituosas e tubulações que não se encaixavam, além de um rombo cujas dimensões prenunciavam o desastre iminente. Se permanecesse mais meia hora no mar, Lula seria transformado no primeiro presidente a inaugurar um naufrágio. Estacionado no litoral pernambucano desde o dia do nascimento, nem por isso o navio deixou de percorrer o país inteiro. Durante a campanha presidencial, transportado pela imaginação da candidata Dilma Rousseff, fez escala em todos os palanques e foi apresentado ao eleitorado como mais uma realização da supergerente que Lula inventou.A assessoria de imprensa da Transpetro se limita a informar que não sabe quando o João Cândido vai navegar de verdade. O Estaleiro Atlântico Sul, criado com dinheiro dos pagadores de impostos, não tem nada a dizer. Nem sobre o petroleiro avariado nem sobre os outros 21 encomendados pelo governo. No fim de 2011, o EAS adiou pela terceira vez a entrega do navio. A Petrobras, que controla a Transpetro, alegou que os defeitos de fabricação só podem ser consertados no exterior. PODE?Quando o presidente era Nilo Peçanha, João Cândido comandou uma rebelião que exigia a abolição dos castigos físicos impostos aos marinheiros. Passados 102 anos, Dilma e Lula resolveram castigá-lo moralmente com a associação de seu nome a outro espanto da Era da Mediocridade: depois do trem-bala invisível, o governo inventou o navio que não navega.
Em 7 de maio de 2010, ao lado da sucessora que escolhera e do governador pernambucano Eduardo Campos, o presidente Lula estrelou no Porto de Suape um comício convocado para festejar muito mais que o lançamento de um navio: primeiro a ser construído no país em 14 anos, o petroleiro João Cândido fora promovido a símbolo da ressurreição da indústria naval brasileira. Produzida pelo Estaleiro Atlântico Sul (EAS), incorporada ao Programa de Modernização e Expansão de Frota da Transpetro (Promef) e incluída no ranking das proezas históricas do PAC, a embarcação com 274 metros de comprimento e capacidade para carregar até um milhão de barris de petróleo havia consumido a bolada de R$ 336 milhões – o dobro do valor orçado no mercado internacional.Destacavam-se na plateia operários enfeitados com adesivos que registravam sua participação no parto de mais uma façanha do Brasil Maravilha. Seria uma festa perfeita se o colosso batizado em homenagem ao marinheiro que liderou em 1910 a Revolta da Chibata não tivesse colidido com a pressa dos políticos e a incompetência dos técnicos. Assim que o comício terminou, o petroleiro foi recolhido ao estaleiro antes que afundasse ─ e nunca mais tentou flutuar na superfície do Atlântico.O vistoso casco do João Cândido camuflava soldas defeituosas e tubulações que não se encaixavam, além de um rombo cujas dimensões prenunciavam o desastre iminente. Se permanecesse mais meia hora no mar, Lula seria transformado no primeiro presidente a inaugurar um naufrágio. Estacionado no litoral pernambucano desde o dia do nascimento, nem por isso o navio deixou de percorrer o país inteiro. Durante a campanha presidencial, transportado pela imaginação da candidata Dilma Rousseff, fez escala em todos os palanques e foi apresentado ao eleitorado como mais uma realização da supergerente que Lula inventou.A assessoria de imprensa da Transpetro se limita a informar que não sabe quando o João Cândido vai navegar de verdade. O Estaleiro Atlântico Sul, criado com dinheiro dos pagadores de impostos, não tem nada a dizer. Nem sobre o petroleiro avariado nem sobre os outros 21 encomendados pelo governo. No fim de 2011, o EAS adiou pela terceira vez a entrega do navio. A Petrobras, que controla a Transpetro, alegou que os defeitos de fabricação só podem ser consertados no exterior. PODE?Quando o presidente era Nilo Peçanha, João Cândido comandou uma rebelião que exigia a abolição dos castigos físicos impostos aos marinheiros. Passados 102 anos, Dilma e Lula resolveram castigá-lo moralmente com a associação de seu nome a outro espanto da Era da Mediocridade: depois do trem-bala invisível, o governo inventou o navio que não navega.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Diretora da EFF fala sobre censura e ativismo na rede

Por Caroline O’Donovan em 26/03/2013 na edição 739
Tradução: Jô Amado, edição de Leticia Nunes. Informações de Caroline O’Donovan [“Just-in-time censorship, scaling connectors, and the problem with banning porn”, Nieman Journalism Lab, 11/3/13]

Jillian York analisa as questões de liberdade de expressão de um ponto de vista global. Diretora de liberdade de expressão internacional na Electronic Frontier Foundation (EFF) e com experiência significativa no mundo árabe, ela escreve e ensina sobre navegar num mundo em que os censores e aqueles que querem evitá-los estão numa corrida constante de armamentos – tecnológicos, legais e políticos.
Antes de entrar para a EFF, Jillian York trabalhou Centro Berkman de Harvard para a Internet e a Sociedade, onde contribuiu para a OpenNet Initiative (Iniciativa Livre de Internet). Ela também escreve uma coluna para a al-Jazeera, na qual analisa constantemente as atualidades através das lentes da liberdade da internet. Ultimamente, Jillian vem nos alertando para o perigo de usar ingenuamente o Facebook no Oriente Médio e nos preparando para nos protegermos do Google. Quando falamos – uma conversa confusa, por uma linha internacional do Skype –, perguntei-lhe sobre um aumento na regulação, a diminuição das liberdades, as redes sociais e como os jornalistas tradicionais vêm se adaptando à realidade digital.
Puxar as mídias sociais para a reportagem
Na semana passada, John Wihbey escreveuno Nieman Journalism Lab sobre um estudo feito pela London School of Economics e pela BBC chamado “Quem faz reportagens sobre os protestos?”que discute a convergência das práticas de jornalistas-cidadãos e da mídia tradicional – o que ensinaram e o que aprenderam nesse campo. Tenho curiosidade de saber o que você pensa disso.
Jillian York – Não vi o estudo, mas quando se trata de cobrir um conflito há a tentação de dar uma vista panorâmica e as mídias sociais mudaram isso, para o bem ou para o mal. Por exemplo, se você fosse um jornalista estrangeiro e fosse para o Cairo fazer uma reportagem da Praça Tahrir, havia imagens muito fortes de jornalistas se escondendo em seus quartos de hotel. Acho que foi Anderson Cooper que disse: “Estou neste hotel com outro jornalista e o perigo é tão grande que estamos acocorados”. Mas se olhasse o Twitter eu veria alguém de outro lado da cidade do Cairo dizendo que ali estava tudo calmo. Portanto, acho que isso permitiu que tivéssemos uma visão menos distorcida.
É claro que há lugar para o tradicional e para o jornalismo-cidadão nesses cenários porque realmente temos um retrato ampliado – e o jornalista tradicional muitas vezes tem mais capacidade para contextualizar. Porém, levando isso em consideração, acho que é um erro continuar fazendo a reportagem a partir de um lugar central e tentando representá-lo como locais mais abrangentes. Por isso, acho que uma das coisas que vi mudarem um pouco é a admissão, ou reconhecimento, de que a opinião do jornalista tradicional é apenas uma peça de um quebra-cabeça maior.
Acho que uma das maneiras que conseguem fazê-lo é puxando as mídias sociais para a reportagem. Acho que Robert Mackey, do New York Times, faz isso muito bem. É um jornalista profissional, passa-nos um contexto neutro, mas também introduz em certos espaços tweets fundamentais, de autores fundamentais. É incrível ver a diferença entre isso e o que fazia a CNN em 2009 durante as eleições no Irã, quando literalmente deixava rolartweets aleatoriamente, sem contexto.
“Há trabalho a ser feito com relação à neutralidade”
Se um jornalista lhe perguntasse qual a importância dos tweets ou quem são os autores importantes, o que você lhe diria? Se você toma conhecimento de um conflito pela primeira vez ou entra num lugar que não conhece, como você se deixa imergir naquela rede e entende quais são os pontos mais importantes?
J.Y. – Ethan Zuckerman estudou isso muito. Eu mesma já fiz esse papel antes. Dois mundos que conheço bem são o Egito e os EUA. Passei muito tempo lá, tenho muitos contatos. Quando começaram os protestos, recebia muitos telefonemas de jornalistas que queriam saber quem poderia falar sobre a censura na internet, se eu poderia conectá-los a alguém. E aí a repercussão é imensa. Então, digamos que ponho esse jornalista em contato com alguém que está na Praça Tahrir nesse exato minuto e que essa pessoa pode ajudar o jornalista a aprofundar-se no conhecimento da rede. Só que não existem níveis – portanto, eu não ousaria dizer que se trata do futuro do jornalismo. Mas acho que pessoas de fora podem sempre ajudar a criar esse contexto e guiar o jornalista em direção a uma amostragem mais abrangente de pessoas.
Isso não significa que essas pessoas sejam definitivamente representativas. Por exemplo, quando eu recebia aqueles telefonemas, digamos, de alguém querendo falar com um jornalista favorável a Mubarak – eu simplesmente não conhecia tal jornalista. Mas podia dizer que Fulano é um blogueiro, Beltrano é um ativista contra julgamentos militares – e permitir ao jornalista que, a partir daí, pudesse compreender a rede.
Você acha que os jornalistas tradicionais se sentem mais à vontade com isso?
J.Y. – Claro que sim. Falei com uma porção de pessoas que desempenharam este papel. Durante algum tempo, estava sozinha, recebia os telefonemas constantemente, mas agora isso não acontece mais. E vejo outras pessoas fazendo isso pela Síria, por exemplo, onde não tenho tantos contatos. Mas ainda acho que há um risco porque os números não são neutros. Eu sei que nem sempre sou neutra – tento, pelo menos, dar o contexto a jornalistas, digamos, dizendo que esta não é uma amostra representativa. A coisa pode ser delicada – acho que ainda há trabalho a ser feito com relação à neutralidade.
“Nenhum governo conseguiu fazer a coisa certa”
Você disse que constatou ao vivo que existe menos liberdade e mais censura. Pode falar sobre como viu isso evoluir?
J.Y. – Em 2009, Alec disse que aquele foi o pior ano que tivemos para a censura na internet. Na época, era verdade – as coisas estavam piorando. O Irã vinha fazendo o que chamamos censura filtrada, quando um site é bloqueado exatamente antes de uma época eleitoral ou de um protesto, com o objetivo exclusivo de impedir que a informação se espalhe nesse período. É óbvio que esse tipo de censura é mais palatável à população porque ela sabe que pelo menos tornará a ter o Twitter de volta. Na época, foi terrível, mas de lá para cá só piorou e agora eu diria que 2012 foi o pior ano. Não só vimos o tradicional bloqueio de websites que a China e o Irã fazem, mas agora vemos governos colocando vírus e malware nos computadores de ativistas para saber o que estão fazendo. Vemos muito mais daquela censura filtrada e agora também vemos coisas mais sinistras em que governos não bloqueiam sites, mas perseguem quem ousa falar. Isso continua sendo o caso do Egito, por exemplo, onde – apesar de existir uma decisão legal de bloquear o YouTube e a pornografia – a internet ainda não é censurada, mas são presas pessoas que dizem determinadas coisas no Facebook e no Twitter. O número de táticas aumentou e diversificou-se e é isso que assusta. Tornou-se muito mais difícil desafiar e lutar contra esse tipo de censura.
Num artigo recentena revista The Atlantic, você e Trevor Timm citam uma passagem do livro Net Delusion, de Evgeny Morozov, sobre o perigo das pessoas se tornarem “insensíveis” às “potenciais intervenções da regulação”. Você poderia explicar até que ponto você acha que não estamos conscientes dos riscos de nossas liberdades?
J.Y. – Justamente ontem (10/3), um deputado do Parlamento europeu pediu que fosse bloqueada a pornografia na internet. Ignoremos o fato de que por enquanto a pornografia é legal e, portanto, um pedido de bloqueio seria de qualquer maneira problemático. O fato é que a pornografia é algo que nunca foi possível definir e, portanto, quando você cria um mecanismo para bloquear uma coisa dessas, ele cria um sistema que fica maduro para o abuso. Tudo bem, hoje podemos bloquear pornografia infantil porque isso é ilegal. Mas amanhã podemos acrescentar pornografia legal e no dia seguinte, fotos de mulheres nuas. E no outro dia podemos banir a palavra “sexo” das buscas no Google. Uma parte do problema é que, uma vez criados esses mecanismos, a menos que você tenha uma vigilância rigorosa, transparência e responsabilidade pelas ações decorrentes, a coisa pode tornar-se uma pirambeira escorregadia. Até agora, nenhum governo conseguiu fazer a coisa certa. A Austrália tentou criar uma lista negra para impedir determinados conteúdos obscenos e, acidentalmente, acabou pondo na lista negra os sites de um dentista e de um alfaiate. Esses sistemas não são perfeitos.
Como censurar um rádio online?
Como você acha que se aplicaria o caso da pirambeira escorregadia em alguns lugares que você conheceu ao vivo ou como ensinar as pessoas a fazer reportagens nesses lugares?
J.Y. – Poucas semanas atrás eu fiz um treinamento, no Cairo, para um grupo de jornalistas que trabalhava com a censura que ocorre naquele país e uma das coisas que eles não sabiam é que a codificação não é permitida no Egito. Como jornalista, ou como um cidadão leigo, você pode não compreender isso, mas no Egito é passível de um processo. O que isso significa é que, ao permitir que os egípcios usem mensagens codificadas do Gmail, do ponto de vista técnico o Google está violando a lei. Não é essa, necessariamente, a intenção da lei – é difícil dizer o que seria, pois a lei é de 2003 –, mas quando essas leis foram criadas sem contexto, os usuários egípcios estariam violando a lei sem o saberem. Isso seria, portanto, um argumento a ser divulgado com as leis, mas também é uma sugestão de que as leis foram criadas sem compreender como seria a internet no futuro. É o mesmo que vem acontecendo – e não tenho autoridade para falar sobre isso porque não sou uma advogada americana –, por analogia, com o caso de Aaron Swartz, no qual você tem uma lei que foi criada antes, fora do contexto daquilo que seria a internet.
Estava lendo no seu blog sobre o treinamentoque você fez no Cairo e você parecia surpresa pelo que interessava àqueles jovens jornalistas. Você poderia falar sobre o que eles consideravam a informação mais valiosa?
J.Y. – Eu pensava que eles queriam falar sobre a regulação internacional da internet e quais eram as implicações decorrentes para serviços de provedores online, como Facebook e Google. Descobri que as pessoas tinham menos interesse por isso e estavam mais interessadas em aprender sobre segurança digital. Acredito que no futuro essas coisas sejam complementares, mas de qualquer maneira esse era um dos interesses mais fortes. Também estavam interessados na lei de direitos autorais e isso me surpreendeu porque em países como o Egito não há uma cultura forte de regulação sobre questões como direitos autorais e a única forma pela qual uma legislação é aplicada é através da DMCA [Digital Millenium Copyright Act, ou Lei Digital do Milênio sobre Direitos Autorais] em sites como o Facebook ou o Google.
Um jornalista fez uma pergunta fascinante que nunca me tinham feito. Ele perguntou se um governo poderia censurar uma rádio online. Não me havia ocorrido pensar sobre que tipo de mecanismo seria necessário para fazê-lo. Podiam, é claro, fechar o site, mas e se o rádio estivesse violando a lei, se estivesse incentivando a população a cometer ações violentas? De que mecanismos disporia o governo para intervir? Fiquei desconcertada, pois não tinha uma resposta adequada.
“As pessoas sempre encontram meios de desafiar a censura”
Para onde você acha que irão os seus trabalhos e os da EFF nos próximos anos?
J.Y. – Uma coisa que eu gostaria de frisar – principalmente porque acabei de participar de um encontro sobre o assunto em Genebra – é que precisamos começar a dar mais atenção à África subsaariana. À medida que aumenta a penetração da internet e aumenta o número de pessoas online diariamente, começaremos a ver os governos se preocuparem com coisas que acontecem, por exemplo, na Nigéria, com as regulações, ou na Etiópia, com a vigilância. É um continente que, de certa maneira, ignoramos e por isso devemos dar mais atenção.
Outra coisa que eu diria é pensar mais em tecnologias. É verdade que há alguns arranjos e caminhos regulatórios que podemos adotar, mas também há uma resposta tecnológica à repressão à liberdade de expressão. A tecnologia de evasão, por exemplo, é altamente financiada pelo governo americano para uso em outros países. Isso é muito importante. Se não podemos resolver o problema por meio da regulação, como iremos dar aos usuários o poder para conseguirem acessar informação e protegerem-se da vigilância?
Você vê mudanças nesse campo da mídia?
J.Y. – Não conheço a questão da África, em particular, mas se você avalia o Oriente Médio, por exemplo, o panorama da mídia vem mudando dramaticamente. Nos países em que as revoluções começaram, você não só vê a ascensão de um jornalismo revolucionário, ou ativista, como uma ascensão do jornalismo conservador – uma ascensão em lugares inesperados. Acho que quase todos os jornais importantes do Egito têm sua sede no Cairo. Grande parte do aumento em jornalismo-cidadão permite-nos conhecer melhor diferentes partes do país que de outra maneira não conheceríamos.
E você vê essa diversidade de vozes aumentando apesar do aumento da regulação?
J.Y. – Espero que sim, com certeza. É óbvio que há exceções. Acho que as coisas podem piorar no Irã e, definitivamente, na Síria. Mas, em grande parte, as pessoas encontram meios de burlar a censura. Mesmo com essas regulações aumentando, acho que ainda se verá uma agitação de jornalistas-cidadãos e, até certo ponto, dos jornalistas profissionais.
E como irão eles burlar a censura?
J.Y. – O que ocorre é que os governos ainda não encontraram uma maneira de acompanhar a criação de novos sites. Portanto, mesmo que seu site esteja bloqueado, você pode criar outro ao final do dia ou torná-lo acessível a partir de vários URLs diferentes. As pessoas sempre encontram e sempre encontraram meios de desafiar a censura dos governos. À medida que os governos se tornam mais sofisticados, há o receio de que persigam os jornalistas, um por um. O outro receio é o de que descubram mais rapidamente maneiras de bloquear os sites. Mas aí pensaremos em algo novo. A tecnologia quase sempre chega junto.