O que segue é a transcrição da reportagem-bomba da revista IstoÉ
 que chega às bancas neste sábado antecipando o conteúdo bomba da 
delação premiada do empreiteiro Léu Pinheiro, um dos empresários mais 
próximos a Lula e que está enterrado até a medula no esquema criminoso 
criado e mantido por Lula e seus sequazes do PT. E o que segue neste 
texto é apenas um aperitivo. Léu Pinheiro só se salva de terminar seus 
dias na cadeia caso conte toda a verdade às autoridades da Operação Lava
 Jato. E, segundo consta, Léo Pinheiro quer aliviar sua consciência 
além, é claro, de não gostar do inverno de Curitiba. Leiam:
A
 disposição do juiz Sérgio Moro desde a semana passada, o arsenal de 
provas preparado por agentes federais e investigadores contra o 
ex-presidente Lula será robustecido em breve pelo que os procuradores da
 Lava Jato classificam de a “bala de prata” capaz de aniquilar o 
petista. O tiro de misericórdia – a julgar pelo cardápio de revelações 
ofertado durante as tratativas para um acordo de delação premiada – será
 desferido pelo empresário Léo Pinheiro, um dos sócios do grupo OAS. 
Conforme apurou ISTOÉ junto a integrantes da força-tarefa da operação 
Lava Jato em Curitiba, ao se dispor a desfiar com profusão de detalhes a
 maneira como se desenvolveram as negociações para as obras e reformas 
no sítio em Atibaia e no tríplex do Guarujá, tocadas pela OAS, Pinheiro 
já forneceu antecipadamente algumas das peças restantes do 
quebra-cabeças montado desde o surgimento das primeiras digitais de Lula
 no esquema do Petrolão.
Diz
 respeito às contrapartidas aos favores prestados pela empreiteira ao 
ex-presidente. De acordo com o relato preliminar de Pinheiro, em troca 
das obras no sítio e no tríplex do Guarujá, o petista se ofereceu para 
praticar tráfico de influência em favor da OAS no exterior. A OAS 
acalentava o desejo de incrementar negócios com o Peru, Chile, Costa 
Rica, Bolívia, Uruguai e nações africanas. Desenvolto no trânsito com 
esses países, Lula se prontificou a ajudá-los. Negócio fechado, coube 
então ao petista escancarar-lhes as portas. Ou, para ser mais preciso, 
os canteiros de obras. Se até meados de 2008 a OAS engatinhava no 
mercado internacional, hoje a empresa possui 14 escritórios e toca 20 
obras fora do País – boa parte delas conquistada graças às articulações 
do ex-presidente petista.
UMA PENCA DE CRIMES
Tráfico
 de influência quando praticado por um agente público é crime. Torna-se 
ainda mais grave quando em troca do auxílio são ofertados favores 
privados provenientes de uma empresa implicada num dos maiores 
escândalos de corrupção da história recente do País, o Petrolão. As 
revelações de Pinheiro, segundo procuradores da Lava Jato, ferem Lula de
 morte. O empreiteiro planeja deixar claro ainda que Lula é o real 
proprietário tanto do sítio em Atibaia quanto do tríplex no Guarujá. 
Assim, o ex-presidente estará a um passo de ser formalmente acusado 
pelos crimes de ocultação de patrimônio, lavagem de dinheiro e tráfico 
de influência. Um futuro julgamento, provavelmente conduzido pelo juiz 
Sergio Moro, poderá resultar em condenação superior a dez anos de 
reclusão.
Ainda
 durante as negociações para o acordo de delação premiada, Pinheiro 
prometeu detalhar o mal contado episódio do aluguel patrocinado pela OAS
 de 10 contêineres destinados a armazenar o acervo museológico do 
ex-presidente da República. O que se sabia até agora era que a 
empreiteira havia gasto R$ 1,3 milhão para guardar os objetos retirados 
do Palácio do Planalto, do Palácio da Alvorada e da Granja do Torto 
durante a mudança do ex-presidente. Parte dos itens ficou acondicionada 
em ambiente climatizado, em um depósito da transportadora Granero em 
Barueri, na região metropolitana de São Paulo. O restante foi armazenado
 a seco, em outro balcão no Jaguaré, na capital paulista. De lá, os 
itens foram transportados para o sítio em Atibaia. Elaborado de forma 
dissimulada para escamotear o seu real beneficiário, o contrato 
celebrado pela OAS com a transportadora Granero ao custo R$ 21.536,84 
por mês por cinco anos tratava da “armazenagem de materiais de 
escritório e mobiliário corporativo de propriedade da Construtora OAS 
Ltda”. Segundo apurou ISTOÉ, além de, obviamente, confirmar mais um 
préstimo a Lula, Pinheiro já disse que as negociações ocorreram quando o
 petista ainda ocupava a Presidência da República, em dezembro de 2010.
A
 se consumar o que foi esquadrinhado no acordo para a delação de 
Pinheiro, pela primeira vez será possível estabelecer que Lula cultivou 
uma relação assentada na troca de favores financeiros com a OAS quando 
ainda era o mandatário do País. O depoimento desmontará o principal 
argumento utilizado por advogados ligados ao PT sempre quando 
confrontados com informações sobre a venda de influência política por 
Lula no exterior para empresas privadas nacionais: o de que não 
constitui ilícito o fato de um ex-servidor público viabilizar negócios 
de empresas privadas nacionais com governos estrangeiros. No “toma lá, 
dá cá” entre o petista e a OAS, o “dá cá” ocorreu quando Lula 
encontrava-se no exercício de suas funções como presidente da República.
LULA DETONADO
O
 que o ex-presidente da OAS já antecipou aos procuradores é apenas um 
aperitivo. O prato principal descerá ainda mais amargo para Lula e virá a
 partir dos depoimentos propriamente ditos. Obviamente, não basta apenas
 o delator falar. É necessário fornecer provas sobre os depoimentos, sem
 as quais o aspirante à delação premiada não se credencia para a 
diminuição da pena. Quanto a isso, tudo está tranqüilo e favorável para o
 empreiteiro. E desfavorável para Lula. Pinheiro está fornido de 
documentos, asseguram os investigadores. Promete entregar todos eles. 
Dessa forma, mais uma tese de defesa do petista será demolida. Ficará 
comprovado que tanto o sítio em Atibaia como o tríplex no Guarujá 
pertenceriam mesmo a Lula. No papel, o sítio é de propriedade dos 
empresários Jonas Suassuna e Fernando Bittar, irmão de Kalil Bittar, 
sócio de Lulinha. Na prática, era Lula e sua família quem usufruíam e 
ditavam as ordens no imóvel. O enredo envolvendo o apartamento no 
Guarujá é mais intrincado, mas não menos comprometedor para família Lula
 da Silva. Além de abundantes indicativos relacionando Lula ao tríplex, 
reunidos num processo pelo MP-SP, há uma imagem já tornada pública que 
registra um encontro do próprio Léo Pinheiro com Lula. A foto, tirada do
 hall de acesso aos apartamentos, registra uma vistoria padrão de 
entrega de chaves, segundo depoimento prestado por Wellington Carneiro 
da Silva, à época o assistente de engenharia da OAS, responsável por 
fiscalizar as obras do Edifício Solaris. No depoimento, ele disse que o 
imóvel estava em nome da OAS, mas sabia que a família a morar no 
apartamento seria a de Lula. Pinheiro confirmará à força-tarefa da Lava 
Jato que o imóvel foi um regalo ao petista e que a pedido do 
ex-presidente assumiu obras da Bancoop, pois a cooperativa estava 
prestes a dar calote nos compradores dos apartamentos.
Nos
 últimos dias, Lula voltou a entoar como ladainha em procissão a fábula 
da superioridade moral. Reiterou que “não há ninguém mais honesto” do 
que ele. Como se vê no desenrolar das negociações para a delação, 
Pinheiro, simpatizante do PT e com quem Lula viveu uma relação de 
amizade simbiótica desde os tempos do sindicalismo, o fará descer do 
pedestal ético erguido por ele próprio com a contribuição dos seus fiéis
 seguidores. O acordo ainda não está sacramentado, mas flui como mel. 
Para os investigadores não pairam dúvidas: Pinheiro provará que Lula se 
beneficiou pessoalmente dos esquemas que fraudaram a Petrobras. Os 
relatos e documentos apresentados pelo executivo, hoje um dos sócios da 
OAS, poderão reforçar uma das denúncias contra Lula que a Lava Jato 
pretende apresentar por crimes relacionados ao Petrolão. Seriam pelo 
menos três. Já haveria elementos comprobatórios, segundo investigadores,
 para implicar Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro por 
favores recebidos não só da OAS como da Odebrecht. Resta saber o momento
 em que as denúncias seriam apresentadas, uma vez que podem resultar 
numa condenação superior a dez anos de cadeia. Há uma vertente da Lava 
Jato que prefere aguardar o desfecho da tramitação do impeachment da 
presidente Dilma Rousseff no Senado. Seria uma maneira de evitar uma 
possível convulsão social no País, antes do desenlace do julgamento tido
 como crucial para os rumos políticos nacionais. Outro grupo, por ora 
majoritário, não admite que o critério político prevaleça sobre o 
técnico. Por isso, Lula anda insone, segundo interlocutores próximos.
O FIM DE UM EMBUSTEIRO
Mensagens
 apreendidas no celular de Léo Pinheiro já evidenciavam a influência de 
Lula em favor da OAS fora do País, conforme revelou o empreiteiro nas 
tratativas para a delação. Constam do relatório de cerca de 600 páginas 
encaminhados pela Polícia Federal à Procuradoria-Geral da República no 
início deste ano. Nas mensagens, Pinheiro conversava com seus 
funcionários para decidir viagens do ex-presidente ao exterior e já 
mencionava a contribuição dele em obras fora do Brasil. No capítulo 
“Brahma”, codinome cunhado pelo empresário para se referir a Lula, a PF 
listou pelo menos nove temas de interesse de Pinheiro que teriam sido 
abordados com o petista. Entre eles estão programas no Peru, na Bolívia,
 no Chile, no Uruguai e na Costa Rica. São citados numa mensagem 
encontrada pela PF o “Programa Peru x Apoio Empresarial Peruano e 
Empresas Brasileiras”, o “Apoio Mundo-África” e a “Proposta 
Mundo-Bolívia”. Num torpedo de Jorge Fortes, diretor da OAS, para Leo 
Pinheiro, dias depois de a presidente da Costa Rica, Laura Chinchilla, 
ter anunciado o cancelamento da concessão outorgada à empreiteira para a
 construção de uma estrada avaliada em US$ 523,7 milhões, ele diz o 
seguinte: “Presidente Lula está preocupado porque soube que o Ministério
 Público vai entrar com uma representação por causa da Costa Rica”. Num 
SMS para Pinheiro, em novembro de 2013, César Uzeda, executivo da OAS, 
diz que colocou um avião à disposição para Lula embarcar rumo ao Chile 
ao meio dia. “Seria bom você checar com Paulo Okamotto (presidente do 
Instituto Lula) se é conveniente irmos no mesmo avião”. No mesmo 
conjunto de mensagens, o ex-presidente da OAS diz para um funcionário da
 empreiteira: “Lula está procurando saber sobre obras da OAS no Chile”. 
Na delação, o empresário promete confirmar que as trocas de mensagens se
 referiam mesmo à atuação de Lula em favor da OAS no exterior.
LULA ERA O CHEFE
À
 Lava Jato interessa perscrutar os segredos mais recônditos de Lula. E 
Léo Pinheiro possuía intimidade suficiente para isso. O empreiteiro foi 
apresentado a Lula no início da década de 1980. Quando o petista 
ingressou na política, o empreiteiro logo marcou presença como um dos 
principais doadores de campanha. A ascensão de Lula ao Palácio do 
Planalto foi acompanhada da projeção da OAS no mercado interno. Dono de 
acesso irrestrito aos gabinetes do poder, Pinheiro se referia a Lula 
como “chefe”. A relação se deteriorou quando o empresário foi privado de
 sua liberdade. O sócio da OAS apostava no prestígio de Lula para 
livrá-lo do radar da Lava Jato. Ameaçado de morte num diálogo cifrado 
com um carcereiro no Complexo Médico-Penal de Curitiba, o empresário 
tomou a decisão de fazer do testemunho sua principal arma de defesa e 
trilha para salvação. Sobrará para Lula. Do site da revista IstoÉ
fonte: http://aluizioamorim.blogspot.com.br/2016/06/reportagem-bomba-exclusiva-de-istoe.html
 

 
 





