Por Lucian de Pauli Jaros, publicado pelo Instituto Liberal
Se um professor de geografia e/ou
história lhe pedisse para fazer um trabalho sobre o capitalismo,
provavelmente você iria pesquisar no site InfoEscola (penso que poucos
usam a Wikipédia, pois não parece confiável). Vamos ver o que
encontraríamos:
“Capitalismo é o sistema socioeconômico
em que os meios de produção (terras, fábricas, máquinas, edifícios) e o
capital (dinheiro) são propriedade privada, ou seja, tem um dono. […] Os
proprietários dos meios de produção (burgueses ou capitalistas) são a
minoria da população e os não-proprietários (proletários ou
trabalhadores – maioria) vivem dos salários pagos em troca de sua força
de trabalho. […]”[1]
Até aí tudo bem, pois – graças a Deus
(?) – não foi citado Marx. Porém, essa palavra – capitalismo – sofre um
enorme preconceito, principalmente entre os adolescentes, pois o nosso
pensamento costuma ser o seguinte: “quase 100% dos males do mundo é
culpa do capitalismo” e da “luta de classes”, teoria que precisava de um
bode expiatório e achou no capitalismo o seu nobre lar, algo muito
confortável, por sinal.
Na minha opinião, o fato de ser
atribuído ao capitalismo a responsabilidade sobre a divisão das classes é
algo que perturba a frágil mente de muitos jovens, principalmente os
mais pobres ou estudantes dependentes da escola pública (assim como eu).
O lucro se torna abominável e parece ser o sentimento dominante. Não
gostar de dinheiro é moda, cool, popular e…. mentiroso! Ora, quem não
gosta de ganhar dinheiro? No ponto de vista de Ayn Rand, a própria
expressão “ganhar dinheiro” pode estar equivocada. No livro “A Revolta
de Atlas” a novelista russo-americana através da fala de seu personagem,
faz um dos melhores discursos que já li de porque não é certo dizer
“ganhar dinheiro”:
“Se me perguntarem qual a maior distinção dos americanos, eu escolheria – porque ela contém todas as outras – o fato de que foram os americanos que criaram a expressão “fazer dinheiro”. Nenhuma outra língua, nenhum outro povo jamais usara estas palavras antes, e sim “ganhar dinheiro”; antes, os homens sempre encaravam a riqueza como uma quantidade estática, a ser tomada, pedida, herdada, repartida, saqueada ou obtida como favor. Os americanos foram os primeiros a compreender que a riqueza tem que ser criada. A expressão ‘fazer dinheiro’ resume a essência da moralidade humana. Porém foi justamente por causa desta expressão que os americanos eram criticados pelas culturas apodrecidas dos continentes de saqueadores.”[2]
O capitalismo resume-se, grosso modo, ao
acúmulo de capital, que não se resume apenas ao dinheiro, mas a todo o
fruto de nossa produção. O dinheiro é, basicamente, um instrumento de
troca, ou me atrevo a dizer, um instrumento honrado de troca. Mais uma
estupefata definição de Rand:
“O dinheiro baseia-se no axioma de que todo homem é proprietário de sua mente e de seu trabalho. O dinheiro não permite que nenhum poder prescreva o valor do seu trabalho, senão a escolha voluntária do homem que está disposto a trocar com você o trabalho dele. O dinheiro permite que você obtenha em troca dos seus produtos e do seu trabalho aquilo que esses produtos e esse trabalho valem para os homens que os adquirem, e nada mais que isso. O dinheiro só permite os negócios em que há benefício mútuo segundo o juízo das partes voluntárias.”[2]
Mas pra não perder o rumo da prosa,
continuarei a buscar explicações sobre as razões do ódio ao capitalismo
entre muitos jovens. Para tanto, listei abaixo alguns conceitos que
ajudam a entender os possíveis motivos dessa patologia.
PREGUIÇA
Essa é a mais comum. Coloquei em
primeiro, pois representa uma experiência que vivenciei. Ocorreu assim:
um jovem no ensino médio em suas aulas de sociologia e filosofia buscou
desenvolver o chamado “senso crítico”, e começou a perceber a magnitude
do conhecimento e da palavra “alienação. Esse aluno escreveu seu
primeiro texto e, adivinhem o tema? Rede Globo, ou melhor, “rede esgoto
de televisão”. Ao longo do artigo ele “desceu a lenha” no reality show
Big Brother. A boa aceitação desse pequeno texto, eloquentemente
elogiado pelos professores e colegas facebookianos, motivou esse aluno a
escrever mais “tratados” contra a “alienação”, no entanto sem nenhum
conhecimento aprofundado, apenas “achismos”. Eis que na mesma época
ocorreram eleições presidenciais. A chapa de Marina Silva, reconhecida
por promover o “diálogo” e apresentar um programa de governo com
promessas utópicas conquistou a simpatia desse autor que vos fala. Fiz
campanha para Marina Silva com grande entusiasmo e me achava politizado,
com aquela humildade com “H” maiúsculo e dourado. Soberba, soberba,
soberba…
Mas com a graça de Deus, houveram
pessoas que me alertaram: “Leia Mises, Ayn Rand!”. E, eis que um ano
depois ganhei aquela linda coletânea de três livros “A Revolta de Atlas”
da Ayn Rand. Ao mesmo tempo que lia, acontecia a famigerada greve de
professores estaduais orquestrada pela APP Sindicato (pelega do PT). A
velha alma socialista entra em ação e resolvi aderir. Você poderá se
perguntar: Um aluno aderir a uma greve? Gente, para esquerda TUDO pode!
Foi então que no dia 29 de abril de 2015 os professores tomaram uma
surra da polícia e, em seguida, decidi organizar uma passeata contra o
ato violento e chegou um pelego estendendo uma faixa e se aproveitando
do nosso protesto apartidário.
Esse breve relato serviu para alertar
sobre o problema da desinformação que assola a juventude e seu desejo de
mudar o mundo. Ninguém mais lê um milímetro além do óbvio. Nada que
choque ou contrarie todas as convicções. É tudo mastigadinho. O mais
difícil são aqueles que se intitulam revolucionários! Preguiça de
estudar e falta de conhecimento parece ser os principais requisitos para
ingressar nos atos da esquerda e na revolução anticapitalista.
É difícil ser liberal e capitalista, a
meu ver pois requer muito estudo e um exemplo disso é o nível de
conhecimento dos liberais que eu acompanho que é algo impressionante.
AMIZADES E POPULARIDADE
Nos encontramos na era de peixes de
águas rasas. Tudo é raso e superficial. Para alcançar a popularidade e
ter certas amizades é necessário uma vulgaridade burra, e isso, me
desculpem, acontece muito nos núcleos esquerdistas. São eles que
defendem o funk como cultura, o estupro da nação[4], aquela velha
máxima: “Se Deus tá morto, tudo é permitido” dita as regras do país. A
defesa de valores morais é taxada como reacionária ou coxinha. Para ter
uma prova basta verificar a forma de entretenimento esquerdista: festas
da UNE, da Juventude Anticapitalista. A adesão jovem é esperada, pois
qual o jovem que não quer se divertir?
No entanto, acredito que isso se resume a
uma parcela pequena dos estudantes. Nem todos conseguem ter acesso às
festas da UNE e muitos estudantes não se interessam muito por política.
BENEVOLÊNCIA
Georges Clemenceau caracteriza bem esse
sintoma: “Um homem que não seja um socialista aos 20 anos não tem
coração. Um homem que ainda seja um socialista aos 40 não tem cabeça.”
A esquerda detém o monopólio das
virtudes: defende os direitos sociais, a igualdade e a distribuição da
riqueza, desde que não seja a riqueza deles. Só não consegue defender a
realidade de que uma idéia não deve ser imposta. Um poder centralizado,
responsável pela gerência de todos os problemas do mundo, que afirma
possuir fórmulas mágicas só deixou rastros de sangue ao longo da
história. Tudo que se caracteriza como espoliação, mesmo que tenha
objetivos nobres, prejudicará alguém. Dar para um em detrimento de outro
é injusto e impede que a economia cresça de forma eficiente, vide a
crise do Brasil.
Como pode a esquerda representar a
benevolência se, justamente, em países que tentaram implantar o
comunismo/socialismo (pela força, by the way) houve índices
enormes de mortos e guerras sangrentas? Sem contar as mortes pela fome e
horrível qualidade de vida como temos visto na Venezuela. O Estado não
deve ser o “agente que trará a paz”. Não deve e não vai. Devemos ser
lúcidos nessa questão, pois, é inevitável que haja guerras e violência
em qualquer lugar no mundo, mas, a partir do momento em que homens, de
forma voluntária, fazem trocas de bens e serviços para sobreviver e sua
qualidade de vida aumenta, ele não vai querer guerra (mas tem o direito
de proteger sua integridade). E, nesse assunto, Thomas Friedman, na
carne, espeta:
“Nunca houve nem haverá guerra entre dois países que possuam lojas com os arcos dourados do “M” do McDonald’s. Se um país chega a um estágio de desenvolvimento econômico em que há uma classe média grande o suficiente para manter uma rede do McDonald’s, ele vira um país McDonald’s. E as pessoas de países McDonald’s não gostam de entrar em guerra: elas preferem esperar na fila por hambúrgueres.”
PÚBLICO, GRATUITO E DE QUALIDADE
Por si só já é um título contraditório:
nada que é público é gratuito e, sequer, de qualidade. Isso não é minha
opinião, é um fato observável. Se você tem acesso gratuito a certas
coisas (saúde, educação, transportem etc) é muito provável que alguém
está pagando e, inclusive, seus pais! (Olha só!!). Uma cidade arrecada
dinheiro através de impostos que são pagos pelos cidadãos, aí esse
dinheiro vai para as mãos dos nobres homens públicos que, com certeza,
sabem gastar melhor do que você. Percebem? Colocamos parte de nossa
produção na mão de burocratas para eles disponibilizarem serviços de
graça para nós mesmos (?). Mas… E se nós ficássemos com esse dinheiro
(cinco meses do nosso trabalho) e gastássemos por nossa própria conta e
risco? Ou somos crianças inconsequentes?
Crianças inconsequentes são os caras lá de Brasília. Indivíduos são mais eficientes do que burocratas!
Ora, pois! O burocrata tem um poder quase ilimitado, dinheiro quase
ilimitado, tudo isso disponível facilmente para ele “gerenciar”. Vocês
acreditam nas boas intenções desse cara?
“There is no free lunch!” Milton Friedman avisou! “Não existe almoço grátis”!
O Estado rouba. Te rouba. É aquela
história: “Ele corta suas pernas e te dá a muleta para você confiar
nele”. Então por que socialistas o adoram?
O autor Bruno Garschagen, escreveu o
imperdível “Pare de Acreditar no Governo”, e explica: “Ser socialista é
acima de tudo buscar ser privilegiado e preservado do ataque estatal ao
próprio bolso.”
MEIO AMBIENTE
Muitos jovens são ambientalistas em potencial. Eu mesmo disse que votei na Marina nas últimas eleições.
“O capitalismo gera poluição, veja só o
‘aquecimento global’! O mundo vai acabar se o homem continuar desse
jeito” e blá blá blá. Acredito que essas falácias não passam de
ativismo; ambientalistas são todos “melancias”: verde por fora, vermelho
por dentro.
O capitalismo Industrial foi o melhor que aconteceu para os pobres em toda a história do mundo [4]. Nós
não vamos acabar com todos os males do mundo impondo ideias “goela
abaixo”. Como diz Mises: “Ideias e somente ideias podem iluminar a
escuridão”. É pelo debate que vamos nos tornar indivíduos melhores, mas
para isso, é preciso liberdade. E, a grosso modo, é isso que os
capitalistas anseiam: a liberdade para fazer trocas voluntárias de bens e
serviços com qualquer um que tenha algo pelo qual valha a pena trocar. A
busca pelo lucro não é algo abominável visto que todos gostamos de
ganhar e guardar dinheiro, para depois investir em algo que nós
escolheremos.
Os políticos não sabem o que fazer. Não
tem nada que valha a pena trocar. O Estado é, concluindo, um mal
necessário. De resto, a propriedade privada dá jeito. Terá erros?
Obviamente. O paraíso não existe e uma sociedade perfeita é coisa para
esquerdistas. Capitalistas só querem ganhar seu dinheirinho e curtir o
que os frutos de seu trabalho podem lhe render.
E não esqueçam: esse mundo pode até ser desgraçado! Mas é o único lugar onde podemos escolher onde comer um bom bife![5]
REFERÊNCIAS
[1] Capitalismo. Disponível em http://www.infoescola.com/historia/capitalismo/
[2] RAND, Ayn, A origem do Dinheiro, A
Revolta de Atlas. Pra quem não tem acesso ao livro, disponível o texto
na íntegra em
http://www.akitaonrails.com/2011/02/03/off-topic-a-revolta-de-atlas-dinheiro-e-a-raiz-de-todo-o-mal
[3] LOBÃO, Marcha dos Infames, letra disponível em https://www.vagalume.com.br/lobao/a-marcha-dos-infames.html
[4] NARLOCH, Leandro, Guia Politicamente Incorreto da História do Mundo, página 92.
[5] ALLEN, Woody,. Frase original: A realidade é dura, mas ainda é o único lugar onde se pode comer um bom bife.
* Lucian de Pauli Jaros é estudante e blogueiro.
fonte: http://rodrigoconstantino.com/artigos/por-que-os-estudantes-odeiam-o-capitalismo/
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