"Tem muita coisa boa acontecendo
no Brasil por causa de muita coisa ruim que está acontecendo no Brasil".
A frase tautológica (afirmativa
contendo a negativa dela mesma) foi dita pelo bilionário (?) Eike Batista em
recente café da manhã com alunos da prestigiada Harvard Business School interessados
em ouvi-lo sobre sua ascensão e queda.
Uma figura como Eike deve saber
perfeitamente o que diz. Afinal, o filho ricaço do gênio Eliezer Batista tem
advogados que cobram peso em ouro para defendê-lo de mais variadas ações,
movidas por credores nervosos e investidores lesados, mas consegue se manter
ileso perante o judiciário,
Analisando o profundo pensamento
Eikeano, um bilionário que sonhou ser nosso Donald Trump de olho no Palácio do
Planalto em 2018, vale a pena tratar dos fenômenos causados pelas coisas boas e
ruins aqui em Bruzundanga. Os acontecimentos mais importantes são resultados
das pessoas (sábias ou ignorantes) interligadas em redes sociais.
O bando de andorinhas pode não fazer
verão, porém realiza um milagre comunicativo. Consegue se tomar conhecimento
das coisas em tempo real, viraliza o conteúdo instantaneamente e, de um jeito
ou de outro, viabiliza algum "debate" ou massa crítica sobre os mais
variados assuntos, desde piadas preconceituosas até assuntos relevantes, de
interesse individual e coletivo.
A massa brasileira em rede social se
indignou com a corrupção levantada pela Lava Jato - que já nasceu com uma
novidade: um site que torna públicas e transparentes informações judiciais
certamente condenadas ao habitual e perigoso "segredo judiciário". A
divulgação intensiva de tanta coisa ruim tem produzido coisas boas: protestos e
mobilizações exigindo mudanças - mesmo que ainda não se defina, claramente,
quais).
O fenômeno do combate à corrupção no
Brasil (coisa boa) tem despertado atenção de estudiosos transnacionais. Não foi
à toa que os membros da Força Tarefa da Lava Jato foram convidados a falar
sobre suas experiências e vivências no "Brazil Forum", que ocorreu
entre sexta-feira e sábado, na London School of Economics e na Universidade de
Oxford. A nata da globalização quer entender o que se passa no Brasil onde mi
ou bilionários transnacionais investem seu rico dinheirão.
Vale a pena também refletir sobre as
palavras do procurador federal Deltan Dallagnol - participante desse evento
internacional, e um dos "pensadores" práticos da Força Tarefa da tal
"República de Curitiba" (o termo é do companheiro $talinácio, que poderia
cobrar royalties por seu uso se não corresse risco de acabar como
réu-condenado). Em entrevista ao jornal O Globo, Dallagnol repetiu que a Lava
Jato ainda vai longe:
"A operação não tem um limite,
seja temporal ou de fatos, dizendo que a operação acabou. O que existe, e é
natural que exista, é que nós estamos há dois anos com a investigação e ela tem
um escopo que é tudo o que surgir e pode ter acontecido nesse esquema que possa
ser investigado. Depois de dois anos de investigação, nós já temos a
possibilidade de antever um cenário, de perceber o que foi esse esquema. A
gente está hoje em uma fase de expansão das investigações. Essa fase da
investigação é que, talvez, dentro de mais alguns meses, que pode ser no final
do ano ou no começo do ano que vem, pode ser que tenhamos expandido tanto que
desse esquema não consigamos mais expandir".
Deltan Dallagnol praticamente resumiu
o conceito que transmitiu aos estudiosos dos problemas brasileiros, sobretudo
os relacionados à corrupção - sistêmica, institucional e ainda muito bem
organizada, apesar do combate da Lava Jato. Dallagnol não quis discutir os
atuais problemas enfrentados pelo governo provisório de Michel Temer, com
ministros cotados para cair na teia da Força Tarefa, mas definiu muito bem o
que acontece agora: “Sem entrar no caso concreto, eu diria que a corrupção não
tem cor, não tem partido. Ela existe há séculos no Brasil. O nosso compromisso
é apurar corrupção envolva quem for de modo cego, apartidário, técnico e
imparcial. Esse é o compromisso que temos com a sociedade”.
Ainda falando de Lava Jato e do papel das redes sociais para apoiá-la e
turbiná-la, vale citar outro fato recente. Sexta e sábado, não por coincidência
em Curitiba, rolou o 1º Encontro Magistratura Free. O evento foi patrocinado
pelo próprio bolso dos 180 participantes. São magistrados, na ativa e
aposentados, que formaram um grupo fechado no Facebook: “Eu honro a minha toga
— Apoio incondicional ao trabalho do colega Sérgio Fernando Moro”. Criado em
março, o Magistratura Free já reúne 2631 membros - a maioria do judiciário.
O nome do grupo faz alusão ao termo
"free" - com liberdade de expressão conferida aos participantes. Um
dos criadores e administradores do "Magistratura Free", o juiz
Rogério de Vidal Cunha, de Foz do Iguaçu, destaca a importância da iniciativa: "Os
participantes do grupo podem expressar opiniões sem o risco de serem banidos ou
coibidos por moderadores da lista, que não interferem nas opiniões dos
magistrados participantes. Por isso mesmo o espaço ganha novos adeptos
diariamente”.
Partindo de uma ideia do juiz George
Hamilton Lins Barroso, do Amazonas, o grupo promoveu, na sexta e no sábado, uma
grande reunião de apoio ao juiz Sérgio Fernando Moro. Transformado em Herói
Nacional porque cumpre seu dever funcional de servidor público do judiciário, o
titular da 13a Vara Federal em Curitiba deu uma palestra fechada para juízes e
desembargadores no Tribunal do Juri da capital paranaense. Na sexta houve um
jantar e no sábado um almoço, exclusivo para o grupo, no no elegante
restaurante italiano Madalosso, em Santa Felicidade, tradicional bairro
gastronômico de Curitiba. Detalhe importante: Moro preferiu não falar com a
imprensa tradicional...
Apenas uma mensagem estratégica de
Sérgio Moro vazou das três ocasiões de encontro com seus colegas de toga: ele
não está sozinho na briga contra os corruptos. Moro teria dito que o apoio dos
colegas mostrava que entre erros e acertos, ele deveria estar acertando mais.
Além disso, aquela mobilização lhe dava mais confiança ainda para seguir em
frente. No jantar e no almoço, Moro circulou pelas mesas dos colegas, para
cumprimentos e fotografias. Ao contrário do que podem interpretar jornalistas
idiotas da petelândia, o gesto não foi mera "tietagem". Foi pura
demonstração de força e união de um significativo segmento de magistrados, fora
do âmbito de suas várias associações de classe.
Super Moro, definitivamente, não está
sozinho. Quem também precisa de ajuda, força e união é um outro herói do
judiciário brasileiro é o titular da 3a Vara Federal Criminal em Campo Grande,
no Mato Grosso do Sul. O juiz Odilon de Oliveira já confiscou mais de R$ 2
bilhões em bens e grana de 114 traficantes de drogas que já condenou até agora.
O trabalho dele inspirou o filme "Em nome da Lei", estrelado por
Mateus Solano e pela lindíssima Paola de Oliveira.
O problema é a dura vida real. O
magistrado, de 66 anos, faltando apenas quatro anos para se aposentar, vive
como um prisioneiro, sob escolta constante da Polícia Federal. Em 2020, Odilon
não terá mais direito à proteção policial quando deixar o serviço público. O
que será deste combatente do crime organizado?. Ficará a mercê da bandidagem
organizada? Ainda não se tem uma reposta para o juiz, que segue em sua rotina
de trabalho no tribunal, alternando com palestras em escolas públicas e
privadas contra o tráfico de drogas.
Apenas para encerrar essa longa
reflexão sobre a legítima mobilização de magistrados, um tema que ainda fica
preso na garganta dos que lutam, diariamente, pela defesa da liberdade de
expressão - ao menos garantida constitucionalmente no Brasil. A Associação
Nacional de Jornais (ANJ) e a Federação Nacional de Jornalistas (a FEJAJ 0
aparelhada pela petelândia) fazem protestos internacionais condenando as 45
ações judiciais promovidas por magistrados do Paraná contra repórteres do
jornal "Gazeta do Povo" que divulgaram o pagamento de supervantagens
salariais recebidas pelos togados paranaenses.
Há quem veja que os processos contra
jornalistas possam representar o fim de uma lua de mel entre a mídia
tradicional e a magistratura. O casamento durava mais de uma década, desde o
começo do julgamento da famosa Ação Penal 470 no Supremo Tribunal Federal. O
famoso Mensalão gerou a imagética criação do "Super Joaquim Barbosa".
Quem comprou a briga contra os juízes foi a Rede Globo, que tem como afiliada o
Grupo Paranaense de Comunicação (RPC). Até outro dia, Moro recebia tratamento
de herói nos noticiários. O enfoque pode mudar? Eis a questão... Mas nada custa
lembrar que o Tio Sam adora o "Super Moro"...
A guerra de todos contra todos,
chamada de "fim dos imundos", com os poderes Executivo, Legislativo,
Judiciário e Midiático brigando contra si, tendo o poder Militar como
expectador ilustre, é um fenômeno que retrata de forma justa e perfeita aquela
frase do Eike Batista: "Tem muita coisa boa acontecendo no Brasil por causa
de muita coisa ruim que está acontecendo no Brasil".
As mudanças são urgentes e
irreversíveis. Os conflitos vão se acirrar e radicalizar? Teremos ruptura
institucional? Corremos riscos de mergulhar em uma inédita guerra civil?
Podemos acabar em mais um período autoritário? Ou o velho "jeitinho brasileiro"
promoverá mais uma grande "conciliação" política entre os poderes, na
base dos conchavos?
As respostas são incertas. Certeza é
que o Brasil está mudando, pela via das coisas boas e/ou pelas ruins. A
Revolução Brasileira está em andamento. Quem não compreendê-la vai dançar o
último tango no inferno.
Perigos no Associativismo
Provocação do jovem empresário
Eduardo Machado, uma das boas cabeças pensantes na Associação Comercial do Rio
de Janeiro:
"Interessante: Essa semana me
perguntaram o que era mais perigoso em um ambiente associativo? Elenquei uma
série de perigos para o interlocutor, mas hoje voltei a pensar no assunto
e afirmaria: A PERPETUAÇÃO NO PODER. Em minha opinião um presidente de uma associação
deve ter como uma das suas principais missões construir seu sucessor com
responsabilidade, dentro das práticas vigentes e esperadas não somente em seu
estatuto, mas também tendo como orientação as melhores práticas de
sustentabilidade vigentes. Fico feliz de ver que tanto da CONAJE (onde o
presidente fica no máximo 2 anos) e na ACRIO (onde o presidente fica no máximo
4 anos) isso é feito cada vez com mais responsabilidade, ainda que em tempos
desafiadores!!!! Há exceções? Claro que sim, mas só deveriam ser aplicadas em
casos extremos em minha opinião!!!! E casos extremos que não sejam consequência
de omissão ou incompetência!!!!"
Teste proposto pelo Olavão
Do sempre provocador Olavo de
Carvalho, no Facebook:
Faça este teste - Pegue um universitário
brasileiro e pergunte:
-- Você segue alguém ou pensa com a
própria cabeça?
Em cem por cento dos casos, a
resposta será:
-- Com a minha própria cabeça. Tenho
pensamento crítico.
Em
seguida mostre a ele dois documentos -- o alistamento militar do Obama com a
data visivelmente falsificada e um artigo de jornal jurando que os documentos
do Obama são autênticos -- e descobrirá que em 99,9999999 por cento dos casos o
pensador crítico acredita antes na opinião do jornal do que nos seus próprios
olhos.
Viajandão
Os de sempre
Delatado
Valores da quadrilha
Proposta cunhada