quarta-feira, 11 de março de 2015

Quadrilheiros na República cleptocrata


De seis partidos (por ora: PP, PMDB, PT, PTB, PSDB e Solidariedade) saíram os primeiros 48 políticos (ativos) que serão investigados na Operação Lava Jato. Outros políticos aparecerão, com certeza, nas novas delações premiadas em curso. A roubalheira cleptocrata tem capilaridade. Os que comprovadamente receberam propinas do esquema da Petrobras serão declarados judicialmente “quadrilheiros da República” (expressão do ministro Celso de Mello usada no julgamento do mensalão). Os partidos políticos mergulhados na corrupção e geradores de quadrilheiros estão podres. Moralmente, estão em fase bastante avançada de putrefação. Tornaram-se arcaicos e decrépitos. A rigor, nem mais partidos são, pois já se transformaram em facções criminosas. Estão completamente corrompidos (sobretudo pelo poder econômico e financeiro). Não vale mais a pena lutar por eles. No dia 15/3 vou às ruas para praguejar contra os políticos profissionais assim como contra os partidos corruptos. Vamos gastar nossa energia com algo diferente. Não podemos desistir do Brasil, mas dos partidos e políticos corruptos sim: adeus!
A Espanha está indo para esse novo caminho, com dois partidos distintos: PodemosCidadãos. Os velhos partidos corruptos estão sendo abandonados. Necessitamos de lideranças políticas novas, sem os vícios da ladroagem e do parasitismo que caracteriza a cleptocracia. Quando um ciclo político se encerra, outro tem que nascer. Assim é a democracia (ainda que seja meramente eleitoral). As pessoas estão enraivecidas e fartas. Os protestos pipocam por todas as partes. Necessitamos de novos horizontes. Algo em que possamos acreditar. Colocando fim na mediocridade e na cleptocracia. As visões ultrapassadas se exauriram. Chega de privilégios e de roubalheiras. O ciclo da República nova (30 anos depois da redemocratização de 1985) se acabou. Morreu porque levou às últimas consequências a patologia da ladroeira, da roubalheira, do patrimonialismo, do clientelismo, do financiamento empresarial “criminoso” das campanhas eleitorais (só tem legalidade na aparência). A eliminação do jogo eleitoral deve ser o destino de todos os políticos e partidos cleptocratas; para a sepultura devemos mandar o estilo mafializado de governança implantado no Brasil por aventureiros inescrupulosos formado pelo quarteto maligno do funcionalismo de alto escalão (núcleo administrativo) + políticos (núcleo político) + economia de mercado (núcleo econômico-empresarial) + o mundo das finanças (núcleo financeiro).
Com um pouco mais de consciência cidadã e o auxílio das redes sociais podemos varrer do País esse velho e falido modelo de fazer política, que não está ouvindo o clamor da população desesperada, diariamente humilhada pelo deboche do “bolsa-esposa”, do novo prédio parlamentar de um R$ 1 bilhão que se quer construir, do juiz dirigindo um Porsche apreendido, da apologia da violência feita por Lula etc. É chegada a hora de a população abrir os olhos definitivamente e abandonar os sectarismos e bipartidarismos. Nenhum desses partidos celeiros de quadrilheiros da República cleptocrata vale o nosso voto ou nosso respeito. O futuro do Brasil tem que ser radicalmente diferente do que os barões ladrões da cleptocracia apregoam. Não existe economia próspera sem conhecimento e tecnologia. Os poderosos ladrões cleptocratas (das três esferas: federal, estadual e municipal) jogam tudo no atraso e no analfabetismo (porque eles mesmos são muito ignorantes). O ignorantismo faz parte da estratégia de conquista ou manutenção do poder, sobretudo por meio do clientelismo.
A primeira infraestrutura do Brasil tem que ser a ciência, o domínio da tecnologia e a educação de qualidade para todos, em período integral (veja Cristovam Buarque, O Globo). Não tem futuro o país que se mantém isolado e sem competitividade. É preciso romper com os tradicionais vícios das lideranças cleptocratas (que somente veem seus interesses). Precisamos esquecê-las e abandoná-las nas mãos da Justiça criminal, que deve se encarregar delas (punindo todos, consoante o Estado de Direito, com o máximo de ressarcimento possível do dinheiro roubado do patrimônio público). Por força da governança acentuadamente cleptocrata, a pobreza (18% da população) e a miséria persistem (5,9% dos pobres) assim como o analfabetismo absoluto (13 milhões de pessoas), milhões de crianças sem futuro (a não ser o “bico” do crime organizado), jovens sem emprego, natureza destruída, falta de água e de energia, corrupção endêmica, violência epidêmica, desigualdade sistêmica, insegurança jurídica, inexistência de uma verdadeira economia de mercado com concorrência em pé de igualdade etc.
É típico das governanças cleptocratas a venda de ilusões (com o dinheiro dado pelos financiadores e usufruários da cleptocracia). Temos que lutar por mudanças radicais, pela via democrática e sem violência. Novas experiências para elevar nosso padrão moral devem ser testadas. Por frustrantes que sejam, provavelmente serão muito melhores que a esclerosada e majestática cleptocracia instalada no poder.
Saiba mais
A riqueza sem meios de produção (Leo Rosa de Andrade)
É inquestionável a presença difusa de formas corruptas na essência da articulação da sociedade brasileira [cleptocrata]. Trata-se de uma concorrida e muito bem administrada fonte de poder e modo de geração de fortunas ilícitas, seja para os que não detêm os meios de produção [no caso da Petrobras, por exemplo, altos funcionários desta empresa, partidos, políticos e intermediários financistas], seja em favor de grupos econômicos e financeiros [que fazem da corrupção uma plusvalia, uma fonte extra de riqueza]. É forma tão ampliada que se pode dizer que tem, no país, uma dimensão que concorre com a maneira clássica de enriquecimento dentro do sistema de livre mercado, o que se constitui em uma das gritantes manifestações de suas muitas contradições.
O enriquecimento, é sabido, é o objeto da ação capitalista, sistema econômico que permite acumular riquezas com fundamento na propriedade privada dos meios de produção. Em outras palavras, a forma clássica de acumulação de capital sustenta-se na propriedade dos meios de produção (máquinas, equipamentos, construções etc.), domínio este que garante ao proprietário a apropriação de parte do resultado do trabalho operário, possibilitando o seu enriquecimento. No Brasil, contudo, pretensamente fundado no investimento do capital privado, tal lógica não é exclusiva. Há, também, em funcionamento paralelo, outro modo de procedimento estabelecido, que dispensa deter meios de produção [ou que busca plusvalias com os meios de produção existentes para acumular riqueza ilícita]. Nele, fundamental é garantir a transferência indevida de recursos arrecadados pelo Estado para mãos privadas [o para estruturas de poder, para assegurar a sua continuidade], o que é obtido com a colocação de prepostos nos canais por onde correm as verbas [ou por meio daconstituição de uma organização criminosa plurilateral, composta de vários núcleos: administrativo, político, econômico e financeiro].
Esses “sujeitos de confiança” [altos funcionários estatais, políticos], nos últimos tempos, operam articulados com “empresas” especializadas em tráfico de influência [intermediários financistas], com estabelecimento de compromissos fiduciários que garantam o repasse dos “recursos” a quem os contratou e, a todos os envolvidos no “serviço”, os percentuais que valham, o que é avaliado com a unidade de alguma moeda, estrangeira de preferência, levado em consideração o sucesso com o qual a operação foi ultimada, o que se expressa no montante efetivamente transferido.
“O pagamento pela intermediação, geralmente estabelecido em forma de comissão sobre o valor repassado, só é feito, neste caso, se houver sucesso na liberação da verba. Trata-se de um ‘contrato de resultados’.”³ “As comissões são distribuídas pelas diferentes pessoas que participam da intermediação do acordo, especialmente, com as funções desempenhadas por cada uma delas no processo de intermediação”4. Essas “relações negociais” têm preços, parâmetros, procedimentos e “ética” próprios [tornaram-se famosas as tabelas no escândalo da Petrobras, seja as relacionadas com a “cartelização” das empresas, seja a dos pagamentos de propina].
“O valor da comissão é geralmente definido no momento do acerto de intermediação e parece estar de acordo com um valor estipulado pelo ‘mercado da intermediação’. (…) Conhecer o momento adequado para solicitar e pagar a comissão faz parte do domínio dos princípios práticos que organizam a intermediação. Não é somente pelo risco de perda de dinheiro que o negocio da intermediação é inviabilizado quando o intermediário exige uma parcela da comissão – em forma de adiantamento – para que ela tenha inicio. Esta exigência é uma espécie de demonstração de que se desconhece como proceder ao participar de um ‘esquema de intermediação’. Tais exigências podem também ser interpretadas ou introduzirem um grau de desconfiança num negócio que se funda especialmente na confiança.”5
Esta “iniciativa privada alternativa” que se lança sobre o dinheiro público e dele se apropria, manobrando uma muito expandida e bem engrenada “máquina” de corrupção, movida a propina e alicerçada em comprometimentos pessoais com quem tem “ligações”, podendo ser “influente” e obter “facilidades”, sempre foi operada por verdadeiras “quadrilhas” [cleptocratas] que têm habitado as cercanias do poder e se foi capilarizando até vir a constituir-se em um mecanismo avassalador, com jeitos cada vez mais indiscretos e documentados, deixando vestígio de suas operações [como têm revelado as delações premiadas].
Por meio dos passos da história brasileira, muitos têm sido seus cúmplices, da mesma forma tantos têm sido suas vitimas. De algum modo são cúmplices os que alimentam estes procedimentos, mesmo que se achem “presas da realidade”, que façam isto apenas para “conseguir coisas”. São vítimas reais os que negam a ceder e sofrem as consequências. São vítimas os cidadãos não conformados a só “ajeitar-se” em um país construído sem historia de cidadania, cientes de que transformá-lo pressupõe uma decisão política que gera obrigação de resistência.
P. S. Participe do nosso movimento fim da reeleição (veja fimdopoliticoprofissional. Com. Br). Baixe o formulário e colete assinaturas. Avante!

Luiz Flávio Gomes
Professor
Jurista e professor. Fundador da Rede de Ensino LFG. Diretor-presidente do Instituto Avante Brasil. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983), Juiz de Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001). [ assessoria de comunicação e imprensa +55 11 991697674 [agenda de palestras e entrevistas] ]

FONTE: http://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/172170093/quadrilheiros-na-republica-cleptocrata?utm_campaign=newsletter-daily_20150309_840&utm_medium=email&utm_source=newsletter

Crime de feminicídio? Não existe crime de feminicídio!

Sancionada a lei que alterou o código penal com escopo de criar uma nova qualificadora ao crime de homicídio: o feminicídio.
A alteração foi realizada no § 2º do Código Penal, in verbis:
§ 2º: Se o homicídio é cometido:
VI – contra a mulher por razões de gênero:

Razões de gênero

A própria lei também define objetivamente o que seja “razões de gênero”:
§ 2º-A. Considera-se que a há razões de gênero quando o crime envolve:
I – violência doméstica e familiar;
II – menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

A majorante feminicista

Foi também criada uma nova majorante ao homicídio:
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:
I – durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;
II – contra pessoa menor de 14 (quatorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência;
III – na presença de descendente ou de ascendente da vítima.”

Hediondez da qualificadora feminicista

Determinou-se também alteração na Lei nº 8.072, que passou a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 1º... I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º. I, II, III, IV, V e VI)”;

Validade

A alteração estrará em vigor na data de sua publicação.

O crime de feminicídio

Tecnicamente é um erro grosseiro repetir a linguagem da imprensa afirmando “que foi criado um crime de feminicídio”, em realidade, o crime continua sendo de homicídio, o feminicídio é uma qualificadora do crime de homicídio.

Violação ao princípio da igualdade

O tema tratamento penal e processual penal desigual entre homens e mulheres foi debatido na ação declaratória de constitucionalidade (ADC 19) e na ação de inconstitucionalidade (Adin 4424), nas duas ações, o STF considerou constitucionais todos os dispositivos da lei 11.340/2006 que estabelecem o tratamento jurídico diferenciado.
Nos votos, houve destaque para posição da Ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha:
“O princípio jurídico da igualdade refaz-se na sociedade e rebaliza conceitos, reelabora-se ativamente, para igualar iguais desigualados por ato ou com a permissão da lei. O que se pretende, então, é que a 'igualdade perante a lei' signifique 'igualdade por meio da lei', vale dizer, que seja a lei o instrumento criador das igualdades possíveis e necessárias ao florescimento das relações justas e equilibradas entre as pessoas. (…) O que se pretende, pois, é que a lei desiguale iguais, assim tidos sob um enfoque que, todavia, traz consequências desigualadoras mais fundas e perversas. Enquanto antes buscava-se que a lei não criasse ou permitisse desigualdades, agora pretende-se que a lei cumpra a função de promover igualações onde seja possível e com os instrumentos de que ela disponha, inclusive desigualando em alguns aspectos para que o resultado seja o equilíbrio justo e a igualdade material e não meramente formal. (…)”.
“Ao comportamento negativo do Estado, passa-se, então, a reivindicar um comportamento positivo. O Estado não pode criar legalidades discriminatórias e desigualadoras, nem pode deixar de criar situações de igualação para depurar as desigualdades que se estabeleceram na realidade social em detrimento das condições iguais de dignidade humana que impeçam o exercício livre e igual das oportunidades, as quais, se não existirem legalmente, deverão ser criadas pelo Direito. Somente então se terá a efetividade do princípio jurídico da igualdade materialmente assegurado.” [1]

Estatística alarmante

No Brasil, entre 2001 a 2011, estima-se que ocorreram mais de 50 mil assassinatos de mulheres: ou seja, em média, 5.664 mortes de mulheres por causas violentas a cada ano, 472 a cada mês, 15,52 a cada dia, ou uma morte a cada 1h30. Os dados foram divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em uma pesquisa inédita, que reforçou as recomendações realizadas em julho pela CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que avaliou a situação da violência contra mulheres no Brasil.

[1] (ROCHA, Cármen Lúcia Antunes. O Princípio Constitucional da Igualdade. Belo Horizonte: Editora Lê, 1990, p. 39 e 41 )
Francisco Dirceu Barros
Promotor e autor de diversos livros
Promotor de Justiça Criminal, Promotor de Justiça Eleitoral, Mestre em Direito , Especialista em Direito Penal, Processo Penal e Direito Eleitoral, ex-professor universitário, Professor da EJE (Escola Judiciária Eleitoral) no curso de pós-graduação em Direito Eleitoral, Professor de dois cursos de p...

fonte: http://franciscodirceubarros.jusbrasil.com.br/artigos/172397642/crime-de-feminicidio-nao-existe-crime-de-feminicidio?utm_campaign=newsletter-daily_20150310_847&utm_medium=email&utm_source=newsletter

Feminicídio: o que não tem nome não existe

O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou, em 03.03.2015, o Projeto de Lei 8305/14, do Senado, que inclui o feminicídio como homicídio qualificado, classificando-o ainda como hediondo.
O feminicídio constitui a manifestação mais extremada da violência machista fruto das relações desiguais de poder entre os gêneros. Ao longo da História, nos mais distintos contextos socioculturais, mulheres e meninas são assassinadas pelo tão-só fato de serem mulheres. O fenômeno forma parte de um contínuo de violência de gênero expressada em estupros, torturas, mutilações genitais, infanticídios, violência sexual nos conflitos armados, exploração e escravidão sexual, incesto e abuso sexual dentro e fora da família.
Vários países, principalmente na América Latina, criminalizaram o feminicídio, trazendo, em sua descrição típica, requisitos específicos e que se diferenciam de um local para outro. Têm-se aqui medidas penais gênero-específicas.
Essa tendência para a criminalização também chegou ao Brasil. O projeto de lei que criminaliza o feminicídio considera que há razões de gênero quando o crime envolve: a) violência doméstica e familiar; b) menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
A criminalização do feminicídio tem provocado um intenso debate entre os estudiosos das questões de gênero (sociólogos, psicólogos, juristas etc.), alguns justificando a necessidade de criminalização da conduta e outros entendendo que ela já se encontra contemplada nos tipos penais existentes na legislação brasileira (homicídio qualificado, sequestro, vilipêndio de cadáver etc.).
Independentemente da posição por se criminalizar especificamente ou não o feminicídio, há consenso em relação à gravidade do problema e à necessidade de explicitá-lo, de torná-lo visível, para que seja conhecido e compreendido e, a partir daí, seja intensificada a sua prevenção. Isso, contudo, pede sensibilidade e mobilização social. A tarefa é por demais complexa para o Judiciário, que terá uma margem muito limitada de ação, já que a sua atuação é condicionada à existência do fato, ou seja, do crime. Não se pode esquecer que quando o Judiciário é chamado a atuar o bem jurídico já foi lesado. Às medidas preventivas, portanto, é que devemos dedicar a maior parte de nossa atenção.
Por longo tempo, as mulheres foram (e hoje ainda muitas o são) educadas a partir de valores de submissão e invisibilidade: no espaço privado, somente lhes era dado desenvolver os papeis de criadoras e cuidadoras; no espaço público, sobre elas se lançavam olhos, vozes e gestos de reprimenda, se fugissem do seu “atributo da natureza”. Aliás, mesmo um dos principais problemas de que eram vítimas, a violência, somente passou a ser estudado com mais afinco partir da década de 90 do século passado, quando então é visto como assunto de diretos humanos e de saúde pública.
No contexto da violência contra a mulher é que se insere a análise acerca da conveniência da criminalização do feminicídio. Tal discussão é fundamental no campo político, social e jurídico. Ainda que não haja acordo sobre a criminalização do feminicídio, existe um consenso mínimo acerca de algumas das suas características: a morte das mulheres pelo fato de ser mulher é produto das relações de desigualdade, de exclusão, de poder e de submissão que se manifestam generalizadamente em contextos de violência sexista contra as mulheres. Trata-se de um fenômeno que abarca todas as esferas da vida de mulheres, com o fim de preservar o domínio masculino nas sociedades patriarcais.
Não obstante o reconhecimento do problema, bem como da necessidade de se criarem instrumentos para seu controle, estudiosos divergem acerca da criminalização específica, sendo que um dos principais argumentos daqueles que se posicionam de forma contrária é exatamente a proteção já realizada por meio de tipos penais neutros, citando o homicídio qualificado, o sequestro, as lesões, o estupro, a vilipendiação de cadáver etc.
Os simpatizantes da criminalização gênero-específica, por sua vez, alegam que não são suficientes os tipos penais neutros, pois o fenômeno da violência contra a mulher permanece oculto onde subsistem pautas culturais patriarcais, machistas ou religiosas muito enraizadas e que favorecem a impunidade, deixando as vitimas em situação de desproteção. Ou seja, corre-se o risco de sentença ser alcançada por tais concepções de mundo, o que reforçaria a invisibilidade do fenômeno e impediria que se fizesse justiça ao caso concreto, já que a maior carga de desvalor do fato (feminicídio) não estaria sendo levada em consideração. E não se propõe punir mais, mas em fazê-lo de acordo com a gravidade do fato.
Além da discussão acima, outros argumentos são trazidos pelos que defendem a criminalização do feminicídio. Vejamos:
(a) Instrumento de denúncia e visualização dos assassinatos de mulheres por razão de gênero;
(b) Utilidade criminológica: dados e números concretos, fazendo aflorar a realidade e permitindo uma melhor prevenção;
(c) Poder simbólico do direito penal para conscientizar a sociedade sobre a gravidade singular desses crimes;
(d) Novas figuras penais podem contribuir a que o Estado responda mais adequadamente ante esses crimes;
(e) Compromete as autoridades públicas na prevenção e sanção dos homicídios de mulheres;
(f) Não se trata de dar um tratamento vantajoso para as mulheres à custa dos homens, senão de se conceder uma tutela reforçada a um grupo da população cuja vida, integridade física e moral, dignidade, bens e liberdade encontram-se expostas a uma ameaça específica e especialmente intensa.
(g) Princípio da proibição da proteção deficiente;
(h) O Comitê CEDAW vem apoiando as leis de tipificação do feminicídio desde 2006 (Comitê CEDAW, 2006, 2012);
(i) Existe extremo interesse constitucional e do legislador em erradicar as práticas de violência contra a mulher
(j) Em razão do princípio da igualdade e da obrigação do Estado de garantir os direitos humanos, é necessário tratar juridicamente de maneira distinta situações que afetam de maneira diferente a cidadania.
(k) O legislativo deve determinar a pertinência, oportunidade e conveniência, em termos de política criminal, da tipificação das condutas, sendo que existem, tanto no Direito Internacional dos Direitos Humanos, como no Direito Constitucional de diversos países, elementos suficientes para justificar a adoção de normas penais gênero-específicas em matéria de violência contra as mulheres.
Os argumentos contrários, por outro lado, são eloquentes, mas, em nossa opinião, insuficientes para afastar a necessária, adequada e urgente criminalização do feminicídio. Apesar disso, não se os deve perdê-los de vista, já que servem de alerta para que a preocupação que carregam não venha a se concretizar. Vejam-se os principais argumentos:
(a) Discriminação em prejuízo dos homens, dando maior valor a vida das mulheres;
(b) Violação do principio básico de direito penal liberal, caracterizado pela igualdade;
(c) Ambivalência de um conceito cuja força reivindicativa parece diluir-se convertendo-se de um processo de transformação de categoria teórico-política em figura de direito positivo;
(d) O poder político se vale dessa categoria, incluindo-a em sua legislação e, com isso, isenta-se de investir recursos humanos e econômicos suficientes para efetivamente conter a violência.
(e) Em muitos países, a tipificação tem sido tão confusa que dificilmente se a pode aplicar
(f) Reforça a imagem estereotipada das mulheres como vítimas e, em consequência, reduz ainda mais no imaginário social o empoderamento das mulheres;
(g) A ênfase deve ser nas políticas preventivas e não nas penais;
(h) O recurso ao direito penal transformou-se em um instrumento ao alcance de qualquer grupo político e possui baixo custo, comparado com a implementação de políticas públicas, e alta popularidade, especialmente em situações de alta violência e criminalidade;
(i) O direito penal não é uma via adequada para fazer frente a esse fenômeno, sendo que a tipificação do feminicídio tem um impacto mais midiático que real, posto que a proteção das mulheres não se incrementa por esta via, criticando-se a ênfase unicamente penal da normativa e a falta de medidas que fortaleçam a prevenção, tratamento e proteção das mulheres.
De todos os rechaços feitos à criminalização do feminicídio, é importante detalhar o último (utilização da função simbólica do direito penal), já que, de fato, é bastante comum que o legislador lance mão do recurso ao direito penal, quando, sabe-se, seu potencial preventivo (caráter dissuasório) é muito acanhado (em existindo).
É aqui que entra em cena a discussão acerca da função do direito penal. Apesar das divergências, grande parte da doutrina penal é acorde em estabelecer, dentre outras, a função de proteção de bens jurídicos. Nessa perspectiva, ainda que a resposta penal seja insuficiente como resposta do Estado frente à violência contra as mulheres, é uma resposta imperativa, dada a gravidade do atentado a um bem jurídico fundamental.
Referências bibliográficas
BIANCHINI, Alice. Lei Maria da Penha: lei 11.340/2006: aspectos assistenciais, protetivos e criminais da violência de gênero.
BODELÓN, Encarna. Violencia de género y as respuestas de los sistemas penales. Buenos Aires: Didot, 2013.
MARIÑO, Fernando M. (Org). Feminicidio: el fin de la impunidad. Valencia: Tirant lo Blanch, 2013.
TOLEDO VÁSQUEZ, Patsili. Buenos Aires: Didot, 2014.
Alice Bianchini - Comissão da Mulher Advogada do Conselho Federal da OAB, Portal Atualidades do Direito.
Fernanda Marinela - Presidente da Comissão da Mulher Advogada do Conselho Federal da OAB.
Pedro Paulo de Medeiros - Presidente da Comissão de Direito Penal do Conselho Federal da OAB.
Alice Bianchini
Doutora em Direito penal pela PUC/SP. Mestre em Direito pela UFSC. Coeditora do portal www.atualidadesdodireito.com.br. Membra da Comissão Especial da Mulher Advogada da OAB/Federal.

REPUBLICANDO: CNBB defende Decreto presidencial que levará o Brasil rumo ao modelo venezuelano


A OCC Alerta  Brasil republica matéria do IPCO para que todos tenham conhecimento do delicado momento que a Democracia no Brasil está passando.


O Instituto Plinio Corrêa de Oliveira alertou a opinião pública sobre os perigos do Decreto presidencial 8.243, em comunicado intitulado “Importante passo rumo ao modelo venezuelano”. Destacava o texto que a efetivação do Decreto poderia ser qualificada como uma tentativa de golpe de Estado incruento; e acrescentava: “Fica assim instituído um sistema paralelo de poder, que consagra na prática uma ditadura do Executivo, na pessoa do Secretário-Geral da Presidência da República, o ex-seminarista Gilberto Carvalho, quem habitualmente faz a ponte entre o governo e a CNBB”.
É, pois, muito preocupante constatar – especialmente para os católicos – que a CNBB, no seu documento de nº 91, defende a existência de tais “conselhos populares” e a “radicalização da democracia”, um eufemismo para a chamada “democracia popular”, aos moldes da aplicada pelos “soviets” na Rússia e em outros países, e que deu origem a regimes políticos materialistas, ditatoriais e sanguinários.
Em artigo publicado recentemente, o Prof. Hermes Rodrigues Nery, coordenador da Comissão Diocesana em Defesa da Vida e do Movimento Legislação e Vida, da Diocese de Taubaté, mostra como o sistema de “conselhos” já é uma realidade na organização eclesial instituída pelas correntes progressistas dentro da Igreja.
Mostra ainda o artigo como continua a ser a “esquerda católica”, com base numa interpretação distorcida da doutrina católica, a impulsionar uma ação revolucionária e libertadora, cuja ação específica é a derrocada do statu quo atual; a CNBB, intervindo uma vez mais em assuntos da competência especificamente temporal, silencia sua missão espiritual, quando tantas investidas são feitas contra a família cristã e o sagrado direito de propriedade.
Este site convida seus leitores a conhecer a descrição, feita pelo Prof. Hermes Rodrigues Nery, dos métodos utilizados pelas correntes progressistas para silenciar aqueles que querem impedir os graves atentados da legislação estatal contra os mandamentos da Lei de Deus.
Dom Guilherme Werlang, bispo de Ipameri (GO) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da CNBB.
Dom Guilherme Werlang, bispo de Ipameri (GO) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da CNBB.

Hermes Rodrigues Nery: Ouviremos os conselhos!

Documento nº 91 da CNBB defende “conselhos” e “radicalização da democracia”.

Os progressistas assumiram postos de comando, tornaram-se ordenadores de despesa, formaram seus “conselhos” e os doutrinaram na ideologia marxista, para justificar e legitimar os encaminhamentos da “democracia radical” dentro da Igreja, relegando os padres conservadores aos papéis secundários de vigários, sem poder algum de decisão.
Em 2010, por ocasião da 48ª Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, realizada em Brasília (para comemorar o jubileu de ouro da fundação da capital federal, em pleno planalto central do País, o então secretário-geral da CNBB, Dom Dimas Lara Barbosa apresentou o documento nº 91: “Por uma Reforma do Estado com Participação Democrática”, assinado em 11 de março daquele ano, meses antes do pleito que elegeria Dilma Rousseff como presidente. Naqueles dias da 48ª Assembléia, estive em Brasília, e procurei vários bispos, inclusive o próprio Dom Dimas, chamando a atenção do Plano Nacional de Direitos Humanos 3, que o então presidente Lula havia apresentado nas vésperas do Natal do ano anterior, e que causou grande apreensão em vários setores da sociedade brasileira. Solicitamos que a CNBB tivesse um posicionamento firme sobre o aspecto anticristão do PNDH3. Mas não foi possível tal posição. Os temas da Assembléia vinham das bases, e um deles era o documento nº 91. “Um tema para entrar aqui em discussão vem das bases, dos conselhos!”, ressaltou um dos prelados. Em relação ao PNDH3, a apreensão inicial foi apenas passageira. Logo as vozes se calaram, e vieram as acomodações conhecidas.  A execução do PNDH3 continuou como prioridade do governo do PT, legitimado pelo silêncio e conivência de muitos. Depois que passou a chiadeira inicial, o PT se sentiu respaldado a agir com mais celeridade aos propósitos contidos no PNDH3.
Muitos bispos fizeram descaso dos apelos feitos, e quando a voz solitária e heróica de Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, o Leão de Guarulhos, clamou em defesa dos nascituros, denunciando a agenda abortista do PT em plena campanha eleitoral, muitos outros religiosos e leigos católicos da esquerda se juntaram para assinarem uma carta de apoio a Dilma Rousseff, incensada por Leonardo Boff, em evento no Rio de Janeiro. No ano seguinte, estando com Dom Bergonzini em Londrina (PR), conversamos sobre a situação nacional, e ele afirmou que continuaria quantas vezes fosse preciso se posicionando em fidelidade ao Magistério da Igreja, à sã doutrina, denunciando a agenda abortista do PT e o seu projeto de poder totalitário, confirmando assim a valentia que faltava a muitos outros religiosos e leigos católicos. Estivemos juntos novamente num ato público na Praça da Sé, em que saímos em direção ao Fórum João Mendes, onde ele protocolou uma ação contra as “Católicas pelo Direito de Decidir”. No ano seguinte, nos reencontramos no plenário do Supremo Tribunal Federal, na votação da ADPF 54, quando o STF decidiu aceitar o aborto em casos de anencefalia. Havíamos feito uma vigília durante a noite antes da votação, em frente o STF. E ainda durante a votação, quando a maioria dos ministros já havia deliberado, Dom Bergonzini saiu da sessão e foi rezar um terço em frente o STF. Ele sabia que, naquele momento, pela via judiciária estava se abrindo uma brecha para a legalização do aborto no Brasil, e que a Presidente Dilma Rousseff não cumpriria sua promessa de campanha de que não tomaria iniciativa nesse sentido, o que se confirmou, mais tarde, com a sanção da Lei 12.845/2013, de triste memória. A imagem de Dom Bergonzini sozinho diante do STF, debaixo de um sol escaldante, no meio da tarde, foi de cortar o coração. O Leão de Guarulhos não se abateria até o último minuto de vida, dando o exemplo de um combatente, enquanto Igreja militante.

Via crucis de uma campanha contra o aborto

No mesmo período, percorríamos as paróquias de algumas dioceses do estado de São Paulo coletando assinaturas para a “Campanha São Paulo pela Vida”, com o objetivo de incluir na constituição estadual paulista o direito a vida, desde a concepção, via iniciativa popular. Foi então que comecei a perceber uma realidade mais terrível, que ainda não tinha me dado conta. Ao apresentar a campanha aos padres, nas reuniões diocesanas de presbíteros, muitos deles disseram: “a proposta é boa, mas temos que primeiro ouvir “os conselhos” paroquiais. “Pessoalmente sou a favor da campanha, acho bonita esta iniciativa, mas temos que ouvir “os conselhos”. E de outro pároco: “Não posso simplesmente apresentar um projeto bonito desses como se fosse coisa minha, ou pior ainda, como se fosse coisa do bispo, você entende? Tudo será decidido nos conselhos.”
E então, a coisa emperrou. Algo aconteceu que não entendíamos. Só funcionou quando o pároco, com a sua prerrogativa de decisão, autorizou que fossemos ao final da missa falar sobre a campanha e, em seguida, fizéssemos a coleta de assinaturas. Em muitos casos, o pároco disse que colocaria a disposição agentes pastorais. Mas quando chegávamos lá, para o mutirão pela vida, nem mesa, nem canetas, nada de estrutura mínima. Tínhamos que levar tudo por nossa conta, em certos casos, nem mesmo o pároco lá estava. A missa era rezada por um vigário, que nem sabia do que estava acontecendo, porque ninguém avisou nada. “Acho que vocês estão sendo boicotados”, nos disse uma senhora que veio assinar o formulário contra o aborto.
A campanha contra o aborto no estado de São Paulo se tornou um calvário, porque nos deu a constatação de que boa parte das paróquias visitadas está dominada por “conselhos” imbuídos de ideologia marxista, que não consideravam relevante a causa da defesa da vida desde a concepção. “Vocês estão obcecados pela questão do aborto”, nos disseram. Se for um abaixo-assinado para dar moradia aos sem teto, terras para o morador de rua e direitos sociais aos afrodescendentes, então contem com a gente”. Mais tarde tivemos que ouvir de um dos líderes dos conselhos: “Até o papa já disse que vocês estão obcecados pela questão do aborto!” Um deles foi mais longe: “Direito primeiro ao já nascido!”. Mesmo assim, continuamos percorrendo as dioceses, algumas nos acolhendo muito bem, abrindo as portas, como o bispo de Campinas. Então fui pessoalmente falar com Dom Damasceno, presidente da CNBB e arcebispo de Aparecida. Ele foi bem receptivo e acolhedor, abrindo as portas da Basílica de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, onde fizemos um mutirão de coleta de assinaturas lá. E também Dom Beni, que telefonou autorizando um dia de coleta na Canção Nova. Mas foi apenas um único dia de mutirão. Depois, tínhamos que voltar às paróquias, e submeter o abaixo-assinado à vontade dos “conselhos”. E quando isso acontecia, emperrava de novo.
Bispos conservadores e fiéis ao Magistéiro da Igreja nos recebiam, ouviam e acolhiam, anuindo com a proposta. Quando os formulários eram encaminhados para às bases, meses decorriam sem que houvesse algum retorno.  O Regional Sul 1 da CNBB, graças ao Pe. Berardo Graz, dando apoio, conseguimos mobilizar outras comissões em defesa da vida, e obter juntos, mais de cento e cinquenta mil assinaturas. Mas precisávamos chegar a trezentas e trinta mil. Tivemos então que fazer um mapeamento de paróquia por paróquia, identificar qual padre acolheria, e mesmo assim, qual tomaria a decisão dele mesmo fazer acontecer. Quando ia para os “conselhos”, estancava. Mesmo assim, chegamos a mais da metade do número de assinaturas exigidas pela legislação, e como desejávamos fazer a ação vir do seio da Igreja Católica, o trabalho demorou mais para fluir. “Chamem os evangélicos, vocês precisam dos evangélicos!” Mas queríamos muito a iniciativa dos católicos. A grande lição da campanha foi a de constatar o aparelhamento ideológico da Igreja Católica no Brasil. A maior parte dos “conselhos” foram criados para serem voz do esquerdismo dentro da Igreja, minando-a por dentro, corroendo a sã doutrina, fazendo com que muitos padres fiquem de mãos atadas, imobilizados, sem saber o que fazer, como reféns dos conselhos. “A fidelidade dos sacerdotes católicos deve ser com a sã doutrina”, disse eu certa vez, numa reunião de um desses “conselhos”. E uma das lideranças, com voz num tom de saltar as veias, respondeu: “Esta sã doutrina é eurocêntrica. Mas saiba que a experiência da América Latina, que veio das CEBs, o protagonismo dos “conselhos populares”, fará emergir a Igreja que queremos, a Igreja como “povo de Deus”, e não a imposta pela hierarquia”. E completou: “A questão do aborto é um obsessão desta igreja reacionária”. “O povo quer pão na mesa e terra, esse sim é o direito a vida por qual temos que lutar. E conseguiremos isso com participação popular, com ‘democracia radical’, efetivamente participativa.”
Outro aspecto percebido foi a crescente tomada de posição dos progressistas, em todos os níveis, nas paróquias, nas escolas e universidades, nas editoras, empresas e muitas instituições hoje apenas ditas católicas. Os progressistas assumiram postos de comando, tornaram-se ordenadores de despesa, formaram seus “conselhos” e os doutrinaram na ideologia marxista, para justificar e legitimar os encaminhamentos da “democracia radical” dentro da Igreja, relegando os padres conservadores aos papéis secundários de vigários, sem poder algum de decisão. Boa parte se acomodaram, evitando criar problemas, e preferindo tocar a rotina, em serviços burocráticos de atendimentos, sem intervir nas decisões, aceitando se tornar reféns dos “conselhos”. Alguns celebram a missa diária, como se fosse apenas uma obrigação profissional e nada mais. Fazem os atendimentos necessários e somem. Vários são os casos de depressão e alcoolismo, que sofrem sem saber o que fazer debaixo do mando de tais “conselhos”, com a conivência do progressista ordenador de despesa. Presenciei casos assim, nas minhas andanças em defesa da campanha contra o aborto, nas muitas visitas feitas em paróquias, de padres cerceados de suas atividades, vigiados, boicotados, que sofrem calados padecimentos incontáveis.
“O que acontece com a nossa Igreja?”, queixou-me um deles. E lembrou-me uma frase de Bento XVI, em seu livro “Jesus de Nazaré”: “E como estamos todos na realidade presos pelas potências que de um modo anônimo nos manipulam”. E me contou: “Não apenas padres sofrem com isso, mas também bispos, e mais ainda bispos eméritos conservadores, que padecem privações sob a dependência de religiosos progressistas, idosos, muitas vezes, sem família, à mercê da vontade dos progressistas. Tudo isso causa grande dor e sofrimento no seio da Igreja, que foi tomada por dentro pela implacabilidade dos progressistas, dentre os quais muitos recorrem aos “conselhos” para dar legitimidade a este cerco aos conservadores dentro da instituição. Eles sabem que ninguém vai falar nada, ninguém tem coragem de falar, e assim, aos poucos, eles avançam e ocupam mais postos de decisão.”
E então nos indagamos: o que esperar, mais adiante, em termos de defesa da sã doutrina católica, quando o próprio documento nº 91 da CNBB, em relação à reforma do Estado brasileiro, prega uma “educação popular” capaz de questionar os fundamentos do sistema político atual, questionando inclusive a “democracia representativa”, e advogando a necessidade de dar poder a “novos sujeitos históricos” (os tais “conselhos populares” defendidos pelo decreto 8243/2014 da presidente Dilma Rousseff?), propondo inclusive no referido documento, “radicalizar a democracia”, dizendo que “a democracia representativa não esgota todas as formas de vivência democrática”, “rompendo com a supremacia institucional da cultura ocidental”? Está no documento nº 91 a defesa dos “conselhos”, de modo explícito: “os conselhos paritários formam, um campo privilegiado de participação popular”, propondo “a institucionalização das estruturas de participação popular”, para “uma nova forma de viver a democracia”.
O fato é que o documento nº 91 está em muita sintonia com o pensamento contido no decreto nº 8243/2014 da presidente Dilma Rousseff. Não é a toa que Gilberto Carvalho se sente tão à vontade, ao saber que não haverá resistência alguma da Igreja ao decreto, porque o documento nº 91, que já foi lido e trabalhado em tantos finais de semanas, em muitas reuniões paroquiais, pelo País afora, defende o que está no decreto 8243/2014, mesmo muitos sem saber exatamente das conseqüências disso, para o País, e para a Igreja Católica no Brasil. Gilberto Carvalho sabe que as poucas vozes reacionárias não têm lastro mais nas bases já trabalhadas e tomadas, há muito tempo. Já não tem mais poder algum. E poderá rir disso, no conforto do gabinete presidencial, certo de que poderá agora avançar mais célere, em tudo aquilo que está lá contido no PNDH3, e que os próprios bispos, reunidos na 48ª Assembléia, nada disseram a respeito. Agora, poderão facilmente prosseguir no afã de sovietizar o País, repetindo aqui o queria Lênin: “todo poder aos sovietes!”
Agora ficou clara a resposta dos párocos progressistas, ao receberem o formulário da campanha contra o aborto: “ouviremos primeiro os conselhos”. E entendemos o porquê tais formulários terem ficado meses esquecidos nas gavetas dos escritórios paroquiais. Os “conselhos” decidiram que a questão do aborto não é relevante. Mesmo sabendo que a maioria do povo brasileiro é contra o aborto e pela vida (82% segundo pesquisa Vox Populi). Mas os “conselhos” representam mesmo o “povo”?
Hermes Rodrigues Nery é coordenador da Comissão Diocesana em Defesa da Vida e do Movimento Legislação e Vida, da Diocese de Taubaté. Especialista em Bioética, é pós-graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. E-mail: hrneryprovida@gmail.com



fonte: http://ipco.org.br/ipco/noticias/cnbb-defende-decreto-presidencial-que-levara-o-brasil-rumo-ao-modelo-venezuelano#.VQC1THzF8hZ

Bomba! Até que enfim um padre de alto grau que não é comuna: Arcebispo de Salvador diz que reforma encabeçada pela CNBB não tem consenso dos bispos -

cnbb_reformaEm entrevista à agência de notícias Zenit, o arcebispo de São Salvador da Bahia, Primaz do Brasil, Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, disse com todas as letras que o projeto de reforma política atualmente encabeçado pela CNBB não conta com o consenso da maioria dos bispos do Brasil, e reflete somente a ideia de um pequeno grupo reunido em comissão.
Querem saber mais? Dom Murilo afirmou que algumas das propostas contidas nesse projeto de reforma nem ao menos correspondem ao que a maioria dos bispos do Brasil defendem:
“Ao aceitar participar de uma iniciativa que engloba dezenas de entidades, deu no que deu. Insisto: tais propostas não tiveram a participação de todos os Bispos; são fruto, sim, de uma reflexão que envolveu principalmente algumas comissões episcopais.”
A reforma política é necessária, mas tem que reformar para melhor, não pra pior. Em vez de reunir os bispos do Brasil em assembleia e, assim, formular uma proposta de reforma que esteja de acordo com os valores do Evangelho, a CNBB simplesmente abraçou um projeto defendido por mais de 100 entidades de esquerda, entidades essas, em sua grande maioria, difusoras de valores anticristãos, como o aborto, o gayzismo e a ideologia de gênero.
A equipe do nosso blog já havia feito esse alerta em julho do ano passado (confira aqui), a custo de uma chuva de pedradas. Muita gente nos acusou de fomentar a divisão na Igreja e alguns nos chamaram até de hereges! Quem sabe agora, depois de ouvir as declarações de ninguém mais ninguém menos do que o Primaz do Brasil, o povo saia das trevas e abra a mente.
Boa parte dos católicos alimenta o pensamento equivocado de que os fiéis brasileiros devem obediência a tudo o que é determinado pela CNBB. Quem pensa assim não faz a menor ideia do que seja a CNBB e qual a função destinada a ela, segundo o Código de Direito Canônico. Um fiel católico deve obediência a seu pároco, ao bispo local e ao Papa. Ponto!
A CNBB, na verdade, é uma instituição que busca reunir os bispos de todo o Brasil em torno de projetos comuns de evangelização e caridade. Possibilita, dessa forma, que os bispos reúnam forças e facilita a comunicação entre as dioceses do Brasil e a Santa Sé. E que fique claro: a CNBB não está acima da autoridade legítima que cada bispo tem em sua própria diocese!
che_papelEngana-se quem pensa que tudo o que sai com o selo “CNBB” reflete o pensamento comum de todos os bispos, ou da maioria deles. Muitas decisões são tomadas somente por pequenos grupos, reunidos em comissões. Bem diferente das decisões da CNBB que são tomadas após a reunião de uma grande assembleia geral de bispos, em que todos votam para comunicar seu acordo ou desacordo com as propostas.
Por não estarem devidamente advertidos sobre os graves problemas desse projeto de reforma, muitos padres e leigos bem intencionados estão recolhendo assinaturas de apoio ao projeto, em diversas paróquias no Brasil. Isso precisa parar! Queira Deus que outros bispos imitem a coragem e zelo pastoral de Dom Murilo Krieger, e manifestem sua insatisfação com essa tentativa de transformar o Brasil em Venezuela, onde falta democracia e papel higiênico (não faz mal, não faz mal, limpa com jornal!).
Para conferir a entrevista de Dom Murilo Krieger, na íntegra, clique aqui.

Fonte: http://ocatequista.com.br/archives/15026

FORO DE SÃO PAULO DECLARA GUERRA MUNDIAL SE DEPUSEREM MADURO: MADURO E STEDILE JUNTOS - PERIGO A VISTA

DA MESMA FORMA QUE O LULA DO PT/CUT/MST/PSOL/PSB/UNE/JUNTOS/ PL/ UJS E OUTRAS PORCARIAS COMUNISTAS ESTÃO EM POLVOROSA COM AS MANIFESTAÇÕES MARCADA PARA O DIA 15/03, O MADURO NA VENEZUELA QUE TAMBEM ESTÁ BALANÇANDO PARA CAIR, DECLARA GUERRA MUNDIAL SE FOR DEPOSTO.


 MADURO AMENAZA CON UN CATACLISMO MUNDIAL SI LO SACAN DE MIRAFLORES

@DolarToday / Mar 9, 2015 @ 10:00 am
Nicolás Maduro, amenazó con una insurrección mundial de obreros y campesinos si el imperialismo, como llama a Estados Unidos, “toca a Venezuela” de manera directa o a través de “sus lacayos internos”.

“Si a Venezuela algún día el imperialismo, a través de sus lacayos internos o él, directamente, le hiciera algo, habría una insurrección mundial de movimientos campesinos, obreros, populares, revolucionaros del mundo”.
“Si a Venezuela llegaran a tocarla algún día, ¡Ay, Dios santo! Por eso, lo mejor es la paz y Dios proveerá paz, amor y vida”, exclamó tras avalar una afirmación que en ese sentido hizo el líder del Movimiento Sin Tierra de Brasil (MST), João Pedro Stédile, de visita en Venezuela.

En cadena nacional obligatoria de emisoras de radio y televisión, estatales y privadas, Maduro advirtió que Stédile tenía “una lengua picante” luego de que este dijera que los opositores venezolanos son parte de una “derecha desvergonzada, una derecha de mierda que algún día el pueblo pondrá en su debido lugar”.
“Bueno, como ustedes pudieron ver, João Pedro Stédile tiene una voz y una lengua picante”, dijo Maduro y destacó que el líder popular brasileño también forma parte de la llamada Vía Campesina, que aglutina a organizaciones rurales de países tales como India, Brasil, Honduras y Venezuela.

“Maduro: yo no sé por qué la derecha en Venezuela no hace como la cubana: que se vayan de una vez a Miami (EEUU) y nos dejan en paz, para que nosotros en nuestro continente sigamos trabajando, estudiando y construyendo una patria libre y socialista”, añadió Stédile.

El brasileño “representa a miles de miles de luchadores” de movimientos sociales “que se han solidarizado con Venezuela” ante planes golpistas, añadió Maduro que sostiene que en febrero pasado abortó un última intentona, por la cual están presos al menos 7 oficiales de la Aviación Militar y el alcalde opositor caraqueño Antonio Ledezma.
El plan golpista, al que el Gobierno de Estados Unidos y los opositores a Maduro niegan veracidad y achacan a un intento por distraer la atención ciudadana, contemplaba el bombardeo aéreo de varias instalaciones gubernamentales en Caracas y matar al jefe de Estado, según la denuncia de este.

La alocución de Maduro se cumplió a propósito de la inauguración de un supermercado construido cerca de Caracas con ayuda brasileña, para fortalecer la distribución estatal de alimentos para neutralizar el “desabastecimiento inducido” que forma parte de la “guerra económica” que denuncia le declaró la oposición dentro de un mismo plan para derrocarlo.
Con información de EFE

FONTE: http://www.puggina.org/imagem-comentada/151

Entendam a Declaração de Guerra do Foro de São Paulo ao Brasil: Recado cifrado de Lula do PT/MST/CUT: Maduro vai nos defender no dia 15 de março

O ex-presidente Lula (que tenta salvar Dilma com passes de mágica,  posando de gênio da garrafa) disse na outra semana que o “exército do Stedile do MST”  iria para as ruas, defender o PT. Lula referiu que os petistas também sabem brigar, “sobretudo quando o Stédile (João Pedro Stédile, um dos líderes do MST) quer colocar o exército dele nas ruas”.
O blog vai provar para vocês, com um diapasão tocado desde outubro passado, que esse exército do MST é na verdade o exército de Maduro – pronto para colaborar com a baderna, caso o dia 15 de março calcine o PT.
Arapongas já infiltram Black Blocs para atazanar dia 15 e quebrar tudo. O MST já vem sendo treinado pelos venezuelanos. 
Os milicos entenderam o recado do Lula. E o Clube Militar foi pra cima e metralhou o discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em durante o ato em defesa da Petrobras, na última terça-feira (24), no Rio de Janeiro.
O Clube Militar chamou Lula de “agitador”, referindo ser  ”inadmissível um ex-presidente da República pregar, abertamente, a cizânia na Nação”.
A nota do Clube Militar estabeleceu, como vocês já leram: “Neste País sempre houve e sempre haverá somente um exército, o Exército Brasileiro, o Exército de Caxias, que sempre nos defendeu em todas as situações de perigo, externas ou internas”, diz a nota. O texto também faz referências a Operação Lava Jato da Polícia Federal que investiga denúncias de desvios e corrupção na Petrobras. “O que há mais por trás disso? Atitude prévia e defensiva de quem teme as investigações sobre corrupção em curso?”, questiona a publicação.
Confira aqui a íntegra do texto do publicado pelo Clube Militar.
Por que Lula deu o recado conectando suas forças armadas pessoais, em defesa do PT, às forças do MST?
Porque, para o bom entendedor, meia palavra basta.
O recado de Lula foi: se a Lava Jato me fulminar, as forças de Maduro me ajudam…
Loucura? Não!  Stédile fala diariamente com o pessoal de Maduro. E não é de hoje…
Em 29 de outubro do ano passado este blog noticiou com exclusividade que o ministro das comunas da Venezuela, Elias Jaua, havia vindo ao Brasil treinar nosso MST. Tudo estava claro no site do Ministério do Poder Popular Para as Comunas e Movimentos Sociais.
Trouxemos também a carta que ele foi obrigado a escrever, pedindo desculpas por ter plantado seu revólver em sua babá, para poder invadir o Brasil armado, e assim, quem sabe, dar aulas de tiro ao alvo para o MST.
A PF abriu inquérito para investigar o caso, citando como inicial nosso post.
Quer ver a inicial da PF repercutindo na Venezuela, com menções ao post desse blog na Íntegra?Clique aqui e veja!
O general reformado venezuelano Antonio Rivero denuncia que há na Venezuela 20 mil cubanos treinados para entrar em guerra, contra a própria população venezuelana, se necessário, para apoiar Nicolas Maduro e manter o chavismo vivo.
Segundo ele, dos 100 mil cubanos que vivem na Venezuela, 20 mil foram devidamente “treinados para guerra”.
Sabem quem comanda esse exército cubano, segundo o general?
Ninguém menos que Elias Jaua, o cidadão que veio armado ao Brasil treinar nosso MST.
Ou seja: vir armado ao Brasil, e encontrar-se com o MST, era um passo apenas de Elias Jaua, paramontar uma milícia bolivarista, junto com Cuba, conforme Rivero diz nesta matéria.
Também já relatei aa vocês que um tradutor, que trabalhou na Copa, entrou em contato com este blog. Ele acompanhava Elias Jaua e uma comitiva de 50 venezuelanos: com todas as despesas e estadias, refere o tradutor, pagas por duas empreiteiras ora investigadas pela PF na Operação Lava Jato. Seria uma parte do pagamento por Elias Jaua ter arrumado obras na Venezuela, para tais empreiteiras brazucas, obviamente sem licitação.
Pegaram as conexões? Lula mandou um recado cifrado, do tipo “decifra-me ou te devoro…”


fonte: https://br.noticias.yahoo.com/blogs/claudio-tognolli/recado-cifrado-de-lula-maduro-vai-nos-defender-no-182407373.html