quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Nióbio e Eike Projeto Phosphate-Araxá desenvolvido pelos canadenses da MBac.


ESTE ARTIGO É UMA HOMENAGEM À  MARIA TERESA DE PAIVA, NATURAL DE ARAXÁ/MG.

A PÁ MATARÁ ARAXÁ
Em 1816, o tenente-coronel do Real Corpo de Engenheiros, o Barão de Eschwege, esteve pela primeira vez na área do Barreiro de Araxá/MG a fim de analisar as características hidrotermais de suas já famosas fontes. Por sua posição geográfica de difícil acesso naqueles tempos coloniais, um complexo de exploração das águas minerais araxaenses só começou a se viabilizar pelo Estado brasileiro republicano dos anos 1920.
O Barreiro de Araxá faz parte da bacia do Córrego do Sal, localizada numa região de origem vulcânica. Por esta razão, suas águas são ricas em sais minerais de grande valor medicinal. Resolveu-se assim construir ali uma estrutura que pudesse receber todos os interessados em usufruir das águas de Araxá. Embora a pedra fundamental de um hotel tenha sido colocada em 1925, suas obras só foram de fato iniciadas em 1938, no Estado Novo de Getulio Vargas. Quando o mesmo presidente veio do Rio de Janeiro para inaugurar o Grande Hotel de Araxá em 1944, a população local se deslumbrou com os projetos paisagístico de Roberto Burle Marx e arquitetônico de Luiz Signorelli. No interior do hotel, havia, além dos famosos cassinos, fechados nacionalmente pelo presidente Eurico Gaspar Dutra dois anos depois, bares, restaurantes e até um cinema. O complexo hidrotermal do Grande Hotel tornou-se a joia da cidade. Quase 70 anos após sua inauguração, todo o turismo local é fundado na mesma obra.
Tudo ia muito bem até o momento em que se descobriu no Barreiro traços de nióbio. Não por coincidência, foi no mesmo período que o Grande Hotel entrou em completa decadência. O glamour dos velhos tempos havia definitivamente partido e a população araxaense, triste em ver seu grande tesouro se esvair em completo abandono, culpava a proibição do jogo no Brasil pelo desprezo generalizado ao hotel. Quem se tornou a menina dos olhos da cidade foi o setor da mineração, que ali aportou para trazer riqueza e bem-estar. Foi a versão oficialmente divulgada. Todos infelizmente acreditaram.
O mineral NIóbio é utilizado industrialmente para a produção de aço de alta resistência. No planeta inteiro, só há três minas de nióbio, sendo a do Barreiro a segunda maior, atrás somente da goiana Catalão. As reservas minerais do Barreiro de Araxá são exploradas desde 1995 pela Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) cujo capital pertence a metade aos estadunidenses da Molybdenum Corp, 20% aos Moreira Salles, 15% a um consórcio nipo-coreano e os outros 15% a um grupo chinês.


Desde esta época, os moradores do Barreiro sofrem diariamente com a poeira produzida pela exploração intermitente das mineradoras. Além disso, as famosas águas de Araxá estão cada vez mais contaminadas por bário, um elemento químico tóxico, pertencente à família dos metais alcalinos terrosos. Na Justiça Estadual de Araxá, já foram protocoladas centenas de ações cíveis contra a CBMM e a Bunge Fertilizantes por causa da contaminação da água do Barreiro por bário.
A presença de bário no organismo pode causar derrames e acidentes vasculares, pois sua deposição nos órgãos provoca forte vasoconstrição. Nas crianças ele causa retardamento mental e pouco desenvolvimento físico. Nos idosos, o problema é a demência senil.
No fim de 2011, o prefeito Jeová Moreira da Costa, anunciou em entrevista coletiva a descoberta de uma mina de ouro no Barreiro de Araxá. “Uma mineradora chinesa vem para Araxá para explorar esta mina de ouro encontrada no Barreiro. Esta notícia é um verdadeiro presente de Natal para todos os araxaenses, uma vez que a cidade vai ganhar muito com a geração de emprego e renda”, disse Jeová. Presente de Natal ou presente de Grego?
Parece que a entrevista de Jeová chegou longe, pois, dias depois, veio a Araxá o empresário Eike Batista, proprietário da mineradora MMX. Com a ameaça dos chineses, esta empresa estaria disposta a acelerar o andamento do projeto Phosphate-Araxá desenvolvido há alguns anos pelos canadenses da MBac. O prefeito de Araxá foi prudente ao declarar que “não houve reunião” com Eike. Mas, como escreveria Gustavo Machado do Brasil Econômico*, “sem que a cidade tenha grandes atrativos visuais, além da sede da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) e de uma mina de exploração da Vale, a prefeitura não possui grandes dúvidas sobre o interesse do voo panorâmico feito por Eike.”
Não há necessidade de nem mais uma linha. A máscara caiu.
Quer dizer então que para os “modernos” a grande atração visual de Araxá é a sede da CBMM e uma mina da Vale? Nem uma mínima menção ao complexo hidrotermal do Barreiro? Nada sobre o sexagenário Grande Hotel, onde ficará hospedada uma seleção de futebol durante a Copa do Mundo de 2014?
Não precisa ser um gênio para saber aonde vão as riquezas culturais, hídricas e biológicas daquele belo lugar no coração do Brasil. Em breve tudo aquilo será terra arrasada em que as ruínas de uma imensa construção dos anos 1940 velarão por todos os mortos.
Enquanto vivermos numa sociedade em que o dinheiro está acima de qualquer outro bem, teremos de nos acostumar a ver as riquezas naturais pagarem o preço. Tudo por que o Dutra proibiu o jogo no Brasil em 1946, né?


O resultado do trabalho de uma mineradora. Onde está o benefício?

http://pt.scribd.com/doc/48569403/Plano-Nacional-de-Mineracao-

Os índios com as terras de que dispõem, poderiam estar produzindo comida para os seus e para muitos outros brasileiros. Em vez disso, estão na fila do Bolsa Família e da cesta básica



Pois é… as reservas indígenas brasileiras ocupam 13% do território nacional. Se depender da Funai e de alguns antropólogos do miolo mole, chega-se a 20%. A questão não está no número em si. Poder-se-ia destinar até 50% — desde que houvesse índios para tanto e que eles conseguissem tirar das imensas extensões de terra que dominam ao menos o suficiente para a sua subsistência. Mas não acontece. Não é só isso: as reservas são concedidas na suposição — falsa como nota de R$ 3 — de que aqueles enormes vazios econômicos em torno da comunidade são essenciais para que ela preserve sua cultura. Procurem na Internet a poesia indianista em prosa do ministro Ayres Britto, relator do caso Raposa Serra do Sol. Ele apelou a um índio que acabou junto com a literatura romântica. Ainda volto a esse aspecto.
Muito bem: pesquisa Datafolha demonstra que a maioria dos índios brasileiros está integrada às práticas próprias da vida urbana. Uma boa parcela conta com televisão, DVD, geladeira, celular… Esse aparato, não obstante, convive com a pobreza, razão por que quase a metade recebe cesta básica. Isso quer dizer que eles nem plantam nem caçam o que comem: vivem da caridade estatal — e em condições precárias.

As reservas são santuários para lustrar as aspirações de certa antropologia mistificadora, que ainda quer mais. Leiam o que informa Matheus Leitão na Folha. Volto depois:
*
Os índios brasileiros estão integrados ao modo de vida urbano. Televisão, DVD, geladeira, fogão a gás e celulares são bens de consumo que já foram incorporados à rotina de muitas aldeias. A formação universitária é um sonho da maioria deles. Pesquisa inédita do Datafolha, encomendada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), revela esse perfil. Entre os dias 7 de junho e 11 de julho, foram realizadas 1.222 entrevistas, em 32 aldeias com cem habitantes ou mais, em todas as regiões do país.
Segundo a pesquisa, 63% dos índios têm televisão, 37% têm aparelho de DVD e 51%, geladeira, 66% usam o próprio fogão a gás e 36% já ligam do próprio celular. Só 11% dos índios, no entanto, têm acesso à internet e apenas 6% são donos de um computador. O rádio é usado por 40% dos entrevistados. Para o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), “é evidente que essa novidade produz mudanças, mas isso não significa a instalação de um conflito cultural. Não é o fato de adquirir uma TV ou portar um celular que fará alguém ser menos indígena”.
(…)
Questionados sobre o principal problema enfrentado no Brasil, 29% dos entrevistados apontaram as dificuldades de acesso à saúde. A situação territorial ficou em segundo lugar (24%), seguida da discriminação (16%), do acesso à educação (12%) e do emprego (9%). Em relação ao principal problema enfrentado na vida pessoal, a saúde permaneceu em primeiro lugar para 30%. O emprego apareceu em segundo, com 16%, seguido de saneamento (16%). A questão territorial, nesse caso, desaparece.
A pesquisa mostra que o aumento de fontes de informação tem influenciado a vida familiar dos índios: 55% conhecem e 32% usam métodos anticoncepcionais como camisinha e pílula. Mais de 80% ouviram falar da Aids. A maioria dos índios (67%) gostaria de ter uma formação universitária. Apesar de ser considerado muito importante para 79% dos entrevistados, o banheiro em casa só existe para 18% deles.
Bolsa família e cesta básica
A pesquisa sobre o perfil indígena feita pelo Datafolha, encomendada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), revela que 64% dos índios são beneficiários do Programa Bolsa Família, recebendo em média R$ 153 por mês. A região Nordeste é a campeã do benefício: 76% dos índios recebem o programa social do governo. O Sul aparece em segundo com 71%; seguido do Centro-Oeste (63%), Norte (56%) e Sudeste (52%).
Mesmo com os benefícios, 36% afirmam ser insuficiente a quantidade de comida que consomem. A maioria dos índios (76%) bebe água que não é filtrada nem fervida. As doenças infectocontagiosas atingem 68% e os problemas estomacais, como diarreia e vômito, 45%. Os índios também afirmam que luz elétrica, água encanada, rede de esgoto e casa de alvenaria são muito importantes para eles.
Mais de 70% dos índios ouvidos atribuem muita relevância à atuação da Funai (Fundação Nacional do Índio) na sua aldeia. No entanto, 39% reprovam o desempenho do órgão, avaliando-o como ruim ou péssimo.
Cesta básica
Quase metade dos entrevistados (46%) relatou receber cesta básica da Funai ou da Funasa (Fundação Nacional da Saúde). Os índios da região Nordeste são os que mais recebem o benefício: 79%. Na região Norte apenas 7% ganham a cesta básica.
O acesso ao atendimento médico é considerado difícil por 63% dos índios; 69% deles foram atendidos em postos de saúde dentro da aldeia e 12% dentro de casa. Eles ainda usam mais os remédios naturais (66%) do que os farmacêuticos (34%). A maioria dos índios (66%) sabe ler, e 65% sabem escrever na língua portuguesa. Segundo a pesquisa, 30% exercem trabalho remunerado, mas somente 7% têm carteira assinada.
A agricultura é exercida por 94%, e 85% praticam a caça; 57% deles consideram que o tamanho das terras onde vivem é menor do que o necessário. Os índios também citaram algumas medidas governamentais que poderiam melhorar a vida dos indígenas no país: intervenções na área da saúde (25%), demarcação de terras (17%), reconhecimento dos direitos indígenas (16%), investimentos públicos (15%) e educação (15%).
Procurada anteontem, a Funai afirmou, pela assessoria de imprensa, que tinha muitas demandas e que não poderia responder às questões da reportagem até o encerramento desta edição. “A presidente [Marta Azevedo] está em viagem, sem disponibilidade de agenda. Ela seria a pessoa mais indicada para comentar a pesquisa”, afirmou, por e-mail.
(…)
Voltei
Viram só o que o modelo das reservas, que está em expansão (?!), provoca? Uma horda de miseráveis com celular, televisão e DVD. Prega-se a expansão das terras indígenas para que se produza ainda menos em um território maior… Com Raposa Serra do Sol, aconteceu o óbvio: os arrozeiros tiveram de ir embora, deixando atrás de si uma legião de desempregados. Na terra agora sob o controle de caciques ideológicos disfarçados de militantes indígenas, não se produz quase mais nada. Muitos dos índios foram viver como favelados em Boa Vista. A razão é simples: ser indígena não quer dizer ser… índio!



Leiam este trecho do voto de Ayres Britto (em vermelho):
(…) III – ter a chance de demonstrar que o seu tradicional habitat ora selvático ora em lavrados ou campos gerais é formador de um patrimônio imaterial que lhes dá uma consciência nativa de mundo e de vida que é de ser aproveitada como um componente da mais atualizada ideia de desenvolvimento,  que é o desenvolvimento como um crescer humanizado. Se se prefere, o desenvolvimento não só enquanto categoria econômica ou material, servida pelos mais avançados padrões de ciência, tecnologia e organização racional do trabalho e da produção, como  também permeado de valores que são a resultante de uma estrutura de personalidade ou modo pessoal indígena de ser mais obsequioso: a) da ideia de propriedade como um bem mais coletivo que individual; b) do não-enriquecimento pessoal à custa do empobrecimento alheio (inestimável componente ético de que a vida social brasileira tanto carece); c) de uma vida pessoal e familiar com simplicidade ou sem ostentação material e completamente avessa ao desvario consumista dos grandes centros urbanos; d) de um tipo não-predatoriamente competitivo de ocupação de espaços de trabalho, de sorte a desaguar na convergência de ações do mais coletivizado proveito e de uma vida social sem narsísicos desequilíbrios; e) da maximização de potencialidades sensórias que passam a responder pelo conhecimento direto das coisas presentes e pela premonição daquelas que a natureza ainda mantém em estado de germinação; f) de uma postura como que religiosa de respeito, agradecimento e louvor ao meio ambiente de que se retira o próprio sustento material e demais condições de sobrevivência telúrica, a significar a mais fina sintonia com a nossa monumental biodiversidade e mantença de um tipo de equilíbrio ecológico que hoje a Constituição brasileira rotula como “bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida” (art. 225,  caput), além de condição para todo desenvolvimento que mereça o qualificativo de sustentado.
Encerro
Esse índio acima descrito só existe na cabeça de Ayres Britto, como aqui falei tantas vezes. A tal integração “telúrica” com a natureza é uma fantasia. O desenvolvimento “sustentado” se faz com Bolsa Família e cesta básica — cedidas por nossa civilização tão egoísta…
Britto transformou os índios em grandes ecologistas, o que é uma piada até antropológica! Existissem realmente aos milhões, a Amazônia já seria uma savana. O ministro tem de descobrir que a ideia de preservação da natureza é um valor desta nossa triste civilização. Não tem nada a ver com índio, que não louva o meio ambiente nem retira da terra o sustento.
Com as terras de que dispõem, os índios poderiam estar é produzindo comida para os seus e para muitos outros brasileiros. Em vez disso, estão na fila do Bolsa Família e da cesta básica.
Por Reinaldo Azevedo

Ministério Público estadual de olho no nióbio de Araxá


O Ministério Público estadual vai abrir uma investigação para apurar possíveis danos que a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) possa ter cometido contra os cofres do governo de Minas na comercialização do nióbio para o exterior.

Mundial
A CBMM, que integra o Grupo Moreira Salles, tem subsidiárias na Europa (CBMM Europe BV-Amsterdam), Ásia (CBMM Asia Pte - Cingapura) e na América do Norte (Reference Metals Company Inc.-Pittsburgh), de onde são comercializados os minerais que vão para o exterior.

Fraude
O Ministério Público desconfia que o nióbio vendido para o exterior tenha o valor da tonelada subfaturado. O MP acredita que, depois que o nióbio deixa o Brasil, as subsidiárias nos três continentes revendem o mineral para o resto do mundo com valor maior do que o estipulado no Brasil, lesando o cofre do governo de Minas, que tem participação nos lucros da mineradora.

Reportagem
Há duas semanas, o Hoje em Dia publicou que promotores de Justiça preparam um arsenal de documentos para abrir a caixa-preta da exploração de nióbio em Araxá. O mineral é explorado com exclusividade pela Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), de propriedade da família Moreira Salles, que fundou o Unibanco.

Privilégios
O Ministério Público de Minas pretende usar esses documentos para entender como a CBMM tem o privilégio de extrair o mineral, considerado um dos mais estratégicos do mundo, sem licitação, há mais de 40 anos.

Acordo
O governo de Minas Gerais detém a concessão federal para explorar a jazida, mas arrendou à CBMM sem nenhum critério.

Razões
Em 1972, o Estado constituiu a Companhia Mineradora de Piroclaro de Araxá (Comipa) para gerir e explorar o nióbio em Araxá. Como não tinha know-how, à época, definiu que arrendaria 49% da produção do nióbio para a CBMM, sem licitação.

Mudança
Depois da investigação e análises da papelada, o Ministério Público quer acabar com a farra e obrigar o governo de Minas a abrir licitação para a exploração deste que é o maior complexo mínero-industrial de nióbio do mundo.

Problemas
“Local Maldito”, diz uma frase escrita com um pincel na sala do Detran da rua Bernardo Guimarães, onde tramitam os processos dos condutores que tiveram suas carteiras de habilitação cassadas.

Esforço
Apesar do empenho das delegacias, das polícias e dos servidores em dar celeridade aos chamados cursos de reciclagem, as filas no local estão cada vez maiores.

Reclamação
Os servidores reclamam que o quadro de funcionários está defasado. E, para piorar, o telhado do local ameaça desabar com as chuvas.

Nióbio - A MAIOR RIQUEZA DO BRASIL -O AÇO E O NIÓBIO


O AÇO E O NIÓBIO



Introdução

A aplicação mais importante do nióbio é como elemento de liga para conferir melhoria de propriedades em produtos de aço, especialmente nos aços de alta resistência e baixa liga usados na fabricação de automóveis e de tubulações para transmissão de gás sob alta pressão. Vem a seguir seu emprego em superligas que operam a altas temperaturas em 
turbinas das aeronaves a jato. O nióbio é também adicionado ao aço inoxidável utilizado em sistema de escapamento dos automóveis, e ainda na produção de ligas supercondutoras de nióbio-titânio usadas na fabricação de magnetos para tomógrafos de ressonância magnética. Encontra aplicação também em cerâmicas eletrônicas e em lentes para câmeras.



A seleção do tipo de aço é influenciada por vários fatores. Um deles é o que permite a construção de estruturas de menor peso e custo reduzido, proporcionado pelos aços de alta resistência, embora muitos projetistas mais conservadores ainda relutem em utilizar os benefícios dos modernos aços denominados ARBL (Alta Resistência e Baixa Liga). 



As propriedades de um aço dependem de sua composição química (C, Mn, P, S, Si), dos elementos de liga e micro-liga que contiver e das condições em que foi processado. O nióbio tem alta afinidade por carbono e nitrogênio, formando carbonetos e carbonitretos. Para se obter um conjunto de propriedades desejadas, ajustam-se os níveis de carbono e nióbio e as condições de processamento. Na indústria do aço, o nióbio é adicionado na forma de ferro-nióbio e encontra sua aplicação principal em produtos de aço microligado (aços contendo pequenas adições de Nb, Ti ou V, normalmente menores que 0,10%) e em aços inoxidáveis.


Para aumentar a resistência mecânica do aço, basta elevar seu teor de carbono. Entretanto, essa solução trivial altera importantes características do aço, como a soldabilidade, a tenacidade e a conformabilidade, o que levou a ciência moderna à busca de alternativas que aumentassem a resistência mecânica do aço sem alterar as outras propriedades desejáveis. Chegou-se, assim, aos aços ARBL microligados com nióbio que exibem uma boa combinação de propriedades mecânicas. Os aços microligados são produzidos também com vanádio e com titânio.




Atualmente, a maioria dos aços ARBL enquadra-se na categoria de baixo teor de carbono, com menos de 0,1%, e deve sua resistência elevada à adição de nióbio, mais eficiente do que o vanádio ou o titânio. Existem, contudo, circunstâncias em que os três microligantes concorrem entre si. O titânio, por exemplo, embora não confira qualidade superior à superfície de uma chapa, é utilizado nos aços livres de átomos intersticiais, os chamados Interstitial Free, que são aplicados nas partes internas da carroceria dos veículos. E o vanádio tem amplo uso nas barras para concreto armado processadas nos laminadores de barras de alta velocidade. Os melhores resultados, porém, são obtidos por uma adição combinada de microligas, que permite explorar os benefícios sinérgicos, como o emprego de nióbio e titânio juntos, imprimindo qualidade superior à superfície das chapas expostas da carroceria dos automóveis. Ressalte-se que a sinergia entre nióbio e titânio, quando presentes no aço, é muito mais efetiva do que entre nióbio e vanádio.




Produtos Planos


Chapas grossas - chapas grossas de aço de alta resistência microligado ao nióbio possuem diversas aplicações: 
O transporte de gás e derivados de petróleo através de tubulações é feito sob alta pressão, o que requer, como item básico, um elevado nível de resistência mecânica dos gasodutos. Os tubos de grande diâmetro para transporte de gás ou petróleo, e seus derivados, são fabricados com as chapas grossas, de aço microligado ao nióbio, cuja tenacidade pode evitar a propagação de uma fratura, iniciada por forças externas, como um deslizamento ou um abalo sísmico. Sua boa soldabilidade também facilita a construção do sistema de transmissão.




A adição de nióbio nesses aços, ao lado de um rígido controle de sua composição química e de um processamento especial de laminação a quente, lhes confere um excelente nível de tenacidade e resistência mecânica. Os japoneses obtêm bons resultados na produção de tubos com o uso de laminadores de grande potência e com a aplicação de resfriamento acelerado com água após a laminação, utilizando pequenas adições de nióbio. Já nos EUA, esquemas menos severos de laminação são praticados. Portanto, adições maiores de nióbio são usadas para aumentar a resistência mecânica e a tenacidade. Na Europa, algumas siderúrgicas têm investido em laminadores de grande potência e em equipamentos de resfriamento acelerado, enquanto outras tendem a seguir o modelo americano.




























Seguindo uma tendência mundial em quase todos os setores de atividades, o mercado de tubos de grande diâmetro é hoje globalizado. Cada usuário tem uma especificação própria, que prevê composição química e propriedades mecânicas do produto. As companhias siderúrgicas possuem alguma flexibilidade na definição da composição do aço, procurando atender às necessidades específicas de cada cliente. As especificações permitem o uso de nióbio, vanádio e titânio e, em geral, estabelecem um limite máximo para todos esses três elementos. Entre os principais usuários estão British Gas, Exxon, Gazprom, Norwegian Statoil e Petrobras. Alguns importantes produtores de aços para tubos de grande diâmetro são Berg Pipe, Europipe, Nippon Steel, Oregon Steel, Stelco, Sumitomo e Usiminas. 



As tiras laminadas a quente são usadas na produção de tubos que requerem boa soldabilidade e tenacidade, e na indústria automotiva, que exige aço de boa conformabilidade. São produzidas em laminadores contínuos de tiras a quente.


A indústria naval  e as plataformas marítimas constituem outro grande mercado para as chapas grossas microligadas com nióbio. Nesta aplicação é comum o emprego de chapas com mais de 50 mm de espessura. Boa parte das siderúrgicas de âmbito internacional, que produzem aços para tubos de grande diâmetro, atendem também à indústria naval e de construção de plataformas marítimas. Importantes consumidores de chapas para navios são a Hitachi Zosen e a Mitsubishi Heavy Industries, no Japão; a Hyundai Heavy Industries e a Samsung Heavy Industries, na Coréia do Sul. Na Europa, os estaleiros mais importantes estão na Alemanha e na Polônia. Plataformas marítimas são construídas por empresas de engenharia, de acordo com as especificações estipuladas pelas companhias de petróleo. 


As tiras laminadas a frio são produzidas em laminadores a frio e, após a laminação, recebem tratamento térmico por recozimento.
Até o início dos anos 80, apenas os aços que necessitavam de alta resistência mecânica recebiam aplicação de microligas e tinham a conformabilidade um tanto limitada. A partir daí, começou a produção dos aços Interstitial Free, livres de átomos intersticiais, com teor de carbono extrabaixo (menos de 0,005%) e excelente conformabilidade. Neles, o nitrogênio e o carbono são fixados pelas microligas de nióbio e/ou titânio e processados em modernas linhas de recozimento contínuo.



A construção civil é outra área de aplicação típica para as chapas grossas de aços de alta resistência microligados ao nióbio. Essas chapas são usadas na construção de pontes, viadutos e edifícios. Clientes finais incluem governos e empresas da iniciativa privada. Como aplicações adicionais das chapas grossas de aço microligado, pode-se ainda citar o setor de maquinaria pesada e vasos de pressão.
































Tiras laminadas a quente - assim conhecidas por serem chapas longas, com espessura entre 2 e 20 mm, produzidas em bobinas - são utilizadas na fabricação de tubos com solda em espiral ou soldados por resistência elétrica, chamados tubos ERW (electric resistance welded). Os tubos ERW  são fabricados com diâmetros menores, em geral inferiores a 550 mm. As aplicações finais são semelhantes às de chapas para tubos produzidas em laminadores de chapas grossas.

É também amplo o emprego da tira laminada a quente na indústria automotiva, notadamente nos chassis  de caminhões, nas rodas  e em algumas partes estruturais. Seu uso pode ser observado ainda em guindastes , vagões ferroviários , contêineres  e veículos fora de estrada.

As tiras laminadas a frio são largamente aplicadas na construção da carroceria de automóveis .

A importância e o emprego das tiras de aço microligado de alta resistência, laminadas a quente ou a frio, cresceram consideravelmente após a primeira crise do petróleo, em 1973, quando as montadoras de automóveis, especialmente nos EUA, precisaram reduzir o peso dos carros para economizar combustível.

O uso do aço com teores residuais de carbono, aço Interstitial Free, microligado com nióbio e titânio, tornou possível a construção de painéis externos integrados de grande dimensão e peso reduzido, diminuindo os pontos de solda e o número de peças a serem estampadas. Desenvolvidos nos EUA pela Armco Steel, no final da década de 60, os aços Interstitial Free alcançaram produção em larga escala no Japão, no início dos anos 80. Atualmente são amplamente produzidos também na América do Norte, Europa e em alguns países em desenvolvimento, como Coréia do Sul e Brasil.

 
Os produtores de aço têm liberdade na definição da composição química desses aços, desde que atendam às especificações de propriedades exigidas pelas empresas automobilísticas.

Mais de 30 das mais importantes companhias siderúrgicas do mundo estão empenhadas no projeto de desenvolvimento da Carroceria de Aço Ultra-Leve (Ultra Light Steel Autobody, ULSAB). Um protótipo demonstrativo foi construído pela Porsche e, se esse projeto tiver sucesso, uma grande porcentagem de aços usados conterá nióbio.


Produtos Não-Planos


Os produtos não-planos em geral são produzidos pelas siderúr-gicas de menor porte, as miniusinas, em forma de barras, perfis ou fio máquina. Todos podem ter o nível de resistência mecânica elevado pelo nióbio.

Os perfis estruturais, como cantoneiras e vigas I, têm grande emprego na construção civil, que constitui um importante consumidor de aços não-planos. Estão presentes também nas estruturas das torres de transmissão e de vagões ferroviários. O nióbio está cada vez mais ocupando o lugar do vanádio nessas aplicações.

As barras para concreto armado, de resistência mecânica elevada, são produzidas com adição de nióbio ou vanádio. Algumas siderúrgicas modernas aplicam o sistema de resfriamento acelerado com água, dispensando o uso de microligas como forma de aumentar a resistência mecânica. 
 
Diversas peças forjadas para a indústria automobilística, como virabrequins e bielas, são produzidas com as barras para construção mecânica enriquecidas com a tecnologia de microligas, o que dispensa os caros tratamentos térmicos de têmpera e revenido, com redução do custo de processamento. 



Há vários materiais alternativos para ferramentas de corte. No entanto, os aços-ferramenta ainda predominam. Normalmente, esses aços recebem adições de vários elementos de liga para desenvolver características específicas. Dentre os elementos de liga mais comuns estão os formadores de carbonetos – cromo, molibdênio, tungstênio, vanádio e, mais recentemente, nióbio.

 
O fio máquina é a matéria-prima para o fabrico de parafusos, porcas e molas. O nióbio e também o vanádio passaram a ser usados em aços para a fabricação de parafusos de alta resistência mecânica utilizados na indústria automobilística. A aplicação da tecnologia de microliga permite a eliminação de um processamento intermediário (recozimento de esferoidização) e dos tratamentos térmicos de têmpera e revenido na peça final. Nióbio, juntamente com vanádio, é também adição comum em aço para molas, promovendo aumento de resistência mecânica e, com isso, redução no peso da peça acabada.

 
O nióbio encontra aplicação em trilhos de elevada resistência mecânica e ao desgaste, para ferrovias que operem sob condição de alta carga por eixo. Um importante produtor é a Nippon Steel Corporation.

























Aços Inoxidáveis e Resistentes ao Calor


A produção de aço inoxidável, especialmente o aço ferrítico, que não leva adição de níquel, responde por cerca de 10% do consumo mundial de nióbio. No Japão, aproximadamente 25% da demanda por nióbio é destinada aos aços inoxidáveis. A principal aplicação do aço ferrítico contendo nióbio é no sistema de escapamento dos automóveis. Nesse componente, o aço inoxidável com adição de nióbio tem melhor desempenho nas condições de trabalho em temperatura elevada, garantindo maior durabilidade à peça. 
 
Além dos inoxidáveis, os aços resistentes ao calor, utilizados na indústria petroquímica e nas usinas termoelétricas, freqüente-mente são fundidos por centrifugação e enriquecidos com nióbio. A Pont-A-Mousson e a Wisconsin são importantes produtores para a indústria petroquímica.


Outros Produtos de Ferro e Aço


No universo das aplicações do nióbio, destaca-se ainda sua presença nos tubos sem costura, em aços-ferramenta, em ferro fundido e em peças de aço fundido.

O tubo sem costura é produzido a partir de tarugos processados por deformação a quente em laminadores. Os tubos produzidos com aços de alta resistência mecânica, microligados ao nióbio, são usados na perfuração e no revestimento de poços de petróleo e de gás. Normalmente, têm diâmetro inferior a 430 mm e sofrem uma certa concorrência dos tubos soldados por resistência elétrica. 
 
O aço-ferramenta é constituído, basicamente, de carbonetos de alta dureza dispersos em uma matriz metálica tenaz. No desenvolvimento de aços-ferramenta de alto desempenho, o nióbio aparece como elemento formador de carbonetos (NbC). Aços-ferramenta contendo nióbio estão também sendo utilizados em produtos como cilindros de laminadores e eletrodos para endurecimento superficial (hard-facing). Böhler, Cartech, National Roll e Villares são alguns dos fabricantes mais conhecidos. 
 
O uso do nióbio em ferros fundidos é mais recente, ocorrendo em peças para uso automotivo, como camisas de cilindros e anéis de segmento, e também em discos de freio de caminhões. Nessas aplicações o nióbio é usado como formador de carbonetos de alta dureza com a função de propiciar maior resistência ao desgaste e de refinar o tamanho da célula eutética (maior resistência mecânica) sem afetar a morfologia da grafita. A Cofap abastece os fabricantes de veículos brasileiros e também exporta para a Europa. A Mercedes-Benz, tanto na Europa quanto no Brasil, produz para uso próprio produtos em ferro fundido contendo nióbio.   


O aço fundido microligado ao nióbio combina resistência mecânica e tenacidade em níveis elevados. Diversas aplicações têm sido desenvolvidas, como em lingoteiras, potes de escória, cilindros de encosto para laminadores, nós fundidos para plataformas marítimas e componentes de maquinaria. Essa é uma área fértil para a tecnologia de microligas. Nos Estados Unidos, Blaw Knox Rolls e Whemco são produtores de destaque.



FONTE:  
niobiodobrasil / 
http://www.cbmm.com.br/portug/capitulos/uses/use&user.htm






Custo de produção no Brasil é o menor do mundo e margem é o triplo dos EUA


– Estudo do Sindipeças revela que o custo de produção no Brasil é de 58% do preço final do carro, contra a média mundial de 79% e chega a 91% nos EUA.
– Fabricantes de autopeças revelem em Audiência Pública que o Lucro Brasil é de 10%, contra 5% no resto do mundo e 3% nos EUA.
A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado realizou na semana passada em Brasília audiência pública para discutir os altos preços dos carros no Brasil, com a presença de representantes da Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, do Ministério do Desenvolvimento, do Ministério Público Federal, do Sindipeças, o sindicato dos fabricantes de autopeças e deste jornalista.
A série de reportagem falando sobre o Lucro Brasil feita no ano passado – e a repercussão do assunto na mídia – motivou a convocação da audiência, conforme a senadora Ana Amélia, do PP do Rio Grande do Sul, responsável pela iniciativa.
A parlamentar lamentou a ausência da Anfavea, a associação dos fabricantes, que foi convidada, mas não compareceu.
Todos os expositores colocaram a questão dos altos preços do carro praticado no Brasil comparados com outros países: tanto países do primeiro Mundo, Estados Unidos, Europa e Japão – quanto em relação aos nossos vizinhos Paraguai e Argentina.
O exemplo do Corolla foi o mais citado: o carro custa US$ 16,2 mil, nos Estados Unidos, US$ 21,6 mil na Argentina e US$ 28,6 mil no Brasil.




















O representante do Ministério Público, Antonio Fonseca, pediu ao Senado a revogação da lei de Renato Ferrari, que regulamenta a distribuição de veículos. Disse que o setor não precisa de regulamentação que essa lei provoca o oligopólio, prejudica a livre concorrência e cria reserva de mercado em regiões do País, o que contribui para o aumento do preço final do carro.
Mas foi o representante do Sindipeças, Luiz Carlos Mandelli, quem apresentou as informações mais contundentes em relação à formação do preço do carro no Brasil. Segundo o estudo apresentado pelos fabricantes de autopeças aos senadores, a margem de lucro praticada no Brasil é a maior do mundo, 10% sobre o valor ao consumidor, enquanto a margem média mundial é de 5% e nos Estados Unidos o lucro é de 3%.
Segundo a entidade, o custo de produção do veículo no Brasil é menor do que em qualquer parte do mundo. Esse custo, que inclui matéria prima, mão de obra, logística e publicidade, entre outros (que as montadoras chamam de Custo Brasil) é equivalente a 58% do valor final do carro. A média mundial é bem maior, de 79%, e nos Estados Unidos esse custo sobre para uma faixa entre 88% e 91%.
Os impostos seguem na mesma proporção. No Brasil o imposto sobre o carro é de 32%, a média mundial é 16% e nos Estados Unidos varia de 6% a 9%.
As montadoras argumentam que a margem é maior no Brasil por causa no custo do capital. Nenhum empresário vai colocar o seu capital num investimento de risco ou de baixo rendimento para ganhar 6% ao ano, ele deixa aplicado na poupança, disse uma fonte dos fabricantes, acrescentando que, se o custo do capital for levado em conta, a margem de lucro do Brasil e dos Estados Unidos ficaria equivalente.
O estudo indica ainda que a margem de lucro das empresas de autopeças de capital fechado, ao contrário, é menor no Brasil em comparação com o resto do mundo. Neste ano, o lucro foi de 4,8% e de 5,8% das empresas de capital aberto, contra 7,2% das empresas no resto do mundo.
Em estudo que comparou os anos de 2009 a 2012, apenas o primeiro ano registrou que o Brasil superou o resto do mundo no lucro com o setor: 4,2% das empresas com capital fechado e 5,0% com capital aberto, enquanto no resto do mundo foi registrado lucro de apenas 1,3%.
O Senado deve convocar novas reuniões para dar continuidade à discussão do assunto.





























































fonte:omundoemmovimento