sexta-feira, 24 de julho de 2015

O ajuste fiscal ameaça a 'pátria educadora'?


A presidente Dilma Rousseff prometeu que o lema de seu governo será "Brasil: pátria educadora", mas a educação é um dos setores mais atingidos pelos cortes que têm como objetivo promover um ajuste fiscal no país.
Anúncios feitos nos últimos meses começam a elucidar como o Ministério da Educação (MEC) pretende enxugar R$9,43 bilhões de seu orçamento. Segundo o ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, as mudanças nos atuais projetos para o setor teriam como objetivo "aprimorá-los". "Nenhuma (dessas mudanças) visa quebrar o galho pela falta de dinheiro", disse ao El País.
Mas, afinal, é possível melhorar a qualidade da educação em um cenário de orçamento mais enxuto? E há indícios de que o governo caminha nessa direção?
A BBC Brasil fez essas perguntas a especialistas, autoridades e entidades ligadas ao setor. Um ponto interessante é que parece haver certo grau de consenso de que, em termos orçamentários, o Brasil de fato poderia fazer mais com menos, ou ao menos mais com o mesmo. Dos entrevistados, apenas os representantes das entidades estudantis se dizem contra os cortes a priori.
A questão sobre se o governo estaria de fato estaria caminhando nessa direção - ou seja, se estaria aproveitando a crise para "aprimorar" programas e estratégias para o setor, como promete o ministro Janine – é mais controversa.
Entre os programas e instituições afetados pelos cortes estão os seguintes:
- Pronatec: Em 2015, a oferta de vagas no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego deve cair 60% - dos 2,5 milhões de 2014 para 1 milhão. O programa, que oferece cursos gratuitos em instituições de ensino públicas e privadas, foi uma das bandeiras de Dilma na campanha (a presidente prometeu 12 milhões de vagas até 2018).
- FIES: Haverá regras mais rígidas para concessão de crédito do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), concedido a alunos de faculdades particulares. Segundo o MEC, os mais de 1,9 milhões estudantes já financiados poderão renovar seus contratos. Mas o número de contratos novos cairá dos 731 mil de 2014 para 314 mil. Entre as novas exigências está uma nota mínima no Enem. Terão prioridade cursos bem avaliados nas áreas de Engenharia, Saúde e formação de professores, e nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Além disso, os juros devem subir e o teto da renda familiar dos beneficiados deve cair (dos atuais 20 salários mínimos).
- Creches: Devem ser cortados mais de R$3 bilhões que seriam destinados a construção de creches e pré-escolas, escolas e quadras esportivas, como prometido por Dilma durante a campanha.
- Universidades Federais: Funcionários de dezenas de universidades já participaram de greves neste ano em repúdio aos cortes. Segundo o MEC, o custeio das federais está garantido, mas haverá reduções nos investimentos - então obras que deveriam ser iniciadas este ano terão de ser adiadas. As instituições também reclamam de uma redução de 75% no Programa de Apoio à Pós-Graduação (PROAP), que financia seminários, viagens de acadêmicos, compra de equipamentos e etc. O MEC ressalta porém que, no geral, a verba para os programas de pós-graduação só caiu 10% e as bolsas de estudo não serão interrompidas.
- Ciências sem Fronteira: O número de bolsas para estudantes brasileiros no exterior também deve ser reduzido. Segundo Janine, os contemplados na edição atual têm suas bolsas garantidas mas um novo processo de inscrição só deve ser aberto no final do ano, quando o MEC tiver clareza sobre como financiará o programa.
Os argumentos usados para defender que é possível melhorar a qualidade da educação com um orçamento mais apertado costumam apontar para o fato de, na última década, o Brasil já ter experimentado uma expansão significativa nos gastos no setor.
Um estudo feito pelo economista Marcos Mendes, consultor do Senado, mostra que, desde 2004, os desembolsos para a educação passaram de 4% a 9,3% da receita líquida do Tesouro. Em termos reais, eles quase quadruplicaram, passando de R$ 26,3 bilhões para R$ 102 bilhões.

Críticas

De modo geral, a expansão é vista como positiva, mas há críticas ao que alguns consideram "exageros" ou na forma como esses recursos foram distribuídos.
"O país está precisando fazer um ajuste em parte porque nos últimos anos esses gastos foram ampliados de maneira insustentável", opina Mendes.
Para o consultor, o problema é que "da mesma forma que a expansão foi pouco racional, sem uma estratégia definida para melhorar a qualidade da educação no país, tudo indica que também os cortes estão sendo feitos sem a racionalização que seria necessária".
"Corta-se de forma linear, ou onde é mais fácil e há menos resistência política. Não parece haver qualquer indício que o governo esteja repensando seus projetos nem buscando uma avaliação independente dos atuais programas para entender o que funciona e o que não funciona", diz.
O ministro Janine insiste que há uma "reavaliação" dos projetos do setor.
“O ajuste fiscal se baseia numa realidade. Tem-se menos dinheiro, então o que estamos fazendo é procurar preservar ao máximo possível a qualidade dos programas, a essencialidade dos programas, e escalonar o que não possa ser feito neste ano para fazer no futuro. E também reavaliar projetos e programas em andamento para ver onde podem ser aprimorados”, explicou recentemente à BBC Brasil.
O secretário de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério, Marcelo Feres, menciona, como exemplo, iniciativas para avaliar a qualidade do Pronatec em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social e com o Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas).
"No programa como um todo está havendo uma revisão, o que é um processo natural de aperfeiçoamento de uma política pública. Não dá para fazer política pública achando que o primeiro modelo proposto é o melhor", diz ele.
Entre especialistas, porém, parece haver uma percepção de que os aprimoramentos citados por Janine dizem respeito mais a mudanças nos atuais programas que a um redirecionamento estratégico.
“No geral, as políticas para o setor continuam a ser de curto prazo. Mas para avançar precisamos de políticas de longo prazo e, principalmente, de mais avaliações independentes sobre os resultados de cada um dos programas. Qual o efeito do Pronatec sobre a produtividade dos trabalhadores, por exemplo?”, opina o professor do Insper Otto Nogami.
Para Nogami, entre os indícios que a expansão dos gastos não veio acompanhada de um avanço na qualidade do ensino estariam o baixo desempenho de alunos brasileiros em avaliações internacionais e a estagnação dos índices da produtividade do trabalhador do país.

Prioridades

Outra crítica frequente ao perfil dos gastos em educação é que o país nos últimos anos teria priorizado o Ensino Superior, estratégia que, segundo Mendes, seria menos eficiente na redução das desigualdades sociais e aumento da produtividade.
Mariza Abreu, que por mais de 20 anos foi consultora da Câmara dos Deputados para a área, por exemplo, nota que os custos de programas como o Pronatec, o Fies e o Ciências sem Fronteiras “se expandiram em um ritmo fora da curva, mais acelerado que os aportes para a educação básica”.
Segundo o estudo de Mendes, desde 2004 a participação nas despesas do MEC dos programas voltados para os primeiros anos de ensino caíram de 45% para 37%.
Enquanto isso, os gastos com o FIES cresceram de R$1,1 bilhão para R$13,7 bilhões, representando, no ano passado, 15% do orçamento do ministério. Também foram criadas 18 universidades federais na ultima década.
“As contribuições do governo federal para o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) até cresceram bastante, mas é preciso mais”, opina Abreu.
“Em geral o governo se protege de qualquer crítica nessa área dizendo que a educação básica é atribuição dos Estados e municípios. Mas a União também tem uma função supletiva e distributiva importante e sem seu empenho não será possível avançar.”
O MEC diz que não há mudanças nos repasses para o Ensino Médio e Fundamental (Fundeb e ajuda para merenda e transportes). Bárbara Melo, presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, UBES, concorda.
Abreu, porém, cita o cancelamento recente da Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA), prova que mede o desempenho das crianças do 3º ano do Ensino Fundamental de escolas públicas, como indício de que o Ensino Básico ainda não é prioridade.
Os cortes de recursos que iriam para a construção de creches e pré-escolas também são, para especialistas, indícios de que o atendimento à primeira infância ainda está fora da agenda prioritária do ministério, apesar das promessas feitas por Dilma durante a campanha.

Estudantes

Para Carina Vitral, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), a expansão dos investimentos no Ensino Superior foi adequada e qualquer corte pode implicar em perda de qualidade. “Não existe sobra na universidade. Nossa demanda é que o Ensino Superior continue se expandindo”, diz ela.
Carina admite, porém, que houve “algum exagero” na expansão do FIES e se diz a favor de uma maior regulamentação das universidades privadas, que se beneficiam do programa. “Se o governo financia 40% das vagas no sistema privado é natural que cobre contrapartidas”, diz Vitral.
Já para Tamara Naiz, presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), um dos problemas da forma como os cortes estão sendo implementados é que o diálogo dos órgãos ligados ao governo com os estudantes tem sido truncado.
“A Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), por exemplo, não responde a nossos ofícios”, reclama. “Mas acho que, mais além disso, um governo que tem como lema pátria educadora não pode colocar o MEC na linha de frente do ajuste.”
Entre os que defendem a forma como o governo está enxugando seu orçamento está Rafael Lucchesi, economista e diretor-geral do SENAI.
“Não havia como fugir de um ajuste fiscal, por isso é compreensível que haja uma retração em alguns programas. Mas o governo não cortou nenhum projeto essencial e tem sinalizado que a educação como um todo e a educação profissional, em especial, ainda são prioridade. Ou seja, ainda estamos no caminho certo.”
Lucchesi também diz que, no caso de programas como Pronatec, é razoável esperar que volte a haver um aumento do número de vagas em 2016.
Carlos Lazar, do grupo Kroton, o maior grupo educacional brasileiro, e um dos grandes parceiros do governo em programas como o Pronatec e FIES também adota um tom moderado ao falar sobre o ajuste.
“Acho que estamos caminhando em direção a nos tornarmos uma pátria educadora, basta olharmos quanto avançamos em termos de acesso às escolas, faculdades e universidades”, diz ele.
“Eu diria que a importância da educação já é observada em todas as áreas do governo, a questão é que isso não é algo que se resolva em quatro anos. É preciso continuar avançando, mesmo em tempos de orçamento mais apertado.”
fonte: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/07/150707_cortes_educacao_ru?ocid=socialflow_facebook

16 de Agosto o Brasil todo nas Ruas -Essa Conta não é Nossa -Fora Dilma, Fora PT, Fora Lula, Fora CorruPTos é a única reforma que o povo quer.



Vejam as cidades participantes. Confirmem. Convidem. Compartilhem!!!
ATENÇÃO PARA AS CIDADES PARTICIPANTES DO DIA 16/8
Organizados pelos movimentos da ALIANÇA,

Americana/SP - 16h - Praça do Trabalhador (Avenida Brasil)
Anápolis/GO - 14h - Praça Dom Emanuel
Apucarana/PR - 15h - Praça Rui Barbosa
Araçatuba/SP - 9h30 - Av. Brasília x Pompeu
Arapiraca/AL - 15h - Praça Marques
Araponga/MG - 15h - Praça Mauá
Araraquara/SP - 15h - Teatro Municipal
Araras/SP - 17h - Praça Barão De Araras
Bebedouro/SP - 10h - Praça da Matriz (Concha Acústica)
Belém/PA - 08h - Escadinha Estação das Docas
Belo Horizonte/MG - 10h - Praça da Liberdade
Betim/MG - 09h - Praça Tiradentes
Blumenau/SC - 14h - Em frente a Prefeitura
Botucatu/SP - 10h - Largo da Catedral
Brasilia/DF - 09h30 - Museu Nacional - Esplanada dos Ministérios
Cachoeira/BA - 15h - Praça 25
Cachoeiro do Itapemirim/MG - 9h - Praça Jerônimo Monteiro
Camaçari/BA - 9h30 - Praça Des. Montenegro
Campina Grande/PB - 15h30 - Praça da Bandeira
Campinas/SP - 14h - Largo do Rosário
Campo Grande/MS - 14h - Praça do Rádio
Campos Novos/SC - 16h - Praça Lauro Muller
Canela/RS - 13h30 - Catedral de Pedra
Canoas/RS - 15h - Praça do Avião
Cascavel/PR - 15h - CT N. Sra. Aparecida
Cataguases/MG - 10h - Praça Santa Rita
Caxias do Sul/RS - 15h30 - Praça Dante
Cerquilho/SP - 15h - Praça do Convívio
Chapecó/SC - Praça Coronel Bertaso
Conceição do Coité/BA - 15h - Praça da Matriz
Criciuma/SC - 16h - Parque das Nações
Cuiabá/MT - 16h - Praça Alencastro
Curitiba/PR - 14h - Praça Santos Andrade
Curvelo/MG - 10h - Praça Central do Brasil
Divinópolis/MG - 15h30 - Praça do Santuário
Espumoso - 15h - Praça Borges Medeiros
Feira de Santana/BA - 15h - No estacionamento em frente a Prefeitura
Florianópolis/SC - 15h - Trapiche da Beira-Mar
Fortaleza/CE - 15h - Praça Portugal
Foz do Iguaçu/PR - 9h - Praça do Mitre
Francisco Beltrão/PR - 15h - Calçadão da Igreja Matriz
General Salgado/SP - 10h - Calçadão
Goiânia/GO - 14h - Praça do Bandeirante
Guarapuava/PR - 16h - Praça Cleve
Ilhéus/BA - 15h30 - CT Dom Eduardo
Imbé/RS - 14h - Prefeitura
Indaiatuba/SP - 9h30 - Parque Ecológico
Ipatinga/MG - 10h - Feira do Canaã
Iraty/PR - 15h30 - Praça da Bandeira
Itabuna/BA - 15h - Jardim do Ó
Itapema/SC - 15h - Praça da Paz
Itú/SP - 16h30 - Praça da Matriz
Ituiutaba/MG - 15h30 - Praça Conego Angelo
Jacareí - 10h - Parque da Cidade
João Pessoa - 13h30 - Parque da Cidade
Joinville/SC - 15h30 - Praça da Bandeira
Juiz de Fora/MG - 10h - Praça de São Mateus
Jundiaí/SP - 09h30 - Av. Nove de Julho
Lajeado/RS - 15h - Parque Theobaldoo Dick
Limeira/SP - 15h - Praça Toledo de Barros
Londrina/PR - 15h - Colégio Vicente Rijo
Macapá/AP - 15h - Praça das Bandeira
Maceió/AL - 09h - Corredor Vera Arruda
Manaus/AM - 16h - Av. Djalma Batista com Rua Para
Maringá/PR - 14h - Catedral
Mogi Das Cruzes/SP - 09h - Pca Oswaldo Cruz (praça do relógio)
Mogi-Guaçu/SP - 14h - Campo da Brahma
Mossoró/RN - 16h - Rua João Marcelino, Praça do Diocesano.
Natal/RN - 15h - Midway Mall
Niterói/RJ - 10h - Reitoria UFF
Novo Hamburgo/RS - 15h - Praça Punta del Este
Orobó/PE - 15h - Quadra Central
Osasco/SP - 14h - Estação de Trem
Ourinhos/SP - 16h - Praça Mello Peixoto
Palmas/TO - 16h - Praça do Girassol
Paranavaí/PR - 14h - Praça dos Pioneiros
Pelotas/RS - 15h - Praça Cel P. Osório
Petrolina/PE - 15h30 - Praça da Catedral
Pindamonhagaba/SP - 15h - Praça da Cascata
Piracicaba/SP - 09h - Praça Jose Bonifácio
Porto Alegre/RS - 16h - Parcão
Promissão/SP - 10h - Praça Nove de Julho
Recife/PE - 09h30 - Av Boa Viagem
Resende/RJ - 14h - Calçadão Campos Elísios
Ribeirão Preto/SP - 10h - Praça XV
Rio Claro/SP - 09h - Praça dos Bancos
Rio de Janeiro/RJ - 11h - Praia de Copacabana em frente à Rua Sousa Lima, Posto 5
Salto/SP - 16h - Praça XV
Salvador/BA - 09h - Farol da Barra
Santa Cruz do Sul/RS - 15h - Praça do Palacinho
Santa Luzia/MG - 11h - Av. Brasilia
São Carlos/SP - 10h - Av: Comendador Alfredo Maffei, 2454 (Praça do Mercado)
São Gabriel/RS - 14h - Trevo entrada da cidade
São João del Rei/MG - 15h - Praça Estação Ferroviária
São José dos Campos/SP - 14h - Praça Afonso Pena
São Lourenço/MG - 15h - Praça João Lage
São Paulo/SP - 14h - Av. Paulista (R. Pamplona, MASP)
São Vicente/SP - 14h - Praça da Independência
Sapiranga/RS - 15h - Parcão
Sorocaba/SP - 15h - Praça do Canhão
Teófilo Otoni/MG - 20h - Praça Tiradentes
Teresina/PI - 16h - Av. Mar. Castelo Branco em frente à Alepi
Timbó/SC - 9h - Prefeitura
Uberlândia/MG - 10h - Praça Tubal Vilela
Vacaria - 15h - Praça Daltro Filho
Vinhedo - 14h - Portal
Vitoria/ES - 14h - Praça do Papa
Vitória da Conquista/ES - 9h - Praça Guadalajara
Volta Redonda/RJ - 09h30 - Praça Brasil
EXTERIOR
Cochabamba, Bolívia - 12h - Praça das Bandeiras
Dublin, Irlanda - 16h - Embaixada do Brasil
Lisboa, Portugal - 16h - Praça Luís de Camões
Londres, Inglaterra - 16h - Embaixada do Brasil
Miami, EUA - 15h - Bayside
Milão, Itália - 16h - Consulado Brasileiro
New York - 14h - Times Square 45/46
Porto, Portugal - 16h - Consulado Brasileiro
Seattle, EUA - 14h - Seattle Mall
Sydney, Austrália - 16h - Martin Place
Toronto, Canada - 14h - Queen's Park
Washington, EUA - 10h - Embaixada do Brasil
Confirmem, convidem, compartilhem:
ALIANÇA: https://www.facebook.com/events/786883924765799/

Brasil caminha para convulsão social por Jorge Serrão (Alerta Total)


Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

Estrangeiros, sobretudo os controladores britânicos da economia globalitária, nunca fazem análises isentas e descompromissadas sobre o Brasil. Não foge a esta tendência a pancada analítica mais recente, dada pelo diário britânico Financial Times (que o grupo Pearson confirma estar vendendo, provavelmente para os japoneses do mundo digital). O grande interesse dos patrocinadores do jornal é aproveitar a crise estrutural tupiniquim para adquirir o controle de nossas principais empresas - inclusive usando chineses como "laranjas".

O virulento texto do FT, tão festejado pela pretensa "oposição" e por alguns analistas midiáticos sem noção da realidade, peca por elementar burrice analítica. No editorial “Recessão e corrupção: a podridão crescente no Brasil”, o editorialista comete estupidez ou erro de paradigma analítico ao afirmar que "as instituições democráticas no Brasil têm força". Só quem está muito de fora (e por fora) do problema estrutural brasileiro consegue defender esta "tese" ingênua e incorreta.

Na verdade nua e crua, o impasse institucional brasileiro, combinado com a crise econômica, a insegurança do Direito, a corrupção sistêmica, a impunidade e a violência urbana sem controle, empurram o Brasil para um estágio de pré-convulsão social. O Brasil parece cada vez mais com aquela velha República de Weimar que antecedeu à escalada nacional socialista de Adolf Hitler na Alemanha. Recessão, estagflação, radicalismo ideológico e fraqueza das instituições costumam levar qualquer lugar ao caos - que demandará "força autoritária" como pretensa solução...

O risco de uma convulsão, com ruptura institucional, é um cenário cada vez mais próximo e possível - mesmo no Brasil em que se cultua o falso mito de uma passividade e pacifismo de um povo. O maior risco que o processo de convulsão social pode gerar interessa demais aos controladores globalitários: a divisão do Brasil, não em uma república federativa (coisa que, de verdade, nunca conseguimos implantar desde o golpe de Estado que derrubou o Império em 15 de novembro de 1889), mas sim na criação de estados fragmentados.

Todos os desgovernos a partir da chamada Nova República (1985) vêm colaborando para gerar as pré-condições históricas para que o separatismo artificial seja incluído na agenda. O Brasil precisa de um federalismo de verdade, igual ao modelo norte-americano, onde o governo da União mantém a unidade nacional, a partir do estrito respeito constitucional à soberania dos estados membros. O problema nosso é que o Brasil não passou por uma revolução, igual a dos EUA, que implantou um federalismo equilibrado. Nosso modelo resultou de uma ação interventora do Poder Federal - que causa, originariamente, todas as nossas falhas estruturais da Nação.

  
O Brasil precisa ser reinventado se quiser continuar sendo o País que parece ser. Por isso, é chover no molhado e perder tempo dar importância à análise do FT sobre a “incompetência, arrogância e corrupção quebraram a magia” do país ou à frase que tanto chocou a cúpula de nossa politicagem governamental: ”O Brasil hoje tem sido comparado a um filme de terror sem fim”Os britânicos só acertam, enxergando o óbvio ululante, que “pode ser que tempos mais difíceis estejam adiante do Brasil”. 

Nosso problema central não é se Dilma vai cair por impeachment ou pedir para sair (inventando alguma doença). Se a saída dela acontecer, o que a pressão político-popular torce que acontece o mais breve possível, fica a maior das dúvidas: como será o dia seguinte. O famoso "day-after" não está totalmente desenhado. Soluções para o aprimoramento institucional existem. No entanto, não são consensuais entre o que se pode chamar de "Elite Moral". A massa, sempre pragmática, sempre torce pela fórmula mágica promovida por algum "salvador da pátria".

Golpe? As instituições já estão golpeadas pela governança do crime institucionalizado, sem previsão de punição, a não ser com o rigor seletivo contra os inimigos de ocasião (no caso atual, os empresários corruptos). Alguns políticos, parceiros deles, podem entrar também pelo cano. No entanto, a realidade de sacanagem e roubalheira não vai mudar radicalmente, porque o sistema continuará o mesmo. As punições, se realmente ocorrerem, vão atingir algumas moscas varejeiras. O modelo continuará intocável - a não ser que a crise gere alguma "revolução".

Nas condições atuais, se depender da cúpula dos militares, não haverá apoio imediato a nenhuma espécie de "intervenção constitucional". O famoso e sempre temido "golpe militar", então, nem se fala. Trata-se de um fenômeno fora de cogitação - a não ser que as legiões sejam tiradas da "zona de conforto" (aliás, nada confortável). O fato concreto é que as condições de hoje tendem a degenerar em convulsão política e social. Aí sim, querendo ou não, as Forças Armadas podem ser forçadas a entrar em campo. Ocorre que é consenso entre analistas na caserna que, se isto acontecer, será uma "intervenção pontual".

Por enquanto, Bruzundanga está naquele ritmo de (nem) pagar para ver. Banqueiros já começam a se preocupar, seriamente, com a inadimplência e o calote - que saem do controle. Os juros altos, as taxas absurdas e o fornecimento de crédito de forma irresponsável, mais para o consumismo que para a produção, criaram um monstro que se volta contra os criadores rentistas - que comemoram recordes de lucros, enquanto a ignorante sociedade brasileira paga a conta do modelo equivocado e da estrutura ineficiente, gastadora e falida - moral e economicamente. O medinho da banqueiragem é o componente novo no cenário de caos que tende a se aprofundar no Brasil.

A confusão - ou convulsão - que vem adiante não consegue ser prevista pelos estrangeiros. Enquanto isto, continuamos assistindo às ilusões de poder da Rainha Dilma e de seu vice Michel Temer, agora rompido com a cúpula da Maçonaria Inglesa que o fez chegar ao grau de Mestre Maçom. O teatro da politicagem se torna cada vez mais patético. Os três poderem pagam tradicomédia. Na hora do pega-pra-capar, a grande dúvida é quem conseguirá se salvar. Miami vai ficar pequena para tanto autoexilado...

Giro complicado


Pegou muito mal o adiamento da entrevista que Dilma Rousseff daria à bela Mariana Godoy, na Rede TV!: tudo indica que foi o temor de mais um megapanelaço nunca antes visto e ouvido na história mal contada do Brasil...

Empurrando a extradição


Preferência Nacional

A Petrobras já está saindo da Argentina...

Diga não à corrupção essa conta não é Nossa!!

ATENÇÃO PARA AS CIDADES PARTICIPANTES DO DIA 16/8
Organizados pelos movimentos da ALIANÇA, MBL, ROL, VPR.

Americana/SP - 16h - Praça do Trabalhador (Avenida Brasil)
Anápolis/GO - 14h - Praça Dom Emanuel
Apucarana/PR - 15h - Praça Rui Barbosa
Araçatuba/SP - 9h30 - Av. Brasília x Pompeu
Arapiraca/AL - 15h - Praça Marques
Araponga/MG - 15h - Praça Mauá
Araraquara/SP - 15h - Teatro Municipal
Araras/SP - 17h - Praça Barão De Araras
Bebedouro/SP - 10h - Praça da Matriz (Concha Acústica)
Belém/PA - 08h - Escadinha Estação das Docas
Belo Horizonte/MG - 10h - Praça da Liberdade
Betim/MG - 09h - Praça Tiradentes
Blumenau/SC - 14h - Em frente a Prefeitura
Botucatu/SP - 10h - Largo da Catedral
Brasilia/DF - 09h30 - Museu Nacional - Esplanada dos Ministérios
Cachoeira/BA - 15h - Praça 25
Cachoeiro do Itapemirim/MG - 9h - Praça Jerônimo Monteiro
Camaçari/BA - 9h30 - Praça Des. Montenegro
Campina Grande/PB - 15h30 - Praça da Bandeira
Campinas/SP - 14h - Largo do Rosário
Campo Grande/MS - 14h - Praça do Rádio
Campos Novos/SC - 16h - Praça Lauro Muller
Canela/RS - 13h30 - Catedral de Pedra
Canoas/RS - 15h - Praça do Avião
Cascavel/PR - 15h - CT N. Sra. Aparecida
Cataguases/MG - 10h - Praça Santa Rita
Caxias do Sul/RS - 15h30 - Praça Dante
Cerquilho/SP - 15h - Praça do Convívio
Chapecó/SC - Praça Coronel Bertaso
Conceição do Coité/BA - 15h - Praça da Matriz
Criciuma/SC - 16h - Parque das Nações
Cuiabá/MT - 16h - Praça Alencastro
Curitiba/PR - 14h - Praça Santos Andrade
Curvelo/MG - 10h - Praça Central do Brasil
Divinópolis/MG - 15h30 - Praça do Santuário
Espumoso - 15h - Praça Borges Medeiros
Feira de Santana/BA - 15h - No estacionamento em frente a Prefeitura
Florianópolis/SC - 15h - Trapiche da Beira-Mar
Fortaleza/CE - 15h - Praça Portugal
Foz do Iguaçu/PR - 9h - Praça do Mitre
Francisco Beltrão/PR - 15h - Calçadão da Igreja Matriz
General Salgado/SP - 10h - Calçadão
Goiânia/GO - 14h - Praça do Bandeirante
Guarapuava/PR - 16h - Praça Cleve
Ilhéus/BA - 15h30 - CT Dom Eduardo
Imbé/RS - 14h - Prefeitura
Indaiatuba/SP - 9h30 - Parque Ecológico
Ipatinga/MG - 10h - Feira do Canaã
Iraty/PR - 15h30 - Praça da Bandeira
Itabuna/BA - 15h - Jardim do Ó
Itapema/SC - 15h - Praça da Paz
Itú/SP - 16h30 - Praça da Matriz
Ituiutaba/MG - 15h30 - Praça Conego Angelo
Jacareí - 10h - Parque da Cidade
João Pessoa - 13h30 - Parque da Cidade
Joinville/SC - 15h30 - Praça da Bandeira
Juiz de Fora/MG - 10h - Praça de São Mateus
Jundiaí/SP - 09h30 - Av. Nove de Julho
Lajeado/RS - 15h - Parque Theobaldoo Dick
Limeira/SP - 15h - Praça Toledo de Barros
Londrina/PR - 15h - Colégio Vicente Rijo
Macapá/AP - 15h - Praça das Bandeira
Maceió/AL - 09h - Corredor Vera Arruda
Manaus/AM - 16h - Av. Djalma Batista com Rua Para
Maringá/PR - 14h - Catedral
Mogi Das Cruzes/SP - 09h - Pca Oswaldo Cruz (praça do relógio)
Mogi-Guaçu/SP - 14h - Campo da Brahma
Mossoró/RN - 16h - Rua João Marcelino, Praça do Diocesano.
Natal/RN - 15h - Midway Mall
Niterói/RJ - 10h - Reitoria UFF
Novo Hamburgo/RS - 15h - Praça Punta del Este
Orobó/PE - 15h - Quadra Central
Osasco/SP - 14h - Estação de Trem
Ourinhos/SP - 16h - Praça Mello Peixoto
Palmas/TO - 16h - Praça do Girassol
Paranavaí/PR - 14h - Praça dos Pioneiros
Pelotas/RS - 15h - Praça Cel P. Osório
Petrolina/PE - 15h30 - Praça da Catedral
Pindamonhagaba/SP - 15h - Praça da Cascata
Piracicaba/SP - 09h - Praça Jose Bonifácio
Porto Alegre/RS - 16h - Parcão
Promissão/SP - 10h - Praça Nove de Julho
Recife/PE - 09h30 - Av Boa Viagem
Resende/RJ - 14h - Calçadão Campos Elísios
Ribeirão Preto/SP - 10h - Praça XV
Rio Claro/SP - 09h - Praça dos Bancos
Rio de Janeiro/RJ - 11h - Praia de Copacabana em frente à Rua Sousa Lima, Posto 5
Salto/SP - 16h - Praça XV
Salvador/BA - 09h - Farol da Barra
Santa Cruz do Sul/RS - 15h - Praça do Palacinho
Santa Luzia/MG - 11h - Av. Brasilia
São Carlos/SP - 10h - Av: Comendador Alfredo Maffei, 2454 (Praça do Mercado)
São Gabriel/RS - 14h - Trevo entrada da cidade
São João del Rei/MG - 15h - Praça Estação Ferroviária
São José dos Campos/SP - 14h - Praça Afonso Pena
São Lourenço/MG - 15h - Praça João Lage
São Paulo/SP - 14h - Av. Paulista (R. Pamplona, MASP)
São Vicente/SP - 14h - Praça da Independência
Sapiranga/RS - 15h - Parcão
Sorocaba/SP - 15h - Praça do Canhão
Teófilo Otoni/MG - 20h - Praça Tiradentes
Teresina/PI - 16h - Av. Mar. Castelo Branco em frente à Alepi
Timbó/SC - 9h - Prefeitura
Uberlândia/MG - 10h - Praça Tubal Vilela
Vacaria - 15h - Praça Daltro Filho
Vinhedo - 14h - Portal
Vitoria/ES - 14h - Praça do Papa
Vitória da Conquista/ES - 9h - Praça Guadalajara
Volta Redonda/RJ - 09h30 - Praça Brasil

EXTERIOR
Cochabamba, Bolívia - 12h - Praça das Bandeiras
Dublin, Irlanda - 16h - Embaixada do Brasil
Lisboa, Portugal - 16h - Praça Luís de Camões
Londres, Inglaterra - 16h - Embaixada do Brasil
Miami, EUA - 15h - Bayside
Milão, Itália - 16h - Consulado Brasileiro
New York - 14h - Times Square 45/46
Porto, Portugal - 16h - Consulado Brasileiro
Seattle, EUA - 14h - Seattle Mall
Sydney, Austrália - 16h - Martin Place
Toronto, Canada - 14h - Queen's Park
Washington, EUA - 10h - Embaixada do Brasil

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ALIANÇA: https://www.facebook.com/events/786883924765799/


fonte: http://www.alertatotal.net/2015/07/brasil-caminha-para-convulsao-social.html

O conservadorismo pela lente de um liberal


Ensaio escrito para a revista Dicta & Contradicta. Edição de Joel Pinheiro da Fonseca. 

Rodrigo Constantino

Para falar sobre filosofia política, o primeiro problema que surge é a definição dos rótulos. Eles são úteis na vida, não resta dúvida, pois ajudam a simplificar conceitos complexos e a estreitar grupos de pensamento com base em semelhanças e divergências. Mas podem ser perigosos, justamente por seu simplismo. Como encaixar em uma única palavra tantos valores e princípios, tantas crenças?

Dito isso, não terei como fugir dos rótulos em um ensaio sobre conservadorismo e liberalismo. O que entendo por conservadorismo? Em primeiro lugar, talvez seja melhor dizer o que não será alvo de análise neste ensaio: o neoconservadorismo do Partido Republicano nos Estados Unidos, tão bem representado pelo ex-presidente George W. Bush. Sua visão messiânica de exportar, por meio de armas, a democracia para o mundo não combina com o conservadorismo tradicional. Tampouco trataremos de um conservadorismo verde e amarelo, até porque faltariam representantes legítimos desse pensamento no Brasil moderno. Inclusive considero estes dois ícones da “direita” – os imperialistas messiânicos e os meros reacionários – como culpados pela má reputação do conservadorismo. Se seus representantes são Bush e Bolsonaro, então não há muito de admirável nessa linha de pensamento político. O anticomunismo é muito pouco para torná-la respeitável.

O conservadorismo aqui abordado é aquele que ganhou corpo teórico a partir de Edmund Burke e suas reflexões sobre a Revolução Francesa. Outros vieram depois acrescentando suas próprias visões, mas sem transfigurar os pilares essenciais traçados por Burke. Tocqueville, John Adams, Michael Oakeshott, Russell Kirk, Roger Scruton e tantos outros contribuíram para a preservação e o avanço de suas principais características.

E quais seriam elas? Tentemos definir os principais pontos do conservadorismo; tarefa ingrata, mas necessária. Com relutância, enfrentarei o desafio, sabendo de antemão que pecarei pelo simplismo. Pedirei ajuda a Russell Kirk, que se debruçou sobre o assunto em The Conservative Mind.  

O conservadorismo não é um dogma imutável ou fixo, e se adapta ao tempo sem trair suas convicções. Em sua essência, porém, representa a tentativa de preservar o que é familiar, e daí decorre o respeito pelas tradições assimiladas e testadas pela sociedade ao longo do tempo, pela sabedoria dos antepassados. Alguns pilares costumam estar presentes em todo pensamento conservador. São eles: 1) A crença de que há uma intenção divina que governa a sociedade e a consciência individual, criando um elo eterno que liga os vivos e os mortos; 2) afeição pela enorme variedade e mistério presentes na vida, ao contrário da visão mais uniforme e limitada dos sistemas radicais; 3) convicção de que a sociedade civil necessita de ordem e classes, de lideranças naturais que, uma vez abolidas, deixarão um vácuo a ser ocupado por ditadores; 4) noção de que propriedade e liberdade estão conectadas de forma inseparável; 5) descrença em modelos racionalistas que ignoram o fato de que os homens são governados mais pelas emoções que pela razão; 6) reconhecimento de que reforma e inovação revolucionária não são a mesma coisa, sendo esta normalmente arriscada demais para a manutenção da sociedade.

Em minha interpretação da leitura dos textos conservadores, eis o que ficou de mais relevante: uma cautela contra tudo que é extremista e utópico; a preferência por reformas graduais em vez de saltos revolucionários; uma abordagem humilde com base na falibilidade de nossa razão; um foco nas virtudes atemporais desenvolvidas por nossos ancestrais; a valorização da cultura e da família tradicional; a defesa de uma aristocracia natural; profunda desconfiança da democracia igualitária; uma visão trágica do ser humano, cuja evolução moral não acompanha a material; um realismo ao lidar com a política, a arte do possível; e o respeito pela ordem social contra o risco de anomia. Desenvolverei esses pontos a seguir.  

Ceticismo vs. fanatismo

Comecemos pela cautela contra radicalismos. Talvez esta seja uma das mais importantes características de um típico conservador, e sem dúvida a que mais me atrai. Todo conservador é cético por natureza e experiência. Ele compreende que a vida em sociedade é por demais complexa para ser enquadrada em modelos paridos em uma Torre de Marfim. O conservador rejeita abstrações, por desconfiar de sua viabilidade, porque estas tendem a uniformizar de forma centralizada os comportamentos para que o projeto político possa ser construído. Ele jamais irá abraçar movimentos revolucionários, que têm a pretensão de criar um “novo mundo” a partir de uma tábula rasa, descartando todo o estoque de conhecimento existente.

Há em todo conservador uma boa dose de respeito pelo árduo processo de tentativa e erro ao longo dos tempos, que serviu para moldar instituições úteis a nossa sobrevivência. E o mais importante: tais instituições nem sempre podem ser perfeitamente compreendidas pela nossa razão. O liberal Friedrich Hayek tinha postura semelhante, apesar de não se considerar conservador. Mas sua visão era tão parecida com o conservadorismo em alguns aspectos que ele teve que escrever um texto explicando porque não era um deles. 

Hayek, de fato, tinha muitos pontos de convergência com o conservadorismo. Ele desconfiava do racionalismo cartesiano, e achava que a própria razão poderia nos mostrar seus limites, demandando maior humildade frente à complexidade da vida social. Chegou a cunhar a expressão “arrogância fatal” para se referir a esta pretensão humana de desenhar modelos racionais perfeitos e justos de sociedade. Hayek era contra o “abuso da razão”. Seguindo a idéia de Vico, Mandeville e dos iluministas escoceses, acreditava em uma ordem espontânea, advinda de consequências não intencionais dos agentes. Sua maior divergência com os conservadores era no que diz respeito ao otimismo. Para Hayek, faltava aos conservadores a coragem de aceitar as mudanças não programadas pelas quais novas conquistas humanas irão surgir.

No aspecto de nosso interesse aqui, Hayek sem dúvida estava do lado conservador. Curiosamente, mesmo desconfiando da razão e respeitando o estoque de conhecimento acumulado, Hayek chegou a defender uma postura mais ousada dos liberais. Escreveu que era preciso transformar o liberalismo em uma empreitada radical e até utópica, uma aventura intelectual. Ironicamente, não viveu o suficiente para ver os seguidores modernos de Rothbard, que levaram seu conselho ao extremo, acusando-lhe de “socialista”.

O fanatismo dos seguidores de Rothbard foi um dos fatores que me afastaram da visão libertária radical. Jovens imbuídos de uma crença intransigente no princípio “absoluto” da não-agressão acabaram por criar uma seita fechada, intolerante com qualquer divergência. Seguros da descoberta dessa “pedra filosofal”, reduzem a questão ética a uma máxima que uma criança compreenderia. Pensam que, com ela, respondem todos os complexos problemas sociais. Juram falar em nome da Razão contra os alienados (todos que discordam). Acabam adotando postura incompatível com o liberalismo plural e humilde que defendo. Assim como Oscar Wilde, “não sou jovem o suficiente para saber tudo”.  

Conservadores dão mais ênfase à tradição que ao racionalismo dogmático. A civilização não é herdada biologicamente; ela precisa ser aprendida e conquistada por cada nova geração, inclusive por meio de ideias e valores pré-concebidos (ninguém teria como submeter tudo ao crivo de sua razão). Se a transmissão fosse interrompida por um século, seríamos selvagens novamente. O homem não cria, apenas com base em sua razão, os pilares que sustentam a civilização. Ela é o acúmulo de um processo ininterrupto e que pode ser desfeito a qualquer momento.

Uma das críticas comuns que os racionalistas fazem a esta postura é ilustrada pela história dos macacos enjaulados. Conta-se que cientistas colocaram cinco macacos na jaula, com uma escada que dava acesso a um cacho de bananas. Assim que um macaco tentava subir a escada, todos recebiam uma ducha de água fria. Quando um deles se aventurava em direção à escada, os demais o espancavam, receosos do castigo geral. Trocaram então um dos macacos, e o novato rapidamente tentou subir a escada, sendo logo espancado pelos outros quatro.

Os cientistas foram então trocando os macacos antigos um a um, e cada novo macaco que tentava pegar o cacho de bananas era impedido pelos outros, inclusive pelos que não estavam no começo e nunca tinham levado a ducha. Ao fim do processo, os cinco macacos presentes na jaula eram todos novatos, ou seja, nenhum deles estivera presente quando a ducha fria impediu o acesso ao prêmio. Ainda assim, quando algum recém-chegado se dirigia à escada, eles o impediam. Se alguém pudesse perguntar a estes macacos porque batiam no novato, provavelmente responderiam: “Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui”.

A história é interessante; mas serve para ambos os lados. Sim, é verdade que muitas vezes seguimos tradições somente porque nossos pais faziam assim, e antes deles seus pais também. Só que isso não quer dizer que a tradição seja inútil, ou que possamos julgá-la racionalmente. Basta substituir o prêmio das bananas no exemplo por uma armadilha que detona uma explosão nuclear, para concluir que é positivo o fato de nenhum macaco deixar outro chegar ao topo da escada, ainda que não saiba exatamente o motivo de sua ação.

Nesse caso, seria temerário permitir o acesso a qualquer macaco, e a tradição teria uma função fundamental na preservação daquela comunidade. O conservador, portanto, não precisa defender cegamente as tradições, ou ser avesso a qualquer mudança. Ele adota uma postura cautelosa. Defende uma abordagem gradual, repleta de cuidados e precauções. Não abraça a mudança pela mudança em si. Contra o excesso de otimismo dos aventureiros, alerta para os riscos envolvidos.

Conta Edmund Burke em suas reflexões: "Não estamos restritos à alternativa de destruir completamente as instituições ou de deixá-las subsistir sem nenhuma reforma. [...] É-me impossível compreender como certas pessoas são tão pretensiosas, a ponto de considerarem um país como se fosse uma tábula rasa onde pudessem escrever aquilo que melhor lhes convêm. No plano meramente teórico é concebível que se deseje que a sociedade tal qual existe fosse estruturada de uma maneira totalmente diferente, mas um bom patriota e um verdadeiro político procura tirar o melhor partido possível daquilo que existe de material na sua sociedade".

O sistema monárquico dos Bourbon precisava de reformas drásticas; mas será que a revolução jacobina traria o paraíso pregado? Não deixa de ser curioso o fato de que Thomas Paine, autor de The Age of Reason Common Sense, tenha se empolgado tanto com esse movimento revolucionário que tinha tão pouco de racional e nada de bom senso. Por sorte, a Revolução Americana, ao contrário da Francesa, contava com importantes figuras mais pessimistas, como John Adams, para contrapor o otimismo radical de Paine e Jefferson.

Isso nos remete ao outro ponto de divergência entre liberais radicais e conservadores: estes são, via de regra, mais pessimistas. Para Rothbard, por exemplo, a “atitude adequada ao libertário é a de inextinguível otimismo quanto aos resultados finais”, enquanto o “erro do pessimismo é o primeiro passo descendente na escorregadia ladeira que leva ao conservadorismo”. Mas será que o pessimismo (ou realismo, diriam alguns) é mesmo um erro?

Em The Uses of Pessmism, Roger Scruton defende que doses de pessimismo são cruciais para se evitar catástrofes. Segundo ele, pessoas escrupulosas misturam um pouco de pessimismo a suas esperanças, reconhecendo que a vida possui limites, não apenas obstáculos. Ele vai além, e afirma que há uma forma de vício na irrealidade que cria uma das formas mais destrutivas de otimismo: o desejo de substituir a realidade por um sistema de ilusões.

Tom Wolfe sintetizou ironicamente a questão quando disse que um conservador é um liberal que foi assaltado. Sonhar é bom, até indispensável para o progresso. Adotar uma postura mais otimista diante da vida é parte essencial dos empreendimentos que mudam o mundo para melhor. Mas o sonho impossível, otimista em demasia, pode ser fatal. Quando se diz que não há limites intransponíveis, que a vida não é feita de trade-offs, mas apenas de obstáculos que precisam ser superados, se está a um passo da utopia.

Essa é outra característica dos conservadores: uma profunda ojeriza ao pensamento utópico, à crença de que os males do mundo podem ser extintos. O pensamento utópico é redentor, oferece uma visão de completude, um ponto de chegada, o “fim da história”. Utopias são visões teleológicas que aplacam a angústia de uma vida sem sentido ou destino. O utópico não aceita restrições e imperfeições; ele quer uma “solução”. Tampouco aceita que valores podem viver em conflito insolúvel, sem uma resposta “certa” e única.

Modelos utópicos desembocam em sistemas fechados, prontos, acabados, e sempre intolerantes. Como o utópico sequer reconhece que podem existir valores incomensuráveis, ele tende ao fanatismo, pois “sabe” o que é certo ou justo em todos os casos. Os sábios carregam muitas dúvidas, enquanto os tolos e fanáticos estão sempre certos de si, embora suas utopias não possam se concretizar, coisa que, no fundo, eles sabem. É por isso que se negam a descrever em detalhes e de forma crítica o que exatamente têm em mente. As utopias acabam empacotadas de forma vaga, mesmo quando têm roupagem científica. Essa meta inalcançável serve como poderosa arma para negar o que é real. A utopia é uma condenação abstrata de tudo que nos cerca, e justifica a postura intransigente e violenta do utópico.

O utópico é, em todos os sentidos, o avesso do conservador. Ele não aceita contemporização alguma, não alimenta um saudável ceticismo quanto às “soluções” pregadas, não tolera divergências, não respeita as experiências históricas, não convive com as restrições impostas pela vida em sociedade, não encara a possibilidade de sua “receita mágica” levar a um resultado terrível. Como mecanismo de defesa, monopoliza os fins nobres e rejeita qualquer experimento concreto como derivado de sua utopia. Para tanto, ele teria que reconhecer suas imperfeições.

O Papel da religião

Muitos conservadores atribuem relevância gigantesca à religião como instrumento da preservação dos valores morais. As religiões oferecem, além disso, uma visão redentora pós-morte, o que ajudaria a suportar as angústias da vida. Retire-se isso das pessoas, especialmente das massas, e alguma coisa será colocada em seu lugar. EmTempos Modernos, Paul Johnson considera que o colapso do impulso religioso deixou um vácuo de grandes proporções. Ele diz: “A história dos tempos modernos é, em grande parte, a história de como aquele vácuo foi preenchido”. No lugar da crença religiosa, haveria a ideologia secular. As utopias seriam, desta forma, substitutos das religiões. A grande diferença é que a seita ideológica promete um paraíso terrestre, o que é ainda mais perigoso.

Confesso que este é um tema que gera muitas dúvidas em mim. Até que ponto as pessoas em geral necessitam das religiões para preencher este vácuo, evitando assim o risco de colocarem em seu lugar seitas seculares ainda mais perigosas? Em outras palavras: até que ponto a “morte de Deus” não abriu espaço para o nascimento do “Deus Estado” e, com ele, dos totalitarismos modernos? Não tenho a pretensão de saber a resposta, mas reconheço que há aqui uma importante divergência entre liberais e conservadores. Se estes afirmam a religião como garantidora do tecido social, aqueles preferem a defesa secular das liberdades.

Há conservadores seculares, como Oakeshott. Mas talvez seja um ponto fraco do conservadorismo moderno esta enorme dependência da religião. Talvez a filosofia, as artes e a literatura possam substituir a religião neste encanto pelo mistério do universo, nesta contemplação pelo desconhecido, eterno e indizível. Mas talvez os conservadores, apelando para o argumento utilitarista da fé, tenham um ponto quando alegam que, sem o freio religioso, as massas demandarão algum outro “Pai” em seu lugar. As rotas de fuga alternativas e mais sofisticadas talvez sejam privilégio de uma minoria esclarecida. Sei que é uma visão elitista, mas eis outro aspecto que alguns liberais clássicos e conservadores compartilham: a existência de uma aristocracia natural que carrega o mundo nas costas.

Elite e massa

A multidão conta com a vantagem numérica. Nas massas, a sensação predominante é a de ser “como todo mundo”, e não há angústia nisso; ao contrário, sente-se bem por ser idêntico aos demais. A característica moderna, apontada em A Rebelião das Massas por Ortega y Gasset, é que esta “alma vulgar, sabendo que é vulgar, tem a coragem de afirmar o direito da vulgaridade e o impõe em toda parte”. A hiperdemocracia criou o império das massas, que precisa destruir o diferente, o melhor.

De gustibus non est disputandum. Esta, que é uma máxima ao agrado de muitos liberais, seria a nova regra geral. É verdade que, se gosto não se discute, há ao menos um apelo à tolerância, tão cara aos liberais. Só que existe outro lado da moeda: a crença inabalável nas preferências subjetivas acabou produzindo um excessivo relativismo. A música clássica e o funk das favelas, os quadros de Caravaggio ou o tubarão de Damien Hirst, Dostoievski ou Dan Brown, tudo simples questão de gosto. E o “melhor” será julgado pela maioria. Vox populi, Vox Dei.

Os conservadores demonstram enorme desconforto diante deste cenário. Eles entendem que a democracia não é critério estético. E o mesmo vale para a política. Por isso conservadores costumam desconfiar das escolhas democráticas, cientes de que não serão os melhores que chegarão ao poder, e sim os mais populares, ou seja, os demagogos. Esta desconfiança com a democracia não é sinônimo de defesa de regimes autoritários. Muitos liberais, como Ludwig von Mises e Karl Popper, reconheceram que a principal vantagem da democracia não é o resultado ótimo de sua escolha, e sim seu método pacífico de eliminar as piores escolhas. Os conservadores fazem coro aqui, alertando para os riscos do modelo democrático, sem, entretanto, rejeitá-lo completamente.

Os conservadores tiveram importante papel no necessário alerta de que regimes democráticos podem se tornar despóticos. E, quando isso ocorre, costuma ser a pior forma de tirania: aquela da maioria que aniquila o indivíduo. Este receio é fundamental para a própria defesa da liberdade, possível somente em um governo de leis, e não de homens com desejos arbitrários impostos aos demais. Os conservadores defendem, então, um amplo mecanismo de pesos e contrapesos, o respeito às instituições estabelecidas, o Common Law obtido pela experiência local de inúmeros casos passados. Eles rejeitam as mudanças radicais e nunca testadas, a total substituição de costumes estabelecidos por sistemas paridos nas cabeças de idealistas que falam em nome do povo.   

Michael Oakeshott fez a distinção entre a “política de fé” e a “política do ceticismo”. A primeira entende que o governo deve buscar a perfeição humana, que para todo problema há uma única solução racional, enquanto a última entende o governo não como entidade benigna e perfectibilista, mas apenas necessária, e que é impossível construir uma sociedade perfeita. No âmbito individual, cada um buscará a perfeição à sua maneira, e não devemos colocar o governo ou a sociedade como agentes dessa busca de perfeição.

Individualismo moderado

Os liberais são mais enfáticos na defesa do individualismo, ou seja, do indivíduo como um fim em si mesmo, e não um meio sacrificável por um bem maior. Os conservadores, se não aderem ao coletivismo, também não apreciam o individualismo extremo. Ou seja, quando individualismo é confundido com “sociopatia”, quando liberdade individual é confundida com licença para fazer qualquer coisa desde que não agrida (fisicamente) o outro, aí o conservador se torna um crítico do “liberalismo” radical.

Indivíduos não devem ser tratados como átomos totalmente independentes, como ilhas. O conservador dá valor à comunidade local, à narrativa histórica que caracteriza o próprio indivíduo. O apetite individual sem qualquer restrição pode representar uma ameaça de desintegração da ordem social e, com ela, da própria liberdade individual. Seria o caos anárquico. O psicopata, não custa lembrar, não peca por falta de coerência, e sim por falta de remorso, culpa, empatia.

Confesso que tenho simpatia por este alerta, pois a lógica individualista levada ao extremo da coerência pode significar até a destruição do núcleo familiar. Os filhos não assinaram contrato algum com os pais e, portanto, devem ser livres para fazerem o que quiserem, em qualquer idade?. Qualquer restrição seria uma coerção ao indivíduo livre, pela ótica libertária. Considero esta conclusão absurda. “Refreia as tuas paixões, mas toma cuidado para não dar rédeas soltas à tua razão”. 

Roger Scruton, falando sobre os limites da liberdade, explica que os conservadores lutam para restringir de alguma forma o comportamento adulto de olho nos interesses das gerações futuras, enquanto alguns liberais alegam que a única coisa importante é a liberdade destes adultos aproveitarem como quiserem o aqui e agora. Traçar esta linha divisória é tarefa quase impossível, mas podemos pensar em casos que ilustram a divergência. Um deles é o aborto. Existem diversos argumentos contra e a favor, e por inúmeros pontos de vista. De nosso interesse aqui, porém, basta dizer que há quem defenda a prática com base somente no “direito” da mãe fazer o que quiser com seu corpo. Já os conservadores, mesmo os que não se limitam à base estritamente religiosa, questionam até que ponto a banalização do aborto não afeta valores importantes para preservar a sociedade.

Costumo manter a equidistância entre libertários e conservadores religiosos aqui. Os primeiros alegam que o feto é como um “parasita” (Rothbard usou o termo) no corpo da mulher, que faz o que quiser com ele. O aborto seria legítimo até o fim da gestação. Os últimos acreditam que o feto, desde o milésimo da concepção, é exatamente como um ser humano em direitos. A pílula do dia seguinte seria equivalente a assassinato. Encaro ambas as visões extremas como um erro. Para cada problema complexo, há uma resposta clara, simples e errada.

Outro exemplo seria o consumo de drogas. O liberal radical diria que esta é uma questão exclusivamente individual, de liberdade de escolha, enquanto o conservador estaria mais preocupado com os possíveis impactos desta liberação geral no seu entorno. O conservador, em geral, prefere não misturar liberdade com libertinagem, pois esta coloca em risco aquela. Talvez seja possível uma contemporização aqui, com a liberação de drogas leves como a maconha, sem apelar para o “liberou geral”, enquanto o consumo é combatido por campanhas de persuasão.

Construindo pontes

Estamos chegando perto do fim deste ensaio, e ainda há muito que dizer sobre conservadorismo. Não tenho a pretensão de esgotar o assunto em espaço tão reduzido.  Gostaria agora, contudo, de tentar construir uma ponte ligando liberais a conservadores. 

O ceticismo e a cautela dos conservadores são excelentes ferramentas para amainarem um pouco o excesso de otimismo dos liberais. Fazendo uma analogia, os liberais seriam a juventude impetuosa, sonhadora, que quer tudo para ontem, enquanto os conservadores seriam o adulto maduro e calejado, desconfiado de toda grande empolgação. Um equilíbrio entre ambos talvez seja o ideal.

O tradicionalismo serve para não jogarmos no lixo a sabedoria dos antigos, sem cair no reacionarismo. O peso colocado nas emoções serve para frear um pouco a arrogância de nossa limitada razão. A desconfiança em relação ao ser humano nos leva a reconhecer que há sempre um monstro interior que o progresso material não é capaz de eliminar. A preocupação com certos valores lembra-nos que libertinagem não é liberdade. O respeito às virtudes contrabalanceia a tendência iconoclasta e subversiva dos libertários. Até o aspecto religioso pode, ao menos, nos mostrar que nem só de pão vive o homem, em um mundo cada vez mais materialista onde tudo é mercadoria, inclusive o amor. Por fim, o foco comunitário pode temperar nosso individualismo. A liberdade individual existe em função da sociedade, e embora a cultura seja fonte de mal-estar, como sabia Freud, é preciso renunciar a parte da satisfação pessoal em prol dos ideais civilizatórios.

Pois ainda não inventaram nada melhor que a civilização, e nem vão, posto que ela é o resultado de séculos de aperfeiçoamento, sem jamais tocar a perfeição. Uma formação natural, se preferir, e não uma criação artificial. Preservar os pilares que sustentam esta civilização, conservar tais alicerces, sem saudosismo de um passado idealizado, mas sabendo avançar sempre que possível e com cautela, eis a ponte que liga liberais a conservadores.



fonte: http://rodrigoconstantino.blogspot.com.br/2013/05/o-conservadorismo-pela-lente-de-um.html

Alguém acredita???: Casa de luxo de André Vargas foi paga com sorvetes


Esposa do ex-deputado petista André Vargas, Edilaira Soares alegou à Justiça Federal que imóvel de R$ 2 milhões foi comprado com o dinheiro da venda de sorvetes, perfumes a domicílio e uma pequena loja de confecções

Acusada do crime de lavagem de dinheiro, a esposa do ex-deputado federal André Vargas (ex-PT), Edilaira Soares, afirmou à Justiça Federal do Paraná que conseguiu comprar um imóvel num condomínio de luxo de Londrina, avaliado em R$ 2 milhões, apenas com o dinheiro fruto de uma pequena sorveteria, de uma modesta loja de confecções e da venda de perfumes a domicílio.
As informações constam da defesa prévia de Edilaira entregue à Justiça Federal do Paraná em um dos processos relacionados à Operação Lava Jato. Ela é acusada, junto com o marido, de ter cometido o crime de lavagem de dinheiro na compra desse imóvel. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a casa, que tem 601,20 metros quadrados, foi adquirida com dinheiro fruto do esquema de corrupção da Petrobras.
Em sua defesa, a esposa de André Vargas afirmou que trabalha “desde os quinze anos de idade”. “A ré nasceu em uma família humilde, tendo começado a trabalhar antes mesmo de seus quinze anos, em princípio como babá, depois em pequenas lojas de bairro, em empresas, magazines e outros comércios varejistas.”
Em sua exposição, a defesa da esposa do ex-deputado federal alega que ela nunca esteve ligada a atividades ilícitas e que sempre obteve várias rendas. A primeira loja foi um mercado de R$ 1,99. Depois, ela adquiriu uma pequena loja de roupas e hoje vive da renda de pequenas vendas. “Atualmente, portanto, a renda da Ré se perfaz pelo lucro formal obtido pela sorveteria, pela venda dos produtos rurais do sítio e pela venda informal dos perfumes UP, sendo que é com tais valores que mantém a casa desde a prisão do réu André Vargas, com quem vive maritalmente”.
“A atividade formal da ré apenas foi suspensa no período em que sua mãe adoeceu (Alzheimer), ocasião em que investiu o dinheiro da venda da loja em negócios informais. Mesmo grávida e cuidando da mãe, a ré fez da sua casa o seu local de trabalho, criando equipes de mulheres para venda de roupas, perfumes e produtos Herbalife”, complementa a defesa.
O imóvel apontado pelo MPF como adquirido com dinheiro desviado da Petrobras foi sequestrado judicialmente no dia 10 de abril deste ano, quando Vargas foi preso. Apesar disso, Edilaira Soares continua morando no local após autorização da Justiça. Segundo o MPF, a suspeita do crime de lavagem de dinheiro surgiu quando houve diferenças entre os valores citados na compra do imóvel. À Receita Federal, os dois afirmaram que compraram a casa por R$ 500 mil. No entanto, o vendedor responsável pela negociação disse aos investigadores que o imóvel custou R$ 980 mil.
“A própria Receita Federal concluiu que não poderia, licitamente, haver divergência, e tão expressiva, de informações quanto ao valor da operação imobiliária”, afirmou o MPF na denúncia contra Edilaira Soares.

fonte: http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/casa-de-luxo-de-andre-vargas-foi-paga-com-sorvetes/