Virou comédia. Agora, a cúpula do PT quer uma "Carta ao Povo Brasileiro às Avessas" (em alusão à carta de Lula de 2002) e que a presidente Dilma mude o tom, indo ainda mais para a esquerda.
Já que tudo está descambando para a piada, vou seguir na onda e propor sete medidas para “petizar” de vez a economia.
Afinal, em tempos de crise, é preciso pensar fora da caixa -- ou melhor, seguir o exemplo dos petistas e parar de pensar.
Bastou Joaquim Levy sair de cena para as notícias sobre uma renovada rodada de heterodoxias emergirem.
Para estimular a economia — de novo, mais uma vez, como se isso ainda não tivesse sido tentado variadas vezes nos últimos anos —, o governo estaria supostamente preparando mais um PAC, aquele programa da aceleração do crescimento depois do qual os investimentos na economia desabaram com a mesma velocidade que ele — em tese — teria os feito crescer.
A ideia de um novo PAC, contudo, não surpreende. Não deveríamos esperar nada diferente do mesmo governo e equipe econômica que conduziram a economia à beira do abismo. Isso é tudo que conhecem e sabem fazer, mais intervencionismo.
Mas a coisa vira uma comédia quando aventam a possibilidade de políticas que vão além da heterodoxia. Segundo noticiado pela imprensa, a cúpula do PT quer uma "Carta ao Povo Brasileiro às Avessas" (em alusão à carta de Lula de 2002) e que a presidente Dilma mude o tom, "transmitindo esperança e estimulando o setor produtivo". Uma das propostas do partido é usar "parte das reservas internacionais, hoje em US$ 370 bilhões, para reaquecer a economia". Os petistas calculam que com "US$ 130 bilhões de reservas, poderia combater a crise com um vigoroso pacote de infraestrutura e investimentos".
Exatamente. Usar as reservas internacionais para dar um boom à economia. Essa é a proposta feita sem nenhum pudor, até porque para se envergonhar é preciso ter ciência do se está falando. Mas não. Não há a mais mínima noção elementar de economia e do funcionamento do Banco Central (que é proibido de repassar diretamente recursos ao Tesouro). E por serem alheios à teoria econômica — e ao bom senso —, os petistas advogam políticas dignas de risos.
E já que isso tudo está descambando à piada, vou seguir na onda e propor sete medidas para esculhambar de vez a economia. Porque se é para fazer molecagens, que as façamos logo para chegar ao fundo poço rápido e certeiro.
Então, mãos à obra. Vejamos as sete medidas para a desordem econômica absoluta:
1. Utilizar as reservas internacionais para financiar obras públicas
Perdoem a falta de originalidade, mas gostei tanto dessa medida que não podia deixá-la de fora.
Vamos esquecer a independência e a autonomia do Banco Central. Vendamos os dólares em posse da autoridade monetária, entreguemos os reais ao Tesouro para financiar qualquer obra pública. O importante é investir e o multiplicador keynesiano cuidará do resto. Não interessa saber por que o tal multiplicador não funcionou nos últimos anos.
2. Adotar o regime de câmbio fixo estabelecendo o dólar a R$ 3,00
Convenhamos, esse dólar flutuante está flutuando demais. Vamos reinstaurar o câmbio rígido, fixá-lo em R$ 3,00, bem longe de onde está agora, para assegurarmos uma crise cambial. Em seguida, implantemos tudo que é tipo de controle cambial. Tomemos como exemplo a Argentina na era dos Kirchners. Quem deve decidir o valor do dólar é o governo e não a mão invisível do mercado.
3. Estatizar o setor de telecomunicações
Essa medida é mais pela nostalgia, mesmo, pois não há nada como voltar ao passado glorioso. Atire a primeira pedra quem não sente saudade de registrar as linhas telefônicas como ativo imobilizado e declará-las no Imposto de Renda.
4. Re-monopolizar o petróleo
Porque sempre dá para piorar o que já está péssimo.
Se a gasolina está cara agora, esperem ver depois de nacionalizarmos toda a extração, o refino e a distribuição do petróleo.
Se a corrupção está alta agora — em que a empresa ainda tem um mínimo de contas a prestar a acionistas —, esperem para ver como ficará quando ele estiver 100% nas mãos de políticos.
Medida infalível.
5. Decretar a moratória da dívida pública externa
Como eu sinto falta de peitar o FMI e mostrar quem manda no país.
Tudo bem que nossa dívida externa já não é mais tão relevante, mas isso não importa. Essa política tem a ver com cojones. Tem a ver com deixar claro que o governo não se curvará diante dos credores internacionais, especialmente se forem ianques.
6. Congelar os preços ao consumidor
Porque se estivermos realmente determinados a bagunçar a economia, é imperioso congelar os preços da economia.
Querem ver filas nos supermercados? Querem ver as prateleiras desabastecidas? Congelamento de preços já!Estilo Plano Cruzado, estilo Venezuela de Nicolás Maduro.
Caos garantido.
7. Revogar o § 1º do art. 164 da Constituição Federal de 1988
Já que as relações entre o Tesouro e o Banco Central estão cada vez mais intrincadas mesmo, por que não revogar de uma vez o artigo que veda o financiamento direto ou indireto do Tesouro pela autoridade monetária?
Afinal de contas, o Banco Central não pertence ao estado brasileiro? Não é ele quem detém o monopólio de emissão de reais? Então, em vez de endividar-se com os banqueiros, que o Tesouro ordene o Banco Central a imprimir os reais que o governo precisa para cobrir o déficit fiscal, ora bolas. Aí voltaríamos ao saudoso e saudável comportamento dos preços da década de 1980 e da primeira metade da de 1990.
Em tempo de crise, é preciso pensar fora da caixa — ou melhor, parar de pensar, e seguir o exemplo dos petistas.
Fernando Ulrich é mestre em Economia da Escola Austríaca, com experiência mundial na indústria de elevadores e nos mercados financeiro e imobiliário brasileiros. É conselheiro do Instituto Mises Brasil, estudioso de teoria monetária, entusiasta de moedas digitais, e mantém um blog no portal InfoMoney chamado "Moeda na era digital". Também é autor do livro "Bitcoin - a moeda na era digital".
fonte: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2275
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