Observação : isto não é novidade , foi proposto por Lênin e já existia na União soviética. Leiam, também, na minha página a respeito, TROTSKY E O CAPITALISMO DE ESTADO! (Paulo Santos)
Os
líderes dos Brics (da esq): Vladimir Putin (Rússia), Narendra Modi (Índia),
Dilma Rousseff, Xi Jinping (China) e Jacob Zuma (África do Sul)
O sétimo
encontro de líderes dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul)
que tem início nesta quarta-feira na cidade russa de Ufá, ocorre em um momento
econômico particularmente difícil para parte do clube dos emergentes.
Rússia e
Brasil devem ter recessão este ano. A China está desaquecendo e a economia
sul-africana deve crescer cerca de 2%. Dos cinco Brics, o único que ainda
empolga investidores é a Índia, com um crescimento esperado de quase 8% para
2015.
Até o
criador do termo Bric, o ex-economista-chefe do Goldman Sachs Jim O'Neill,
disse recentemente que se sentiria tentado a reduzi-lo para "IC" -
iniciais de Índia e China - se os outros países não retomarem sua trajetória de
crescimento até o fim da década.
Chama
atenção, porém, que mesmo nesse cenário econômico desanimador parece haver
menos ceticismo sobre a solidez do grupo do que há alguns anos, segundo
analistas consultados pela BBC Brasil.
"Os
Brics parecem ter conseguido, em um espaço curto de tempo, criar uma dinâmica
para assegurar sua existência mesmo em um ciclo econômico desfavorável",
opina Oliver Stuenkel, especialista em Brics da Fundação Getúlio Vargas.
"De
um lado, temos a institucionalização do grupo com a criação do banco dos Brics
e de uma reserva emergencial para ajudar países em apuros financeiros. Do
outro, há um fortalecimento dos canais de diálogo entre os líderes dessas
nações emergentes, além de uma maior cooperação em áreas técnicas, científicas,
acadêmicas e até culturais."
Marcos
Troyjo, diretor do BRICLab da Universidade Columbia, concorda: "Basta
comparar os Brics com o G7 (Grupo dos 7 países mais industrializados e
desenvolvidos do mundo), por exemplo. O que foi que eles fizeram em termos de
construção institucional? Nada. Até hoje se encontram apenas para trocar
opiniões".
Agenda comum
O
acrônimo Bric (que em um primeiro momento não incluía o "s", de
África do Sul) foi criado por O'Neill como instrumento de análise financeira em
2001. Originalmente, se referia às nações emergentes que, em 2040, teriam o
mesmo peso econômico dos países desenvolvidos.
Por volta
de 2007, autoridades desses países perceberam a possibilidade de explorar
politicamente a ideia de que suas nações teriam uma "agenda" comum.
Como
resultado, a primeira reunião de cúpula dos Brics ocorreu em 2009, na Rússia,
tendo como bandeira a luta pela reforma do sistema político e econômico
internacional.
A África
do Sul foi "incorporada" ao grupo em 2010.
É verdade
que sempre houve questionamentos sobre o potencial de cooperação dos Brics em
função de suas diferenças políticas e econômicas, de valores e interesses.
Mas
apesar dessas diferenças, analistas consultados pela BBC apontam quatro avanços
que teriam marcado esses sete primeiros anos dos Brics, juntamente com os
problemas econômicos de alguns de seus integrantes - considerados por eles seu
grande "fracasso". Confira:
Avanços
1) Banco dos Brics
Os Brics
já assinaram um acordo para a criação de um banco que financiará obras de
infraestrutura em países pobres e em desenvolvimento, embora o projeto ainda
precise ser ratificado pelo Legislativo de alguns países.
O chamado
Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), uma espécie de Banco Mundial dos
emergentes, terá sede em Xangai, na China, e um capital inicial de US$ 50
bilhões, dividido igualmente entre os Brics.
Do ponto
de vista financeiro, o banco é interessante porque pode receber uma
classificação de risco melhor que as economias do grupo, captando recursos no
mercado a um custo mais baixo.
Mas
analistas também veem sua criação como parte de uma ação política que teria
como objetivo criar alternativas à hegemonia americana e europeia no sistema
financeiro internacional.
Espera-se
que, em Ufá, sejam anunciados detalhes sobre quem fará parte da cúpula do novo
banco e quais suas regras de funcionamento.
"Ainda
sabemos pouco sobre como esse banco deve atuar. Ele poderá financiar uma
empresa brasileira e uma chinesa em uma obra na Namíbia, por exemplo? Quem
poderá pegar empréstimos e em que condições? Como ele se relacionará com outros
bancos da Ásia, bancos de desenvolvimento nacionais e o Banco Mundial? Tudo
isso ainda precisa ser esclarecido", diz Troyjo.
2) Arranjo de Contingente de Reservas (ACR)
Além da
abertura do banco, os líderes também já acertaram a criação de uma espécie de
fundo para socorrer membros dos Brics que tenham graves desequilíbrios em suas
balanças de pagamentos ou estejam à beira de um calote.
O
esquema, batizado de Arranjo de Contingente de Reservas (ACR), contará com um
total de US$ 100 bilhões para essas operações de resgate financeiro.
A China
se comprometeu com US$ 41 bilhões; Brasil, Rússia e Índia, com U$ 18 bilhões
cada; e a África do Sul, com US$ 5 bilhões.
"Trata-se
de uma espécie de Fundo Monetário Internacional (FMI) dos emergentes, que não
impõe tantas condicionalidades para a liberação dos recursos", diz Troyjo.
"Pode
ser um instrumento importante principalmente para dissipar especulações com
relação ao impacto negativo de crises financeiras internacionais nos
Brics".
3) Abertura de canais de diálogo
Segundo
Stuenkel, os líderes do Brics também perceberam ao longo desses sete anos que
podem conseguir "benefícios mútuos" com uma maior coordenação e a
abertura de mais canais de diálogos.
"A
Rússia, por exemplo, procurou o apoio do grupo quando tentava evitar o
isolamento internacional em meio a crise na Ucrânia", diz ele.
"Além
disso, é claro que dificilmente alguém do Itamaraty vai admitir isso, mas um
presidente brasileiro provavelmente não teria tantas oportunidades para se
encontrar e falar com um líder chinês não fossem esses encontros de
emergentes."
Marcus
Vinicius de Freitas professor de Relações Internacionais da Fundação Armando
Alvares Penteado (FAAP) concorda:
"Esses
países perceberam que têm interesses comuns principalmente no que diz respeito
às mudanças do sistema financeiro internacional - e que há muito espaço para
uma coordenação nessa área."
"Independentemente
da capacidade financeira e impacto econômico do banco dos Brics, por exemplo,
sua simples existência já institucionaliza um canal de diálogo constante entre
esses cinco países e suas instituições financeiras, algo que não existiria não
fosse esse projeto dos Brics", diz.
4) Cooperação em áreas diversas
Além do
banco e do ACR, integrantes do bloco também têm feito avanços na cooperação em
outras áreas, como educação, políticas de inovação, turismo e desenvolvimento
de infraestrutura, como enfatiza Paulo Wrobel, pesquisador do BRICS Policy Center,
centro de pesquisas ligado à PUC do Rio de Janeiro.
Em março
por exemplo, ministros dos cinco países se reuniram em Brasília para assinar um
memorando de entendimento para facilitar a cooperação nas áreas de ciência,
tecnologia e inovação.
Em
fevereiro, os cinco ministros de educação se encontraram para discutir a
criação de uma rede universitária dos Brics, a cooperação na área de educação
técnica e profissional e a elaboração de metodologias de avaliação do ensino.
Na área
de comércio, um dos projetos sobre a mesa é o uso de moedas locais para as
operações de exportação e importação entre países dos Brics.
Segundo
os analistas consultados pela BBC, porém, o avanço dessa proposta dependeria da
iniciativa da China, que mantém uma relação comercial expressiva com os demais
países do grupo.
"Os
encontros dos BRICS também criaram oportunidades para a reunião de empresários
e acadêmicos, e até ONGs se mobilizaram, de modo que a sociedade civil acabou
incluída nessa agenda de cooperação", diz Wrobel.
Fracasso:
1. Crescimento econômico
Ainda que
a falta de crescimento em alguns países não pareça atrapalhar a
institucionalização e consolidação dos Brics no curto prazo há certo consenso
entre especialistas de que, no longo prazo, poderia ampliar desequilíbrios que
ajudam a minar a base de coesão do grupo.
Wrobel,
do Brics Policy Center, lembra que o PIB da China já é maior que o de todas as
outras economias do Brics juntas.
E com as
economias da Rússia e do Brasil se enfraquecendo, segundo ele, não é difícil
imaginar que esse país possa acabar tendo uma presença dominante no grupo,
transformando o Brics em um "C+4".
"É
péssimo para os Brics que o Brasil e a Rússia não cresçam", concorda
Troyjo.
O
especialista do BRICLab opina que, apesar de o avanço da construção institucional
do grupo ser uma boa notícia, "se todos estivessem crescendo de maneira
vigorosa haveria um benefício também para esse processo".
"Também
é fácil imaginar que, diante da necessidade de promover um ajuste fiscal o
Brasil possa ter dificuldades em financiar os mecanismos que lhe garantiriam
uma 'voz ampliada' na agenda global", diz Troyjo.
"Ou
seja, não adianta o país pleitear um lugar privilegiado nas organizações
internacionais com a ajuda dos Brics se não tem condições de arcar com os
custos financeiros que essa mudança exige."
FONTE: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/07/150706_avancos_brics_ru?ocid=socialflow_facebook
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