Por Percival Puggina
Quando Olívio Dutra elegeu-se governador
do Rio Grande, sua vitória foi entendida como evento culminante de uma
empreitada revolucionária. Olívio e seus companheiros chegaram ao
Palácio Piratini, em 1º de janeiro de 1999, mais ou menos como Che
Guevara e Camilo Cienfuegos haviam entrado em Havana exatos 40 anos
antes – donos do pedaço, para fazer o que bem entendessem e quisessem.
Só faltou um velho tanque de guerra para os bigodudos e barbudos do PT
se amontoarem em cima.
Foi com esse voluntarismo que o primeiro
governador gaúcho petista, posteriormente conhecido como “O
Exterminador do Futuro I” (haveria uma segunda versão com outro ator),
despachou a montadora da Ford para Camaçari, na Bahia. “Nenhum centavo
de dinheiro público para uma empresa que não precisa!”, explicava o
governador incandescendo sua mistura de vetustos ardores messiânicos e
antiamericanismo adolescente. E o PIB gaúcho, por meia dúzia de tostões,
perdeu mais de um bilhão de dólares por ano pelo resto de nossas vidas.
Foi assim, também, que se instalaram pela primeira vez entre nós a
tolerância, as palavras macias, o aconchego e os abraços aos criminosos,
seguidos de recriminações e restrições às ações policiais. Foi assim
que o MST e as invasões de terras ganharam uma secretaria de Estado. Foi
assim, também, que o PT gaúcho inventou uma Constituinte Escolar,
instrumento ideológico concebido para, sob rótulo de participação
popular, permitir que o partido estabelecesse as diretrizes de uma
educação comunista no Rio Grande do Sul.
A essas alturas já era gritante o
contraste entre a qualidade da Educação prestada pelo Colégio
Tiradentes, sob orientação da Brigada Militar, e o decadente ensino
público estadual. A insuportável contradição não comportava explicações
palatáveis, mas sua notoriedade exigia completa eliminação. E o governo
transferiu o tradicional Colégio para a já então ultra-ideologizada
Secretaria de Educação. O Colégio Tiradentes foi condenado à morte,
executado e esquartejado. No mesmo intento de combater a quem defende a
sociedade e de afrontar a tudo que pudesse parecer militar, Olívio Dutra
retirou o comando da Brigada Militar do prédio onde historicamente
funcionava e fez a Chefia de Polícia mudar-se do Palácio da Polícia.
Sim, sim, parece mentira, mas é verdade pura.
Eleito governador em 2002, Germano
Rigotto, tratou de reverter o aviltamento das instituições policiais.
Fez com que seus comandos retornassem às sedes tradicionais e decretou a
volta do Colégio Tiradentes à Brigada Militar. Ao se pronunciar durante
a solenidade de assinatura desse decreto, o governador afirmou algo que
não pode sumir nas brumas do esquecimento porque define muito bem a
natureza totalitária de seu antecessor: “Não raro, por escassez de
recursos ou limitações de qualquer natureza, a comunidade quer algo e o
governo não pode atender. O que raramente acontece é o governo fazer
algo contra o manifesto desejo da comunidade. Foi o que o aconteceu e é o
que sendo retificado neste momento. O Colégio Tiradentes volta para
onde deve estar. O Quartel General da Brigada Militar, retornou ao seu
QG. A Polícia Civil voltou para o Palácio da Polícia”.
Três atos marcantes, revogando
providências que o governo petista impôs à sociedade gaúcha,
contrariando-a intensamente, apenas para expressar seu antagonismo a
tudo que fosse ou seja policial e militar.
Decorridos 13 anos, podemos ler no
episódio aqui narrado as preliminares de um antagonismo que não se
extinguiu. Persiste ainda hoje, entre as esquerdas, com apoio da
burocracia do Ministério da Educação, uma absoluta intolerância em
relação à “indisciplina pedagógica” dos colégios militares.
fonte: http://rodrigoconstantino.com/artigos/um-episodio-real-da-longa-guerra-petista-contra-os-colegios-militares/
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