Onde foram parar os machos?
Quando eu era moleque – e nem faz tanto tempo assim – brincávamos com aquela velha coisa de “macho que é macho”. Ou seja, macho que é macho não chora, coça o saco em público, não escova os dentes nem corta as unhas. É verdade que nesse caso não seria exatamente um macho, mas um ogro porco e fedorento. Brincadeiras à parte, porém, o que se esperava dos homens de verdade era uma postura de firmeza diante da vida, sem muito espaço para firulas e frescuras.
O mundo evoluiu – ou ao menos é o que dizem. O macho hoje pode se dar ao luxo de não ser tão caricato, tão “machão”. Mas, aqui como alhures, sou da opinião que o pêndulo exagerou para o outro extremo. No “mundo sensível” em que vivemos, onde até os novos super-heróis são afeminados ou homossexuais, e a literatura juvenil empurra cada vez mais histórias de gays no mercado, passou-se a repudiar qualquer resquício desse “mundo bárbaro” em que os homens assumiam um papel de provedor sem muito tempo para chorar após ver “Ghost” no cinema.
Tal reflexão veio à mente após ler que um grupo de artistas está defendendo, com verbas públicas da Lei Rouanet, um movimento chamado “Homens, libertem-se”. Entre seus principais preceitos estaria o seguinte: “Posso brochar. Posso falir. Posso ser frágil. Posso ser sensível. Posso ser cabeleireiro, decorador, artista e não gostar de futebol. Posso admirar uma mulher que eu ache bela com respeito”.
Onde vamos parar? Tem até “homem” que acha que pode “brincar” sexualmente com outros homens e não ser visto como gay, pois não foi até os finalmentes e não sofreu penetração. Então o macho agora pode pintar as unhas de vermelho, usar saias e tamancos, brincos e batom, depilar-se todo e chorar vendo Oprah Winfrey, que está tudo bem? Ele continua sendo um… macho de verdade? Mas qual seria, então, a distinção entre um macho e uma “biba” afetada, ou mesmo uma mulher?
Sei que a turma moderninha vai logo me acusar de neandertal, reacionário, machista e preconceituoso. Não ligo. Estou acostumado. Os petistas, por exemplo, gostam de acusar os liberais de não se importarem com os mais pobres. É o velho monopólio das virtudes, tática de quem não tem argumentos sérios, nem capacidade de debater com um mínimo de honestidade intelectual.
Estou apenas chamando a atenção para o fato de que o “macho” atual, segundo os moderninhos, não tem mais nada a ver com o que sempre foi visto como macho. O sucesso das séries de TV como Sopranos e Breaking Bad pode muito bem ter ligação com o resgate dessa visão de macho hoje perdida. Esses anti-heróis erram muito, mas ao menos preservam a ideia de que cabe ao homem ser bom provedor da família e fim de papo.
Como diz Luiz Felipe Pondé, a mulher não suporta o “homem moderno”, sensível e chorão, nem até a página 3. Na teoria é tudo muito bonitinho, mas na prática… Admirar a beleza podemos fazer diante de um quadro. Mulher gosta de homem com “pegada”, que a deseje sexualmente, não um ser sensível que quer sua mesada após dividirem as angústias e inseguranças diante da vida.
Quem quer ao lado um fracassado incapaz de cuidar da própria família, de colocar o leite das crianças em casa, de proteger sua mulher e de ter uma ereção para satisfazê-la sexualmente? O manifesto dos fracassados ressentidos não é capaz de alterar essa realidade mais dura (ou mole, no caso). Já o Viagra fez muito mais pelos machos…
Vejam bem: o preconceito em si contra homossexuais é algo que deve ser claramente condenado, em minha opinião. Deixem os gays em paz! Mas que não venham enfiar goela abaixo de todos que gay e macho são a mesma coisa, pois a partir de agora o “macho” não pode ser distinguido do gay “mulherzinha” em nada, a não ser na existência ou não do ato sexual com penetração anal.
Aí já é demais. Clint Eastwood e o cartunista Laerte seriam ambos vistos como “machos” por essa estranha ótica. É o fim da virilidade masculina como valor. O que querem não é garantir direitos aos gays, mas sim matar a existência dos verdadeiros machos!
PS: Devido à grande repercussão desse texto, um novo texto foi escrito com mais detalhes sobre o tema.
Rodrigo Constantino
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