Notícias de Brasília contam que a presidente Dilma Rousseff mandou cortar o ponto dos servidores públicos em greve. São muitos. A maior delas, para bater 60 dias, atinge os professores e técnicos das universidades e escolas superiores federais. A tese de Dilma é natural: não trabalhou, não recebeu.
Porém, os funcionários parados não parecem dispostos a ceder. E a Central Única dos Trabalhadores (CUT), ligada ao PT, partido da presidente, também rebate com uma ameaça. Entre os dias 16 e 20 deste mês, vai promover um grande acampamento em Brasília para alertar Dilma para a necessidade de negociar as reivindicações do funcionalismo.
E promete/ameaça mais, caso não seja atendida: promover uma greve geral. Hoje, segundo o sindicato dos servidores já são mais de 300 mil em greve, fora as operações padrões em alguns órgãos, com a que envolve setores da Receita Federal.
É, do ponto de vista político, o maior desafio que a presidente vai enfrentar nesses seus já completados um ano e meio de governo. Dilma não tem gosto para negociações, nem com políticos nem com sindicalistas. Seus interlocutores nessas duas áreas têm influência limitada e limitado respeito do outro lado da mesa.
A presidente vai precisar de bombeiros. Com todos sabendo, como Dilma tem feito questão de estabelecer, com o respaldo das contas feitas pelo Ministério da Fazenda, que não há dinheiro para atender todas as reivindicações do funcionalismo até agora apresentadas. Imagina-se que custaria cerca de R$ 92 bilhões anuais. Assim, dinheiro para alguns ajustes pontuais apenas em 2013.
Como se comportará o ex-presidente Lula nessa questão? Ajudará Dilma a dobrar os sindicalistas. E o PT, com um olho nas eleições e o outro em seus compromissos com a presidente. E o restante dos aliados, que não gostam de botar a mão em brasas desse tipo? A bomba precisa ser desarmada rapidamente, para não contaminar do lado ruim para os governistas, as urnas de outubro.
Esta é a grande pauta de Dilma esta semana, juntamente com o recorrente assunto de medidas para reanimar a economia. Há uma certa herança que começa a incomodar de fato a presidente.
PSD JÁ EM EBULIÇÃO
Reviravolta da reviravolta em Belo Horizonte. O prefeito paulistano Gilberto Kassab, fundador de dono do PSD, usando as prerrogativas nada democráticas de que dispõem os caciques dos partidos brasileiros – e que todos usam, sem exceção, quando contestados – fez uma intervenção no comando da legenda em Belo Horizonte e ordenou o apoio ao candidato do PT na capital, Patrus Ananias.
Os pessedistas mineiros, quando veio o rompimento da aliança PSB-PT-PSDB pela reeleição do atual prefeito Marcio Lacerda, preferiram ficar com a dupla PSB-PSDB, contra o PT agora aliado ao PMDB. Lavraram o termo de apoio, com aviso à Justiça Eleitoral. Kassab, de São Paulo, baixou o facho dos PSD local, para não perder pontos com a presidente Dilma Rousseff, empenhada no acordo pró Patrus. Esse movimento pode render a Kassab dividendos federais ano que vem, quando ficar sem mandato.
Porém, o PSB mineiro como um todo não gostou da intervenção e parte está em dissidência. Um de seus expoentes, o ex-senador e ex-ministro da Previdência, Roberto Brant já rompeu com o partido. E não foi só. A senadora Kátia Abreu, a maior figura nacional do partido, primeira vice-presidentre da legenda, fez uma carta declarando-se em oposição interna a Kassab. Para ela, a intervenção em BH foi um “ato truculento e autoritário”.
Menos de um ano depois de ter sido criado, o PSD mostra que, de fato, como todo mundo já observava, que não tem nadica de nada de diferente de seus irmãos mais velho. É o dito novo que já nasceu encarquilhado.
José Márcio Mendonça
fonte: Portal Voit
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