A balança comercial brasileira registrou deficit de US$ 1,276 bilhões em fevereiro, pior resultado já verificado para o mês.
O desempenho contrasta com o registrado no mesmo mês de 2012, quando a balança ficou positiva em US$ 1,7 bilhões.
Trata-se do segundo deficit consecutivo da balança neste ano. Em
janeiro, o saldo já havia ficado negativo em mais de US$ 4 bilhões.
Os dados da balança comercial, que mostra a diferença entre as
importações e as exportações, foram divulgados nesta sexta-feira (1º)
pelo Ministério do Desenvolvimento.
O desempenho negativo de fevereiro foi consequência de importações de
US$ 16,8 bilhões e exportações de US$ 15,5 bilhões. E foi impulsionado
principalmente pela alta nas compras de combustíveis e lubrificantes,
que subiram 37,5% frente ao mesmo mês do ano anterior.
Durante a divulgação do resultado de janeiro, o ministério já havia
sinalizado a possibilidade de um segundo saldo negativo na balança
diante do grande "estoque" de operações de importação da Petrobras
realizadas no terceiro trimestre do ano passado, mas ainda não
contabilizadas.
Apenas em janeiro, houve o registro de US$ 1,6 bilhão em compras
atrasadas da estatal. O volume foi decisivo para que a balança comercial
ficasse negativa.
O governo alertou que havia ainda US$ 2,9 bilhões de "estoque" para entrar na conta da balança comercial nos meses seguintes.
IMPORTAÇÕES
As importações em fevereiro alcançaram US$ 16,8 bilhões, alta de 2,8% em
relação à média do mesmo mês de 2012. No acumulado do ano, as compras
do exterior chegam a US$ 36,8 bilhões, crescimento de 11,8% frente ao
mesmo período do ano anterior.
Como esperado, os combustíveis voltaram a impulsionar o crescimento das
exportações. A alta em fevereiro foi de 37,5% frente ao mesmo mês de
2012.
As compras de matérias-primas e intermediários tiveram alta de 8% e a de
bens de capital, crescimento de 5,4%. A categoria de bens de consumo
foi a única a apresentar retração, de 6,3%.
EXPORTAÇÕES
Já as exportações somaram US$ 15,5 bilhões, queda de 8,9% sobre o
fevereiro do ano passado pela média diária. Nos dois primeiros meses do
ano, as vendas do Brasil para o exterior alcançaram US$ 31,5 bilhões,
uma retração de 5,5% também pela média diária.
As maiores quedas em fevereiro frente ao ano anterior vieram das vendas
de manufaturados (-14,4%) e semimanufaturados (-17%). As vendas de
básicos permaneceram praticamente estáveis, com leve retração de 0,1%.
Dentre os produtos que mais contribuíram para a quedadas exportações
estão: óleo de soja em bruto, ferro fundido, alumínio em bruto,
ferro-ligas, óleos combustíveis, máquinas para terraplanagem e motores e
geradores elétricos.
JANEIRO
Em janeiro, a balança comercial brasileira apresentou resultado negativo
recorde de US$ 4,035 bilhões. Foi o maior deficit já verificado num
único mês, considerando a série histórica iniciada em 1993.
O saldo negativo histórico foi impulsionado pela alta expressiva das
importações da Petrobras no período, devido ao atraso no registro de
compras feitas pela estatal ao longo de 2012.
Apenas em janeiro, houve acréscimo de US$ 1,6 bilhão no volume total de importações de combustível pela companhia.
A demora no registro ocorreu por conta de uma mudança nas regras da
Receita Federal, que estipulou um prazo maior para a declaração das
operações de importação.
O montante "em atraso" refere-se a compras realizadas pela estatal no terceiro trimestre de 2012.
BALANÇA EM 2012
No ano passado, a balança comercial apresentou superávit de US$ 19,4
bilhões. Apesar do resultado positivo, o desempenho foi frustrante por
ser o mais baixo registrado pelo governo desde 2002.
Frente a 2011, a queda foi de 34,8%, pela média diária --quando o superavit registrou recorde, ficando em US$ 29,7 bilhões.
O resultado da balança comercial vinha se mantendo positivo, sempre
acima dos US$ 20 bilhões, desde 2002 quando o superávit foi de US$
13,195 bilhões.
As exportações em 2012 somaram US$ 242,6 bilhões, queda de 5,3% frente a
2011. As importações, por sua vez, caíram 1,4% de 2011 para 2012.
Até setembro do ano passado, o governo trabalhava com uma meta de US$
264 bilhões para as exportações do país em 2012. Diante da perspectiva
de que não seria possível cumpri-la, resolveu abandoná-la.
O governo apontou a crise mundial, a retração de mercados importantes e a
multiplicação de barreiras comerciais no mundo como causas para o fraco
desempenho da balança e a queda nas exportações.
fonte: Folha
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