sexta-feira, 2 de maio de 2014

Flo­resta pri­va­ti­zada em Rondô­nia esconde nióbio, o min­eral mais estratégico e raro no mundo.

Flo­resta pri­va­ti­zada em Rondô­nia esconde nióbio, o min­eral mais estratégico e raro no mundo.

Matéria pro­duzida por Nel­son townes e pub­li­cada no por­tal www​.noti​ciaro​.com. (Postado em Porto Velho, Rondô­nia, em 6÷3÷2011, domingo, às 18h06 GMT –4)


Com o iní­cio da Era Espa­cial, aumen­tou muito o inter­esse pelo nióbio brasileiro, o mais leve dos metaisa refratários. Ligas de nióbio, como Nb-​Ti, Nb-​Zr, Nb-​Ta-​Zr, foram desen­volvi­das para uti­liza­ção nas indús­trias espa­cial e nuclear.



Bem que o gov­er­nador de Rondô­nia, o médico Con­fú­cio Moura, ficou med­i­tando sobre o inter­esse da China por este Estado da Amazô­nia. As primeiras del­e­gações estrangeiras que ele rece­beu na Cap­i­tal, Porto Velho, após tomar posse como novo gov­er­nador foram de chi­ne­ses. Primeiro veio um grupo de empresários , logo segui­dos pela visita do próprio embaix­ador da China no Brasil, Qiuiu Xiaoqi e da embaix­a­triz Liu Min.

Os chi­ne­ses não defini­ram, nas palavras do gov­er­nador, o que lhes inter­essa em Rondô­nia. Mas, é pos­sível que a palavra “nióbio” tenha sido pro­nun­ci­ada durante as con­ver­sações.

Con­fú­cio Moura comen­taria após as vis­i­tas par­tirem que “algo de sin­tomático paira no ar” e fez uma visita à Com­pan­hia de Pesquisas de Recur­sos Min­erais em Rondô­nia (CPRM) para saber de suas ativi­dades no Estado.

Ofi­cial­mente, o gov­er­nador nunca se referiu ao nióbio como um dos temas das con­ver­sas com os chi­ne­ses. Mas, o súbito inter­esse do médico gov­er­nador por geolo­gia gerou comen­tários.

Seria ingenuidade descar­tar o nióbio dos motivos que levariam os chi­ne­ses a via­jar do outro lado do plan­eta para Rondô­nia. Este é um dos Esta­dos da Amazô­nia que tem esse minério estratégico de largo uso em engen­haria civil e mil­i­tar de alta tec­nolo­gia. A China não tem nióbio e importa do Brasil 100 por cento do que usa.

O prob­lema é que as jazi­das atual­mente con­heci­das em Rondô­nia estão local­izadas na Flo­resta Nacional (Flona) do Jamari, por onde o gov­erno petista de Lula começou a “vender” a Amazô­nia para par­tic­u­lares (são con­cessões com prazo de 60 anos.)

O então pres­i­dente dos Esta­dos Unidos, George Bush, fez uma visita ao Brasil e abraçou o pres­i­dente Lula quando o Brasil decidiu leiloar a Amazô­nia.

Os par­tic­u­lares vence­dores do leilão da flo­resta, his­tori­ca­mente, acabam se con­sor­ciando a estrangeiros, e riquezas da bio e geo­di­ver­si­dades de Rondô­nia poderão con­tin­uar a migrar para o Exte­rior, restando migal­has para o povo ron­doniense.

Ninguém está duvi­dando da boa intenção dos empresários chi­ne­ses e, se de fato é o nióbio que atrai sua atenção para Rondô­nia, o Estado pode estar nas vésperas de realizar uma parce­ria com­er­cial e reverter uma história de empo­brec­i­mento cau­sada pela má admin­is­tração de suas riquezas nat­u­rais.

O nióbio, hoje, rep­re­senta o que foi a bor­racha há um século para o desen­volvi­mento indus­trial das potên­cias mundi­ais da época. O Brasil, que tem o monopólio mundial da pro­dução desse minério estratégico e vive um Ciclo do Nióbio, está, no entanto, repetindo erros ocor­ri­dos durante o Ciclo da Bor­racha na Amazô­nia entre os sécu­los 19 e 20.

Por exem­plo, emb­ora seja o maior pro­du­tor do mundo, o Brasil deixa que o preço do minério seja ditado pelos estrangeiros que o com­pram (como acon­te­cia no Ciclo da Bor­racha.)

O nióbio (Nb) é ele­mento metálico de mais baixa con­cen­tração na crosta ter­restre, pois aparece ape­nas na pro­porção de 24 partes por mil­hão.

Quase anôn­imo, entrou na lista dos „novos metais nobres” por suas mul­ti­pli­cas util­i­dades nas recentes “tec­nolo­gias de ponta”. Prati­ca­mente só existe no Brasil (que tem entre 96 a 97 por cento das jazi­das.

O nióbio é usado prin­ci­pal­mente para a fab­ri­cação de ligas ferro-​nióbio, de ele­va­dos índices de elas­ti­ci­dade e alta resistên­cia a choques, usadas na con­strução pontes, dutos, loco­mo­ti­vas, turbinas para aviões etc.

Por ter pro­priedades refratárias e resi­s­tir à cor­rosão, o nióbio é tam­bém usado para a fab­ri­cação de superli­gas, à base de níquel (Ni ) e, ou de cobalto (Co), para a indús­tria aeroe­s­pa­cial (turbinas a gás, canal­iza­ções etc.), e con­strução de reatores nucleares e respec­tivos apar­el­hos de troca de calor.

Na década de 1950, com o iní­cio da cor­rida espa­cial, aumen­tou muito o inter­esse pelo nióbio, o mais leve dos metaisa refratários. Ligas de nióbio, como Nb-​Ti, Nb-​Zr, Nb-​Ta-​Zr, foram desen­volvi­das para uti­liza­ção nas indús­trias espa­cial e nuclear, e tam­bém para fins rela­ciona­dos à super­con­du­tivi­dade. Os tomó­grafos de ressonân­cia mag­nética para diag­nós­tico por imagem, uti­lizam mag­ne­tos super­con­du­tores feitos com a liga NbTi.

Com o nióbio são feitas desde ligas supra­con­du­toras de elet­ri­ci­dade a lentes óti­cas. Tudo o que os chi­ne­ses estão fazendo, desenvolvendo-​se como potên­cia tec­nológ­ica, indus­trial e econômica.

“O nióbio otimiza o uso do aço na indús­tria de avi­ação, petrolífera e auto­mo­bilís­tica”, explica a jor­nal­ista Danielle Nogueira, em artigo no site Infoglobo.

Em países desen­volvi­dos, são usa­dos de oitenta gra­mas a cem gra­mas de nióbio por tonelada de aço. “Isso deixa o carro mais leve e econômico”. Na China, são usadas ape­nas 25 gra­mas em média de nióbio por tonelada.

Anal­is­tas dizem que no mer­cado asiático estão as chances de expan­são das expor­tações – e uti­liza­ção do minério. O Japão tam­bém importa 100 por cento do nióbio do Brasil. No Oci­dente, os Esta­dos Unidos impor­tam 80 por cento e a Comu­nidade Econômica Européia, 100.

O dire­tor de assun­tos min­erários do Insti­tuto Brasileiro de Min­er­ação (Ibram), Marcelo Ribeiro Tunes, citado por Danielle Nogueira, disse que “boa parte do poten­cial de expan­são de nos­sas expor­tações de nióbio está na China.”

“Em 2010, a receita com ven­das exter­nas de nióbio foi de US1,5 bil­hão. Foi o ter­ceiro item da pauta de expor­tações min­erais, atrás de minério de ferro e ouro. As duas empre­sas que atuam no setor no Brasil são a Com­pan­hia Brasileira de Met­alur­gia e Min­er­ação, do grupo Mor­eira Sales e dona da mina de Araxá (MG), e a Anglo Amer­i­can, pro­pri­etária da mina de Catalão (GO.)”

É provável, por­tanto, que o prin­ci­pal inter­esse dos chi­ne­ses por Rondô­nia seja exata­mente o nióbio escon­dido no sub solo do Estado, em números ainda não bem con­heci­dos, espe­cial­mente em ter­ras que podem ser com­pradas ainda que indi­re­ta­mente por estrangeiros.

Até o momento, segundo o Mapa Geológico de Rondô­nia feito pelo CPRM, foram descober­tas jazi­das desse minério na região da Flo­resta Nacional (Flona) do Jamari.

A área tem mais de 220 mil hectares de exten­são, local­izada a 110 km de Porto Velho, atinge os municí­pios de Ita­puã do Oeste, Cuju­bim e Can­deias do Jamari. Além da enorme quan­ti­dade de madeira e água, o sub­solo da flo­resta a ser leiloada é rico, além de nióbio, de estanho, ouro, topázio e out­ros min­erais.

As jazi­das de Araxá (MG) e Catalão (GO) eram con­sid­er­adas as maiores do mundo até serem descober­tas as da Amazô­nia.

As jazi­das de Rondô­nia são as menores da Amazô­nia, mas há ainda muito a ser inves­ti­gado. Na região do Morro dos Seis Lagos, municí­pio de São Gabriel da Cachoeira (AM), encontrou-​se o maior depósito de nióbio do mundo, que suplanta em quan­ti­dade de minério, as jazi­das de Araxá (MG) e Catalão (GO), antes deten­toras de 86% das reser­vas mundi­ais.

Por que os chi­ne­ses desem­bar­caram em Rondô­nia – se um de seus supos­tos inter­esses, o mais óbvio, seriam negó­cios com nióbio, emb­ora exis­tam pou­cas jazi­das aqui? Porque o minério estratégico está na Flo­resta Nacional do Jamari, que o gov­erno petista de Lula escol­heu, em 2006, através da então min­is­tra do Meio Ambi­ente, Marina Silva.para ini­ciar a pri­va­ti­za­ção da flo­resta.

Não seria sur­presa se os chi­ne­ses resolvessem, de alguma forma, em par­tic­i­par do leilão da Flona do Jamari. Em out­ras áreas, como em Roraima, onde se supõe exi­s­tir uma reserva de nióbio maior do que todas as con­heci­das no país, é mais difí­cil extrair o minério porque ele está, em princí­pio, preser­vado e inalienável por per­tencer ao ter­ritório indí­gena da Raposa do Sol. A venda de flo­restas em Rondô­nia abre cam­inho para a explo­ração de sua bio­geo­di­ver­si­dade por estrangeiros.

O plano do gov­erno fed­eral é dividir a Flona do Jamari em três grandes áreas (17 mil, 33 mil e 46 mil hectares) e usá-​la como mod­elo, conce­dendo o dire­ito de explo­ração à grandes empre­sas com o dis­curso de que preser­variam mel­hor o meio ambi­ente.

Das oito empre­sas que se inscreveram para entrar na dis­puta, não há nen­huma das peque­nas e médias madeireiras que já atuam na região há vários anos.

A pri­va­ti­za­ção da flo­resta tem sofrido embar­gos judi­ci­ais. E o senador Pedro Simon (PMDB/​RS) declarou na época que a pro­posta que trata a con­cessão de flo­restas públi­cas, trans­for­mada na Lei 11.284 em março de2006, „foi no mín­imo, uma das mais dis­cutíveis que já tran­si­taram no Con­gresso Nacional, além de ter sido aprovada sem o necessário apro­fun­da­mento do debate.„

O inter­esse das potên­cias estrangeiras pelas riquezas nat­u­rais brasileiras é antigo. Os brasileiros prestaram mais atenção ao nióbio em 2010, quando o site Wik­ileaks disse que o gov­erno amer­i­cano incluiu as minas de nióbio de Araxá (MG) e Catalão (GO) no mapa de áreas estratég­i­cas para os EUA. O mapa cer­ta­mente inclui agora as grandes jazi­das dos Esta­dos do Ama­zonas e Roraima e o pouco con­hecido poten­cial de Rondô­nia.

Fre­quente­mente a CPRM e o Depar­ta­mento Nacional de Pro­dução Min­eral (DNPM) são acu­sa­dos de sub avaliar o tamanho das jazi­das, das reser­vas.

Ainda assim, considerando-​se vál­i­das as esti­ma­ti­vas da CPRM, o Brasil seria o dono de um superde­pósito de nióbio, com 2,9 bil­hões de toneladas de minérios, a 2,81% de óxido de nióbio, o que rep­re­sen­taria 81,4mil­hões de toneladas de óxido de nióbio con­tido, nada menos do que 14 vezes as atu­ais reser­vas exis­tentes no plan­eta Terra, incluindo aque­las já con­heci­das no sub­solo do país.

Os minérios de nióbio acu­mu­la­dos no „Car­bon­atito dos Seis Lagos” (AM), soma­dos às reser­vas medi­das e indi­cadas de Goiás, Minas Gerais e do próprio estado do Ama­zonas, pas­sariam a rep­re­sen­tar 99,4% das reser­vas mundi­ais.

O nióbio, por­tanto, é um minério essen­cial­mente nacional, essen­cial­mente brasileiro, mas quem fixa os preços é a „Lon­don Metal Exchange — LME”, de Lon­dres.

O contra-​almirante refor­mado Roberto Gama e Silva, sug­eriu, na condição de pres­i­dente do Par­tido Nacional­ista Democrático (PND), a cri­ação pelo gov­erno do Brasil da Orga­ni­za­ção dos Pro­du­tores e Expor­ta­dores de Nióbio (OPEN), nos moldes da Orga­ni­za­ção dos Pro­du­tores de Petróleo (OPEP), a fim de reti­rar da „Lon­don Metal Exchange (LME) o poder de deter­mi­nar os preços de com­er­cial­iza­ção de todos os pro­du­tos que con­tenham o nióbio.

LME fixa, para expor­tação, preços mais baixos do que os cobra­dos nas jazi­das.

“Evi­dente que as posições do Brasil, no novo organ­ismo, seriam preenchi­das com agentes gov­er­na­men­tais que, não só batal­hariam para ele­var os preços dos pro­du­tos que con­tém o nióbio, mas, ainda, fixariam as quo­tas desses mate­ri­ais des­ti­nadas à expor­tação” – diz Silva.

De qual­quer forma, em 2010, a receita com ven­das exter­nas de nióbio foi de US1,5 bil­hão. Foi o ter­ceiro item da pauta de expor­tações min­erais, atrás de minério de ferro e ouro.

Num encon­tro com jor­nal­is­tas, real­izado em 7 de fevereiro, o min­istro de Minas e Ener­gia, Edi­son Lobão, disse que um novo marco reg­u­latório da min­er­ação no Brasil será encam­in­hado ao Con­gresso ainda no primeiro semes­tre deste ano.

Lobão disse que serão encam­in­hados três pro­je­tos inde­pen­dentes: um que trata das regras de explo­ração do minério, outro que cria a agên­cia reg­u­ladora do setor e um ter­ceiro que trata exclu­si­va­mente dos roy­al­ties.

Segundo Lobão, o Brasil tem hoje um dos menores roy­al­ties do mundo. “Nós cobramos no Brasil talvez o roy­alty mais baixo do mundo. A Aus­trália e países da África chegam a cobrar 10% e o Brasil ape­nas 2% „. 

fonte: http://www.inest.uff.br/index.php?option=com_content&view=article&id=175%3Afloresta-privatizada-em-rondonia-esconde-niobio-o-mineral-mais-estrategico-e-raro-no-mundo&catid=99%3Aprodestrategico&Itemid=78

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