Audiência realizada pelo governo federal, em 2010, para discutir o Trem-Bala. Foto: Arquivo/OVALE
Valor se refere apenas aos gastos com os salários dos 167 funcionários da EPL, estatal criada pelo governo Dilma Rousseff para gerenciar o projeto do Trem-Bala; meta inicial era inaugurar ferrovia antes da Copa
Xandu AlvesSão José dos Campos
Anunciado pelo governo federal em 2005, o TAV (Trem de Alta Velocidade) ainda nem saiu do papel e a estatal EPL (Empresa de Planejamento e Logística S.A.), criada no final de 2012 para gerenciar o projeto, conta com 167 funcionários que custam mensalmente aos cofres públicos R$ 1,878 milhão em salários.
O levantamento foi feito por O VALE a partir da lista de empregados publicada no site da EPL e cruzada com os vencimentos brutos de cada servidor da estatal divulgados no Portal da Transparência do governo federal.
O custo faz parte da projeção de gastos que o governo federal terá com o Trem-Bala, que deve chegar a R$ 1 bilhão até o final do atual governo.
Os gastos com a EPL começaram em 2012, quando o governo injetou R$ 5 milhões para constituir a empresa, que se tornou sócio do Trem-Bala com participação de 45%.
A estatal consumiu mais R$ 28,2 milhões de custeio em 2012 e cerca de R$ 90 milhões, no ano passado.
São três diretores no topo da hierarquia da empresa, cujos salários somados chegam a R$ 78,8 mil, média de R$ 26,2 mil, mesmo salário da presidente Dilma Rousseff (PT).
Estrutura. Outros 164 funcionários recebem vencimentos brutos entre R$ 1.750 e R$ 29 mil, mesmo salário de um ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), fixado pela Constituição Federal como teto de remunerações do funcionalismo público no país.
Além desses gastos, a EPL gasta R$ 1,64 milhão por ano de aluguel do prédio que usa como sede, em Brasília.
“O Trem-Bala é uma situação escandalosa, que não passou de propaganda eleitoral”, disse o deputado federal Vanderlei Macris (PSDB-SP).
Membro da Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados, ele disse que o Ministério dos Transportes se comprometeu a enviar, até o final de junho, a planilha com todos os gastos feitos pelo governo com o Trem-Bala até o momento, incluindo o custeio da EPL.
Sonho. Para o doutor em engenharia de transportes e professor da Universidade Federal do ABC, José Alex Sant’Anna, o Trem-Bala é um “sonho de algumas pessoas do governo que teimam em manter em andamento”.
Considerando o projeto do trem “caro demais para o país”, ele classificou a EPL de “cabide de emprego para amigos do governo”.
A empresa também foi alvo de críticas do deputado federal Arnaldo Faria de Sá (PTB), presidente da Comissão de Viação e Transportes da Câmara, que cobrou transparência do governo.
“Ninguém sabe o quanto se gasta com esse projeto [do Trem-Bala]. O governo tem que esclarecer isso”, disse.
Em agosto de 2013, o governo federal adiou pela terceira vez o leilão do TAV, que deve ocorrer em agosto deste ano. A meta é começar as obras em 2015 e a operação, em 2020.
A novela do TAV
Anunciado pelo governo federal em 2005, o TAV (Trem de Alta Velocidade) ainda nem saiu do papel e a estatal EPL (Empresa de Planejamento e Logística S.A.), criada no final de 2012 para gerenciar o projeto, conta com 167 funcionários que custam mensalmente aos cofres públicos R$ 1,878 milhão em salários.
O levantamento foi feito por O VALE a partir da lista de empregados publicada no site da EPL e cruzada com os vencimentos brutos de cada servidor da estatal divulgados no Portal da Transparência do governo federal.
O custo faz parte da projeção de gastos que o governo federal terá com o Trem-Bala, que deve chegar a R$ 1 bilhão até o final do atual governo.
Os gastos com a EPL começaram em 2012, quando o governo injetou R$ 5 milhões para constituir a empresa, que se tornou sócio do Trem-Bala com participação de 45%.
A estatal consumiu mais R$ 28,2 milhões de custeio em 2012 e cerca de R$ 90 milhões, no ano passado.
São três diretores no topo da hierarquia da empresa, cujos salários somados chegam a R$ 78,8 mil, média de R$ 26,2 mil, mesmo salário da presidente Dilma Rousseff (PT).
Estrutura. Outros 164 funcionários recebem vencimentos brutos entre R$ 1.750 e R$ 29 mil, mesmo salário de um ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), fixado pela Constituição Federal como teto de remunerações do funcionalismo público no país.
Além desses gastos, a EPL gasta R$ 1,64 milhão por ano de aluguel do prédio que usa como sede, em Brasília.
“O Trem-Bala é uma situação escandalosa, que não passou de propaganda eleitoral”, disse o deputado federal Vanderlei Macris (PSDB-SP).
Membro da Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados, ele disse que o Ministério dos Transportes se comprometeu a enviar, até o final de junho, a planilha com todos os gastos feitos pelo governo com o Trem-Bala até o momento, incluindo o custeio da EPL.
Sonho. Para o doutor em engenharia de transportes e professor da Universidade Federal do ABC, José Alex Sant’Anna, o Trem-Bala é um “sonho de algumas pessoas do governo que teimam em manter em andamento”.
Considerando o projeto do trem “caro demais para o país”, ele classificou a EPL de “cabide de emprego para amigos do governo”.
A empresa também foi alvo de críticas do deputado federal Arnaldo Faria de Sá (PTB), presidente da Comissão de Viação e Transportes da Câmara, que cobrou transparência do governo.
“Ninguém sabe o quanto se gasta com esse projeto [do Trem-Bala]. O governo tem que esclarecer isso”, disse.
Em agosto de 2013, o governo federal adiou pela terceira vez o leilão do TAV, que deve ocorrer em agosto deste ano. A meta é começar as obras em 2015 e a operação, em 2020.
A novela do TAV
ProjetoEm 2005, a estatal Valec Engenharia, Construções e Ferrovias contratou a italiana Italplan Engineering para elaborar o projeto básico do TAV
GovernoEm 2007, a ANTT assumiu o projeto do Trem-Bala e contratou o consórcio Halorow Sinergia para os estudos que serviram de base para a elaboração do edital do primeiro leilão
LeilãoRealizado em maio de 2011, o primeiro leilão fracassou por falta de interessados
EditalO governo reformulou o edital e dividiu o projeto em duas fases (construção e operação)
Risco
A União também assumiu todo o risco do negócio por meio da EPL (Empresa de Planejamento e Logística), empresa estatal criada em 2012 para gerenciar o Trem-Bala
AudiênciasEm setembro de 2012, o governo realizou duas audiências públicas na região para debater o Trem-Bala. Foram escolhidas as cidades que terão estações do trem: São José (13/9) e Aparecida (14/9)
AdiamentoEm agosto do ano passado, o governo anunciou o terceiro adiamento da primeira etapa do leilão do Trem-Bala. A nova data é agosto de 2014
Segunda etapaA segunda etapa do leilão do TAV está mantida para 2015, mesmo ano da previsão de início das obras. A operação começaria em 2020
Empresa estatal evita comentar o assunto
São José dos CamposA EPL foi procurada ontem por O VALE para comentar os gastos de custeio e o número de funcionários, além da tramitação do projeto do Trem de Alta Velocidade.
A reportagem conversou com a assessoria de imprensa do órgão e enviou um e-mail com perguntas, a pedido dos assessores, às 14h53.
Sem obter resposta, o jornal voltou a ligar para a assessoria às 18h27, que informou que as informações solicitadas não seriam dadas ontem, mas apenas na segunda-feira, por “falta de tempo de respondê-las”.
Prioridade. Embora não admita oficialmente, o Trem-Bala deixou de ser uma prioridade para o governo federal.
Antes considerado um dos grandes projetos de mobilidade para a Copa do Mundo, que ligaria as cidades de Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, o empreendimento ainda nem saiu do papel.
O projeto vem sofrendo repetidas mudanças desde dezembro de 2010, quando o governo marcou o primeiro leilão do Trem-Bala, que foi cancelado por falta de interessados. Com 511 quilômetros de linha férrea, o Trem-Bala está orçado em R$ 35 bilhões.
GovernoEm 2007, a ANTT assumiu o projeto do Trem-Bala e contratou o consórcio Halorow Sinergia para os estudos que serviram de base para a elaboração do edital do primeiro leilão
LeilãoRealizado em maio de 2011, o primeiro leilão fracassou por falta de interessados
EditalO governo reformulou o edital e dividiu o projeto em duas fases (construção e operação)
Risco
A União também assumiu todo o risco do negócio por meio da EPL (Empresa de Planejamento e Logística), empresa estatal criada em 2012 para gerenciar o Trem-Bala
AudiênciasEm setembro de 2012, o governo realizou duas audiências públicas na região para debater o Trem-Bala. Foram escolhidas as cidades que terão estações do trem: São José (13/9) e Aparecida (14/9)
AdiamentoEm agosto do ano passado, o governo anunciou o terceiro adiamento da primeira etapa do leilão do Trem-Bala. A nova data é agosto de 2014
Segunda etapaA segunda etapa do leilão do TAV está mantida para 2015, mesmo ano da previsão de início das obras. A operação começaria em 2020
Empresa estatal evita comentar o assunto
São José dos CamposA EPL foi procurada ontem por O VALE para comentar os gastos de custeio e o número de funcionários, além da tramitação do projeto do Trem de Alta Velocidade.
A reportagem conversou com a assessoria de imprensa do órgão e enviou um e-mail com perguntas, a pedido dos assessores, às 14h53.
Sem obter resposta, o jornal voltou a ligar para a assessoria às 18h27, que informou que as informações solicitadas não seriam dadas ontem, mas apenas na segunda-feira, por “falta de tempo de respondê-las”.
Prioridade. Embora não admita oficialmente, o Trem-Bala deixou de ser uma prioridade para o governo federal.
Antes considerado um dos grandes projetos de mobilidade para a Copa do Mundo, que ligaria as cidades de Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, o empreendimento ainda nem saiu do papel.
O projeto vem sofrendo repetidas mudanças desde dezembro de 2010, quando o governo marcou o primeiro leilão do Trem-Bala, que foi cancelado por falta de interessados. Com 511 quilômetros de linha férrea, o Trem-Bala está orçado em R$ 35 bilhões.
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