domingo, 15 de junho de 2014

O curioso caso da “elite branca” pobre, negra e “moreninha” contra Dilma “Rodrigues” e o governo do PT. E o troféu Glória Kalil da esquerda vai para…

O curioso caso da “elite branca” pobre, negra e “moreninha” contra Dilma “Rodrigues” e o governo do PT. E o troféu Glória Kalil da esquerda vai para…

I.
Enquanto ninguém condena por racismo aqueles militantes que acusam a “elite branca de São Paulo” disso e daquilo após o grito de “Ei, Dilma, VTNC”, fica a pergunta aos fiscais de melanina da arquibancada: os pobres, negros e “moreninhos” (como diria Lula) que esculhambam a presidente Dilma Rousseff e o governo do PT nos vídeos abaixo pertencem a dita-cuja também?
Outras vaias à presidente: Dilma é vaiada no Pará / Dilma é vaiada por 20 mil torcedores no Rio na Fan Fest / Dilma é vaiada na abertura oficial da 80ª edição da Expozebu / Dilma é vaiada ao defender governadora do Rio Grande do Norte / Dilma é vaiada durante 15ª Marcha dos Prefeitos / Dilma é vaiada em Belém pela segunda vez durante discurso / Dilma é vaiada e enfrenta protestos em João Pessoa / Dilma Rousseff é vaiada em evento do Minha Casa Minha Vida, em Tocantins / Dilma é vaiada em seu pronunciamento nacional / Dilma é vaiada por estudantes em Natal Rio Grande do Norte / Dilma é vaiada em Ipatinga / Dilma é vaiada na posse do presidente do Paraguai / Dilma é vaiada ao falar ‘portador de deficiência’ durante a 3ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência, em Brasília
II.
Dilma Rousseff gosta de citar Nelson Rodrigues. Citar sem ler é outro mau exemplo que os petistas dão ao país. A presidente já citou Nelson ao dizer que os “pessimistas fazem parte da paisagem, assim como os morros, as praças e os arruamentos”, já lembrou do personagem rodriguiano Sobrenatural de Almeida para apresentar uma versão internacional que ela chama de Inexorável da Silveira, e já atribuiu ao dramaturgo a frase “Não é possível apostar no pior”, coisa que Nelson nunca disse, como teve de observar o escritor Ruy Castro.
Em vez de apelar para uma covardia triunfante após ser hostilizada no Itaquerão, ela podia – após uma rápida consulta de seus assessores ao Google – ter citado mais uma vez Nelson Rodrigues: “A arquibancada é a pátria do palavrão”. “Retire-se a pornografia do futebol e nenhum jogo será possível. Como jogar ou torcer se não podemos xingar alguém?” (Podia ter citado também aquela revista chapa-branca que, um ano atrás, publicava a matéria: “Palavrões são perfeitos para manifestações e protestos”, diz pesquisadora em estudo – e que agora apresenta “Xingamentos contra a Dilma são o que parecem: ignorância”.)
Teria sido um gesto mais digno para uma presidente: a compreensão bem-humorada de que ela estava representando o seu governo no ambiente onde aquele grito é uma forma convencional de protesto contra alguém, sobretudo quando as pessoas se sentem roubadas, com motivos.
Mas Dilma “Rodrigues” tem razão: não é possível apostar no pior. Apostar em qualquer gesto de grandeza do PT é como apostar em Honduras no Bolão da Copa.
III.
Após 1.994.749 homens (entre juízes, bandeirinhas, jogadores, treinadores, cartolas e tudo mais) serem alvos do grito “Ei, Fulano, VTNC!” em estádios de futebol no Brasil, as feministas concluíram: o grito contra Dilma foi machismo.
É a série “A causa é minha, eu aplico onde eu quiser”, parente da minha já célebre “A culpa é da esquerda, ela coloca em quem quiser”.
Gente “jênia”. Gente sincera.
Exemplos:
“Temos uma elite despreparada para ver uma presidenta mulher. Humilharam a mulher brasileira na pessoa da Dilma.”
(Ana Liési Thurler, socióloga colaboradora do Centro Feminista de Estudos e Assessoria – Cfemea)
“Essa ação está ligada aos valores patriarcais da nossa sociedade. A ideia de que para mulher se pode dizer tudo está por trás do xingamento. (…) Era uma plateia que não gosta dela, porque ela é mulher, mas também porque não compartilha dos mesmos projetos que o governo.”
(Hildete Pereira de Melo, economista “dedicada à questão de gênero”, segundo O Globo)
E por aí vai.
IV.
foto(82)Jean Wyllys (aquele que chama o Papa de “potencial genocida”): “Há um tanto de misoginia e machismo odiosos nos insultos proferidos pela platéia branca e rica contra Dilma.”
Juca Kfouri: “A elite branca (…) mostrou ao mundo que é intolerante e mal agradecida a quem lhe proporciona uma Copa do Mundo no padrão Fifa.”
José Trajano: “Um negro na arquibancada era difícil de você encontrar. Parecia que nós estávamos na Finlândia.” “[O grito contra Dilma] Foi de uma má educação, de uma grosseria terrível…” [E com o típico duplo padrão moral da esquerda:] “Cá entre nós, a Fifa, tudo bem, pode xingar.”
Arnaldo Ribeiro: “A forma como o público xingou uma mulher que, por acaso, é a presidenta do país é de uma grosseria… Pra mim é uma coisa lamentável, deplorável… Achei deprimente.”
Astrid Fontenelle: “Mais uma pergunta: a galera da área VIP que vaiou a Dilma tá tão mal assim de finanças?? Os filhos estão sem escola??”
Kennedy Alencar: “É uma pena que pessoas mais escolarizadas tenham tão pouca educação. Essas pessoas deveriam se envergonhar. Deram um péssimo exemplo até para seus filhos e para suas famílias. O Brasil merecia uma elite melhor.”
Confesso ter preguiça de Wyllys, Kfouris, Trajanos, Arnaldos, Astrids, Kennedys e demais ditadores de modos nos estádios de futebol.
O concurso para “Loira do Tchan” era mais digno do que este para Glória Kalil da esquerda.
V.
Ok. Talvez eu devesse tirar Astrid da listinha acima. Em discussão com o radialista Guilherme Macalossi, ela alegou que também vaia “políticos de merda” (genericamente assim é moleza, não é mesmo?; ainda mais diluindo as responsabilidades pelos deputados…) e só queria criticar aqueles VIPs que vaiaram mas que “mamam na teta” (do Estado). Ficou parecendo, no entanto, que os filhos não estarem na escola é a única razão para se vaiar uma presidente, e a galera VIP, portanto, não deveria fazê-lo. E ficou parecendo também que a vaia só se justifica quando o governo é ruim para o próprio cidadão, não quando é ruim para os outros – sem saúde, sem escola, sem segurança – para os quais ele (o cidadão rico, no caso) oferece a sua solidariedade em forma de protesto. Se eu lembrar que esta apresentadora chamou a biografia best seller “Dirceu”, de Otávio Cabral, de “fracasso retumbante” em seu programa “Saia Justa”, mesmo tendo sido vendidos mais de 40 mil exemplares até aquele momento (e que só fez isso porque Mário Sérgio Conti encontrou uns errinhos banais no conteúdo), aí é que fica mal mesmo para ela. Mas “140 caractereres não dá”, diz Astrid. Os dela, de fato, não deram mesmo.
batebocat
VI.
Ok. Venço a mais um pouco a preguiça de domingo para comentar mais um trecho chapa-branca de Kennedy Alencar, na CBN: “A presidente Dilma é uma pessoa séria, é uma pessoa honesta, que tem uma biografia que deveria ser respeitada, e inclusive dá orgulho aos brasileiros. É importante que uma mulher que foi presa e torturada na ditadura militar tenha chegado à presidência da República.”
Esta é uma listinha das vítimas dos grupos terroristas de que Dilma participou (e nem vou mencionar os assaltos a bancos).
Só a esquerda revolucionária pode ter orgulho de uma biografia assim.
PESSOAS ASSASSINADAS PELA VPR– 26/06/68 – Mário Kozel Filho – Soldado do Exército – SP
- 27/06/68 – Noel de Oliveira Ramos – Civil – RJ
- 12/10/68 – Charles Rodney Chandler – Cap. do Exército dos EUA – SP
- 07/11/68 – Estanislau Ignácio Correia – Civil – SP
- 09/05/69 – Orlando Pinto da Silva – Guarda Civil – SP
- 10/11/70 – Garibaldo de Queiroz – Soldado PM – SP
- 10/12/70 – Hélio de Carvalho Araújo – Agente da Polícia Federal – RJ
- 27/09/72 – Sílvio Nunes Alves – Bancário – RJ
PESSOAS ASSASSINADAS PELA VAR-PALMARES- 11/07/69 – Cidelino Palmeiras do Nascimento – Motorista de táxi – RJ
- 24/07/69 – Aparecido dos Santos Oliveira – Soldado PM – SP
- 22/10/71 – José do Amaral – Sub-oficial da Reserva da Marinha – RJ
- 05/02/72 – David A. Cuthberg – Marinheiro inglês – Rio de Janeiro
- 27/09/72 – Sílvio Nunes Alves – Bancário – RJ
PESSOAS ASSASSINADAS PELO COLINA
- 29/01/69 – José Antunes Ferreira – Guarda Civil – BH/MG
- 01/07/68 – Edward Ernest Tito Otto Maximilian Von Westernhagen – Major do Exército Alemão – RJ
- 25/10/68 – Wenceslau Ramalho Leite – Civil – RJ
* Mais sobre a carreira de Dilma no meu artigo “A verdadeira insanidade“.
VII.
Quando, em meio a todo esse “mimimi” diante dos xingamentos à presidente no Itaquerão, a gente se lembra da incitação de José Dirceu à violência (“Porque eles têm que apanhar nas ruas e nas urnas!”) antes da agressão a Mario Covas, resta lembrar pela enésima vez a frase de São João Crisóstomo, eternamente aplicável à esquerda petista:
“Se, porém, eles pelas obras profanam a fé e não se escondem, cobertos de vergonha, debaixo da terra, por que se irritam contra nós, que condenamos com palavras o que eles manifestam com ações?” (São João Crisóstomo)
VIII.
Meu último post virou imagem na página do ex-secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Jr., autor do livro “Assassinato de reputações”. A canalhada pira.
Canalha e idiota imagem Tuma
Felipe Moura Brasil - http://www.veja.com/felipemourabrasil




fonte: http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/2014/06/15/o-curioso-caso-da-elite-branca-pobre-negra-e-moreninha-contra-dilma-rodrigues-e-o-governo-do-pt-e-o-trofeu-gloria-kalil-da-esquerda-vai-para/

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