Eles se posicionam como socialistas, defensores da construção de um mundo justo e
igualitário,
longe das tentações e das amarras do consumismo – mas não abrem
mão das benesses que só os cifrões do capitalismo podem bancar.
Ao redor do mundo, são conhecidos pelas
mais diversas alcunhas – num fenômeno generalizado,
presente em infindáveis
idiomas, nas mais diversificadas culturas. No Reino Unido são
conhecidos
como “champagne socialist“, nos Estados Unidos como “limousine
liberal”,
na Alemanha como “salonkommunist”, na Itália como“radical chic”, na Dinamarca como
“kystbanesocialist”, na Eslovênia como “loungeroom left”, na Espanha como “pijo-progre”,
na Suíça como “cüpli-sozialist”, na Holanda como “salonsocialist”, na Grécia como “Αριστερός
με δεξιά τσέπη”. E até no Japão recebem uma expressão especial – são
os “Botchan Sayoku”.
Mas você provavelmente os conhece como
esquerda caviar, esquerda festiva, ou ainda, como
Prepare o seu champagne e ponha no
prato seu caviar. Aqui, alguns dos maiores líderes socialistas
de todos os
tempos – e o modo extravagante como levaram suas vidas.
Fidel Castro com seus dois Rolex, numa visita ao Kremlin, em 1963.
Após uma curta viagem de barco, partindo da cidade costeira de Cienfuegos, ao sul de Cuba,
chega-se à deserta ilha tropical deCaya Piedra. Cercada por mornas águas turquesa, a ilha
mais parece um cartão-postal, com suas praias de areia branca e recifes de coral intocados.
Este paraíso caribenho de dois quilômetros de extensão é propriedade privada do homem mais
rico do país: o ditador Fidel Castro.
Os moradores locais o chamam de El Comandante e ele costuma atracar na localidade a bordo
de seu iate de luxo, o Aquarama II, que, por sua vez, possui bancos de couro da cor creme e
é revestido com raras madeiras angolanas. O ditador também possui sempre à disposição um
exército de servos pessoais – mantidos em expediente 24/7 – para lhe servir vinho branco
gelado e exóticos mariscos, além de outras luxúrias. Fidel e seus amigos passam os dias lendo,
mergulhando ou na pesca. É dura a vida de líder de uma revolução.
Em um livro de memórias (publicado no Brasil pela Companhia das Letras), chamado
A Vida Secreta de Fidel, Juan Reinaldo Sanchez, segurança do ditador cubano durante três
décadas, traz a tona essa e outras extravagância luxuosas desfrutadas pelo autocrata e
seu círculo íntimo. O livro retrata um homem obcecado pelo poder e pelo dinheiro, que se
autoproclama herói da classe trabalhadora, enquanto vive uma vida tão opulenta quanto a de
um rei absolutista.
Sanchez foi um dos guardas pessoais da
segurança de Castro de 1977 a 1994 e o acompanhou
em viagens ao exterior para
encontrar todo tipo de lideranças, desde papas a figuras políticas
internacionais, testemunhando em primeira mão a capacidade de seu patrão para
explorar
Cuba como um feudo pessoal.
Ao lembrar, por exemplo, de um dia
típico de pescaria em Cayo Piedra, ele diz: “Eu não
posso descrever [a cena] de
outra maneira, senão a comparando às caçadas reais de
Luis XV nas florestas ao
redor do [palácio de] Versalhes”. O segurança ainda diz:
“Fidel Castro gosta de espalhar o boato de que a
revolução não lhe deu
descanso, que não havia tempo para o prazer e que ele, de
fato, havia
desprezado o conceito burguês de férias. Nada poderia estar mais
distante da verdade.“
A mansão do ditador em Havana é
uma residência de dois andares com área construída
de cerca de 1.200 metros
quadrados, situada no centro de uma propriedade de 30 hectares,
o equivalente a
36 campos de futebol. Conhecida como Ponto Zero, a área concentra ainda
um
conjunto de casarões onde vivem alguns de seus filhos. Há ainda casas de
hóspedes,
academias de ginástica, piscinas, lavanderias industriais e até uma
sorveteria exclusiva para
a família Castro. As ruas dos arredores são
inacessíveis para qualquer outro habitante da capital
cubana. O sítio urbano é
cercado por muralhas. Fidel também tem um pomar, uma horta
orgânica, um
galinheiro e um curral. Sim, um curral: o ditador caribenho é obcecado por
gados.
Literalmente. Após uma década mantendo a cabeça baixa,
Sanchez fugiu para os EUA como exilado em
2008, onde vive atualmente. O cubano,
hoje, paga as contas com seus trabalhos esporádicos
de conselheiro de segurança
em Fort Lauderdale, Florida.
O filho mais novo
de Fidel, Antonio Castro Soto del Valle, foi flagrado essa semana
num resort de luxo na
Turquia, onde alugou cinco suítes de diárias de US$ 1 mil para
12
acompanhantes, após chegar em um iate alugado na ilha grega de Mykonos. De
acordo
com a revista “Gala”, um repórter foi atacado por um segurança
cubano após filmá-lo.
2) DINASTIA KIM, COREIA DO NORTE
Kim Jogn-Un e seu inseparável iMac.
A primeira coisa que você deve saber
sobre a família Kim, que controla o reino mais fechado
do mundo há
décadas, é que ela desenvolveu um verdadeiro fascínio pela Mercedes-Benz – marca
alemã que historicamente exerce uma paixão peculiar em
ditadores, como Hitler, Fidel Castro,
Pol Pot, Leonid Brejnev e Saddam Hussein.
Kim Il Sung, Presidente Eterno da Coreia do Norte,
encontra-se atualmente
embalsamado no Palácio Memorial de Kumsusan próximo à sua Mercedes 500 SEL.
E a
paixão pela estrela de três pontas foi transmitida de pai para filho. Apesar
das sanções
econômicas impostas pela ONU, que há décadas baniram a venda de
itens de luxo no país,
o autor Mike Kim relembra um desses
casos:
“[Em 2001], enquanto as Nações Unidas preparavam
uma ajuda de emergência
no valor de US$ 600 milhões para o país, Kim gastou
US$20 milhões importando
200 das mais novas e caras… Mercedes, que ele
distribuiu como prêmio a seus seguidores depois do teste de lançamento de um
novo míssil de longa distância
sobre o Japão.”
de milho para alimentar a faminta população norte
coreana.
Segundo um relatório da ONU, apenas em 2012, Kim Jong-Un gastou US$ 645
milhões em
artigos de luxo – dentre os quais caviar e bebidas,
especialmente conhaque, um resort de esqui,
um centro de equitação, muitos
carros e mais de 30 pianos. Em 2013, Kim comprou um iate avaliado
em mais de US$ 7 milhões.
3) HUGO CHÁVEZ, VENEZUELA
La familia real de
Barinas. É
assim que a família Chávez é conhecida na Venezuela. Barinas, no
norte do país,
é a cidade natal de Chávez, conhecida por sua extrema pobreza e calor.
Chávez foi
criado em uma pequena casa com um chão de terra que o governo
de Raul Leoni havia cedido aos mais
pobres. Desde que assumiu o poder, no
entanto, decidiu acumular 3.500 hectares da região para sua
família,
incluindo uma fazenda chamada La Chavera, de 600 hectares, guardada por
elementos de
segurança do Estado.
Mas não apenas de terras vivia Hugo
Chávez. O presidente da Venezuela era um reconhecido
na garagem: um Bentley Mulsanne, um dos carros mais exclusivos do mundo à disposição – com
seus 512 CV de potência, capaz de atingir quase os 300 km/h e acelerar dos
0 aos 100 km/h em
5,3 segundos.Segundo um relatório feito pela ONG Criminal Justice
International Associates,
Hugo Chávez tinha uma fortuna avaliada em
mais de US$ 1 bilhão no momento de sua morte.
À família presidencial é atribuída a
posse de 17 propriedades com valores unitários entre os US$ 400 mil
e os US$
700 mil dólares, 10 jipes Hummer custando cada um US$ 70 mil dólares e ainda
US$ 200 milhões
em contas no exterior.
depósitos de US$ 12 bilhões em 4 contas
bancárias na sede do HSBC na Suíça, em nome d
a Tesouraria Nacional e do
Banco do Tesouro. O escândalo revelou fortunas de governantes e
membros da
realeza, como o rei do Marrocos, Mohammed, políticos, executivos de empresas e
bilionários dos mais diversos tipos. O reino de Chávez – e agora de Maduro –
marcou presença vip.
Chang
e Jon Halliday sobre a vida do maior tirano de todos os tempos. A chinesa Jung
e seu
marido, Jon, passaram 12 anos pesquisando e escrevendo a obra, que é o
maior tratado a respeito
da vida de Mao Tsé-Tung:
“Mao não economizava nos aspectos da
vida de que gostava. Era um gourmet e mandava buscar
suas comidas favoritas em
todo o país (ele e os altos líderes raramente iam a restaurantes,
cujo número
encolheu com o regime comunista). Um peixe especial de Wuhan que ele apreciava
tinha de ser transportado vivo por mil quilômetros dentro de um saco de
plástico cheio de água
e mantido oxigenado. Quanto ao arroz, ele exigia que a membrana
entre a palha e o grão fosse mantida,
o que significava descascá-lo manualmente
e com grande cuidado. Uma vez, reclamou que não estava
sentindo o gosto da
membrana e disse a sua governanta que havia adquirido beribéri em consequência
disso. A governanta correu até a fazenda especial na Fonte de Jade e mandou
descascar um pouco
de arroz exatamente como Mao queria.
Essa fazenda foi montada especialmente
para plantar arroz para ele, pois supunha-se que a água
de lá era a melhor. Nos
velhos tempos, a fonte havia fornecido água às cortes imperiais. Agora,
alimentava a plantação de arroz de Mao. As verduras de que ele gostava, assim
como os frangos
e o leite, eram produzidos em outra fazenda especial chamada
Jushan. Seu chá tinha a fama de
ser o melhor da China — Poço do Dragão — e as
melhores folhas eram escolhidas para ele, no
momento ideal. Toda a comida de
Mao passava por um meticuloso exame médico e a
cozinha era supervisionada por
sua governanta, que também provava a comida. Frituras tinham de
ser servidas de
imediato; mas, como a cozinha ficava longe, para que os cheiros não
impregnassem
o caminho de Mao os criados levavam os pratos correndo até sua
mesa.
Mao não gostava de entrar em banheiras
ou chuveiros e não tomou banho durante um quarto de século.
Em vez disso, seus
criados o esfregavam todos os dias com uma toalha quente. Ele gostava de
massagens diárias. Jamais foi a um hospital. As instalações hospitalares, junto
com os melhores
especialistas, iam até ele. Se não estava com vontade de
vê-los, tinham de ficar por perto, às
vezes durante semanas.
Mao jamais gostou de roupas elegantes.
O que amava era o conforto. Usou os mesmos sapatos
durante anos porque, como
dizia, sapatos velhos eram mais confortáveis; e fazia com que os
guarda-costas
“gastassem” os sapatos novos para ele. Seu roupão de banho, sua toalha de
rosto
e suas colchas eram muito remendados, mas não com remendos comuns: eram levados
especialmente a Xangai e consertados pelos melhores artesãos, custando
muitíssimo mais
do que artigos novos. Longe de serem indicações de ascetismo,
eram singularidades do
hedonista superpoderoso.
(…) Algumas dessas mulheres [garotas de programa] recebiam
subsídios de Mao, assim como algumas pessoas de seu staff e parentes. As
quantias envolvidas eram pequenas, mas ele fazia questão de autorizar
pessoalmente cada transação. Mao tinha muita consciência do valor do dinheiro e
durante anos conferiu as contas de sua casa minuciosamente.
O
dinheiro distribuído por Mao vinha de uma conta pessoal secreta, a Conta
Especial. Era onde guardava os royalties de seus escritos, pois, além de todos
os outros privilégios, ele monopolizava o mercado de livros, forçando toda a
população a comprar suas obras, além de evitar que a imensa maioria dos
escritores fosse publicada. No auge, essa conta abrigava bem mais de 2 milhões
de yuans, quantia astronômica. Para ter uma ideia do que isso significava, o
staff de Mao ganhava, em média, cerca de quatrocentos yuans por ano. A renda em
dinheiro de um camponês, em um ano dos melhores, podia ser de uns poucos yuans.
Até os chineses mais privilegiados raramente tinham economias de mais de
algumas centenas de yuans.
Mao
foi o único milionário criado na China de Mao.”
5) ISLAM KARIMOV, UZBEQUISTÃO
Ele começou sua carreira política no escritório do Planejamento de
Estado da República Socialista Soviética do Uzbequistão, em 1966. Em 1986,
virou Ministro das Finanças. Em 1989, primeiro secretário do comitê
central do Partido Comunista do Uzbequistão e então, finalmente, o último
presidente da república socialista em 1990 e em 1991, o primeiro presidente
do Uzbequistão independente, cargo que ocupa até hoje, passados 25 anos –
vencendo “eleições” em que até o candidato de “oposição” confessou ter votado
nele.
Não
é possível falar do país de Islam Karimov sem falar em algodão. O
algodão responde por cerca de 45% das exportações do Uzbequistão, o que faz
dele seu produto agrícola mais importante. Durante o
domínio soviético, todas as terras aráveis do Uzbequistão encontravam-se
sob o controle de 2.048 fazendas estatais. Hoje, os agricultores recebem
uma fração ínfima dos valores praticados no mercado; o restante fica com o
governo. Como ninguém se dispõe a plantar por esses preços, o governo
obriga os agricultores. Como durante o período soviético.
Sala de cinema da mansão de Gulnora Karimov em Beverly Hills.
Sem
estímulos econômicos, e com a manutenção dos maquinários completamente
abandonada, Karimov saiu-se com uma solução pouco usual para enfrentar o
problema: forçar crianças a realizar as colheitas. A história é contada no
livro “Por que as nações
fracassam”, dos economistas James A. Robinson e Daron Acemoğlu:
“A
colheita se estende por dois meses. As crianças da região rural que têm a sorte
de ser designadas para fazendas perto de casa podem ir andando ou são levadas
de ônibus para o trabalho. As que moram mais longe ou vêm das cidades têm de
dormir nos telheiros ou currais, junto com as máquinas e o gado. Não há
banheiros nem cozinhas. As crianças têm de levar sua própria comida para o
almoço.
Os
principais beneficiários de todo esse trabalho forçado são as elites políticas,
encabeçadas pelo Presidente Karimov, o rei de fato de todo o algodão uzbeque.
Em tese, os estudantes são pagos pelo trabalho, mas só em tese. Em 2006, quando
o preço mundial do algodão girava em torno de US$1,40 por quilo, as crianças
recebiam cerca de US$0,03 por sua cota diária de 20-60 kg. Provavelmente 75% do
algodão são hoje colhidos por crianças. Na primavera, as escolas fecham as
portas para a capina do solo e transplante de mudas.
(…) Os
interesses econômicos familiares são administrados pela filha de Karimov,
Gulnora, que deve suceder o pai na presidência. Em um país tão pouco
transparente e cheio de segredos, ninguém sabe ao certo o que a família Karimov
controla nem quanto dinheiro ganha, mas a experiência da empresa americana
Interspan é sugestiva do que se passou na economia do país nas últimas duas
décadas. O algodão não é o único produto agrícola; determinadas regiões do país
são ideais para o cultivo do chá, e a Interspan decidiu investir nessas áreas.
Em 2005, tinha se apoderado de mais de 30% do mercado local, quando então
começaram os problemas. Gulnora chegou à conclusão de que a indústria do chá
parecia bastante promissora economicamente. Não demorou para que os funcionários
locais da Interspan começassem a ser sistematicamente presos, surrados e
torturados. As operações tornaram-se inviáveis e, em agosto de 2006, a empresa
deixou o país. Seus negócios passaram para as mãos da família Karimov, cujas
atividades no setor expandiam-se rapidamente e, na época, representavam 67% do
mercado – em contraste com os 2% de poucos anos antes.”
Há
dois anos, a família Karimov comprou uma
mansão em Beverly
Hills avaliada em US$ 58 milhões.
Atualmente, praticamente 1/3 da população do Uzbequistão vive na pobreza.
fonte:
http://spotniks.com/os-5-maiores-icones-da-esquerda-caviar-de-todos-os-tempos/