terça-feira, 30 de junho de 2015

Eles se lixam para o povo:A ciência comprova: o governo está cagando pra você.



Você vota no horário marcado. Se esquece de votar, vai no prazo ao Cartório Eleitoral para justificar. Depois das eleições, não mede críticas quando o governo erra e elogios quando ele parece acertar. Faz pressão quando uma lei está parada, milita. Bate no peito e repete o mantra: “Nós colocamos eles lá, nós podemos tirar, nós mandamos neles!”.
Após seguir rigorosamente as regras da democracia, você espera, claro, que a sua opinião e a sua pressão tenha algum efeito sobre o governo, afinal, os políticos devem satisfação a seus eleitores pelo cargo conquistado, não é mesmo?
Não é o que a ciência diz.
Um estudo realizado por pesquisadores das Universidades de Princeton e de Northwestern, nos Estados Unidos, demonstra que a opinião pública tem um impacto muito pequeno sobre a política. O impacto é tão pequeno que chega a ser considerado estatisticamente insignificante.
Foi assim: primeiro, os pesquisadores fizeram cerca de 2.000 entrevistas e perguntaram para as pessoas sobre propostas políticas que elas concordavam e que discordavam. Depois, separaram opiniões em comum e classificaram numa escala de 0 a 100 qual a aceitação de cada uma das ideias apresentadas na sociedade.
Essa estatística foi cruzada com 20 anos de dados sobre medidas que foram aprovadas no Congresso do país – que mostrou que a opinião de 90% dos eleitores simplesmente não importava para os políticos. Ideias com aceitação zero tinham 30% de chance de serem aprovadas, enquanto ideias com aprovação próxima dos 100 também tinham uma chance em torno de 30% de passarem.

Mas um grupo, muito bem incluído entre os 10% restantes, chamou a atenção: suas ideias mais fortes tinham 61% de chance de serem aprovadas, enquanto as propostas menos aceitas tinham zero chance de se concretizarem. Estes eram os donos de corporações e grupos da elite do país.
Nos Estados Unidos, os últimos 5 anos foram marcados por grandes doações de campanha política que totalizaram US$ 5,8 bilhões, todas elas vindas de 200 grandes corporações, que receberam US$ 4 trilhões em subsídios do governo – um retorno 750 vezes maior que o “investimento”.
No Brasil não é diferente.
Só na última eleição, apenas os grandes grupos doaram R$ 500 milhões para as campanhas políticas – metade de todo o valor arrecadado. Do outro lado da balança, o BNDES desembolsou, entre 2010 e 2014, um montante total de R$ 529 bilhões só para grandes empresas, boa parte delas envolvidas com a política de forma direta, seja como doadoras de campanhas ou com laços familiares.
Detalhe: com todo esse dinheiro seria possível custear 26 anos de Bolsa Família, dobrar os investimentos em Segurança Pública, construir 37 milhões de salas de aula ou construir 37 mil hospitais, cada um deles com capacidade para atender uma população de 40 mil pessoas.
É um ciclo vicioso: os candidatos que mais recebem dinheiro conseguem os melhores recursos para seus doadores, que enriquecem mais e liberam ainda mais dinheiro na próxima eleição.
E aqui é importante que se frise – independente da proibição ou liberação de doações privadas para campanhas, o governo – justamente por não criar absolutamente nada – precisa manter relações com empresas: seja construtoras para duplicar estradas ou construir aeroportos, seja fornecedores de material escolar ou hospitalar, ou ainda outras tantas empresas necessárias para as inúmeras obras demandadas pelo governo. Como abordamos nessa matéria, todas as evidências indicam que quanto maior for a área de atuação dos governos, maior será a percepção de corrupção pela sociedade. Diminuir a relação dos governos com as grandes empresas não é uma mágica que será feita com a proibição das doações privadas de campanha –  passa essencialmente pela diminuição das atribuições do Estado brasileiro.
“Uma [de nossas conclusões] é o fracasso total da [teoria do] “eleitor médio” e de outras teorias da Democracia Eleitoral Majoritária”, escrevem os pesquisadores. “Quando preferências da elite econômica e a bandeiras de grupos de interesse organizado são controladas, as preferências do americano médio representam apenas um minúsculo impacto sobre as políticas públicas estatisticamente insignificante, próximo de zero.”
Segundo um outro estudo da ONG Represent.US, 91% das vezes, o candidato com mais dinheiro para financiar sua campanha foi o finalista das eleições distritais nos Estados Unidos, o que é mais um indício de que as aspirações dos candidatos estão mais direcionadas ao dinheiro do que ao interesse de seus eleitores – que inconscientemente seguem a trilha da campanha mais bem feita, como já explicamos anteriormente nesse texto.
Todas essas estatísticas se encontram.
Com eleitores que se importam mais com a aparência do candidato e de sua campanha do que de suas propostas, é de se esperar que os políticos com maior financiamento realmente cheguem ao poder, usando os eleitores como escada. Lá em cima, a última coisa que se pode esperar é que ele olhe para baixo e sinta que deve algo para seus eleitores, meras peças descartáveis de um jogo publicitário

fonte: http://spotniks.com/a-ciencia-comprova-o-governo-esta-cagando-pra-voce/

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