Sem trégua – A delação premiada de Ricardo Pessôa, dono da UTC e da Constran, coloca mais uma vez a senadora Gleisi Helena Hoffmann no epicentro da Operação Lava-Jato. No acordo de delação premiada assinado com o Ministério Público Federal, Pessôa disse que todas as doações oficiais ao PT eram, na verdade, propinas de contratos das empresas junto à Petrobras. A afirmação do empresário compromete ainda mais a senadora paranaense, amiga do chefe do cartel das empreiteiras que operavam na estatal, o chamado “Clube do Bilhão”.
A UTC financia Gleisi desde sua primeira campanha em 2006, à prefeitura de Curitiba. A empreiteira já repassou R$ 1,5 milhão à petista: R$ 100 mil (2006), R$ 250 mil (2008), R$ 250 mil (2010) e R$ 900 mil (2014). A relação de Gleisi com empreiteiras envolvidas no Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história, não se limita à UTC. A petista sempre foi beneficiada por generosas doações, mas pela primeira vez uma delação estabelece nexo direto entre a senadora e a propina de determinada empreiteira.
Pessôa também prestou depoimento no inquérito a que Gleisi responde no Supremo Tribunal Federal(STF) sobre a participação da senadora paranaense no esquema criminoso de corrupção que saqueou os cofres da estatal. O empresário também já arrolou o marido de Gleisi, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva (PT), como testemunha de defesa em processo a que responde no Petrolão.
Uma peça encaminhada pela Procuradoria-Geral da República ao STF aponta o elo entre as informações sobre a senadora petista e o esquema investigado na Lava-Jato. “Dentro do esquema apurado na Lava Jato, Ricardo Pessoa referia que os valores pagos a título de propina eram ‘descontados’ da ‘conta corrente’ que mantinha com o Partido dos Trabalhadores”, escreveu a vice-procuradora-geral.
O envolvimento de Gleisi em esquemas de corrupção patrocinados pelo PT não se limita à denúncia de Ricardo Pessôa. Já em 2014, a senadora foi apontada, pelos delatores Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, como beneficiária de R$ 1 milhão do Petrolão.
Em agosto, o juiz federal Sérgio Moro, responsável na primeira instância do Judiciário pelas ações decorrentes da Lava-Jato, enviou ao STF documentos que podem indicar repasses ilícitos para Gleisi, ex-ministra da Casa Civil. Ela seria beneficiária de parte dos valores que transitaram pelo ‘Fundo Consist’ – empresa envolvida em desvios de empréstimos consignados no âmbito do Ministério do Planejamento.
O ex-ministro Paulo Bernardo (Planejamento e Comunicações), marido de Gleisi, também é citado nas informações encaminhadas ao STF. Os documentos surgiram após a deflagração da décima oitava fase da Lava-Jato, a Operação Pixuleco II, e fazem parte de dados apreendidos em escritório de advocacia de Curitiba.
Como os documentos fazem menção à senadora, que goza de foro especial por prerrogativa de função, o caso foi encaminhado ao STF. Na última sexta-feira (11), a PGR ofereceu denúncia contra o ex-vereador Alexandre Romano (PT) e pediu o desmembramento do caso. Com a cisão, a denúncia deve ser analisada pela Justiça no Paraná, enquanto as investigações sobre a senadora petista devem prosseguir no STF. Gleisi Hoffmann afirma que todo o trabalho realizado pelo escritório de advocacia que foi alvo da Operação consta de suas prestações de contas eleitorais.
A Polícia Federal acredita ter identificado o caminho do dinheiro supostamente ilícito até a senadora Gleisi, no esquema desmontado pela Pixuleco II, que mira contratos de empréstimos consignados no âmbito do Ministério do Planejamento.
Os investigadores descobriram que 40% do faturamento da empresa Consist Software, relativo a contratos de empréstimos consignados, foram repassados para dois alvos da Lava-Jato, Alexandre Romano, o Chambinho, e o lobista Milton Pascowitch, um dos delatores do esquema. Os valores foram posteriormente direcionados a dezenas de empresas de fachada, segundo a PF.
A Consist foi escolhida para prestar serviços de informática na esteira do acordo técnico entre o Ministério do Planejamento, a Associação Brasileira de Bancos (ABBC) e o Sindicato das Entidades Abertas de Previdência Privada (SINAPP) para gestão de margem consignável em folha de pagamento dos servidores públicos federais.
Dos 40% destinados a Chambinho e a Pascowitch, 9,6% foram transferidos, por solicitação do ex-vereador do PT, para o escritório de advocacia Guilherme Gonçalves. Sediado em Curitiba, o escritório atua na área eleitoral para a senadora Gleisi.
fonte: http://ucho.info/lava-jato-dono-da-utc-diz-que-gleisi-recebeu-r-15-mi-em-propina-senadora-volta-ao-olho-do-furacao
Lava-Jato: Lewandowski rejeita pedido da PGR para manter com Teori indícios sobre a petista Gleisi
Pau mandado – Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Ricardo Lewandowski não acatou pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para reconsiderar a decisão de redistribuir um trecho de investigação em que a senadora petista Gleisi Helena Hoffmann é citada.
Desta forma, o caso saiu do gabinete do ministro Teori Zavascki, relator dos processos decorrentes Operação Lava-Jato, após Lewandowski entender que não há relação entre o relatório que aponta indícios contra a senadora e o esquema de corrupção na Petrobras. Após sorteio feito pela presidência do Tribunal, a relatoria do caso passou a ser do ministro Dias Toffoli, cujas vísceras petistas são conhecidas da opinião pública.
A PGR recorreu ao Supremo contra o encaminhamento do caso a Toffoli, sob a alegação de que existe elo entre as informações sobre a senadora petista e a Lava-Jato. “Dentro do esquema apurado na Lava Jato, Ricardo Pessoa (dono da UTC) referia que os valores pagos a título de propina eram ‘descontados’ da ‘conta-corrente’ que mantinha com o Partido dos Trabalhadores”, ressaltou a vice-procuradora-geral sobre o caso.
O presidente do STF entendeu que não cabe o recurso da PGR contra a decisão de redistribuir o procedimento, já que não se trata ainda de investigação formal sobre a ex-ministra-chefe da Casa Civil. Lewandowski também negou o seguimento do agravo proposto pela Procuradoria-Geral, sem analisar o mérito do pedido. A PGR pode insistir no questionamento para levar o caso ao Plenário da Suprema Corte.
Investigadores da força-tarefa da Lava-Jato, em Curitiba, temem que a decisão do Supremo cause impacto nos casos sob a tutela do juiz federal Sérgio Fernando Moro, visto que a definição da Corte pode abrir brechas para questionamentos sobre a competência do magistrado para conduzir outros casos que não estão diretamente ligados ao esquema de corrupção que durante uma década funcionou com largueza na Petrobras
Em agosto, o juiz Moro encaminhou à Corte, como desdobramento das investigações, relatório em que Gleisi Hoffmann aparece como suposta beneficiária de parte de valores que transitaram pelo ‘Fundo Consist’ – empresa envolvida no escândalo dos empréstimos consignados no âmbito do Ministério do Planejamento. O ex-ministro Paulo Bernardo da Silva (Planejamento e Comunicações), marido de Gleisi, também é citado nas informações encaminhadas ao Supremo. Os documentos surgiram após a deflagração da Operação Pixuleco II, décima oitava etapa da Lava-Jato, e fazem parte de dados e documentos apreendidos em escritório de advocacia de Curitiba.
Teori Zavascki apontou que os trechos que envolvem a petista não mostram “relação imediata” com as investigações em andamento sobre corrupção na Petrobras, que ficam sob sua relatoria, enquanto que a PGR sustenta que repasses passaram pela conta do ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, o que reforça a conexão com o esquema criminoso investigado na operação da Polícia Federal.
De acordo com a vice-procuradora-geral da República, Ela Wiecko, que assinou a peça encaminhada ao STF, a situação de Gleisi “mostra liame mínimo de conexão dos pagamentos de valores envolvendo as propinas da Petrobras ‘administradas’ pelo ex-tesoureiro do PT, João Vaccari, e estas envolvendo a Consist”.
Por falta de conexão com a Lava-Jato, já foram redistribuídos no Tribunal pedidos de investigação relativos ao atual chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante Oliva, e ao senador Aloysio Nunes Ferreira Filho (PSDB-SP). Em ambos os casos, tanto a PGR quanto Zavascki apontaram que não há relação entre as apurações e o Petrolão, esquema de corrupção que dilapidou os cofres da estatal petrolífera.
fonte: http://ucho.info/lava-jato-lewandowski-rejeita-pedido-da-pgr-para-manter-com-teori-indicios-sobre-a-petista-gleisi
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