Apesar de não serem a favor de mais impostos, economistas que
acompanham as finanças públicas indicam, porém, ser "impossível"
fechar as contas públicas a esta altura sem que parte do rombo seja coberto por
tributos.
Para reforçar a oposição ao
aumento de tributos, entidades empresariais lançaram nesta segunda-feira, 21,
uma campanha contra a criação e o aumento de impostos governo
federal, dentro do esforço de ajuste fiscal. A campanha leva o sugestivo
nome de "Não vou pagar o pato". Apesar de não serem a favor de mais
impostos, economistas que acompanham as finanças públicas
indicam, porém, ser "impossível" fechar as contas públicas a esta altura sem que parte do
rombo seja coberto por tributos.
O lançamento da campanha
"Não vou pagar o pato" ocorre no final da manhã na sede da Federação
das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Está prevista a participação de
representantes de associações, federações e sindicatos da agricultura, do
comércio, dos serviços e da indústria. A mobilização incluirá um manifesto com
abaixo assinado.
Elevar impostos tem sido o
principal expediente para cobrir o aumento de gastos do governo
com obrigações sociais criadas
pela Constituição de 1988, como a universalização da saúde e da educação. De
lá; para cá o peso dos tributos passou de 22% do Produto Interno Bruto (PIB)
para quase 36% no final de 2014. Um dos focos do movimento dos empresários é;
impedir a volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira
(CPMF). O governo espera arrecada R$ 32 bilhões; com esse tributo.
Entre os especialistas, a opinião
é que a CPMF uma das mais nocivas alternativas de
tributação. Em entrevista ao Estado, o economista Affonso Celso Pastore lembrou
um artigo de Maria Helena Zockun, pesquisadora da Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas (Fipe), ligada a Universidade de São Paulo (USP). Ela
pesquisou a incidência da CPMF por classe e constatou que é um tributo
altamente regressivo, pago muito mais pelas classes de renda baixa que de renda
alta. "Dos impostos, é o pior, ainda mais para um governo que quer fazer
distribuição de renda. Não é uma coisa sadia piorar o bem- estar e a renda para
fazer distribuição de renda", diz Pastore.
Pragmatismo
A grande maioria dos economistas
concorda que a carga tributária passou da conta, mas destaca que, no curto
prazo, ficou "impossível" fazer o ajuste sem elevar impostos. "A
maior parte das despesas é rígida: 90% do orçamento é obrigatório e, para mexer
nessa parte que é rígida, vamos precisar de reformas estruturais, que dependem
de discussão e apoio no Congresso", diz Fabio Klein, analista da
Tendências Consultoria. "No curto prazo é preciso aumento de impostos."
Klein, porém, destaca que essa
via também tem restrições de ordem prática. "A queda arrecadação vai limitar o retorno
dos aumentos de impostos", diz. Para fechar as contas de 2016, o governo
ainda vai precisar ampliar as chamadas receitas extraordinárias, principalmente
com concessões, privatizações e venda de participações acionárias em estatais.
Na avaliação de professor da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) José Luis Oreiro, o governo já
cortou o que dava. "Eu posso falar das universidades federais: os cortes
são visíveis. O governo também cortou 37% dos investimentos em termos reais.É
absoluta injustiça dizer que não está cortando, mas é fato que não conseguiu
fazer os cortes com a mesma velocidade em que as receitas caíra, pois a economia entrou em queda
livre", diz.
Agora, avalia, o País precisa
entender que a prioridade É sair do déficit primário. "Tudo indica que vamos ter
outro déficit em 2015 - serão dois anos de déficit. Então, precisamos voltar ao
superavit em 2016 e não vejo como fazer isso sem elevar impostos. É
impossível", diz Oreiro. Ele não gosta da CPMF, mas lembra que,
"sendo pragmático", ela arrecada muito com baixo impacto sobre a
inflação. A Cide, outra alternativa que ele considera, arrecada menos e teria
impacto sobre o preços dos combustíveis.
A pesquisadora Vilma da Conceição
Pinto, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV),
também acredita que não há como fazer ajuste de curto prazo sem mais impostos,
mas reforçaa a importância de pensar o País no longo prazo. "A questão que
tem de ser levantada é não só fazer o ajuste de curto prazo, mas também o de
longo prazo - ou o problema vai voltar lá na frente", diz Vilma.
Confira o vídeo de divulgação da
Fiesp
fonte: http://www.infomoney.com.br/mercados/noticia/4296728/sim-pagaremos-pato-economistas-dizem-que-impossivel-fechar-contas-sem
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