Por: Laryssa Borges, de Curitiba
Segundo empreiteiro, o ex-diretor
de Serviços da Petrobras, Renato Duque, lhe disse para fazer 'contribuições
políticas' que seriam repassadas a Vaccari.
Ricardo Pessoa, presidente da construtora UTC
(Valor/Carla Romero/Folhapress)
O empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia e um dos
delatores da Operação Lava Jato, afirmou ao juiz Sergio Moro, que coordena os
processo do petrolão na 13ª Vara Federal do Paraná, que ele pagava propina
desviada de contratos da Petrobras diretamente na conta do Partido dos
Trabalhadores. Os depósitos de dinheiro sujo, disse, foram encomendados pelo
ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque e repassados ao então tesoureiro
da legenda João Vaccari Neto. As revelações de Ricardo Pessoa ao juiz Moro
foram dadas na ação penal em que são réus executivos da construtora Odebrecht,
entre os quais o presidente do grupo, Marcelo Odebrecht.
Segundo o delator,
embora os repasses não fossem feitos diretamente para as mãos de Vaccari, era
"claro" que os recursos de propina desaguariam no caixa do PT, já que
Duque dizia que os pagamentos eram "contribuições políticas" à sigla.
"O próprio Duque me procurou e começou a dizer que eu tinha que fazer
contribuições políticas e que essas contribuições políticas teriam que ir
através do Vaccari. [Contribuições] como parte do acerto de propina",
disse. Questionado se os recursos eram necessariamente resultado das propinas
recolhidas para a diretoria de Serviços a partir de contratos com a Petrobras,
o empreiteiro resumiu: "Mais claro impossível porque eu depositava na
conta do Partido dos Trabalhadores". "[O dinheiro] Vinha do acerto da
diretoria de Serviços. Para mim, na diretoria de Serviços eu estava pagando
Vaccari".
Ele detalhou ainda o
papel do ex-tesoureiro petista no esquema de arrecadação de propina e a
mediação do ex-gerente de Serviços Pedro Barusco como recolhedor do dinheiro
sujo. "Paguei para Pedro Barusco. Renato Duque sempre me encaminhou para o
senhor João Vaccari. Eu nunca paguei propina na mão do senhor Renato Duque, mas
era sempre encaminhado o assunto para o senhor João Vaccari. Na hora que
ganhava o contrato, eu tinha que ser procurado por Barusco e Vaccari",
disse. "Barusco fazia o primeiro approach e depois Vaccari conversava
conosco a pedido do diretor Duque".
Pessoa prestou seu
primeiro depoimento ao juiz Sergio Moro desde que fechou um acordo de delação
premiada com a procuradoria-geral da República, em Brasília, e que citou o nome
de diversos políticos que teriam embolsado dinheiro sujo da Petrobras. Segundo
o executivo, o pagamento de propina era "a regra do jogo" e, em
determinado momento, passou a ser "automático". "O [pagamento de
propina por] contrato não tinha mais como evitar. Isso era automático, com um
fato levou a outro. Não se discutia se pagar ou não, e sim quanto pagar",
explicou.
A exemplo de outros
delatores, o dono da UTC Engenharia listou obras em que empreiteiras se aliaram
em um cartel para conquistar obras e disse que até em contratos sem arranjo
entre as empresas as empreiteiras tiveram de pagar propina. Em nome da
Odebrecht, relatou, o executivo Márcio Faria era o responsável por discutir o
pagamento de vantagens indevidas aos agentes públicos.
fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/ricardo-pessoa-dono-da-utc-diz-que-depositava-propina-na-conta-do-pt
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