MARCELA BALBINO, EM SÃO LOURENÇO DA MATA (PE)
Nos arredores da Arena Pernambuco, um município parece não ter sentido o impacto da Copa.
Sem telão ou bandeiras espalhadas pelas ruas, a sensação é que o Mundial acabou sem nem mesmo ter começado.
As expectativas em torno da realização de um campeonato com padrão Fifa encheu os olhos de comerciantes, taxistas e moradores de São Lourenço da Mata, na Grande Recife. Mas, com o encerramento da competição em Pernambuco, ficou o legado do esquecimento.
Mesmo tão próximos, poucos assistiram às partidas no estádio, num fenômeno semelhante ao de Itaquera, na zona leste de São Paulo.
Nascido há 48 anos na cidade, o taxista Paulo Roberto Nascimento rodou com a reportagem da Folha pela área.
Para ele, os jogos da Copa foram só pela televisão.
“Tínhamos que ficar distantes do estádio”, disse.
“Aqui ninguém teve lucro. Pensávamos que íamos estourar o orçamento, saldar as dívidas, conhecer gente de fora, mas não veio ninguém para cá. A Cidade da Copa está apenas no adesivo colado no carro”, afirmou o motorista, que cogitou comprar um novo veículo, mas logo desistiu.
Segundo o taxista, um benefício visível foi a duplicação da BR-408. “Isso aqui era tudo mato [aponta para a rodovia federal], mas eles abriram e facilitou muito o acesso.”
A percepção do taxista é compartilhada pela vendedora de doces Aurilene Ribeiro, 40. “As vendas caíram muito no período dos jogos. A Copa só está valendo para mim enquanto torcedora, porque, como cidadã, eu não vi nada de diferente”, disse.
“Moro aqui há 28 anos e minha sensação é que a Copa passou, e a cidade ficou sem nada. É buraco, é esgoto”, disse o pedreiro Francisco de Assis, 42.
Ao longo de uma via estadual é possível identificar placas de sinalização, com tradução para inglês e espanhol, de alguns pontos turísticos. “Mas ninguém visitou”, afirma o taxista.
TUDO NO RECIFE
Apesar de São Lourenço da Mata ter sediado os jogos da Copa no Estado, a concentração das festividades, como a Fan Fest, foi feita no Recife.
Marcílio Joaquim de Santana, 33, sonhava em conhecer a Arena Pernambuco, mas, apesar de morar a cerca de 5 km do estádio, o curto orçamento pesou na hora de comprar o ingresso.
Ele trabalhou como motorista e levava os operários que construíram o estádio. Mas o emprego temporário encerrou-se com a conclusão das obras.
“Ficamos felizes quando soubemos que São Lourenço era a cidade da Copa, mas não vimos nada de diferente aqui. Imaginei que teriam muitos investimentos, sonhei que a cidade iria mudar, mas, se algo mudou, não foi para nós”, disse.
Já para o garçom Maciel Saraiva, 22, a maior lembrança deixada pela passagem do Mundial foi a oportunidade de trocar experiências com pessoas de várias partes do mundo.
Funcionário do Bode do João, reduto que recebeu torcedores das seleções que jogaram na Arena Pernambuco, ele disse ter achado “incrível” a capacidade de se comunicar com pessoas de todo o mundo, mesmo sem dominar o idioma.
“Menos com os japoneses, porque não conseguia entender o que eles falavam”, brincou o garçom.
“Eu não sabia, por exemplo, que propina em espanhol significava gorjeta”, disse. “É uma experiência única na vida.”
LEGADO ECONÔMICO
Em resposta às críticas dos moradores, a assessoria da prefeitura diz que, nos últimos cinco anos (período em que foi anunciada a construção da arena na cidade), São Lourenço conseguiu superar a característica de “cidade dormitório”.
O aporte financeiro na região, com a construção da arena, também é tido como grande legado que a Copa trouxe ao município. Em 2008, a arrecadação de tributos municipais era R$ 2,9 milhões. Cinco anos depois, o valor passou a R$ 11,2 milhões.
Segundo a assessoria, o crescimento econômico da cidade é a maior contribuição deixada pela passagem do Mundial.
“Hoje já podemos ver os primeiros avanços, que não são poucos. Quando a Cidade da Copa estiver totalmente pronta, a nossa realidade será melhor. São Lourenço ganhará um legado que não conquistaria nos próximos 50 anos. E a Arena Pernambuco é apenas um símbolo desse desenvolvimento que vai acontecer ao seu redor”, disse o prefeito Ettore Labanca (PSB), aliado do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos.
fonte: http://brasil.blogfolha.uol.com.br/2014/07/08/cade-o-legado-da-copa-perguntam-vizinhos-da-arena-pernambuco/
Nos arredores da Arena Pernambuco, um município parece não ter sentido o impacto da Copa.
Sem telão ou bandeiras espalhadas pelas ruas, a sensação é que o Mundial acabou sem nem mesmo ter começado.
As expectativas em torno da realização de um campeonato com padrão Fifa encheu os olhos de comerciantes, taxistas e moradores de São Lourenço da Mata, na Grande Recife. Mas, com o encerramento da competição em Pernambuco, ficou o legado do esquecimento.
Mesmo tão próximos, poucos assistiram às partidas no estádio, num fenômeno semelhante ao de Itaquera, na zona leste de São Paulo.
Pequeno legado
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O garçom Maciel Saraiva, 22, de São Lourenço da Mata, que disse ter achado "incrível" a capacidade de se comunicar com pessoas de todo o mundo, mesmo sem dominar o idioma. "Menos com os japoneses, porque não conseguia entender o que eles falavam"
Para ele, os jogos da Copa foram só pela televisão.
“Tínhamos que ficar distantes do estádio”, disse.
“Aqui ninguém teve lucro. Pensávamos que íamos estourar o orçamento, saldar as dívidas, conhecer gente de fora, mas não veio ninguém para cá. A Cidade da Copa está apenas no adesivo colado no carro”, afirmou o motorista, que cogitou comprar um novo veículo, mas logo desistiu.
Segundo o taxista, um benefício visível foi a duplicação da BR-408. “Isso aqui era tudo mato [aponta para a rodovia federal], mas eles abriram e facilitou muito o acesso.”
A percepção do taxista é compartilhada pela vendedora de doces Aurilene Ribeiro, 40. “As vendas caíram muito no período dos jogos. A Copa só está valendo para mim enquanto torcedora, porque, como cidadã, eu não vi nada de diferente”, disse.
“Moro aqui há 28 anos e minha sensação é que a Copa passou, e a cidade ficou sem nada. É buraco, é esgoto”, disse o pedreiro Francisco de Assis, 42.
Ao longo de uma via estadual é possível identificar placas de sinalização, com tradução para inglês e espanhol, de alguns pontos turísticos. “Mas ninguém visitou”, afirma o taxista.
TUDO NO RECIFE
Apesar de São Lourenço da Mata ter sediado os jogos da Copa no Estado, a concentração das festividades, como a Fan Fest, foi feita no Recife.
Marcílio Joaquim de Santana, 33, sonhava em conhecer a Arena Pernambuco, mas, apesar de morar a cerca de 5 km do estádio, o curto orçamento pesou na hora de comprar o ingresso.
Ele trabalhou como motorista e levava os operários que construíram o estádio. Mas o emprego temporário encerrou-se com a conclusão das obras.
“Ficamos felizes quando soubemos que São Lourenço era a cidade da Copa, mas não vimos nada de diferente aqui. Imaginei que teriam muitos investimentos, sonhei que a cidade iria mudar, mas, se algo mudou, não foi para nós”, disse.
Já para o garçom Maciel Saraiva, 22, a maior lembrança deixada pela passagem do Mundial foi a oportunidade de trocar experiências com pessoas de várias partes do mundo.
Funcionário do Bode do João, reduto que recebeu torcedores das seleções que jogaram na Arena Pernambuco, ele disse ter achado “incrível” a capacidade de se comunicar com pessoas de todo o mundo, mesmo sem dominar o idioma.
“Menos com os japoneses, porque não conseguia entender o que eles falavam”, brincou o garçom.
“Eu não sabia, por exemplo, que propina em espanhol significava gorjeta”, disse. “É uma experiência única na vida.”
LEGADO ECONÔMICO
Em resposta às críticas dos moradores, a assessoria da prefeitura diz que, nos últimos cinco anos (período em que foi anunciada a construção da arena na cidade), São Lourenço conseguiu superar a característica de “cidade dormitório”.
O aporte financeiro na região, com a construção da arena, também é tido como grande legado que a Copa trouxe ao município. Em 2008, a arrecadação de tributos municipais era R$ 2,9 milhões. Cinco anos depois, o valor passou a R$ 11,2 milhões.
Segundo a assessoria, o crescimento econômico da cidade é a maior contribuição deixada pela passagem do Mundial.
“Hoje já podemos ver os primeiros avanços, que não são poucos. Quando a Cidade da Copa estiver totalmente pronta, a nossa realidade será melhor. São Lourenço ganhará um legado que não conquistaria nos próximos 50 anos. E a Arena Pernambuco é apenas um símbolo desse desenvolvimento que vai acontecer ao seu redor”, disse o prefeito Ettore Labanca (PSB), aliado do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos.
fonte: http://brasil.blogfolha.uol.com.br/2014/07/08/cade-o-legado-da-copa-perguntam-vizinhos-da-arena-pernambuco/
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