Advogados de Zelada atacaram duramente o
Ministério Público e a celebração de delações premiadas no petrolão.
O ex-diretor
da área internacional da Petrobras Jorge Zelada, preso na Operação Lava Jato,
negou, em documentos apresentados ao juiz Sergio Moro, que tenha recebido
propina da Petrobras ou fraudado licitações para a contratação de um
navio-sonda pela petroleira. Na primeira defesa prévia enviada desde que foi
preso, em 2 de julho, Zelada ataca as delações premiadas da Operação Lava Jato
e contesta mais fortemente as informações do delator Hamylton Padilha,
consideradas cruciais pelos investigadores para incriminar o sucessor da Nestor
Cerveró na petroleira.
Zelada, Padilha e outras quatro
pessoas são réus por haver indícios de que atuavam em conluio para beneficiar a
empresa americana Vantage Drilling no contrato de afretamento do navio-sonda
Titanium Explorer. De acordo com o Ministério Público, pelo menos 31 milhões de
dólares do esquema foram parar nas mãos de Zelada, do ex-diretor geral da área
internacional da estatal Eduardo Musa e do PMDB, responsável pelo
apadrinhamento político do ex-dirigente. No esquema, os lobistas Hamylton
Padilha, Raul Schmidt Junior e João Augusto Rezende Henriques atuavam como
intermediários da negociação, sendo que cabia a Padilha pagar a parte destinada
a Eduardo Musa, a Raul Schmidt depositar a propina reservada a Zelada e a João
Augusto Henriques pagar o dinheiro sujo ao PMDB.
Uma auditoria interna da própria
Petrobras indicou irregularidades de Zelada em benefício da Vantage Drilling,
houve contratos simulados para repasse da propina, além de contas secretas no
exterior usadas pelo ex-diretor para esconder dinheiro sujo do petrolão. As
transações financeiras de Jorge Zelada eram investigadas mais detalhadamente
desde o início do ano, quando o Ministério Público Federal achou contas
secretas em Mônaco com saldo de cerca de 11 milhões de euros.
Na manifestação entregue a Moro,
o ex-diretor da Petrobras nega, porém, ter beneficiado a empresa e informa que,
na celebração do contrato envolvendo o navio-sonda, "atuou
corriqueiramente" e "conforme os procedimentos da Petrobras". "A
empresa Vantage apresentou a melhor proposta no certame, sagrando-se vencedora.
Os processos de concorrência e contratação passaram por todos os meios
próprios, corretos e legais, no âmbito da Petrobras", resume a defesa.
A exemplo da estratégia dos
empreiteiros investigados na Lava Jato, os advogados de Zelada atacam duramente
o Ministério Público e a celebração de delações premiadas no petrolão. Dizem
que a acusação contra o ex-dirigente é "uma fantasia" e afirmam que a
colaboração premiada de Hamylton Padilha deveria ser anulada porque a própria
defesa do lobista admite "erros circunstanciais" nos depoimentos.
"Jamais, da forma como se apresenta a situação de Hamylton Padilha,
poderia ter sido homologado o acordo de dedo-duragem, muito menos que este senhor,
como se destaca no documento, que pretende retificar circunstâncias, pudesse
receber um prêmio, já de antemão. Imperiosa a anulação do acordo de
delação".
fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/ex-diretor-internacional-nega-propina-na-petrobras-e-ataca-delator
Nenhum comentário:
Postar um comentário