Agência de classificação de risco de crédito, que rebaixou a nota do Brasil neste mês, avalia que o recuo da economia neste ano será de 2%
A agência de classificação de risco Moody's aposta em uma recessão de 2% do PIB (Produto Interno Bruto, soma de bens e serviços produzidos no país) em 2015, seguida de uma estagnação em 2016.
O crescimento só deverá voltar no biênio 2017-2018, para o qual a agência projeta uma expansão média de 2%, sendo 1,5% em 2017 e 2,5% no ano seguinte.
Nesse ambiente, a dívida pública brasileira deverá alcançar, no fim do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, o nível de 70% do PIB, estima a Moody's, que no começo do mês rebaixou o ratingdo Brasil de Baa2 para Baa3, com perspectiva estável. O patamar atual da dívida em relação ao PIB é de 63%.
Em relatório publicado nesta quarta-feira (26/08) a agência atribui a previsão de alta da dívida a uma insuficiência do ajuste fiscal.
"A redução das despesas do governo não tem conseguido compensar o crescimento menor que o esperado para as receitas", afirma a Moody's.
Se a dívida chegar a 70%, o Brasil poderá sofrer um novo rebaixamento, perdendo, portanto, o grau de investimento.
Para a agência, a ausência de um consenso político sobre a necessidade de reformas que tragam maior rigidez orçamentária e o combate ao aumento de gastos obrigatórios tem dificultado a atuação do governo para reverter a tendência de crescimento da dívida durante o segundo mandato de Dilma.
As previsões da Moody's para a economia brasileira são afetadas negativamente, direta e indiretamente, pela crise da Petrobras.
"A decisão da companhia de reduzir seu programa de despesas, de 2015 a 2019, de US$ 220,6 bilhões para US$ 130,3 bilhões, representa um ajuste equivalente a cerca de 5% do PIB. A Petrobras é a maior empresa no Brasil, respondendo por cerca de 10% do investimento total, e a sua decisão de cortar gastos está tendo um efeito negativo significativo", diz a Moody's.
SUPERÁVIT ZERO EM 2015
O governo brasileiro deverá apresentar um resultado primário de zero em 2015, ligeiramente inferior à nova meta, de 0,15% do PIB, segundo a Moody's. O superávit primário é a economia que o governo faz para pagar os juros da dívida pública.
Para 2016, a agência projeta uma economia fiscal de 1% nas contas do governo. Em 2017 e em 2018, o superávit primário deverá ser, respectivamente, de 1,5% e 2%.
Quanto à inflação, a Moody's espera que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) volte no ano que vem para um nível abaixo do teto da meta do Banco Central, de 6,5%.
O índice deverá apresentar alta de 6% em 2016, desacelerando em relação à previsão para este ano, de 9%. Nos 12 meses até agosto, ainflação avançou 9,56%.
Ainda assim, a estimativa para o próximo ano é 1,5 ponto percentual superior à meta de 4,5% que o Banco Central garante que irá entregar. Pior ainda. Para a Moody's, o centro da meta, de 4,5%, só deverá ser atingido em 2018, depois de o IPCA alcançar 5% em 2017.
Para a Moody's, a posição fiscal do Brasil tem se enfraquecido não somente em termos absolutos, mas também em relação aos seus pares.
Ao comparar o Brasil com outros cinco países em situação semelhante, a Moody's conclui que a dívida brasileira tem sido constantemente maior em relação ao PIB. "Esta é uma tendência que esperamos que continuará nos próximos anos", diz a agência.
Os demais países são a Índia (Baa3), a Indonésia (Baa3), as Filipinas (Baa2), a África do Sul (Baa2) e a Turquia (Baa3).
"A comparação do Brasil com a Índia é particularmente reveladora, porque suas dívidas têm caminhado em direções opostas. A relação da dívida do Brasil sobre o PIB deverá superar a da Índia em 2016", diz.
Até 2013, a dívida brasileira se aproximava do patamar de 55% em relação ao PIB. Agora, segundo projeção da Moody's, caminha para chegar a 70% em 2018. A da Índia era de um pouco mais de 65% em 2010 e, no ano que vem, deverá chegar a algo próximo de 60%.
CREDIBILIDADE
A credibilidade da política econômica do governo avançou com uma nova postura na área fiscal, defendida por Joaquim Levy, ministro da Fazenda, e com o firme combate do BC contra a inflação, destaca o relatório anual da Moody's sobre o Brasil.
"A credibilidade da política melhorou com a indicação de uma nova equipe econômica cujo modus operandi levou a uma ruptura com o passado, particularmente em relação à frequente adoção anterior de ajustes nos cálculos do superávit primário, a fim de assegurar o cumprimento das regras fiscais."
De acordo com a Moody's, a política monetária tem conseguido dar tração ao processo de reduzir a inflação, com o Banco Central também "restaurando a credibilidade".
Segundo a agência, o BC adotou um movimento de alta de juros desde meados de 2013, mas este ciclo está terminando.
"Com a última elevação dos juros em julho de 2015, a Selic atingiu 14,25% em termos nominais e de 5% a 6% em termos reais. O Banco Central provavelmente manterá a taxa de juros estável até o começo de 2016, pois espera que as expectativas de inflação convirjam para a meta de 4,5%", afirma.
FOTO: Thinkstock
FONTE: http://www.dcomercio.com.br/categoria/economia/para_moody_s_brasil_so_volta_a_crescer_em_2017_e_2018
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