Colegiado faz nesta terça acareação entre dois
dos principais delatores do petrolão. Costa ratifica que autorizou verba para a
campanha do PT. E Youssef afirma que outro colaborador vai esclarecer o assunto
A CPI da
Petrobras coloca frente a frente nesta terça-feira dois dos principais
delatores do petrolão: o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de
Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. O objetivo da sessão é promover
uma acareação para sanar as divergências em depoimentos prestados pela dupla
após seus acordos de delação premiada. Ao ser questionado sobre um pedido de
repasse de dinheiro do esquema de corrupção para a campanha presidencial do PT
em 2010, Costa afirmou: "Ratifico que autorizei o repasse de 2 milhões de
reais. Ratifico todos os meus depoimentos, integralmente".
Segundo o executivo, o pedido foi
feito pelo ex-ministro Antônio Palocci, que coordenava a corrida eleitoral de
Dilma Rousseff. Conforme revelou VEJA em setembro do ano passado, Costa disse à
força-tarefa da Operação Lava Jato que o doleiro Alberto Youssef foi acionado
para viabilizar o repasse à campanha de Dilma. Aos deputados, o ex-diretor
confirmou o conteúdo do depoimento.
Já o doleiro, munido de um habeas
corpus que o autoriza a ficar calado, quebrou o silêncio para rebater a versão
de Costa - mas não negou que a campanha de Dilma tenha recebido dinheiro sujo.
"Eu não conheço o Palocci, não conheço o assessor dele ou o irmão e
ninguém fez nenhum pedido a mim para que eu pudesse arrebanhar recurso para a
campanha de Dilma em 2010", afirmou. O doleiro acrescentou que outro
delator está tratando dessa questão. "Vou me reservar ao silêncio porque
existe uma investigação nesse assunto do Palocci e logo isso vai ser relevado e
esclarecido o assunto. Assim que essa colaboração for noticiada vocês vão saber
quem foi que pediu o recurso e quem o repassou."
Os delatores também entraram em
contradição ao falar sobre o intermediário do dinheiro sujo pago aos senadores
petistas Gleisi Hoffmann (SC) e Humberto Costa (PE). Os dois, no entanto,
confirmaram o repasse: "Quem me fez o pedido foi o Paulo Roberto Costa e
eu o executei", disse o doleiro. O ex-diretor nega a versão. Gleisi e
Costa, de acordo com os delatores, receberam 1 milhão de reais do esquema.
Essa é a primeira vez que dois
delatores do petrolão ficam frente a frente no colegiado. Os depoimentos
prosseguem.
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