Para quem tem apenas
um martelo, tudo se parece com prego
Os
governos nunca quebram. Por causa disso, eles quebram as nações.” (Kennet
Arrow)
A
sequência é conhecida: governantes populistas e irresponsáveis gastam mais do
que podem, endividam seus estados ou o governo federal e, depois de quebrarem
seus estados, alegam que a única saída é aumentar os impostos. Essa turma se
recusa a cortar na carne, a reduzir gastos públicos, despesas desnecessárias ou
defender reformas estruturais. A saída proposta é sempre e invariavelmente a
mesma: avançar sobre o bolso do pagador de impostos.
Vejam
o caso do Rio Grande do Sul. O estado quebrou após a gestão incompetente de
Tarso Genro. E agora, o governador José Ivo Sartori resolve quebrar promessa de campanha e propor
aumento de impostos. Faz isso como se estivesse contrariado, como se não
houvesse alternativa, como se fosse a única medida possível para continuar
pagando os servidores públicos.
“O
remédio é amargo, muito amargo. Mas o estado está na UTI e momentos assim exigem
verdade. Também sou contra medidas assim (aumento de impostos), também poderia
dizer que tenho contrariedade. Fizemos de tudo para evitar, mas o estado vive
situação de emergência e precisa do ingresso urgente de dinheiro no caixa para
cumprir as obrigações mais essenciais em 2016. Este ano, infelizmente, ainda
vamos conviver com muitas dificuldades, problemas muito sérios”, justificou o
governador.
Fizeram
de tudo para evitar uma ova! Alguém realmente acha que os estados brasileiros e
o governo federal possuem estruturas enxutas, gastos responsáveis, postura
austera? Piada! Temos governos perdulários, quadro inchado de servidores,
privilégios, mamatas, muitas tetas alimentando muitas boquinhas. Mas mexer nisso esses
governantes não querem, pois geraria a revolta dos grupos organizados de
interesse. Melhor subir impostos e diluir o fardo entre todos os trabalhadores…
Nosso
estado já arrecada quase 40% de tudo o que produzimos, mas acha pouco! O que
entrega em troca? Ótimas estradas, hospitais modernos, segurança, escolas de
primeira? Pausa para gargalhar. Mas vem crise, sai crise, e tudo que os
governantes conseguem é defender mais impostos. Inclusive com o apoio de um
Ph.D. de Chicago, para provar que quem tem apenas um martelo, só enxerga prego
na frente.
O editorial da Folha de hoje falou do PIS/Cofins,
mostrando como nosso sistema tributário é “canhestro” após uma “evolução”
gradual governo após governo. O jornal traça um paralelo com certas
características estranhas de alguns bichos, resultado de uma evolução nem
sempre favorável, e diz:
Algo semelhante se deu com
nossos impostos, cujas alíquotas se esticaram com o propósito de alcançar
melhor o bolso do contribuinte. Destaca-se, nesse monstrengo, o pescoção do
PIS/Cofins. […] Trata-se de tributo punitivo para a produção de bens, pois
incide sobre o faturamento das empresas, e não sobre o lucro. Além disso, um
emaranhado de regras permite compensar determinados créditos relativos a custos
acumulados pelas firmas ao longo da cadeia produtiva; muitas terminam por não
reclamá-los como poderiam.
Como
mais uma demonstração de fome insaciável por nossos recursos, os governadores
resolveram “retaliar” o governo federal, que teria fechado um pouco a torneira.
E eis como decidiram reagir:
querem aumento de impostos sobre herança de imóveis. Também está em estudo,
embora ainda sem decisão final, propor ao Congresso a fixação de uma alíquota
mínima de 18% para o ICMS que incide sobre a venda de diesel. Bela reação: quem
paga o pato é, claro, o trabalhador de classe média, como sempre.
Do
lado desses governantes estão todos aqueles que vivem das tetas estatais,
enquanto do outro lado estamos nós, pagadores de impostos que sustentamos a
farra toda. Em sua coluna de hoje na Folha, Reinaldo Azevedo
fala dessa disputa, descrevendo o que está por trás do combate ao “ajuste
fiscal” daquela turma vermelha que foi às ruas nesta quinta (dia útil, para
provar que não trabalham mesmo):
Pois
é… Embora muitas pessoas tenham dito para si mesmas e para os outros, no
domingo passado, que não podem ser obrigadas a arcar com o custo da
irresponsabilidade petista, a quase todos era claro que o ajuste fiscal é
necessário; que ele é a correção fatal das bobagens feitas pelo petismo. Vale dizer:
não batemos panela, bumbo ou boca contra o ajuste fiscal. Mas contra Lula, o
boneco inflado, e contra Dilma, a Lírica da Mandioca, que não sabe cortar
gastos nevm fazer… ajuste fiscal!
Quem
grita contra o que faz sentido no governo é Guilherme Boulos, o coxinha
predileto das tias –”Que menino opinioso!!!”. Quem faz isso é João Pedro
Stedile, o sem-terra a quem a enxada provocaria um choque anafilático.
Mobilizar-se contra a correção necessária dos desmandos do Estado hipertrofiado
é coisa de mamadores oficiais; de gente que depende dele para alimentar as suas
taras de classe, ainda que tomadas de empréstimo, como no caso dessa dupla.
Ou
por outra: quem quer Dilma fora da cadeira presidencial defende a única coisa
que pode fazer algum sentido em Dilma. Os que a querem onde está a consideram
uma vira-casaca, mas ela ainda é a melhor garantia do Estado-babá, que vai
mantê-los alimentados com o leite de pata estatal. E aí está a esquizofrenia.
[…]
Nós,
os antiesquerdistas, vencemos. Não queremos nada pra nós. Nem sinecura nem
caraminguás. Só lutamos pelo triunfo da matemática. Os outros apenas imploram
para viver, vencidos pela evolução da espécie.
Boulos,
Stedile e companhia só querem tetas estatais, pois têm verdadeira ojeriza ao
trabalho. Mas não seria tão otimista quanto Reinaldo Azevedo a ponto de
decretar que tais espécies foram vendidas pela evolução. Como vimos acima, a
“evolução” tem seus truques, e certas características bizarras podem se
desenvolver como instrumento de sobrevivência e até prosperidade.
Num
país como o Brasil, esses bichos estranhos, que nunca trabalham e só falam em
nome do povo, dos pobres e dos trabalhadores enquanto mamam nas tetas estatais,
não só sobreviveram como desfrutam de verbas cada vez mais polpudas. São elas
que estão ameaçadas agora, com a crise causada pelo excesso de
irresponsabilidade da esquerda no poder.
Mas
quem está disposto a afirmar que a saída será menos privilégios para os bichos
estranhos, para as cigarras “raivosas”, e não mais carga tributária para as formigas
trabalhadoras? Tudo indica que o “ajuste fiscal” que tem predominado não tem
nada de ajuste real, que cortaria na carne tantos gastos inúteis dos governos,
e sim, uma vez mais, aumento de impostos. Chega a ser indecente e imoral falar
em mais impostos num país como o nosso.
Mas
ei, indecência e imoralidade é com essa turma mesmo, pois essas são suas armas
de sobrevivência nessa “evolução” da espécie. Até o dia, claro, que teremos
tantos parasitas para tão poucos hospedeiros que o organismo como um todo
acusará o golpe fatal, levando junto os próprios parasitas…
Rodrigo Constantino
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