REDAÇÃO
24 Julho 2015 | 11:50
Juiz Sérgio
Moro informou, em novo ordem de prisão de Marcelo Odebrecht e executivos do
grupo, que novos fatos trouxeram provas materiais de envolvimento com
pagamentos de propina a dirigentes da Petrobrás
Por Ricardo Brandt, enviado especial a
Curitiba, Fausto Macedo e Julia Affonso
O novo decreto de prisão preventiva do
presidente da Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, decorre da descoberta de oito
novas contas supostamente usadas pelo grupo em nome de empresas offshores Smith
& Nash Engeinnering Company, Arcadex Corporation, Havinsur S/A, Golac
Project, Rodira Holdings, Sherkson Internacional.
Na tarde desta sexta-feira, 24, os
executivos serão denunciados formalmente pelo Ministério Público Federal, na
considerada a mais importante acusação da Operação Lava Jato, desde que ela foi
deflagrada em março de 2014.
“Na data de ontem, o MPF apresentou a
este Juízo (…) documentação bancária recebida, em cooperação jurídica
internacional, da Suiça relativamente às contas e transações da Odebrecht com
as contas controladas por dirigentes da Petrobrás”, registrou o juiz federal
Sérgio Moro, no novo decreto de prisão dos executivos, nesta sexta-feira,24.
A decisão de Moro, tomada diante de
novas provas que se acumularam desde a prisão do empresário e dos outros
executivos ligados ao grupo, abrange além do presidente da empreiteira os
executivos Márcio Faria, Rogério Araújo e Alexandrino Alencar – a afastados
após as prisões, em 19 de junho.
Os documentos apresentados e os resumos
das autoridades suíças feitos à força-tarefada Lava Jato e levados ontem ao
conhecimento do juiz Sérgio Moro, indicam que a Odebrecht, teria realizado
depósitos via 10 empresas offshores nas contas dos dirigentes da Petrobrás Duas
delas já eram conhecidas, a Constructora Del Dur e a Klienfeld. São contas
usadas supostamente pela empreiteira para os pagamentos e por beneficiários
para recebimento.
Os pagamentos foram de duas formas,
segundo o MPF. ”Diretamente, pela utilização de contas em nome das
off-shores Smith & Nash Engeinnering Company, Arcadex Corporation, Havinsur
S/A, das quais é a beneficiária econômica final e, portanto, controladora, com
transferências diretas dessas contas para contas controladas por dirigentes da
Petrobrás.”
A outra forma de pagamentos seria feita
de maneira indireta. “Pela realização de depósitos por meio das contas acima e
igualmente das contas em nome das off-shore Golac Project, Rodira Holdings,
Sherkson Internacional, das quais também é a beneficiária econômica final e,
portanto, controladora, em contas em nome de outras off-shores controladas por
terceiros”, acrescenta o juiz, em sua decisão.
São elas as offshores Constructora
International Del Sur, Klienfeld Services e Innovation Research. “Tendo os
valores em seguida sido transferidos para contas controladas por dirigentes da
Petrobrás.” Duas dessas empresas já eram alvo das investigações, com base nos
depoimentos dos delatores e nos primeiros documentos fornecidos por autoridades
da Suíça.
Beneficiários. Os documentos suíços revelaram, segundo sustenta o MPF, que a “conta em
nome da off-shore Smith & Nash Engeinnering Company, que tem por
beneficiário econômico a Odebrecht, realizou depósitos milionários na conta
em nome da Sagar Holdings controlada por Paulo Roberto Costa”.
Primeiro delator da Lava Jato, o
ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás confessou ter recebido US$ 23 milhões
da Odebrecht, mantidos em contas secretas na Suíça. A partir dos dados de suas
contas e de outros delatores, como Pedro Barusco (ex-gerente de Engenharia da
Petrobrás) e o lobista Julio Gerin Camargo foram possíveis o cruzamento de dados
das autoridades brasileiras e suíças.
Costa era braço do PP, no esquema de
controle políticos de diretorias da Petrobrás para desvios de 1% a 3% em
contratos. No caso do PT e do PMDB, outros dois partidos que controlavam o
esquema, foram identificados o caminho dos recursos que pagaram propina para os
ex-diretores de Serviços Renato Duque (braço do PT) e Internacional Nestor
Cerveró e Jorge Luiz Zelada (ambos do PMDB).
“A conta em nome da off-shore Arcadex
Corporation, que tem como beneficiária econômica a Odebrecht, realizou
depósitos milionários na conta em nome da Milzart Overseas controlada por
Renato Duque e na conta Tudor Advisory controlada por Jorge Luiz Zelada”, informa
Moro.
“A conta em nome da off-shore Havinsur
S/A, que tem como beneficiária econômica a Odebrecht, realizou depósitos
milionários na conta em nome da Milzart Overseas controlada por Renato Duque”,
acrescentou o juiz.
Os documentos da Suíça teriam comprovado
que as contas da Smith & Nash, Arcadex, Havinsur e Golac “têm como fonte de
recursos depósitos que lhe foram repassados por contas no exterior de empresas
do Grupo Odebrecht, como a Construtora Norberto Odebrecht, Osel Odebrecht,
Osela Angola Odebrecht e CO Constructora Norberto Odebrecht”.
Para o juiz da Lava Jato, “pelo relato das
autoridades suíças e documentos apresentados, há prova, em cognição sumária, de
fluxo financeiro milionário, em dezenas de transações, entre contas controladas
pela Odebrecht ou alimentadas pela Odebrecht e contas secretas mantidas no
exterior por dirigentes da Petrobrás”.
“Trata-se de prova material e documental
do pagamento efetivo de vantagem indevida pela Odebrecht para os dirigentes da
Petrobrás, especificamente Paulo Costa, Pedro Barusco, Renato Duque, Nestor
Cerveró e Jorge Luiz Zelada.”
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